29 junho, 2006

Pensamento do dia

“A juventude envelhece,
a imaturidade pode ser superada,
a ignorância pode ser educada,
a embriaguez passa,
porém, a estupidez é eterna.”

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Uma leitora deste blog compartilhou carinhosamente a informação que o pensamento acima não foi dito por Aristóteles e sim por Aristófanes. Como informação boa é sempre bem-vinda fica aqui a emenda. Mas, fica também a explicação, pois já vi na própria net essa frase atribuída ao primeiro. Então, como o tempo já passou, e o domínio é público... digamos, em reforço, a estupidez é eterna hahahaha. Bjos Soll.

Bandeira da copa! Vamos empunhar?

Frase do dia

"Como é que o Ministério de Educação diz

que ler não faz mal?"

Alena



Está faltando um pouco de arte por aqui...





Título: Poemar
Autora: Solange Pereira
Técnica: Aquarela
Data: 17/junho/2006



Como vocês puderam perceber nas mensagens abaixo, minhas angústias do mês ficaram focadas no ser "professor", educador, avaliador, sofredor...

Entretanto, também, vi algumas sementes plantadas germinando e me surpreendendo. Aprender é muito bom! E estou sempre aprendendo ao "ensinar". É uma troca valiosa.

Porém, percebi que este blog estava "educacional" demais (rssss), faltando um pouco de sonho, de cor, de imagem, de prazer solto... enfim, de arte.

Por isso, trago aqui a última série que fiz para o livro do artista Daniel, do projeto Alfarrábios. São trabalhos em aquarela que tem por título Poemar. Curtam e opinem!

bjao da Soll, ora educadora, ora artista, e sempre angustiada e sonhadora.

Poemar

Nas veias o que corre?
Mulher do vento...
submersa
do sal do mar
ao sal da terra
meu peito concha
sozinho
entre algas para te encontrar...

Solange Pereira Pinto

Educar para quê?


A educação nos acompanha desde o nascimento até o fim de nossas vidas. Por isso, todos os componentes da sociedade estão comprometidos com ela: a família, a escola, os grupos sociais, as igrejas, os meios de educação, enfim, tudo que nos cerca. .

Alguns pensam que educação acontece apenas no ambiente familiar ou escolar, por isso mesmo, atribuem a estes componentes toda a responsabilidade de educar. Outros pensam que a educação se restringe apenas ao ato de saber ler e escrever. E ainda há aqueles que com um pouco de habilidade para determinadas áreas, e com um pouco de sorte, conseguem alcançar o sucesso (dinheiro) na vida. Estes ainda costumam perguntar: ir a escola para quê?

Para àqueles que estão em busca de uma profissão que lhe garanta sucesso financeiro, a educação se resume apenas a isso. Não diria que estas pessoas estão em busca de educação, e sim de escolarização.

O que estas pessoas não sabem, é o que realmente significa "ser e para que" ser educado. Com certeza, se pudessem avaliar a importância e os benefícios de uma educação completa, pensariam diferente.

Mas, para que educar? Educar para aprendermos e compreendermos o mundo que nos rodeia, pelo menos o necessário para que tenhamos uma vida mais digna, para desenvolver nossas capacidades profissionais e intelectuais. Para que não sejamos manipulados por aqueles que detêm o poder, mas para termos o "poder" de decidir com clareza e coerência o caminho a seguir.

A educação também tem a finalidade de nos mostrar o quão prazeroso pode se tornar o ato de conhecer e descobrir novos horizontes nos fazendo rever conceitos e consequentemente nos fazendo crescer.

Através da educação também aprendemos a desenvolver nossa capacidade de compreensão a respeito das diferenças sociais, sejam elas de ordem econômica, étnica, de valores, de crenças. A educação nos ajuda a conviver e aceitar as diferentes formas de viver. Capacita-nos para resolvermos conflitos sem o uso da violência, apenas com o poder de uma argumentação bem fundamentada.

Devemos educar para a transformação. Devemos educar para que as pessoas se tornem de fato mais humanas, mais sensíveis. Para que adquiram mais responsabilidade pessoal e social. Para terem pensamentos mais autônomos, mais críticos, ou seja, para que tenham personalidade própria.

O que é estudar...

"Estudar não é só ler nos livros
Que há nas escolas,
É também aprender a ser livre, sem ideias tolas.
Ler um livro é muito importante
E, às vezes, urgente;
Mas os livros não são o bastante
Para a gente ser gente.
É preciso aprender a escrever,
Mas também a crescer, mas também a sonhar.
É preciso aprender a viver, aprender a estudar.

Estar na Escola da Ponte é estudar,
Estar contente consigo é estudar.
Aprender com os outros, aprender consigo
E ter um amigo também é estudar (…)"


Observação: Acima alguns versos do hino da Escola da Ponte, em Portugal, que os alunos sentiram vontade
de cantar na passada sexta-feira, em Assembleia (último momento em que estavam
juntos, antes de ficarem de férias).

27 junho, 2006

Ganhei um poema!!!!

Essa é para você

Hoje tive vontade de fazer um pouco de poesia
Para falar de alguém especial, sensacional, espetacular, a tal
Conheci faz pouco tempo, mais ela tem um brilho especial
É glamurosa e faz a gente pensar
Pensar o que quer da vida , pra não parar no tempo
Achei-a vestida de sol, de vida
E com um sorriso de quem é de bem com a vida
Gosto de brincar com ela, provocar, conversar
Já me sinto sua amiga
Ela é minha professora e graças a Deus por isso
Não é só por causa dos elogios, ela é mesmo boa gente
E consegue tirar de nós mais que reflexões
Enxergar o conhecimento na tecnologia e na informação
Descobrindo novos talentos na gente.

Inácia Beatriz de Sousa Barros Fernandes

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Nossa, hoje visitando os blogs das minhas alunas de Tecnologias Educacionais, me deparei com um poema feito só para mim (rsss). Como é gratificante! Não pelo fato de ganhar uma poesia, mas por saber que posso despertar talentos, como ela mesma disse.

Depois de uma semana tão cruel, tão difícil, tão trabalhosa, e, após, ouvir de outra turma barbaridades a meu respeito (injustas, por sinal, mas fazer o que), vejo que estou no caminho certo, fazendo o que amo, transformando meu olhar e o olhar dos outros.

Afinal, como disse Fernando Pessoa "sou do tamnaho do que vejo e não do tamanho da minha altura...", e, complementando, nem da altura que algumas pessoas de pouca visão me vêem...

Acho que é isso!

Obrigada Inácia!

Avaliar é dar notas?

Vamos Acabar com as Notas*

Damos notas a hotéis, a videogames e a tipos de café. Mas faz sentido dar notas a seres humanos como fazem as escolas e nossas universidades? Ninguém dá a Beethoven ou à Quinta Sinfonia uma nota como 6.8, por exemplo.

