29 setembro, 2008

MSN muitas navegadas depois...

ai ai
- ! quem tem desejo tem idéias diz:
o tempo passa
- ! quem tem desejo tem idéias diz:
os olhos brilham
Fê >> Sarau de Aniversário: um sucesso! Obrigada pela presença! diz:
é
Fê >> Sarau de Aniversário: um sucesso! Obrigada pela presença! diz:
vou dormir ja ja
- ! quem tem desejo tem idéias diz:
o cérebro agita
- ! quem tem desejo tem idéias diz:
as idéias pulam
Fê >> Sarau de Aniversário: um sucesso! Obrigada pela presença! diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
- ! quem tem desejo tem idéias diz:
o corpo cansa
- ! quem tem desejo tem idéias diz:
as maõs coçam
- ! quem tem desejo tem idéias diz:
e mais um dia amanhece
- ! quem tem desejo tem idéias diz:
depois de uma madrugada inteira fuçando na internet...



...

Sites para facilitar sua convivência eletrônica


Vejam dicas compiladas pelo Professor Aldo Barreto [odla@centroin.com.br]



01 Quando for comprar qualquer coisa não deixe de consultar o site GastarPouco - http://www.gastarpouco.com/
02 Serviço dos cartórios de todo o Brasil, que permite solicitar documentos via internet - http://www.cartorio24horas.com.br/index.php
03 Site de procura e reserva de hotéis em todo o Brasil ,por cidade, por faixa de preços, reservas etc - http://www.hotelinsite.com.br/
04 Site que permite encontrar o transporte terrestre entre duas cidades, a transportadora, preços e horários -https://appweb.antt.gov.br/transp/secao_duas_localidades.asp'
05 Encontre a Legislação Federal e Estadual por assunto ou por número, além de súmulas dos STF, STJ e TST http://www.soleis.adv.br/
06 Tenha a telinha do aeroporto de sua cidade em sua casa,chegadas e partidas -http://www.infraero.gov.br/aero.php - http://www.infraero.gov.br/pls/sivnet/voo_top3v.inip_cd_aeroporto_ini =
07 Encontre a melhor operadora para utilizar em suas chamadas telefônicas -<http://sistemas.anatel.gov.br/sipt/Atualizacao/Importante.asp>
08 Encontre a melhor rota entre dois locais em uma mesma cidade ou entre duas cidades, sua distância, além de localizar a rua de sua cidade - http://www.mapafacil.com.br/
09 Encontre o mapa da rua das cidades, além de localizar cidades - http://mapas.terra.com.br/Callejero/home.asp
10 Confira as condições das estradas do Brasil, além da distância entre as cidades http://www.dnit.gov.br/
11 Caso tenha seu veiculo furtado, antes mesmo de registrar ocorrência na polícia, informe neste site o furto.O comunicado às viaturas da DPRF é imediato -http://www.dprf.gov.br/ver.cfmlink==form_alerta
12 Tenha o catálogo telefônico do Brasil inteiro em sua casa. Procure o telefone daquele amigo que estudou contigo no colégio - http://www.102web.com.br/
13 Confira os melhores cruzeiros,datas, duração,preços, roteiros, etc. - http://www.bestpricecruises.com/default.asp
14 Indexador de imagens do Google - captura tudo que é foto e filme de dentro de seu computador e os agrupa, como você desejar - http://www.picasa.com/
15 Site de procura, semelhante ao GOOGLE -http://www.gurunet.com/
16 Site que lhe dá as horas em qualquer lugar do mundo - http://www.timeticker.com/main.htm
17 Site que lhe permite fazer pesquisas dentro de livros - http://www.a9.com/
18 Site que lhe diz tudo do Brasil desde o descobrimento por Cabral - http://www.historiadobrasil.com.br/
19 Site que o ajuda a conjugar verbos em 102 Idiomas -http://www.verbix.com/
20 Site de conversão de Unidades - http://www.webcalc.com.br/
21 Site para envio de e-mails pesados, acima de 50Mb - http://www.dropload.com/
22 . Site para envio de e-mails pesados, sem limite de capacidade - http://www.sendthisfile.com/
23 Site que calcula qualquer correção desde 1940 até hoje, informando todos os indices disponiveis no mercado financeiro. Grátis para Pessoa Física - http://www.debit.com.br/
24 Site que lhe permite ler jornais e revistas de todo o mundo - http://www.indkx.com/index.htm
25 Site de camaras virtuais, funcionando 24 hs por dia ao redor do mundo - http://www.earthcam.com/
26 Site de mapas que identificam endereços do Brasil inteiro e dá sugestões de rotas - http://www.ondeestou.com.br/
Localizar cidades no Brasil - http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php

22 setembro, 2008

Deu na Veja, só falta dar no ensino...




Por Solange Pereira Pinto



Para grande parte da população urbana, domingo é dia de igreja, Veja, TV e futebol, não necessariamente nesta ordem. Ontem (21/09/2008), junto às notícias da crise americana, veio na revista uma matéria especial sobre o instigante escritor Machado de Assis que não freqüentou universidade, mas é ícone da nossa literatura.

Sabemos que a Veja é a revista semanal mais lida no Brasil. É falada e comentada, quase como centro do universo, nas escolas do país, principalmente faculdades. É tida como um meio de comunicação para se ler antes de fazer provas de concurso na área de conhecimentos gerais (!?). Ou seja, a Veja é para a maioria dos brasileiros “letrados” a maior fonte de informações.

Então, quando eu li na Veja o texto “Quem entendeu a nova avaliação do ensino?”, pensei: finalmente alguém para falar diretamente dos insumos e outras quantidades absurdas que têm virado moda por aqui. Cláudio Moura e Castro foi no x (certo da questão) e apropriadamente mostrou como índices podem não fazer qualquer sentido, principalmente quando se fala em educação.

Em certa altura ele disse: “finalmente, há o terceiro elemento, o Índice de Insumos. Trata-se de uma lista de descrições do processo de ensino, incluindo o número de doutores, docentes em tempo integral e outros. Pensemos no famoso Guia Michelin, que dá estrelas aos restaurantes franceses. O visitador vai anônimo ao restaurante e atribui estrelas se a comida e o ambiente forem muito bons. Jamais ocorreria pôr ou tirar estrelas por conta da marca do fogão, dos horários dos cozinheiros ou do número de livros de culinária disponíveis. Depois que a comida foi provada, nada disso interessa - exceto para algum consultor da área. Para escolher um restaurante, só interessam as estrelas, refletindo a qualidade da sua mesa. A avaliação da excelência de um curso é como as estrelas do Michelin. Para o público, conhecidos os resultados, os meios ou processos se tornam irrelevantes. Se o aluno aprendeu, não interessa como nem com quem - a não ser aos especialistas”.

