"É importante fazer as coisas com afeto, com o tempo necessário para prestar atenção nos movimentos, nas escolhas, na história daquilo que está sendo feito, construído. A correria produz memórias defeituosas... lembranças falhas, sem detalhes, sem cheiros nem cores". Manoela Afonso
Imagem: trabalho de Efigênia Rolim, Rainha do Papel de Bala de Curitiba.
"Um sapato para não esquecer da liberdade com a qual devemos pisar, andar, correr e chutar os baldes :) - janeiro/1
_________________________________
EFIGÊNIA ROLIM: A MADRINHA DO PAPEL | ||||
| ||||
INTRODUÇÃO: | ||||
A maior parte do que fazemos quase sempre é uma reprodução daquilo que vemos e daquilo que nos foi passado através da educação, da moral e dos costumes. Nosso modo de pensar, jeito de se vestir, e o que produzimos: tudo é socialmente condicionado. O singular se torna cada vez mais raro. Poucos são aqueles que ousam algo diferente, singular. Quando isso ocorre, muitas vezes essas pessoas permanecem anônimas. Vêm e vão, desaparecem da mesma forma que surgem, sem deixar rastros. O objetivo dessa pesquisa, vinculada ao projeto multidisciplinar “Infames, casos de singularidade histórica”, foi encontrar e documentar pessoas com produções que, devido a sua originalidade, não podem ser aprisionados em conceitos e resistem ao processo de normatização imposto pela nossa sociedade. Buscávamos fundamentalmente a originalidade, quer a produção seja plástica, escrita ou sonora. | ||||
METODOLOGIA: | ||||
Foi realizado um trabalho de campo e um mapeamento de quais seriam os trabalhos de maior relevância para a pesquisa. Após a localização do sujeito, foram feitas entrevistas e coletas de material que foram documentadas por recursos audiovisuais (foto, gravação e filmagem). A análise foi feita através de conceitos artísticos, históricos e sociológicos ressaltando a singularidade da obra. | ||||
RESULTADOS: | ||||
Descobrimos a produção de Efigênia Ramos Rolim, uma senhora de 72 anos que transforma papéis de bala, plásticos e outras sucatas em bonecos, animais, bolsas e roupas. Através de um falar repleto de rimas, Efigênia cria um universo fantástico e encantado, cativa seus ouvintes contando suas histórias com ajuda dos objetos que criou, dando a eles, de fato, vida. Sua produção ultrapassa as barreiras entre as Artes Cênicas e Visuais, e sua singularidade é propiciada pela forma que trabalha os “restos” da realidade. | ||||
CONCLUSÕES: | ||||
Na sociedade do capital em que a produtividade é a essência, o velho não encontra seu lugar. Fora do processo de trabalho o indivíduo se depara com muitas horas vagas no seu dia, o que pode gerar um sentimento de ‘inutilidade’. Sem cair no estereótipo do velho inútil, cansado e torpe, Efigênia recria sua velhice dando-lhe um novo sentido através da criação. Um universo fantástico, encantado, objetos feitos com “restos” da sociedade industrial, performances, um falar cheio de rimas e bonecos são os elementos que transmitem os ensinamentos desta velha senhora sobre o estado do mundo, seus problemas ecológicos e o papel do homem acerca desse processo. Efigênia nos mostra que o que pode ser confundido com “loucura” é um modo de ver e conhecer o mundo. | ||||
Instituição de fomento: CNPq | ||||
Trabalho de Iniciação Científica | ||||
|
Um comentário:
Olá!
Nossa, fiquei honrada em ver meu humilde trabalho de Ic publicado no seu blog. Muito obrigada! Acho que conhecimento é pra isso mesmo, ser dividido! Abraços
Postar um comentário