O que significa dar uma "nota" a um ser humano? Que naquele momento da prova, ele sabia x% de tudo o que os professores gostariam que ele soubesse da matéria. Mas saber "algo" significa alguma coisa hoje em dia? Significa que você criará "algo" no futuro? Que você será capaz de resolver os inúmeros problemas que terá na vida? Que será capaz de resolver os problemas desta nação?

É possível medir a capacidade criativa de um aluno? Quantos alunos tiraram nota zero justamente porque foram criativos ou criativos demais? Por isso, não damos notas a Beethoven nem a Picasso, não há como medir criatividade.

Muitos vão argumentar que o problema é somente aperfeiçoar e melhorar o sistema de notas, que obviamente não é perfeito e as suas falhas precisam ser corrigidas.

Mas e se, em vez disso, abolíssemos o conceito de notas? Na vida real, ninguém nos dará notas a cada prova ou semestre. Você só perceberá que não está sendo promovido, que as pessoas não retornam mais seus telefonemas ou que você não está mais agradando.

Aliás, saber se você está agradando ou não é justamente uma competência que todo mundo deveria aprender para poder ter um mínimo de desconfiômetro. Ou seja, deveríamos ensinar a auto-avaliação. Com os alunos se auto-avaliando, dar notas seria contraproducente. Não ensinamos a técnica de auto-avaliação, tanto é que inúmeros profissionais não estão agradando nem um pouco como professores e, mesmo assim, se acham no direito de dar notas a um aluno.

O sistema de "dar" notas está tão enraizado no nosso sistema educacional que nem percebemos mais suas nefastas conseqüências. Muitos alunos estudam para tirar boas "notas", não para aprender o que é importante na vida. Depois de formados, entram em depressão pois não entendem por que não arrumam um emprego apesar de terem tido excelentes "notas" na faculdade. Foram enganados e induzidos a pensar que o objetivo da educação é passar de ano, tirar nota 5 ou 7, o mínimo necessário.

Ninguém estuda mais pelo amor ao estudo, mas pelas cenouras que colocamos na sua frente. Ou seja, as "notas" de fim de ano. Educamos pelo método da pressão e punição. Quando adultos, esses jovens continuarão no mesmo padrão. Só trabalharão pelo salário, não pela profissão.

Se o seu filho não quer estudar, não o force. Simplesmente corte a mesada e o obrigue a trabalhar. Ele logo descobrirá que só sabe ser menino de recados. Depois de dois anos no batente ele terá uma enorme vontade de estudar. Não para obter notas boas, mas para ter uma boa profissão.

Robert M. Pirsig, o autor do livro Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas, testou essa idéia em sala de aula e, para sua surpresa, os alunos que mais reclamaram foram os do fundão. São os piores alunos que querem notas e provas de fim de ano. Os melhores alunos já sabem que passaram de ano, muitos nem se dão ao trabalho de buscar o diploma.

Sem notas, os piores alunos seriam obrigados a estudar, não poderiam mais colar nas provas e se auto-enganar. Provas não provam nada, o desempenho futuro na vida é que é o teste final.

Imaginem um sistema geral de auto-avaliação em que os alunos não mais estudariam para as provas, mas estudariam para ser úteis na vida. Imaginem um sistema educacional em que a maioria dos alunos não esqueceria tudo o que aprendeu no 1º ano, mas, pelo contrário, se lembraria de tudo o que é necessário para sempre.

Criaríamos um sistema educacional em que o aluno descobriria que não é o professor que tem de dar notas, é o próprio aluno. Todo mês, todo dia, todo semestre, pelo resto de sua vida.




*Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)

Editora Abril, Revista Veja, edição 1955, ano 39, nº 18, 10 de maio de 2006, página 36

26 junho, 2006

Avaliar é encontrar caminhos

"Primeiramente, é inquestionável a necessária articulação entre avaliação e diferenciação do ensino, individualização dos percursos, respeito pelo ritmo de aprendizagem de cada aluno. Desta forma, a aplicação de provas padronizadas não faz qualquer sentido, porque mais do que avaliar produtos de aprendizagem, interessa-nos levar os alunos a avaliar processos, a diagnosticar dificuldades, a encontrar caminhos e a superar erros e obstáculos.

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.. Os momentos de avaliação não são programados pelos orientadores educativos, mas sim autonomamente solicitados pelos alunos (através do dispositivo «Eu já sei»), sempre que estes estão conscientes de que realizaram novas aprendizagens".


Adelina Monteiro, Escola da Ponte


"Um processo de avaliação é instrumento de melhoria da acção pedagógica, constitui um mecanismo regulador das aprendizagens na medida em que permite ao aluno, bem como ao orientador, tomar consciência do que foi aprendido, das dificuldades, da inadequação ou necessidade de alteração das estratégias através de comunicação entre ambos... Pretende-se, acima de tudo que a avaliação seja um processo de valorização, aperfeiçoamento, autoconhecimento, promotor de autonomia e crescimento pessoal...

Ao longo do seu percurso, e com a ajuda de orientadores e dos seus colegas, os alunos constroem um conhecimento de si próprios e adquirem responsabilidade e autonomia que lhes permite solicitar a avaliação dos seus conhecimentos mais específicos através do dispositivo “Eu já sei”, os instrumentos de avaliação pretende-se que sejam adequados a cada um, respeitando o percurso que veio a desenvolver até então. Para além disso, a avaliação é negociada com cada criança quanto à sua forma ou propósito. Poderá ser através da partilha das suas aprendizagens aos colegas, intervenção num debate, apresentação de um trabalho em Assembleia, aplicação prática na realidade da escola...

É curioso verificar que por diversas vezes essa solicitação para ser avaliado não é mais do que um registo. Por vezes, ao longo do trabalho individual ou dentro do seu projecto o aluno desenvolve determinadas tarefas ou tem certas intervenções que evidenciam por si só o desenvolvimento de determinadas competências. Na Ponte todos os momentos são momentos de avaliação".

Cristina Almeida, Escola da Ponte


"Aplicar provas" faz sentido quando trabalhamos com uma turma como se fossem todos iguais e quando partimos do princípio que todos andam ao mesmo ritmo e que todos são iguais quando entram na escola...

Se cada um de nós pensar no seu dia-a-dia facilmente chega à conclusão que está constantemente a auto-avaliar-se em tudo. O processo de auto-avaliação é extremamente rico e complexo. Faz apelo a formas complexas de pensamento e envolve tudo aquilo que trabalhamos e conhecemos. Assim, tentamos desenvolver nos alunos essa capacidade de auto-avaliação.