Não preciso dizer mais nada... Agora me resta a esperança... Se deu na Veja, ainda que em apenas um artigo (muito bom por sinal), que dê agora também na cabeça dos brasileiros a reflexão: nem todo número informa, esclarece ou representa de fato a realidade. Qualidade não é quantidade. Veja abaixo o artigo comentado.










Quem entendeu a nova avaliação do ensino?





"Louvemos a coragem do MEC de gerar e divulgar avaliações. Mas parece inapropriado entregar ao público uma medida tão confusa"

Um médico que ficasse sabendo que seu paciente tem 88 batidas cardíacas por minuto, 39 graus de febre e um índice de 380 de colesterol teria os elementos iniciais para fazer um diagnóstico. Imaginemos agora que somássemos esses três índices e mostrássemos apenas o total. Seria um número sem sentido.


É tal espécie de soma que o MEC acaba de fazer, com o seu novo indicador de qualidade dos cursos superiores, o Conceito Preliminar de Avaliação. Ao somar três indicadores, deixa o público igualzinho ao médico do parágrafo acima. Pior, junta conceitos individualmente pouco conhecidos. Como o professor Simon Schwartzman havia partido antes na empreitada de entender essa química, juntei-me a ele na preparação do presente ensaio.


O primeiro número levantado pelo MEC é baseado em prova aplicada a uma amostra de alunos de cada curso. É o Enade (a nova versão do Provão), que mede quanto os alunos sabem ao se formar. É um conceito tão simples e poderoso quanto o resultado de um jogo de futebol. Só que não podemos comparar profissões, como faz o MEC, pois a dificuldade das provas não é a mesma. Se o Grêmio ganhou do Cruzeiro, isso não significa que é melhor do que o Real Madrid que perdeu do Chelsea.


Ademais, o MEC introduziu um complicador. Soma aos resultados da prova aplicada aos formandos a nota dos calouros na mesma prova. Ou seja, premia o curso superior que atrai os melhores alunos (a maioria deles oriunda de escolas médias privadas). Portanto, soma a contribuição do curso superior à do médio. Em uma pesquisa de que participei, 80% do resultado do Provão se devia à qualidade dos alunos aprovados no vestibular. Assim sendo, ele favorece as universidades públicas, pois sendo gratuitas atraem os melhores candidatos.



O segundo ingrediente do teste é o Índice de Diferença de Desempenho (IDD). O Enade mostra quais cursos produzem os melhores alunos. Contudo, um desempenho excelente pode resultar apenas de haver recebido alunos mais bem preparados. Em contraste, o IDD mede a contribuição líquida do curso superior. A idéia é boa. Em termos simplificados, calouros e formandos fazem a mesma prova. Subtraindo das notas dos formandos a nota dos calouros, captura-se o conhecimento que o curso "adicionou" aos alunos. Portanto, mede a capacidade do curso para puxar os alunos para cima, ainda que não consigam atingir níveis altos. É o que faltava na avaliação. Exemplo: na Farmácia temos uma escola com 5 no Enade e 2 no IDD. Temos outra com 2 no Enade e 5 no IDD. Embora a média seja a mesma, esconde mundos diferentes. A primeira forma os melhores profissionais, porque recruta bem, mas ensina pouco. A segunda produz alunos medíocres, mas oferece muito a eles. Cada indicador tem seu uso.


Finalmente, há o terceiro elemento, o Índice de Insumos. Trata-se de uma lista de descrições do processo de ensino, incluindo o número de doutores, docentes em tempo integral e outros. Pensemos no famoso Guia Michelin, que dá estrelas aos restaurantes franceses. O visitador vai anônimo ao restaurante e atribui estrelas se a comida e o ambiente forem muito bons. Jamais ocorreria pôr ou tirar estrelas por conta da marca do fogão, dos horários dos cozinheiros ou do número de livros de culinária disponíveis. Depois que a comida foi provada, nada disso interessa - exceto para algum consultor da área. Para escolher um restaurante, só interessam as estrelas, refletindo a qualidade da sua mesa. A avaliação da excelência de um curso é como as estrelas do Michelin. Para o público, conhecidos os resultados, os meios ou processos se tornam irrelevantes. Se o aluno aprendeu, não interessa como nem com quem - a não ser aos especialistas.


Mas há outras tolices. Um curso de filosofia em que todos os professores são doutores em tempo integral pode ser ótimo. Mas seria medíocre um curso de engenharia, arquitetura ou direito em que isso acontecesse, pois as profissões estariam sendo ensinadas por quem não as pratica. Esse curso ganha pontos pelo perfil dos docentes, justamente quando deveria perdê-los. Há outros desacertos técnicos que não cabe aqui comentar. Mas, como dito, a falha mais lastimável é a decisão de somar três indicadores que mal sabemos como interpretar individualmente. Louvemos a coragem do MEC de gerar e divulgar avaliações. Mas nos parece inapropriado entregar ao público uma medida tão confusa.


Claudio de Moura Castro é economista (claudio&moura&castro@cmcastro.com.br)

Data: 21/09/2008
Veículo: VEJA
Editoria: SEÇÕES
Assunto principal: ENSINO SUPERIOR MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

21 setembro, 2008

arte no sábado à noite




Filme: O Livro de Cabeceira /(Pillow Book, The, 1996)

Cotação: Excelente


Ponto forte: estética inovadora que propicia construir reflexões sem cair no lugar comum. O filme jorra sensibilidade e arte. Belíssimo!

Para não esquecer: quem curte livro do artista, book art e afins assistirá cenas inspiradoras.


Sinopse: Nagiko cresce em uma tradicional família japonesa, sua mãe morreu, e seu pai (Ken Ogata), escritor, a cria com a ajuda da tia (Hideko Yoshida). A cada ano, em seu aniversário, seu pai escreve de forma ritualística uma saudação em seu rosto e nuca. Com o tempo, Nagiko passa a aguardar ansiosamente tais momentos. Sua tia a presenteia com um livro de uma escritora japonesa do final do século dez, chamada Sei Shonagon, o Livro de Cabeceira.



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» Direção: Peter Greenaway
» Roteiro: Peter Greenaway (escrito por), Sei Shonagon (livro)
» Gênero: Drama/Romance
» Origem: França/Holanda/Reino Unido
» Duração: 126 minutos

20 setembro, 2008

O casulo de nós mesmos



Por Solange Pereira Pinto




O livro “Seda”, de Alessandro Baricco, escrito em 1996, é inexplicavelmente lindo. A alegoria, construída com maestria, nos faz sentir como os bichos da seda a tentar virar mariposas. O texto, tramado como as voltas das mãos de um ilusionista, surpreende. “Uma vez tivera entre os dedos um véu tecido com fio de seda japonesa. Era como ter entre os dedos o nada”.

Narrativa breve. Concisa. Não sobra e nem falta. Encanta. Tal qual a borboleta para nascer, Hervé Joncour, protagonista, segue seu destino com uma naturalidade que pode beirar ao nada. Como o cair de uma tempestade... “Era, além disso, um daqueles homens que amam observar a própria vida, julgando imprópria qualquer ambição de vivê-la”.

Baricco empresta à obra uma composição melodiosa do ritmo da prosa à escolha dos nomes de lugares, das personagens, dos detalhes; aspecto talvez influenciado por sua formação musical.

O recurso da repetição de trechos ampliados e sutilmente modificados dá no leitor a impressão de rotina, de "mundo que gira em torno de si mesmo”, de bicho a se revirar dentro do casulo para confeccionar o fio da seda.

A pacata Lavilledieu, o visionário-idealista Baldabiou, o instigado Hervé Joncour, o misterioso Japão e Hara Kei, e o contraponto feminino de Hélène, a menina dos olhos sem corte oriental, Mme. Blanche fazem as imagens sensoriais de Baricco correrem no sangue do leitor. São pequenos e certeiros picos na veia embriagando, inebriando... até o fim do mundo.

A seda. Os segredos. A sedução. “Esperou longamente, no silêncio, sem mover. Depois, lentamente, retirou o pano molhado dos olhos. Já não havia quase luz, no cômodo. Não havia ninguém, ao redor. Levantou-se, apanhou a túnica que jazia dobrada no chão, colocou-a sobre os ombros, saiu do cômodo, atravessou a casa, chegou diante de sua esteira e se deitou. Pôs-se a observar a chama que tremia, diminuta, na lanterna. E, com cuidado, parou o Tempo, por o todo o tempo que desejou. Foi um nada, depois, abrir a mão e ver aquele papel. Pequeno. Poucos ideogramas desenhados um embaixo do outro. Tinta preta.”

Disse Walter Benjamin que “toda ordem é precisamente uma situação oscilante à beira do precipício”. Lá estava Joncour. Dedilhando a seda. “Tinha atrás de si uma longa estrada de oito mil quilômetros. E diante de si o nada. De repente viu aquilo que julgava invisível. O fim do mundo”.

A rotina caminha, se repete trecho a trecho. Num átimo algo que muda... Para iludir uma rotina que insiste em se repetir... Assim como nós nos insistimos. Uma dor estranha. Tentar sair do casulo de nós mesmos... para chegar ao fim do mundo.



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Brasília, chuva fina sobre o cerrado, 20 de setembro de 2008.



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Sinopse

Na França de 1861, a tranquilidade do jovem Hervé Joncour, comerciante de ovos de bicho-da-seda, é abalada quando uma epidemia assola a criação dos fiadores europeus e o obriga a procurar a preciosa mercadoria no Japão, a milhares de quilômetros de Lavadieu, onde vivia com a mulher Helène. Começa, então, um novo ciclo em sua vida. Em viagens perigosas, repletas de descobertas e sofrimentos indizíveis, Hervé muda pouco, mas sente fortemente o antagonismo de culturas e a intensa atração pelo desconhecido.

17 setembro, 2008

Inventário do mundo: Arthur Bispo do Rosário e Peter Greenaway









por Maria Esther Maciel



Toda ordem é precisamente uma situação oscilante à beira do precipício.
Walter Benjamin




Aproximar artistas de contextos radicalmente distintos e com histórias de vida não menos dissonantes não deixa de ser um exercício de imaginação. Sobretudo quando não há pontos de interseção entre suas trajetórias criativas, nem evidência de qualquer diálogo explícito entre eles que possa justificar possíveis afinidades. Este é o caso da aproximação que tentarei estabelecer entre o artista brasileiro Arthur Bispo do Rosário e o cineasta britânico Peter Greenaway, à luz de alguns escritos de Jorge Luis Borges.

Advindos de culturas inteiramente diversas, criando a partir de condições sociais e de motivações estéticas contrastantes, Bispo e Greenaway encontram-se, entretanto, no mesmo apreço pelas taxonomias e enumerações impossíveis, compartilhando uma certa cumplicidade em relação ao que Borges chamou de "la tarea de dibujar el mundo".


Não foi à toa que Greenaway (foto), em seu primeiro contato com a obra de Bispo, em agosto de 1998, quando esteve no Rio de Janeiro para a exibição da ópera "100 Objetos para Representar o Mundo", reconheceu as afinidades de seu próprio trabalho com o do artista brasileiro – este um ex-pugilista, ex-marinheiro e ex-empregado doméstico, negro, psicótico, nascido em 1909. "Ele é mais obsessivo do que eu; a obsessão dele é infinita" – admitiu Greenaway – à medida que percorria o vasto acervo dos trabalhos de Bispo, composto de quase mil peças criadas ao longo de cinqüenta anos de confinamento do artista em uma instituição psiquiátrica.

Essas peças, que vão desde objetos avulsos, como navios de madeiras ou uma roda de bicicleta, até assemblages, fardões, fichários, faixas, panôs, coleções de miniaturas, tabuleiros com peças de xadrez e um majestoso manto bordado, dentre vários outros artefatos, compunham o que o próprio artista designou de "registros sobre minha passagem sobre a terra", um catálogo de todas as coisas do mundo, que, segundo ele, seria apresentado a Deus no dia do Julgamento Final.

De meados dos anos 50 até sua morte em 1989, Bispo se dedicou, com grande afinco e extraordinário senso de rigor, à sua missão, convicto de que tinha sido o escolhido de Deus para reconstruir o mundo após o fim de tudo, repovoando a terra com seus "objetos mumificados" e suas listas infinitas de nomes e imagens bordadas sobre panos ordinários. Buscava sua matéria prima no cotidiano mais imediato, nos redutos marginalizados da pobreza, no agora de sua própria experiência: sapatos, canecas, pentes, garrafas, latas, ferramentas, talheres, embalagens de produtos descartáveis, papelão, cobertores puídos, madeira arrancada das caixas de feira e dos cabos de vassouras, linha desfiada dos uniformes dos internos, botões, estatuetas de santos, brinquedos, enfim, tudo o que a sociedade jogou fora, tudo o que perdeu, esqueceu ou desprezou. Compôs, a partir desse entulho, uma narrativa visual de sua passagem pelo mundo, uma narrativa ordenada segundo as leis mais rigorosas da taxonomia e, ao mesmo tempo, atravessada pelo movimento espontâneo da imaginação. Nela, como explica Eliana Lourenço em ensaio sobre o artista, Bispo deixou inscrito o seu "desejo de buscar uma compreensão da ordem cósmica e de reordenar a vida".