No início, quando entram para a 1ª vez a sua capacidade de auto-avaliação (em relação a assuntos "escolares" - no resto já a fazem muito bem) é relativamente reduzida e durante algum tempo a avaliação é feita quase só por observação dos orientadores educativos (esta manter-se-á, contudo) quando começam a ler e a escrever começamos a fazer perguntas do tipo "achas que já sabes fazer bem isso?". Por vezes, ficam espantados com a pergunta mas ao fim de algum tempo começam a ser capazes de a fazer sozinhos e começam a utilizar o "Eu já sei " sozinhos.

Neste ponto, sempre que o aluno coloca algo no "Eu já sei" o professor avalia-o. Em alguns casos, nós já sabemos que o aluno sabe. No entanto, é fundamental reforçar a sua capacidade de auto-avaliação.

Esta avaliação pode ser realizada de muitas formas: conversa, uma tarefa prática, a elaboração de um texto, uma ficha de trabalho etc.

Por outro lado, o próprio processo de avaliação deverá ser encarado como aprendizagem e não como uma forma de ver o que o aluno não sabe.

Quando a pergunta diz "Ora, na Escola da Ponte vocês praticamente não aplicam provas." poder-se-á pensar que em alguns casos a Ponte aplica provas. É verdade, mas só nos casos em que o Ministério força".

Paulo Topa, Escola da Ponte

25 junho, 2006

Fotografando o cotidiano
























Título: Caminhos
Autora: Solange Pereira
Técnica: Fotografia
Data: 21/junho/2006

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"Quando passei por estas paisagens não imaginava que a partida e o destino seriam sempre diferentes, apesar do mesmo caminho aparente (os caminhos são os mesmos?). Por vezes, claro, por outras, escuro. Assim como minha alma que tonaliza e desbota sem data, sem hora"

Solange Pereira Pinto
Hoje, 25/06/2006

Frase do dia


" O que eu sei mesmo é que toda ação principia mesmo na palavra pensada"

Guimarães Rosa

Receita de Felicidade...

"Agora, fico a pensar, vim na estrada viajando na questão: como pode tanta gente diferente querer dar palpite ou conselho para a vida alheia? Uma vez eu li que a gente pede conselho a quem já sabemos o que nos vai dizer, meio que sabotando a influência da alteridade em nossas egocêntricas questões.

Por isso, há muito tempo, ouço, ouço, ouço. Às vezes, perco a paciência. Noutras, retruco. Alguns momentos, calo-me fingindo acreditar naquela receita prontinha que o vizinho me apresenta para resolver a MINHA VIDA. Há momentos em que nem espaço dou. Horas outras em que proclamo minhas felicidades aos quatro ventos, outras em que eu choro pelos quatro cantos. Há também as horas em que calo e, muda, sinto o que tenho a sentir".

Alena



Texto na íntegra

Jornalismo x jornalismo

"Jornalismo é a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter."

Cláudio Abramo (1923-1987)




"Vivemos tempos muito estranhos, em que as coisas que precisam ser ditas ficam escamoteadas, camufladas, sussurradas, caladas. Nada se reclama, nada se critica, para preservar amigos, cargos, salários, posições, espaços de poder, enquanto o jornalismo vai se diluindo e dissolvendo na sua incapacidade de autocrítica. Não sou de freqüentar boteco, nem de extravasar minhas mágoas em mesa de bar, Marques. Prefiro ganhar a guerra resistindo, pensando e escrevendo".


"Neste quadro recessivo, que inquieta patrões e assusta empregados, é natural o surgimento do "jornalismo de resultado" e seus profetas – os executivos moderninhos que prometem redações baratas, revistas idem, amenidades muitas e reflexão zero. Apostam no padrão do leitor que consome mas não pensa, no perfil Homer Simpson que se satisfaz com o atendimento às suas demandas meramente consumistas, do estilo shopping center que simboliza o templo de devoção da classe média e seus periféricos".


"Para este tipo de leitor, com tanto a comprar e tão pouca disposição para ler, o jeito é o modelito USA Today, o jornalão fast food destes tempos midiáticos para uma leitura rápida, calórica e saborosa como um Big Mac. Assim, nossas semanais sofrem cada vez mais a tentação de atender a este novo mercado emergente, abdicando de sua função primordial: o texto mais consistente, mais abrangente, para refletir e ponderar sobre a salada de informações frenéticas e redundantes que o dia-a-dia de jornais, rádios, TVs e internet enfia goela abaixo do cidadão".


"A revista, que devia ser o oásis de reflexão para ajudar o pobre leitor a atravessar esta overdose semanal de notícias e mais notícias, abdica de seu papel e mergulha no turbilhão do jornalismo rápido e rasteiro. A estética vale mais do que a essência. A forma se impõe ao conteúdo. O texto curto confina os detalhes. A foto, espelhada e escancarada, come os espaços de uma informação cada vez mais estrangulada. Tudo induz uma leitura ligeira, quase leviana, para não afrontar o relógio e a agenda do nosso leitor tão apressado. E, em vez de procurar saciar a fome de informação e conteúdo, a revista sucumbe e se submete à magra dieta jornalística que ela diz ser exigência do leitor moderno. Alguém está enganando alguém neste jogo".


"Gostaria de alertar os leitores sobre o fato de que sua recente "entrevista" com o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, John Danilovich, foi montada. O repórter Marco Damiani, da Istoé Dinheiro, na realidade não fez uma entrevista com o embaixador. Em vez disso, entre cinco perguntas que alguns jornalistas dirigiram ao embaixador durante o intervalo de um seminário, três foram feitas pelo repórter . Várias das "perguntas" incluídas na sua entrevista nunca foram formuladas. O repórter tirou as últimas três respostas, fora de contexto, dos comentários preparados pelo embaixador para o seminário, cujo texto pode ser encontrado na íntegra na homepage da embaixada: (http://brasilia.usembassy.gov/). Esse formato montado de "entrevista" foi desonesto e é um desserviço aos seus leitores. Obrigado, R. Wesley Carrington, adido de Imprensa".

Luiz Cláudio Cunha

Trechos do texto: Como a IstoÉ tornou-se IstoEra


[Brasília, 27 de março de 2006]

Carta na íntegra



24 junho, 2006

A loucura da CRIATIVIDADE

Nos dias de hoje, a criatividade mais parece uma doença mental do que uma capacidade normal do espírito livre. Queira ou não queira, na realidade somos seres condicionados às circunstâncias sócio-geográficas e lingüísticas. Nosso comportamento e nossas escolhas, na maioria das vezes, não provêm de nós. São provocados em nós. Até a emoção, considerada manifestação espontânea, muitas vezes está sujeita a regras sociais que controlam sua expressão. Nesse sentido é que o filósofo Schopenhauer dizia que “o Homem pode fazer o que quer, mas não querer o que quer”, enquanto Einstein afirmava ter certeza de que “os seres humanos não são livres em seus pensamentos, sentimentos ou ações; estão presos aos seus limites, como as estrelas aos seus movimentos”.