Difícil não comparar esse trabalho de catalogação com o que, segundo a mitologia bíblica, Noé realizou mediante a ameaça do Dilúvio. Considerado por estudiosos da taxonomia como o primeiro colecionador da história da humanidade, o primeiro – segundo John Elsner e Roger Cardinal – a sofrer a "patologia da completude a todo custo", Noé converteu o ato de inventariar todas as criaturas da terra em um antídoto contra a destrutividade do tempo e da morte. Sua paixão foi colocada a serviço da salvação do mundo, como a de Bispo do Rosário. Com a diferença de que, para Bispo, o mundo não se afigurava de forma naturalizada, mas artificialmente moldado a partir do que nele foi depositado pela cultura. Interessava-lhe, particularmente, coletar a multiplicidade das coisas fabricadas e das nomenclaturas que as acompanham. Ou como ele mesmo dizia, "o material existente na terra dos homens". Para depois, ordenar tudo, fazer tudo coexistir em um todo finito, a partir de uma lógica desconcertante, na qual se conjugam, paradoxalmente, a lucidez e o delírio.

Lembrando, de certa forma, algumas classificações borgeanas, como a que caracteriza, por exemplo, a famosa enciclopédia chinesa descrita no ensaio sobre John Wilkins, as coleções de Bispo apresentam, na forma como são organizadas, uma ordenação que aponta, simultaneamente, para os modelos taxonômicos sistematizados pelos códigos reconhecidos de classificação e para uma maneira particular de captar, como diria Foucault, "por sob as diferenças nomeadas e cotidianamente previstas, os parentescos subterrâneos entre as coisas, suas similitudes dispersas". Ou, num plano inversamente simétrico: captar, por sob as semelhanças explícitas, as diferenças invisíveis entre os objetos repetidos de uma série. O resultado de todo esse processo, que tem como função alegórica representar a complexa sintaxe do mundo, não poderia ser senão a fragmentação dessa mesma sintaxe, a revelação da vertigem caótica da realidade circundante.

Jean Baudrillard, em ensaio sobre o ato de colecionar, diz que todo objeto, ao ser colecionado, deixa de ser definido pela sua função para entrar na ordem da subjetividade do colecionador. Abstraído de seu contexto, perde sua presentidade, desloca sua temporalidade para a espacialidade de um repertório fixo, no qual a história é substituída pela classificação. Nesse sentido, colecionar se converte em uma forma de enclausurar o objeto, des-historicizá-lo, de maneira que seu contexto seja abolido em favor da lógica sincrônica da coleção.

No caso de Bispo de Rosário, entretanto, isso se dá de forma mais complexa. Seus objetos, mesmo que desvestidos do caráter funcional e descartável, ao serem subjetivizados pela posse e pela criatividade do artista, passam a dizer muito mais de seu contexto do que quando ocupavam simplesmente o espaço utilitário de suas funções imediatas. Eles adquirem uma linguagem, convertem-se em metonímias do próprio contexto de que foram tirados. As coleções de Bispo arrancam o objeto de sua própria inércia, dão-lhe um nome, um lugar e uma história. Ao mesmo tempo em que se configuram como registros de um tempo, de uma vida e de um contexto marcados pela pobreza, pela loucura e pela exclusão, elas se transfiguram em metáforas sempre renovadas do mundo, confirmando as palavras de um outro artista, Hélio Oiticica, segundo o qual "o objeto é a descoberta do mundo a cada instante".

Isso se constata sobretudo quando tomamos os objetos avulsos de Bispo, verdadeiros ready-made, que guardam visíveis semelhanças com certos artefatos de Marcel Duchamp, como a roda de bicicleta, por exemplo, sem que haja por parte do artista brasileiro qualquer dívida para com o artista francês.
E por um motivo muito simples: Bispo nem mesmo sabia da existência de Duchamp. Sua história não lhe permitiu entrar no mundo intelectualizado dos movimentos estéticos, dos salões de arte, dos espaços privilegiados do saber letrado. Mal sabia escrever, apesar dos impressionantes textos que bordou, das inúmeras listas de nomes que escreveu e dos mapas detalhados que traçou em seus estandartes de pano.

Completamente alheio aos movimentos estéticos que, nos anos 50 e 60 fervilhavam nos meios culturais brasileiros e internacionais, dialogava, sem saber, tanto com os experimentos internacionais da chamada Pop Art, quanto com algumas expressões da neovanguarda brasileira que, na época, ganhava espaço sobretudo no cenário cultural carioca. Mesmo na claustrofobia de seu confinamento psiquiátrico, Bispo manteve uma inexplicável sintonia com o seu próprio tempo, chegando a antecipar também alguns aspectos da arte contemporânea. Como afirma o crítico de arte Frederico Morais, um dos maiores divulgadores da obra do artista:

"Sem que algum dia tivesse saído de sua cela para visitar exposições ou folhear revistas de arte em alguma biblioteca sofisticada, Bispo fez nos anos 60 assemblages como as de Arman, Cesar, Martial Raysse e Daniel Spoerri, integrantes do Novo Realismo. (...) A lógica formal com que Bispo envolve seus trabalhos antecipa certos aspectos da nova escultura inglesa, de um Tony Cragg, por exemplo. (...) Os textos costurados de Bispo lembram os manuscritos de Joaquim Torres-García, nos quais ele funde palavra e imagem. (...) O manto e as demais roupas de Bispo remetem aos parangolés de Hélio Oiticica, tanto quanto sua cama-nave assemelha-se à casa-ninho de Oiticica em sua residência nova-iorquina ou ao Éden que ele expôs em Sussex, Inglaterra."

Como não retornar aqui, aproveitando a lista de Morais, às similitudes dissonantes entre a obsessão de Bispo por catálogos, enumerações, mapas e nomenclaturas e a de Greenaway, que através de seus filmes, trabalhos de artes plásticas, óperas e escritos ficcionais, também tem se dedicado à tarefa de converter o mundo em uma grande enciclopédia, valendo-se dos sistemas racionais de classificação e mostrando, ao mesmo tempo, os pontos em que tais sistemas transbordam e se rompem?


Vale lembrar que o que mais chamou a atenção de Greenaway em relação à obra de Bispo, durante sua já referida visita ao Museu Nise da Silveira, no Rio de Janeiro, foi precisamente o uso criativo que o artista brasileiro fez das taxonomias, a forma como ele parece "zombar um pouco com a mania dos intelectuais de catalogar tudo, de transformar o mundo em verbetes de enciclopédia".

Com tal observação, Greenaway – um eterno seduzido pelos "excitements of research, collection and collation" – não apenas marca a sua cumplicidade oblíqua com a obra do artista brasileiro, como também define o seu próprio gesto catalogador. Um gesto que não se define necessariamente pelo objetivo ilusório de completude, mas pela necessidade crítica de mostrar como os princípios legitimados de organização, sejam alfabéticos, numéricos, estatísticos, cartográficos, tendem a se tornar fins em si mesmos.

Desde os seus primeiros pseudo-documentários, como "Windows", em que faz, pela via do nonsense, um estudo estatístico de casos de defenestração, "H is for House", em que leva ao infinito as possibilidades e impossibilidades da nomenclatura, ou "Act of God", em que levanta uma lista insólita de casos de pessoas atingidas por raios, Greenaway vem jogando ironicamente com as taxonomias, conjugando as regras de classificação com as leis paródicas da ficção. Para não falar aqui de seus longa-metragens, todos eles estruturados em forma de catálogos narrativos, de cuja simetria rigorosa emerge, paradoxalmente, uma lógica desordenadora e muitas vezes absurda.
Poderíamos citar ainda seus trabalhos de artes plásticas e, especialmente, os de curadoria, como o que teve como título "Some Organising Principles", uma exposição em Wales (1993), na qual, através de obras selecionadas, criou uma espécie de história sincrônica da taxonomia, do século XVII à época contemporânea. Em todos esses trabalhos, Greenaway não busca senão constatar o caráter ilusório de toda tentativa de ordenação do mundo, de todo impulso de se colocar, como quis Mallarmé, o mundo inteiro em um Livro.

É nesse sentido que Greenaway (e, por extensão, Bispo) também poderia ser associado a Borges, dado o conhecido apreço de Borges pelas séries temáticas, combinações insólitas, listas e categorizações. Bastaria mencionarmos o modelo taxonômico que o escritor argentino usou na delirante descrição do mundo enciclopédico de Tlön, o planeta "donde abundan los sistemas increíbles", na enumeração dos catálogos infinitos da "Biblioteca de Babel", na explicação do idioma analítico de John Wilkins, e ainda nos verbetes insólitos do bestiário Manual de zoología fantástica. Em todos esses textos, "há uma reversão do típico uso épico de catálogos e listas", como apontou Flora Sussekind, visto que Borges não almeja necessariamente classificar racionalmente a realidade ou o universo, mas revelar o caráter arbitrário de todos os sistemas de classificação. Seus catálogos e listas seriam, portanto, "auto-anulatórios", por se basearem no famoso princípio do próprio autor, segundo o qual "não há universo no sentido orgânico, unificador, que tem essa ambiciosa palavra". E se em Greenaway este gesto crítico se repete é porque suas conjeturas sobre o que Borges chamou de "secreto dicionário de Deus" também não almejam tornar o caos do mundo mais legível, mas evidenciar o impossível de sua organicidade e unidade.

Não seria descabido dizer, portanto, que o cineasta britânico busca chegar, pelas vias transversas da ironia, ao que Bispo do Rosário alcançou, de forma espontânea, com a força da imaginação: revelar, através das ordenações taxonômicas, a desordem e a multiplicidade do mundo. E é nesse sentido que ele transforma em projeto o que para Bispo foi uma missão.

Isso pode ser visto, de forma explícita, na já mencionada ópera-instalação, "100 Objetos para representar o Mundo", escrita e co-dirigida por Greenaway, com música de Jean-Baptiste Barriére. Definido como uma "opera-prop" (prop, em inglês é um termo do teatro que significa acessórios do contra-regra, adereços), o trabalho é uma paródia da história das duas naves Voyager que, contendo mais de uma centena de imagens e arquivos sonoros, foram enviadas ao espaço pelos norte-americanos, em 1977, com o propósito de mostrar a eventuais extra-terrestres a existência da Terra. Como argumenta o próprio Greenaway, é provável que tal material representativo, compactado em um espaço restrito, tenha se limitado às referências culturais da década de 70 e à visão subjetiva de um grupo de "americanos brancos, de classe-média, com formação científica, e talvez com arrogantes ideais democráticos e atitudes paternalistas em relação ao resto do mundo".

Com o visível propósito de ironizar tal empreendimento, Greenaway cria a sua própria lista, inventariando um número limitado de objetos (concretos e abstratos) que, em sua opinião, poderia simbolizar e descrever (ironicamente, é claro) a multiplicidade inumerável das realizações do homem e da natureza na terra. Tais objetos, que vão desde o mais prosaico guarda-chuva ou uma coleção de sapatos até figuras representativas do imaginário cultural do Ocidente, como Adão e Eva, "A Vênus de Willendorf", "O chapéu, o casaco e a pasta de Freud", são recolhidos de temporalidades e culturas diversas (dependendo do país onde a ópera é apresentada, a lista passa a incorporar símbolos locais) e dispostos no espaço serial de um catálogo multimídia, cuja finalidade principal não difere da de outros projetos taxonômicos do artista: desqualificar todo e qualquer esforço humano de representação racional do mundo. Uma lista que atesta não apenas a nossa diversidade, mas também a nossa vulnerabilidade, nossa irrelevância e nossa megalomania, tornando-se, portanto, crítica de si mesma e de sua própria pretensão.

Para a apresentação de tal lista, Greenaway converte o palco em uma espécie de sala de exposição, onde alguns objetos são dispostos segundo a lógica curatorial do diretor. Elementos cinemáticos e teatrais contribuem para o impacto visual do espetáculo, pois à medida que os cem objetos vão sendo apresentados em uma seqüência narrativa, uma profusão tecnológica de vozes, luzes, textos e imagens projetadas sobre o palco satura o espaço de signos, apontando para a impossibilidade de se esgotar a pluralidade de referências que circunda culturalmente cada "objeto" apresentado. Um projeto enciclopédico, sem dúvida, que guarda similitudes com certos projetos literários de autores contemporâneos que também fizeram de suas obras verdadeiras enciclopédias ficcionais. Enciclopédia, aqui, entendida não como um conjunto fechado e definitivo, mas como uma totalidade incompleta, conjetural, multíplice. Como é também a obra de Bispo, feita de um saber não legitimado socialmente, fora da ordem canônica da cultura erudita e, portanto, em estado de deslocamento, de novidade e de alteridade radical em relação aos modelos enciclopédicos conhecidos.

Umberto Eco, ao comparar o dicionário à enciclopédia, chama a atenção para o princípio de "semiose ilimitada" que define o modelo enciclopédico. Segundo ele, a enciclopédia, ao contrário do que almejaram os filósofos iluministas, não reflete de modo unívoco e racional um universo ordenado, mas fornece regras, em geral "míopes", para que, "segundo algum critério provisório de ordem", se busque dar sentido a um mundo desordenado ou cujos critérios de ordem nos escapam. Nesse sentido, tal modelo destoaria do de dicionário, por excluir definitivamente, segundo Eco, "a possibilidade de hierarquizar de modo único e incontroverso as marcas semânticas, as propriedades, os semas". Em suas palavras:

"O conhecimento enciclopédico seria de natureza desordenada, de formato incontrolável, e praticamente deveria fazer parte do conteúdo enciclopédico de cão tudo o que sabemos e poderemos saber sobre os cães, até a particularidade por que minha irmã possui uma cadela chamada Best – em suma, um saber incontrolável até para Funes, o Memorioso."