Primeiro, o capitalismo selvagem assassinou o conhecimento e a beleza, esmagando professores e artistas. Agora, a globalização matou o indivíduo, impondo uma tendência de “se igualar com a maioria”. Essa maioria globalizada não tem um jeito humano de ser, mas sim um jeito americano de existir: competitivo, consumista, superficial. Hipnotizados, esses robôs se autoconsideram bem-sucedidos. O programa norte-americano se alimenta de suas almas, comanda suas falas e seus atos.

Sem dúvida, somos condicionados pelo meio natural e, cada vez mais, pelo meio cultural americano. O condicionamento geográfico é natural e inevitável. Porém, o condicionamento cultural é ideológico e pode ser filtrado pelo discernimento e livre arbítrio, base rebelde de toda criatividade.

Seres inteligentes e criativos encaram o não-convencional como desafio e originalidade, e não como obstáculo para socialização. Para a psicanalista Anna Freud, filha do gênio, “mentes criativas são conhecidas por resistir a todos os tipos de mau treinamento” cultural.

Infelizmente, ontem e hoje, a educação escolar mais encarcerou talentos do que libertou, mais deformou seres criativos do que formou. Ainda hoje, no mundo da “educação”, o “melhor” aluno não é o questionador ou o criativo, mas o obediente ou mais servil, que facilmente se transforma em escravo. A sociedade, ao mesmo tempo em que valoriza a criatividade, privilegia os conformistas, estimula a memorização, a resposta única e o excesso de regras. Quem não abaixa a cabeça está fora do bom-senso estabelecido, está fora da norma. Este é o aluno anormal, o aluno-problema.

Na escola e na sociedade parece só haver espaço para “normopatas”, que têm sua identidade e interioridade engolidas pela função social. Segundo o poeta Décio Pignatari, “todos nós criamos, mas a des(educação) que recebemos nos orienta no sentido da descriação, no sentido de permanecermos apenas ao nível da competência”. Talvez por isso, muitos gênios são péssimos alunos, se não eles morrem de loucura ou depressão.

Gênios são péssimos alunos
Richard Wagner – um dos três maiores músicos do séc.19 – foi desde a infância um aluno negligente, que se irritava com os acadêmicos. Tornou-se músico como autodidata, estudando detalhadamente as obras de Beethoven.

Stanley Kubrick – diretor de “Laranja mecânica” e “2001”, obras-primas do Cinema – era famoso na adolescência pelo seu total desinteresse pela escola. Kubrick ganhou muito dinheiro jogando xadrez e pôquer.

Humberto Mauro – autor de clássicos do Cinema brasileiro – declarou certa vez: “Nunca abri um livro de Cinema para estudar. Curso de brasileiro é olhar: olhou, viu, fez”. Humberto também fez teatro amador, estudou Mecânica por conta própria e foi pioneiro do radioamadorismo.

Drummond de Andrade – um dos três maiores poetas brasileiros – foi expulso de um colégio de Nova Friburgo (RJ), aos 17 anos, depois de um desentendimento com o professor de Português.

José de Alencar, arredio à vida estudantil escolar, aos 21 anos viveu uma fase de recolhimento e estudo na qual cuidou de expandir sua cultura literária, lendo os clássicos da Literatura universal, os filósofos, os historiadores, além dos cronistas do Brasil colonial. Familiarizou-se com Balzac, Chateaubriand, Victor Hugo, Dumas e Byron, desenvolvendo em seu espírito a idéia de uma identidade nacional, que expressou em sua literatura.

Émile Zola – principal escritor da literatura naturalista – muitas vezes tirou zero em Literatura Francesa e foi reprovado em Alemão e Retórica, quando estudava no Liceu St.Louis.

Confúcio – o sábio chinês – não adquiriu seus conhecimentos em escolas; todavia, tornou-se o homem mais culto da China, no século 6 a.C. Seus ensinamentos exerceram enorme influência sobre toda a cultura da China e da Ásia oriental, por mais de dois mil anos.

Aprendizagem – questão de digestão

Segundo o filósofo brasileiro Rubem Alves, a inteligência funciona como o aparelho digestivo. Ela testa sabores e saberes, e somente aqueles que são dignos de serem apre(e)ndidos são comidos e digeridos. A recusa à aprendizagem, evidente hoje em dia, é o vômito daquilo que a escola quer enfiar goela abaixo, mas que não faz sentido para os alunos.

O corpo humano é sábio, e, segundo seus critérios de controle de qualidade, só aprende dois tipos de conteúdos: primeiro, aqueles que dão prazer, o fruto desejável; segundo, o instrumento para chegar ao objeto de prazer, a vara para apanhar o fruto.

Os conteúdos curriculares processados pelo meio “educativo” não são objetos de prazer nem são percebidos pelos alunos como instrumentos para chegar a coisa alguma. Os alunos desconhecem a razão de ter de aprender o que estão sendo forçados a aprender.

O sistema digestivo está funcionando como deve. A comida é que está podre, imprópria para a inteligência.
A questão não é mudar os órgãos digestivos, tampouco as “panelas tecnológicas”. A solução é mudar o cozinheiro e o cardápio. Órgãos são sempre feitos de sangue, e panelas novas são inúteis para um mau cozinheiro!

O ensino e a tecnologia de hoje já mostraram seus frutos. Fez a sociedade se tornar mais comunicativa e, ao mesmo tempo, mais solitária, violenta e doente. Pesquisas indicam que o Brasil está em 89º lugar em qualidade educacional. Contudo, é bom saber que a mudança só depende de nós. Nós alunos. Nós professores. Nós políticos. Nós pais. Nós seres humanos.

_______________________
Texto do Prof.

23 junho, 2006

Curso de Bioética


"A bioética é um instrumento de mediação de conflitos morais. Um discurso sobre a tolerância diante da pluralidade moral. Este mini-curso se propõe a introduzir alguns dos fundamentos teóricos e epistemológicos da bioética, com intuito de permitir reflexões e análises acerca de situações que envolvam conflitos morais – ética na pesquisa, aborto, eutanásia, aids, deficiência, saúde mental, entre outros, ilustradas em alguns filmes. A proposição deste mini-curso se justifica para instrumentalizar estudantes e profissionais que lidam cotidianamente com essas situações que envolvem conflitos morais.

A bioética é um novo campo de estudos, pesquisas e ações políticas voltada para questões de grande impacto moral na sociedade brasileira".

Data: 10 a 15 de julho para as turmas do Matutino e Vespertino e de 10 a 14 de julho de 2006 a turma do Noturno.

Local: Senac – 903 Sul (auditório)

Carga horária: 20h

Inscrições: a partir do dia 27 de 9h ás 12h e das 14h às 18h no Senac – 903 Sul .