Como vimos, os objetos apresentados por Bispo em suas coleções são visivelmente enciclopédicos, pois abrangem toda a esfera das matérias a que o homem empresta uma forma. Eles compõem, em conexão com os inúmeros textos, desenhos, mapas, em geral bordados em roupas e estandartes, um mundo desordenado pelas suas próprias regras de organização, através do qual o artista busca dar um sentido à sua própria realidade. É interessante observar ainda o fato de que vários de seus objetos também aparecem na ópera de Greenaway, como os sapatos em série, uma coleção de moedas, a cadeira-de-rodas, o guarda-chuva, a cama, o barco, a boneca, o lixo, objetos de uso doméstico, além dos mapas, textos e das listas intermináveis de palavras começadas com uma determinada letra do alfabeto. O que confirma, mais uma vez, as imprevistas afinidades entre os dois.

Na interseção entre esses dois artistas que nunca se encontraram, cada um cria uma forma distinta (porque subjetiva e cultural) no ato comum de inventariar o mundo. Se, por um lado, a subjetividade de Greenaway é a da consciência irônica, lapidada pelo exercício diário de uma lucidez que, de tão lúcida, revela sua própria vertigem, por outro, a de Bispo advém de uma cumplicidade visceral com a experiência, com o agora de seu próprio corpo, de sua loucura e de sua realidade.
Enquanto um busca sua matéria-prima no espaço canônico da cultura ocidental, o outro recolhe a sua da precariedade material de sua existência cotidiana. Um faz do rigor um delírio; o outro extrai do delírio o rigor. Ambos mostram, por caminhos inversos, que a desordem não deixa de habitar qualquer de nossas tentativas de apreensão totalizadora do mundo, visto que o paradigma da construção e reconstrução dos mundos míticos, místicos, estéticos e até mesmo científicos, é sempre, como aponta Félix Guattari, o da "narratividade delirante". E isso é o que também Borges parece nos dizer em seus textos, como neste que fecha o seu livro El hacedor, e que reproduzo aqui, a título de conclusão :

"Um homem se propõe a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos, povoa um espaço com imagens de províncias, de reinos, de montanhas, de baías, de naus, de ilhas, de peixes, de moradas, de instrumentos, de astros, de cavalos e de pessoas. Pouco antes de morrer, descobre que esse paciente labirinto de linhas traça a imagem de seu próprio rosto."

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Maria Esther Maciel (Minas Gerais, 1963). Poeta e ensaísta, publicou livros como As vertigens da lucidez: poesia e crítica em Octavio Paz (1995), Borges em 10 textos (org., 1998) e Triz (poemas, 1998). Ensaio originalmente publicado em Poéticas da diversidade (org. Marli Scarpelli e Eduardo Assis Duarte, 2002). Contato: esthermc@letras.ufmg. Página ilustrada com obras do artista João Câmara (Brasil).

multiplicidade...

"Vivemos, hoje, sob o signo da multiplicidade, da confluência entre as artes e os campos disciplinares. Cabe ao intelectual contemporâneo estar atento a isso. A especialização e a fixidez do conhecimento já não condizem com as demandas do nosso tempo. O movimento, o trânsito, a abertura à alteridade são as linhas de força que nos definem. Greenaway é diretor de ópera, escritor, pintor, curador. De alguma maneira, ele reedita essa figura do artista renascentista. Algo que tem a ver também com a idéia de Arte Total, de Wagner. Ele tenta reconstituir essa figura para mostrar que o cinema tem que se abrir para essas outras linguagens, que as artes e os campos de saber estão aí também para serem mesclados, conjugados. Além disso, aposta na idéia de que uma das formas de se revitalizar o cinema é buscar os recursos que as outras artes podem oferecer".

Maria Esther Maciel

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Ganhei uma tirinha!

Ponto de vista...



UM ELEFANTE PERGUNTOU AO CAMELO:

- PORQUE SEUS PEITOS ESTÃO NAS SUAS COSTAS?

- 'BOM' - DIZ O CAMELO
- EU ACHO ESTA PERGUNTA UM TANTO QUANTO ESTRANHA VINDO DE UMA PESSOA QUE TEM O PINTO NA CARA...

Evento artístico

Olá, pessoal!
Quem estiver em Goiania não deixe de visitar a exposição.
Ah, eu tenho um postal lá também heeh. bjs









Quem quiser mais informações entre no blog do Ação Postal - Cara de Pau (Brasil)

13 setembro, 2008

Palestra 13/09!


Abaixo o hábito de ler!




Por Solange Pereira Pinto (escritora, professora e arte-educadora)


A escola da minha filha tem um programa de leitura chamado ciranda do livro. O objetivo é que cada criança pegue uma obra para ler no fim de semana e faça, na apostila encadernada em espiral, uma atividade pré-determinada (desenhar uma passagem, escolher um personagem favorito, ilustrar a idéia principal, fazer um breve resumo etc.).

Imagino que nem todos os alunos façam a tarefa de bom grado. No início a escola tentou uma competição: a criança que pegasse mais livros na biblioteca ganharia um prêmio ao término do período X. Minha filha logo chiou: “mamãe, assim não vale. Tá muito chata essa história de quem lê mais. Tem gente que só pega livrinho fininho e com muita figura pra ler rápido e pegar outro. Eu que escolhi pelo título, por que achei interessante a história, vou perder. O meu livro é muito mais grosso que os outros!”, choramingou.

Tinha ela razão. Vencer a competição era o objetivo das crianças sob o pretexto da escola de formar o hábito da leitura e quiçá cidadãos do futuro. Nesse meio tempo, crítica daqui, chororô acolá, ficou difícil para a professora lidar com a manobra “pedagógica”, deslindada pela pequena estudante.

O projeto competitivo saiu de cena e a apostila em espiral continuou seu trajeto, às sextas-feiras, mochila adentro; só que agora sem a pressão de se ser o primeiro lugar no ranking de “leituras lidas”. Algumas crianças ficaram aliviadas. Alguns pais também. Ufa!

Chegado o dia de mais uma escolha, minha menina, que se chama Ana (Luísa) optou por pegar um livro chamado Ana e Ana, segundo as palavras dela “achei pela capa que podia ser interessante”. E era. Aliás, é!

O livro de Célia Godoy, ilustrado divinamente por Fé, narra a história das gêmeas Ana Carolina e Ana Beatriz, que idênticas na aparência tentavam se distinguir por cores, roupas, adereços, ainda que “por dentro” fossem bem diferentes nos gostos e afinidades com o mundo. Cresceram e cada uma tomou um rumo, até que...

Até que eu parei para pensar se a leitura é um “hábito-ato” possível de se formar em alguém. Sendo professora há algum tempo e exatamente na área de produção de textos, leitura e interpretação, recordei das principais dificuldades e justificativas dos meus alunos quando perguntados sobre o tal, difundido, alardeado: hábito de ler!