Valor: R$ 67,00

Informações: 3242.7504 - ISER Consultoria e Eventos.

Cotidiano - Foto arte II

Título: Intervalos
Autora: Solange Pereira
Técnica: Fotografia
Data: junho/2006

Criminosos educacionais: um genocídio diário

O texto é longo. Sei que a maioria não terá a menor paciência para ler. Fazer o que, né? É isso que escuto diariamente dos alunos que insistem em não ler: o tema é chato, tenho outras prioridades, o livro é grosso, tenho preguiça, me dá sono, não tenho hábito etc. Que reine a ignorância, mas para quem tiver saco lá vai.

Se eu tivesse aqui falando do último suicídio, de uma jovem de 15 anos em Porto Alegre, que vi outro dia no orkut, teria leitores atentos. Ou, se eu narrasse aqui a história do pai que jogou os dois filhos pela janela e depois pulou a janela, um oncologista americano, também. Mas a violência que tentarei descrever é outra. Ela é um pouco mais sutil, se é que há sutileza no que é violento.

Nossa quanta introdução para um assunto! Dois parágrafos! 146 palavras! É final de semestre, e quem é professor de graduação sabe o que isso significa: trabalho, muito trabalho! Chega à hora de dar notas, avaliar alunos, dizer quem vale quanto. Nesse momento me pego no velho conflito que baixa meu travesseiro sempre que tenho que fechar o diário da faculdade.

Sou contra o sistema de ensino que é utilizado no Brasil. Acho decadente. Mas, para um país como o nosso, temos uma educação à altura. Para um país que tem presidente que não estudou formalmente, isso é balela. Ainda não descobri qual é a função da escola e nem se ela é tão necessária assim, do jeito que está.

Eu pensava que a educação, a escola, tinha por objetivo formar pessoas para a vida, para o pensamento crítico, para a cidadania, para a construção de valores éticos, entretanto devo estar enganada. Não é o que se pratica. Mas, vamos ao que interessa.

Mesmo eu tendo feito dois cursos superiores e algumas especializações, acho que o diploma é uma grande mentira. Conheço muito autodidata que deixa PHD no chinelo. Além disso, muito do que aprendi na minha vida não veio pela escola, mas pelo meu interesse, por minha curiosidade, por minha inquietude e vontade de saber. Os livros que mais me marcaram não foram indicados pelos professores que tive em sala de aula. Não faço aqui apologia ao não estudo, mas à valorização dele.

Estudar é muito mais que freqüentar escola chata, com professores despreparados, com coordenadores medíocres. Adquirir habilidades ou conhecimento está vinculado à escola, assim como fazer sexo às conversas entre adolescentes. Aprendemos mesmo é fazendo e não, somente, olhando ou ouvindo sobre.

Quando chega a hora de dizer ao aluno que ele vale zero ou dez, ou todas as notas intermediárias da dezena, vêm à tona os chamados critérios. E, para se formular os requisitos existem mil e uma maneiras. Mas, temos que pensar nas competências e habilidades necessárias, mínimas ou suficientes, a serem aprendidas pelo aluno para que ele seja considerado “aprovado”. Qual é o mínimo?

Falo aqui, por enquanto, de Língua Portuguesa. Num país onde se lê tão pouco, onde se escreve tão mal, o que exigir de nossos alunos? A escola tem em sua grade curricular as disciplinas e os conteúdos importantes para a formação do estudante.

Supõe-se que ao sair do primeiro grau, o indivíduo domine com certa destreza o seu idioma materno. Pressupõe-se, também, que, ao sair do segundo grau, o cidadão não só saiba ler bem, como se expressar adequadamente por escrito e oralmente na língua nacional. Ou seja, ele estará habilitado a escrever dissertações, cartas, e textos variados, bem como ler criticamente, ao pegar seu diploma do secundário.

Essa é a realidade do Brasil? Vejo que não. Os cursos mais baratos, na maioria das faculdades particulares, são Pedagogia e Normal Superior. Os futuros educadores, que formarão nossas crianças, ganharão salários proporcionais aos valores das mensalidades que pagaram durante sua formação acadêmica. Triste realidade. A saída é aumentar o valor da mensalidade da graduação?

Todo início de semestre pergunto aos alunos sobre o que motivou a escolha do curso. Ouço muitas respostas do tipo: “eu queria fazer direito, mas é muito caro. Então, escolhi o Normal”; “gostaria de cursar psicologia, mas só passei para pedagogia”; “escolhi esse curso, pois é o mais barato da faculdade”; “ser professor tem mais mercado de trabalho”; “o curso é mais rápido”. São inúmeras as considerações dos graduandos. Penso que não é só para os cursos que formam professores. Existe uma grande dúvida entre os jovens na hora de escolher uma profissão. Eu também tive.

O que me deixa mais chocada, talvez, é o fato de perceber que, em geral, o aluno (de qualquer curso) está mais preocupado com o diploma do que com a sua real formação intelectual e crítica. Há o mito que, com o simples canudo na mão, as portas do mercado de trabalho se abrirão. Quando sabemos que neste país ainda impera muito o “quem indica” e que diploma por si só não é suficiente.

Outro ponto é que quem está dando aulas em faculdade nem sempre está habilitado ou é competente a fazê-lo. É a velha roda girando. Professores despreparados, indicados, ou com títulos, mas sem o conhecimento e a didática para praticarem bem o ofício. Isso começa lá no maternal. Aquela professora que leva muito jeito com criança, mas que mal sabe escrever três parágrafos com coesão e coerência. Na universidade não é diferente. Já vi doutor que não usa os plurais. Já ouvi palestrante mestre que não tem concordância verbal. Já li texto de coordenador acadêmico que não tem sentido.

O que tudo isso significa? Que o Português é o entrave na vida do brasileiro? Só se for o colonizador, que seria com letra minúscula. Alguém pode sugerir que o nosso idioma é complexo demais. Concordo que seja. Outro dia li um texto que achei interessante, e um trecho dizia “não se ensina língua portuguesa para saber língua portuguesa, mas para desenvolver capacidades de comunicação (ler, escrever e expressar o que se deseja ou o que se pensa) e de representação da realidade imediata, bem como de se relacionar e de se integrar social e culturalmente”.

Então, dá para entender qual é a proposta: comunicar para se relacionar e se integrar socioculturalmente. Contudo, o vestibular está repleto de peguinhas gramaticais, de interpretações enlatadas de textos, de perguntas sobre o emprego do “que”, isso para se entrar em universidades públicas, pois para as particulares nem a redação sei se realmente é corrigida. Desta forma, vamos exigindo que nossos alunos fiquem “decorando” análise sintática ao invés de treinarem sua expressão e leitura crítica. Ou, ainda, empurrando de série em série para evitar a evasão escolar, com o pensamento: é melhor isso do que nada; o que faz certo sentido.

Os chamados analfabetos funcionais (nome tão em moda nos dias atuais) estão por toda parte, médicos, engenheiros, advogados, analistas de sistemas etc. Pessoas ditas “formadas” incapazes de lerem uma notícia de jornal e entender o que se passa no planeta. Eu confesso que meu domínio da língua portuguesa é relativo. Nem sei se um dia chegarei à qualidade de especialista, mas não tenho dúvidas de que sei me comunicar bem e entender o que leio. E, certamente, não foi a partir das enfadonhas aulas de gramática, mas da leitura constante que me habituei desde criança.

Quem lê bem, fala e escreve bem, diz o velho ditado. No entanto, por que não se lê bem neste país? Os livros são caros é uma realidade, porém existem bibliotecas (ainda que poucas em alguns lugares), hoje existe internet, há amigos que compram livros, as possibilidades estão por aí. Acredito que o que falta é valorizar a leitura. O que falta é incentivar a curiosidade, a pesquisa, a autonomia.

Outros dirão, mas, diante da perversa realidade social em que vivemos, não há tempo para ler, tem que se matar o leão para trazer a carne de todo dia. Até quando acreditaremos que o leão estará disponível na selva de pedra, se não houver habilidade para buscá-lo?

Voltemos às salas de aula da infância e da juventude. Professores matando seu leão diário não se preocupam (nem todos é claro) em mostrar que aprender pode ser interessante, divertido, necessário para o desenvolvimento individual e social. Dão suas aulas burocráticas para receberem o salário sofrido e reclamar da profissão. Professor não gosta “ensinar”, aluno não gosta de “aprender”. Como resolver essa equação?

A cada ano milhares de novos professores são lançados no mercado. Muitos deles apenas freqüentaram a faculdade, vários não leram quase nada, outros leram e não entenderam e foram aprovados. Creio que o nível dos diplomados, genericamente, está baixo. Lembrando que o tempo de graduação está diminuindo. Hoje, se “forma” um futuro professor do ensino fundamental em três anos, míseros 36 meses, tempo de um consórcio de carro. Considerando que a base escolar foi caótica, o que esperar desses futuros “educadores”?

O modelo atual da educação superior é baseado no lucro, na quantidade de alunos, na aprovação em massa. Diploma é mero produto de consumo e o conhecimento nem sempre entra nesta embalagem. Pagou levou, se aprendeu não sei. A fila anda. Professor que reprova muito é jubilado e mal visto, deve ser “incompetente”.

Os pontos são tantos que daria para escrever um livro. Todavia, o interesse deste texto não é solucionar os problemas da educação brasileira, nem simplesmente apontar culpados, tão menos depreciar quem luta fazendo sua parte profissional e social. Os responsáveis, por uma educação melhor, de qualidade, estão em todos os lares e âmbitos: escola, professores, alunos, sociedade, governo, família.

Pais que lêem e incentivam os filhos criam leitores em potencial. Mais um clichê que faz sentido. Não se pode responsabilizar o governo (ou falta dele) por todos os fracassos educacionais e tampouco a escola. A obrigação é coletiva. A educação está para além dos bancos escolares, embora seja, em muitos casos (excetuando o autodidatismo que eu apóio, mas a sociedade não), necessário passar por eles. Educar passa pela cultura de um povo, passa pela identidade nacional e sua expressão mais profunda.

Temos que acabar com a mania de culpar o outro e tirar dos próprios ombros o compromisso. O ônus é de todos. A sociedade brasileira está repleta de criminosos educacionais que cometem diariamente um genocídio social e cultural. As crianças estão sendo assassinadas em sua chance de viver melhor. O país está sendo estuprado todos os dias pela ignorância. Há um suicídio generalizado do comprometimento de se formar uma civilização melhor. Há um seqüestro do que é verdadeiramente importante e ético. Até quando?

Se você conseguiu chegar até o final deste texto, provavelmente não é o leitor a quem ele se destinava, visto que são sempre os mesmos que lêem, têm o senso crítico, e clamam pela mudança estrutural. Aqueles que deveriam ler isto aqui, refletir, questionar, duvidar, acham que estão matando um leão por dia e que ver TV é o que resta. Ah, de volta ao começo, estou no final do semestre fechando notas e o diário, que nota eu dou de zero a dez?


Brasília/DF, 21 de junho de 2006.

Solange Pereira Pinto
Cidadã brasileira

22 junho, 2006

Nunca foi tão fácil ser gênio

Como é bom encontrar pessoas que falam exatamente o que a gente pensa, e já escrito, de forma clara, sem que tenhamos o trabalho de elaborar o texto! rssss

Lá vai um trecho a minha cara!!!!

bjs amigos!

Soll


"Se dependesse da minha vontade, passaria os dias a apaludir de bom grado tudo que é apresentado, tudo que é parido pela mente incapaz dos meus iguais. Mas por uma estranha razão que consegue fugir ao meu controle, não consigo deixar me levar pela boa correnteza. Ah, como pulei sem nenhuma alegria em diversos bailes antigos, como vibrei por vitórias que nada representavam para mim. Não perco a esperança de me encontrar num grupo, de me sentir parte de algo maior do que eu, num sentimento em comum e sincero. Todo dia é dia de tentar sentir o mesmo, e lá vou eu procurar me achar".

Rodolfo Torres

Crônica na íntegra

21 junho, 2006

Prece dos professores de português no final do semestre...

Mas que horas são?


Pacote nosso que estás no chão,

listados sejam todos os nomes

eu já não agüento mais o treino

estou parecendo uma mulher em castidade

queria estar agora na Terra ao léu.

O pão nosso de cada dia tu me dás hoje

Perdoai, ó caneta vermelha, todas as ofensas à língua

assim como eu perdoarei a quem me tem ofendido ao receber a nota.

Me deixes cair em tentação:

namorar, beber, sair, curtir… nada faz mal

Amém.

_____

Alena

Preconceito latino


Amiga brasileira,


“Ele não fez universidade, por que não quis, não pode, não sei... Mas, estudou em escolas particulares, e é um homem capaz de conversar sobre qualquer assunto. Quem convive com ele sabe que é inteligente. Além disso, é dono do próprio negócio. Não conheço nenhum caminhoneiro, o tipo tradicional, que você imagina, que possua tal patrimônio, sem contar que ele é dono da própria casa, não tem dívidas, possui cartões de crédito, e paga as faturas no valor total a cada compra. Já você é formada em Direito, e não sei mais no que, tem vários cursos, fala vários idiomas, morou no exterior, mora numa área nobre de Brasília e trabalha na periferia (quase de graça) para uma tirana. Seus diplomas pagam as suas contas? Estão levando você à Austrália? Algum dos homens muito cultos e viajados que você conheceu ficaram com você? Respeitaram-lhe como mulher e ser humano?