Em geral, se apontam desconcentração, sono, preguiça, falta de exemplos familiares, ausência de livros em casa, dificuldade de entendimento, cansaço, visão embaralhada, e, principalmente, falta de tempo! Questionados sobre este último item, respondem: “ah, professora tem muita coisa melhor a fazer do que ler, como ver TV, praticar esportes, sexo, passear, navegar pela internet...”.

“– Mas céus! Vocês não gostam de ler nada?”, re-interrogo.
“– Também não é assim. A gente lê sobre o que gosta ou sobre o que precisa”.

Se tempo é uma questão de prioridade, e nele a gente ocupa primeiro o que dá prazer ou necessita, aonde entra o esforço pedagógico de formar o hábito de ler? Creio que na vala comum.

Diz o companheiro Houaiss que hábito é “maneira usual de ser, fazer, sentir, individual ou coletivamente; costume, regra, modo, maneira permanente ou freqüente, regular ou esperada de agir, sentir, comportar-se; mania”.

Ora, formar o hábito de ler para quê?

Em certa medida, quem tem uma formação escolar considerada razoável (sei lá o que isso significa) lê o que lhe atrai. Jornais, almanaques, cadernos de esporte, revistas semanais, publicações de fofocas etc, estão pelas esquinas e bem amassadas, indicando que mãos e olhos passaram por ali.

E daí?

Nada!

O hábito de ler, melhor formulando, a prática de ler não significa em essência nada. O costume de ler pode ser um desábito de adquirir conhecimento. Entrar no piloto automático da leitura não traz por si só transformação.

Se ler é um dos caminhos para se chegar ao conhecimento de determinado fenômeno, idéia, verdade, ler por ler é no máximo chegar à aquisição de dados brutos e informações superficiais, massificadas, deglutidas por seus autores para todos.

Hoje deveríamos por em pauta, conclamar, não o desgastado hábito de ler, mas sim o hábito de pensar, o hábito de querer saber, o hábito de ser curioso. Se os próprios considerados – pelos professores – não-leitores admitem ler o que lhes interessa, óbvio seria despertar antes a vontade de conhecer. Ler, por hábito, deveria deixar de ser regra de conduta apregoada pelas escolas. Transformar o pensamento e ampliá-lo por desejo, deveria ser a etiqueta.

Ler é mera conseqüência. A causa é querer sair do lugar-comum, voar sem tirar o pé do chão, pensar para existir... Meu hábito maior é “Ser” e por isso eu leio muito. Dessa forma, vou me desabituando de mim para me habituar às minhas releituras...

08 setembro, 2008

OBRAS JAPONESAS DE ROSA YASOYAMA NA CAIXA CULTURAL

A Caixa Cultural recebe em curtíssima temporada a exposição Mostra de Cultura Japonesa: Pinturas, Quimonos e Obras em Bambu, da artista plástica Rosa Kazuyo Yasoyama. A exposição compõe juntamente com as mostras O Japão de Pierre Verger e Design do Japão Hoje 100 - Um Estilo de Vida Contemporâneo as comemorações na CAIXA Cultural pelo Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. De 9 a 21 de setembro, na galeria Vitrine. Abertura para convidados e imprensa dia 8 de setembro, das 19h às 22h.

A mostra, que é mais uma parceria entre a Embaixada do Japão e a CAIXA Cultural, traz para Brasília pinturas, quimonos e obras em bambu. São trabalhos que ilustram com sensibilidade algumas das grandes tradições culturais nipônicas. A exposição está integrada à programação das comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil e do Ano do Intercâmbio Japão-Brasil.

Rosa Kazuyo Yasoyama apresenta uma mostra constituída de pinturas no estilo suiboku-ga (uma derivação da técnica monocromática do sumi-e com base em cores suaves), além de obras de artistas convidados como sua mãe, Masako Yasoyama (pinturas a óleo), e os designers Shogen Kuroda (peças utilizando bambu como matéria-prima) e Kihachi Tabata (quimonos).

Há dez anos, Rosa Yasoyama esteve em Brasília para realizar uma mostra em razão do nonagésimo aniversário da imigração japonesa no país.

Rosa Kazuyo Yasoyama

Yasoyama nasceu em Bastos, interior de São Paulo, mas seus pais retornaram para o Japão quando a artista ainda era criança. “Cores que eu usava inconscientemente, percebo agora, eram cores da infância remota, cores do Brasil”, recorda. Por conta dessa peculiar ligação com o nosso país, o nome Rosa foi incorporado ao sobrenome japonês, resultando assim em Rosa Kazuyo Yasoyama.

Kazuyo Yasoyama recebeu as primeiras lições de desenho e pintura ainda na infância, da mãe, a artista plástica Masako Yasoyama (1934-1996). A partir de 1991, começou a realizar exposições individuais em galerias do Soho (Nova Iorque), em diversas cidades chinesas e na Europa. Foi premiada na Exposição Ultramarina (México, 1987), indicada para membro efetivo do Salon de Paris (1988), expôs na Bamboo Festival de Hamm (Alemanha), em abril de 1993, entre outros prêmios, distinções e participação em mostras individuais e coletivas.

Estudiosa da cultura e do uso do bambu, participou, em 1993, de um encontro e seminário com o doutor em bambu, Hiroshi Muroi, para estudos no Jardim Botânico de Bambus de Fuji, Japão.

Local: Caixa Cultural – Galeria Vitrine
Abertura para convidados e imprensa: 8 de setembro de 2008, das 19h às 22h
Visitação: de 9 a 21 de setembro de 2008
Horário de visitação: diariamente, das 9h às 21h
Agendamento de visitas monitoradas: de terça-feira a sexta-feira, de 9h às 18h, pelo telefone 3206-9448.
Endereço: SBS Q. 4, Lt. 3/4 - Térreo do edifício Matriz da Caixa
Classificação etária: Livre
Entrada Gratuita

Assessoria de Imprensa
Caixa Econômica Federal
CAIXA Cultural- Brasília/ DF
(61) 3206-8030 / 9895
(61) 9202-2144 / 8101- 9902
imprensa.cultura@caixa.gov.br
www.caixa.gov.br/caixacultural

Abaixo a feira do livro!

Xepa de menor qualidade


A feira do livro deste ano, em Brasília, foi um fiasco. Ao contrário do meu pensamento, o site do evento propaga o sucesso de vendas e público (para saber dados entre no site por aqui e por aqui). É que estamos muito acostumados com dados e informações aparentes. No entanto, quem por lá passou viu que a realidade estava para além do bonitinha temática página virtual.