Lembre-se você já está com 39 anos. Será que já não é hora de crescer e começar a valorizar quem lhe respeita de verdade e está disposto a tudo, sem mesmo lhe conhecer pessoalmente? Na Austrália, caminhoneiro, eletricista, encanador, pode levar uma vida muito melhor (ou igual) do que médico, advogado, engenheiro. Amiga, aproveite a oportunidade e seja feliz... um beijo e saudades, sua amiga que vive na Austrália”.




Pode parecer um texto de e-mail que a gente recebe todos os dias, e pensa que não existe. Mas, este trecho editado de uma carta mostra o quanto a mediocridade brasileira é reinante. Estamos num paizinho de terceira categoria com uma gentinha que se acha no direito de ser todo poderoso. Preconceito, status... Isso deve realmente fazer alguém feliz...

Música do dia - Classe média




Achei sensacional o trabalho deste artista independente e por isso estou divulgando aqui.

Baixem o vídeoclipe e cantem comigo:



“Classe Média”

Max Gonzaga

Sou classe média.
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal

Sou classe média,
compro roupa e gasolina no cartão
Odeio “coletivos” e
vou de carro que comprei a prestação

Só pago impostos,
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um
Pacote CVC tri-anual

Mas eu “tô nem aí”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “tô nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda

Mas fico indignado com o Estado
Quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado
Que me estende a mão

O pára-brisa ensaboado
É camelô, biju com bala
E as peripécias do artista
Malabarista do farol

Mas se o assalto é em “Moema”
O assassinato é no “Jardins”
E a filha do executivo
É estuprada até o fim

Aí a mídia manifesta
A sua opinião regressa
De implantar pena de morte
Ou reduzir a idade penal

E eu que sou bem informado
Concordo e faço passeata
Enquanto aumento a audiência
E a tiragem do jornal

Porque eu não “tô nem aí”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “tô nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda

Toda tragédia só me importa
Quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar
Quem já cumpre pena de vida


20 junho, 2006

O olhar dela... crônica... um trecho

"...Agora a sua vida será outra.
Apague os seus sonhos mais certos
e veja como a vida pode mudar
de forma tão veloz
através do prazer mais fulgaz...".

Rodolfo Torres

5o encontro Alfarrábios - Rayuela 17.06.06

Manoela, Sédicla, Alexandre, Agda e muito papo, muitos livros!




Alexandre, Manoela, o poeta Marcos Freitas, Eu e Monica Barbosa




Solange e Manoela,
mais que um encontro de artista,

um encontro de almas!
Eu te adoro guria!

18 junho, 2006

Fabrício Carpinejar

"Nosso problema é que falamos como adultos
e sofremos como crianças
"

"Nossa língua não entende o que sentimos. Sinônimos demais. Empregamos palavras desnecessárias, que não são amadas, para preencher a fala. Com medo da repetição, mentimos. Para falar bonito, mentimos. O excesso serve para esconder a emoção, não expressá-la. A mentira é palavrosa, a sinceridade é quase lacônica. Melhor seria ter um repertório diminuto de criança, pois a criança usa todas as possibilidades de cada palavra antes de aprender outra. Nossa boca está pesada demais. Confundimos o que é maduro com o que é podre".




Internet


A ficção e a imprensa estão aderindo aos blogs. "Não há colunista que não expanda seu território para a virtualidade. Há uma maior variedade e espaço para o debate. Cartas são trocadas a todo minuto. Estamos mais opinativos, inventariando a própria vida em outras vidas e personagens. Meu único receio é que a leitura seja trocada pela informação. Estar informado não significa se aprofundar. Saber não é duvidar".


Blog do Dia - A vida em palavras

Oi pessoal,

De vez em quando me apaixono!
por pessoas, por livros, por quadros, por vidas, por conversas, por temas e..., também, por blogs.


Estou encantada com o blog a A vida em palavras, que achei meio por acaso.


Em geral gostei muito, dos textos, das idéias e, principalmente, do senso crítico da autora.
Então, recomendo pelo menos a leitura dos post abaixo, são ótimos!

CAMPANHA : Nova bandeira do Brasil !


Passem por lá,

beijão!!!

Soll

Livro do Artista - Brasileiros

Interferências realizadas por Solange no livro da Monica



Joãos, Anas, Marias, Pedros, Josés, Paulos, brasileiros



Baianos, paulistas, mineiros, cariocas do país tropical



Bandeira dobrável




Brasileiras esmaecidas




Artistas brasileiros por um fio



Abril/2006

Sou patriota sim, mas...

Título: A arte é minha pátria
Autora: Solange Pereira
Técnica: Fotografia digital manipulada
Data: junho/2006



Enquanto 99% da população brasileira levantam bandeirinhas por causa de bola no gramado, eu prefiro fazer algo mais útil. Ler, ouvir música, dormir, criar. Principalmente, criar e me admirar com a arte.

Poderia até ir à exposição Giorgio Morandi e a Natureza Morta na Itália, mas durante os jogos o CCBB-DF, por exemplo, fecha! Afinal, copa do mundo é o acontecimento mais importante deste país verde e amarelo.

Então, essa foto aí A arte é minha pátria, fragmento da original tirada por minha filha, foi feita no CCBB bem antes da começarem os jogos, no fim de maio, quando nós duas fomos ver os gabirus, as magrinhas...

Na minha opinião, ver a escultura de bronze de Francisco Stockinger curvando-se sob a bola do sol, para quase agarrá-la, isso sim é gol da natureza e do artista.

Diga se não é bem melhor que ver na TV os descamisados (povo brasileiro), os encamisados milionários (jogadores da seleção), os distribuidores de camisas (políticos corruptos e os eleitorais) jogando a bola de um lado para o outro, numa gritaria infernal neste Brasil surdo-mudo-cego?

Soll


"Perder-se também é caminhar..."


Título: Sozinho na multidão
Autora: Solange Pereira
Técnica: Fotografia digital manipulada
Data: 15/junho/2006


Hoje fiquei pensando nisso"perder-se também é caminhar...", e na minha falta de humor tantas vezes, irritação noutras.

Bar cheio, papos ora baita, ora eita.

Embora me perder não me deixe angustiada, ter que mostrar caminho me aborrece vez por outra.

Tenho quase chegado à conclusão que prefiro ir sozinha, não gosto de esperar e nem se ser esperada. Mas, não importo que me sigam. Assim como não me incomoda, por um tempo, seguir.

Quem sabe uma vida de monge. No templo. Poderia experimentar.

Minha cabeça que ferve por dentro, transborda de idéias, é muito barulhenta.
Gosto de silêncio. Não tenho também o menor saco para ensinar quem não quer aprender. Essa é outra fonte diária de irritação.