Desorganizada e mascarada, a feira atropelou autores e leitores e primou (mais uma vez) por números (vendas, passantes, pseudo bate-papos). Os expectadores (ops, consumidores!) dos eventos chamados literários (por convenção apenas) tiveram que assistir aos constrangimentos que passaram os autores convidados. Estes eram interrompidos antes de terminar uma palestra para darem lugar a outros que não teriam a oportunidade de falar porque a "agenda" estava uma zona!
De fato parecia uma feira, um fim de feira com laranjas rolando a ladeira. Muitos convidados que vieram de outros países fizeram mais o papel de vitrine do que de escritores - não por culpa deles é claro - em razão dos atropelos do cerimonial ou quem quer que tenha bolado a programação.
Porém, o que me incomoda, digamos, é a mesmice. Salvo mínimas excessões, a feira do livro parece desova de encalhes. Centenas de livros "kits" para crianças e ausência de obras distantes das mais vendidas da Veja ou similar. Ir a um "grande" (?) evento literário (?) para encontrar mais do mesmo é frustrante. Encontrar novamente os hipermercados (ops, megastores) de papel é triste.
Assim, quando vejo um texto (como o abaixo) sobre "A importância de despertar o hábito de ler ", feito por um provavelmente dono de hipermercado, minhas especulações se confirmam. Exatamente por isso escrevi o contraponto "Abaixo o hábito da leitura".
Na próxima feira espero encontrar algo além de cultivares com agrotóxico, pois tenho fome de algo mais elaborado, orgânico, vital...


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A importância de despertar o hábito de ler (por Oswaldo Siciliano) - O Estado de São Paulo - 09/03/2006

Quando foi realizada pela primeira vez, em 1970, no Pavilhão do Ibirapuera, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo representava, ainda que com números tímidos, a consolidação de um antigo e audacioso sonho: o de provar que o Brasil era capaz de promover um evento literário de grande porte e mostrar ao público a produção editorial de nosso país.

Hoje, 36 anos depois, os grandiosos números da Bienal dão a exata medida da evolução do setor nesse período. A partir de hoje, na presença das principais personalidades do mundo cultural e político, será cortada a fita inaugural de sua 19ª edição. Nos 11 dias que se seguirem, cerca de 800 mil pessoas estão sendo aguardadas no Anhembi para participarem da maior festa do livro da América Latina.

Serão 310 horas de intensa atividade cultural, que colocarão o livro e a leitura em grande destaque junto aos mais diferentes públicos de nossa sociedade. Em mais de 57 mil metros quadrados, os 320 expositores do Brasil e de mais 12 países terão a oportunidade de apresentar seus lançamentos, expor os livros de seus catálogos e, principalmente, estreitar o contato com leitores de todas as idades.

Uma das vocações mais proeminentes da Bienal é o de despertar o hábito de ler. A cada edição um novo e fiel séquito de leitores se forma: são crianças, jovens, adultos e idosos de todas as classes sociais que, ao estabelecer contato - muitas vezes pela primeira vez - com o mundo dos livros, criam uma empatia imediata e duradoura com as palavras, transformando-se em agentes ativos da leitura.

Em seu inerente papel no processo de formação de novos leitores, a Bienal preparou mais cem horas de atividades gratuitas para as crianças, em um espaço próprio, com capacidade para receber 2.500 pessoas. Serão cerca de 180 mil estudantes das redes pública e privada de ensino do Estado de São Paulo na Visitação Escolar. Essas crianças não sairão "incólumes" do Anhembi. Levarão para as pessoas de seu convívio um livro ou, no mínimo, a experiência de terem se relacionado com o universo mágico da leitura.

Mas, para que esse estímulo não se perca, é necessário que os professores estejam preparados para renová-lo continuamente junto aos seus alunos e que os jovens que em breve ingressarão no mercado de trabalho tenham sempre em mente a importância do livro em sua vida profissional.

Dentro desse contexto, a Bienal preparou eventos específicos para esses dois públicos. O Fala, Professor! é um ciclo de palestras voltadas à educação continuada para docentes de 1º e 2º graus, abordando técnicas e materiais de apoio em sala de aula para otimizar o ensino das mais diversas disciplinas e o aperfeiçoamento da comunicação entre professores e alunos. Já o Espaço Universitário traz profissionais renomados das mais diversas áreas (direito, marketing, história, gastronomia, jornalismo, turismo, moda e muitos outros) para conversar com os jovens que querem saber mais sobre as profissões que poderão abraçar.

Como se pode observar, além de ser a grandiosa vitrine do mercado editorial brasileiro, com quase 2 milhões de livros expostos, a Bienal representa um importantíssimo acontecimento cultural, constituindo-se num importante espaço dedicado à reflexão e ao debate de idéias, característica muito apreciada por seus visitantes.

Prova disso é o expressivo quórum do Salão de Idéias, onde escritores nacionais e estrangeiros de grande prestígio conversam com os leitores, revelam seus processos de criação, respondem às perguntas do público e expressam seus pontos de vista sobre os mais variados assuntos. Nesta edição participarão cerca de 110 autores.

A Bienal cumpre também um papel relevante dentro da cadeia produtiva e econômica do País. Para a realização do evento estão sendo investidos R$ 18 milhões, numa operação que envolve 1.200 profissionais de forma direta e outros 10.700 indiretamente. Além disso, a repercussão pública do evento intensifica a venda de livros em todos os canais de comercialização. E para estimular ainda mais a compra de livros, uma das novidades desta edição é que o valor do ingresso poderá ser convertido em descontos na compra de livros em muitos estandes dentro da Bienal.

A evolução da Bienal de 1970 para cá dá a medida de como o livro ganhou importância dentro do contexto nacional. Ainda que o Brasil continue apresentando índices abaixo do desejado em relação à educação e cultura, é incontestável que nas últimas décadas obtivemos avanços significativos no setor. Hoje, graças a diversos tipos de iniciativa em prol do livro, entre elas a realização das Bienais, o livro está mais acessível e, gradativamente, está sendo disponibilizado para todas as camadas da população. Com mais leitores, a sociedade torna-se mais participativa, justa e ciente de seus direitos e deveres, itens essenciais na construção de um país melhor.

Fonte: Câmara Brasileira do Livro

ENCONTRO

Reitores estrangeiros debatem Acordo OrtográficoReitores e acadêmicos de universidades sediadas em países de língua portuguesa desembarcam em Brasília para debater os temas Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento, no XVIII Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP).


A UnB é anfitriã do encontro, que começa nesta quarta-feira, 10 de setembro, e vai até a sexta-feira, 12, no prédio da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec). Os acadêmicos debaterão, ainda, o Acordo Ortográfico, que pretende uniformizar regras gramaticais nos países de língua portuguesa.


O programa também conta com atividades culturais, como visita ao Museu da República e lançamento de publicações. Confira a programação em www.aulp.org. A AULP surgiu em 1986 e reúne instituições de ensino de nove países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor L este.

A entrada é aberta e gratuita.


Informações pelo 3307 1021 ou pelo e-mail celia@unb.br