Primeiro, porque não tenho nada a ensinar.
Segundo, se alguém tem algo a ouvir de mim, então OUÇA.
Gosto sim de compartilhar o que penso saber, o que experimentei, o que aprendo pela caminhada. Inclusive falar dos descaminhos.

Mas, ficar levantando que insiste em tropeçar, tenho paciência não.
Não tenho quase força para me levantar das minhas próprias quedas, quem dirá dos outros...

Ah, birra! Essa só suporto a minha...rsss
Gente teimosa e birrenta, ecaaaaaa!

Vejo que todo dia me perco muiiiiiiiiiiiiiito no lazer, na net, no photshop, nas linhas do word, nos mil blogs, e nada de me achar para trabalhar... rsss


Epa!


Aliás, eu trabalho um monte!!! sou altamente produtiva, porém não remunerada!
Reformulando, nada de me achar para o que é obrigação!


Oh, sina!

Perder-se também é caminho, agora tenho que trabalhar para continuar a me perder...

Soll

14 junho, 2006

Título: Cotidiano - Eu no dia verde
Autora: Solange Pereira
Técnica: Fotografia digital manipulada
Data: junho/2006

Pensamentos do dia

"Sou um míssil e não uma missão." (SPP)

"Sou uma bala perdida procurando alvo". (PRPP)


Frases dos irmãos bélicos, junho/2006

13 junho, 2006

Circulando nos emails...

Começa hoje a campanha MARCOLA para presidente!
-
Vamos aos fatos:
Só em 3 dias, entre outras coisas, ele:
* reduziu o trânsito
* tirou os camelôs das ruas
* reduziu a carga horária de trabalho (sem reduzir o saldo do final do mês)
* aumentou o contingente de policiais nas ruas
* mobilizou os deputados
* aumentou o poder da fé entre as pessoas
* potencializou o ambiente para uma subida do dólar e auxílio aos
exportadores
* permitiu que as famílias jantassem juntas, tirando as crianças da rua eos
jovens da noite
* baixou a taxa de roubos
* uniu opositores na mesma briga
* fez os direitos humanos e o ministério público visitarem as prisões
* e acabou com a revolta...
Sem contar que ele assume que é ladrão assumido. Não propõe acordão nem
dança comemorando a pizza...
Bom, se do celular, preso e sob ameaça física fez tanto, imagina do
gabinete!

12 junho, 2006

Avaliar é duvidar

A artista que eu mais amo


Em momento de criação
Junho/2006

Ainda resta a arte...

Título: Vaso de flores
Autora: Lú
Técnica: mista
Data: Junho/2006


"Há qualquer coisa insaciada, insaciável, em mim; e quer erguer a voz. Um anseio de amor, há em mim, que fala a própria linguagem do amor. Eu sou luz; ah, fosse eu noite! Mas esta é a minha solidão: que estou circundado de luz". (pg. 118)

Assim falou Zaratustra, Friedrich W. Nietzsche

Mais consumidores, menos cidadãos

"No Brasil, consumidor é uma palavra com uma força infinitamente maior do que a palavra cidadão. Vai ver que é por isso que existe um código de defesa do consumidor e não existe um código de defesa do cidadão".

08 junho, 2006

Teatro Interativo


Focus - SHIGS 706 - bloco C - casa 03
Sessões às 20h - nos dias:
7 de julho
11 de agosto
1 de setembro
6 de outubro

Mais informações: 3443.4141

Paus e pedras invisíveis


Brasília, em meio ao caos, 7 de junho de 2006.

O quebra-quebra no Congresso Nacional, que aconteceu ontem em Brasília, merece reflexão. Se o protesto chegou ao chamado vandalismo, algo há por baixo do tapete. Qual é a sujeira que se esconde?

Independente de concordar ou não com o Movimento de Libertação dos Sem Terra, responsável pelo evento, independente de concordar ou não com vandalismo, ou, ainda, se a causa é justa, tentemos interpretar o discurso que reina neste país.

Afirma-se que os líderes do movimento utilizaram táticas de guerrilha e planejaram com antecedência a invasão à Câmara dos Deputados. Questiono: por acaso a corrupção, o mensalão e a sujeirada toda do colarinho branco não são atos planejados? Não são baseados em estratégia de qual fundo roubar, qual verba desfalcar, qual momento desviar, qual conta depositar?

Se vandalismo é o ato ou efeito de produzir estrago ou destruição de monumentos ou quaisquer bens públicos ou particulares, de atacar coisas belas ou valiosas, com o propósito de arruiná-las, o que dizer do dinheiro público? Não é bem? Então, por analogia, muitos deputados e senadores são vândalos!

Existem os vândalos que mostram a cara e os que não mostram. Questiono, também, se vídeos veiculados na mídia, ou mesmo aqueles apreendidos de “coleções” particulares, servem para incriminar e punir pessoas comuns, por que não servem para parlamentares, juízes e afins?

Dizem também que, na pancadaria concreta de pedras e paus, houve sangue, ferimentos, traumatismo craniano, talvez até morte. Na pancadaria invisível da corrupção há morte de milhões de brasileiros com fome, sem saúde pública, sem educação. Dos paus e pedras invisíveis crianças são mortas diariamente. De ordem de vândalos engravatados há a morte de prefeitos, juízes e outros que “sabem demais”.

Mas dirão que não é luta armada, guerrilha. Sim, não é. As armas são outras. Cada batalha tem seus instrumentos específicos. É claro que a violência explícita chama à atenção, incomoda e amedronta. Mas a violência silenciosa, não seria tão ou mais perniciosa?

Se, hoje, o povo tem medo dos parlamentares corruptos e dos inatuantes, por que esses não temem o povo? Talvez se a pancadaria tivesse alcançado o objetivo de adentrar no “salão de baile”, no parlatório, que vive adiando votações e cujos “representantes do povo” usam os microfones para discursarem para seus pares, num jogo e troca de figurinhas, como se não tivessem mais o que fazer, eles tivessem medo da democracia.

É engraçado ouvir o que diziam os deputados e senadores no plenário enquanto o “pau comia” do lado de fora. A frase “atentado à democracia” foi diversas vezes repetida. Se houvesse realmente esse propalado sistema político cujas ações atendem aos interesses populares, não haveria motivo para entrada forçada na casa do povo.

No fim das contas nos resta saber quem quebra mais, quais prejuízos são maiores neste país continental de latifundiários e sem-terra. Um alerta: tome cuidado com as pedras e os paus invisíveis que podem acertar a sua cabeça a qualquer momento, ainda que você não sinta a dor exatamente na hora em que a pancada acontece. Mas, que o quebra-quebra de ontem foi quase uma catarse nacional, isso foi.

01 junho, 2006

Cotidiano - Foto arte



Título: Cotidiano - Dia verde
Autora: Solange Pereira
Técnica: Desenho com bic sobre papel
e fotografia digital manipulada
Data: junho/2006