31 janeiro, 2010

Que tal se o tempo fosse mais lento?

30 janeiro, 2010

Exposição Clarice Lispector em Brasília

A hora de Clarice
Brasília recebe exposição que traz materiais inéditos sobre a escritora ucraniana
Depois de São Paulo e do Rio de Janeiro é a vez de Brasília receber a exposição Clarice Lispector - A hora da estrela, que acontece no Centro Cultural Banco do Brasil até 14 de março. O evento traz materiais inéditos, restritos a pesquisadores da Fundação Casa de Rui Barbosa/RJ e foi idealizado para celebrar os 30 anos de morte da autora, completados em 2007.
Em dezembro de 1977, Clarice morreu vítima de um câncer, nove meses depois de conceder uma entrevista a Júlio Lerner, da TV Cultura. O vídeo traz depoimentos inéditos da escritora ucraniana, que chegou ao Brasil em 1922, com um ano e três meses de idade. Este documentário é o único registro em movimento da intelectual e pode ser assistido pelos visitantes da exposição.

Divulgação

Exposição explora lado íntimo da escritora,
como forma de mostrar seu processo de criação
Os curadores Júlia Peregrino e Ferreira Gullar exploraram o lado mais íntimo da escritora, conhecida por seu caráter introspectivo, em uma sala onde estão expostas gavetas, com cartas pessoais, fotos e anotações. "O espaço é uma forma de mostrar o processo de criação e de vivência da Clarice. Quando apresentamos uma carta de um escritor para ela, como de Fernando Sabino ou de João Cabral de Mello Neto, queremos dar a dimensão do cotidiano dela", diz Júlia.
Outros ambientes remetem a produções literárias da escritora, como uma cama, que faz alusão ao livro A paixão segundo G.H., mas "a exposição não se preocupa em ser cronológica, nem tem a obrigação de cobrir todo o universo da Clarice. A nossa ideia foi dar pinceladas leves para que o espectador se sentisse provocado em conhecer mais a obra dela", conclui Júlia.
Clarice Lispector - A hora da estrela
Centro Cultural Banco do Brasil - Brasília
2 de dezembro a 14 de março
Entrada franca

29 janeiro, 2010

Movimento contra Tessália cresce na web

Miopia semiótica

por @solangewww



Não fico surpresa.

A Tessália do BBB 10 é a mesma do Twitter.

Mas de musa à bruxa, o que mudou?

Nada, ou quase nada.

Quem de fato se transformou foi o leitor, que agora é um "olhador", ou melhor dizendo na linguagem televisiva: um expectador - que realmente cria expectativas.

Em uma tela, que se relaciona conosco privadamente, a dois (o monitor e o usuário), ao lermos as palavras estáticas (twittadas em 140 caracteres), que foram - antes - racionalmente escolhidas e escritas por seu autor (no caso a @Twittess), damos a elas os contornos pertencentes a nós mesmos.

Durante a interpretação da palavra impressa, preenchemos também as entrelinhas com a nossa imaginação, ilusão, desejos, leitura de mundo, repertório, cultura, preconceitos etc.

As palavras crescem! Se estamos tristes, lemos com um tom. Se estamos com raiva, lemos o mesmo com outro tom, e por ai vai.

Porém, a vida editada, em imagens e vídeos, da Tessália no BBB, da Rede Globo, é apenas um tanto mais pobre que a nossa imaginação (sem limites que se transfere livre para os textos escritos) e, por outro lado, assistimos à seleção feita por outra pessoa que também faz suas escolhas e leituras.

Quem já leu um livro e, depois, viu um filme baseado no texto, sabe bem o quanto o livro é melhor (pelo menos eu acho).

No caso da Tessália, as "críticas" (algumas bem ridículas e preconceituosas) divulgadas sobre ela ser calculista, jogadora, pensar em si mesma, "falar mal" ou implicar com outras mulheres ou ser dissimulada não são nada distantes das características da Twittess, que usou de marketing, estratégia, jogo, ego e, principalmente, inteligência para se estabelecer (vender?) na internet e, óbvio, por pensar em si mesma. Ou o mundo virtual (e real) está lotado de altruístas?

Tessália é jovem, interação e dinheiro, e fama, é claro. Como poderia dizer o twitteiro @hugogloss ela é a cara da juventude do século XXI. Além disso, ela é publicitária e internauta. Ela é da Geração Y e da "web 2.1", como se ela mesma define.

Ela sabe onde está.

Eu, particularmente, não vejo nada de diferente ou incoerente nas duas versões Tessália: a virtual e a televisiva.

Talvez a Tessália filha, amiga, mãe seja outra. Ou não. Talvez nem ela tenha a consciência exata do seu potencial de construir imagens. Amada no twitter, odiada no BBB. Isso é talento.

Enfim, a garota mais amada do twitter antes do BBB 10 e quase a mais odiada nele mesmo depois da TV, cresceu em expectativas. Esperavam uma Twittess e encontraram outra.

Pura miopia semiótica. Há várias Twittess e várias Tessálias e cada um carrega em si aquela (s) em que mais deseja acreditar.

Afinal, enxergamos as imagens que outros compuseram ou aquelas que neles projetamos?

por Solange Pereira Pinto 


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NOTÍCIAS (acima comentadas)
Movimento contra Tessália cresce na web

28/1/2010 - 16h54


Ela foi pivô de uma traição em rede nacional ao ficar com Michel, que tinha namorada. Passa o dia praticamente isolada, e não participa das brincadeiras dos brothers. Fala o tempo todo sobre jogo. Ofereceu-se como parceira de Dourado caso ele quisesse combinar votos. Gastou suas estalecas em um jantar japonês, enquanto os outros brothers usaram o dinheiro para compras de primeira necessidade. Critica as mulheres da casa, principalmente seu alvo preferido, Fernanda. Será que o comportamento de Tessália a está transformando na vilã do BBB10?

Se depender da internet, o título é dela e ninguém tasca. A curitibana tem sido citada com adjetivos nada amigáveis em fóruns virtuais sobre o reality show. Fria, calculista e dissimulada são alguns deles. Mas o grande movimento tem ocorrido no Twitter, onde o perfil “Fora Tessália” foi criado.

Os internautas também estão disseminando uma espécie de “Tessália facts” com frases negativas sobre a publicitária: é o chamado “Tessália serve para tudo”, onde se acrescenta o nome da sister em ditados populares. Como por exemplo: “A Tessália é um prato que se come frio”, “Quem não tem cão caça com Tessália”, ''Amigos, amigos, Tessálias à parte'' e “A Tessália é inimiga da perfeição”.

Músicas também estão sendo citadas: “Tessália veneno, o mundo é pequeno demais pra nós dois” ou “E vai descendo na boquinha da Tessália... é na boca da Tessália!!!”. Nem versos da literatura brasileira ficaram de fora: ''Minha terra tem Tessália, onde canta o saBial'' (sobrou até para Pedro Bial!).

Os bordões de Dona Florinda e Kiko, personagens do programa infantil mexicano ''Chaves'', também entraram na brincadeira: ''Vamos, tesouro. Não se misture com essa Tessália''. ''Sim, mamãe. Tessália. Tessália!''. E a criatividade dos internautas segue sem limites.

Nesta quinta, 28, o tópico ''Tessália serve pra tudo'' alcançou as primeiras posições no microblog no Brasil. Para quem era a musa do Twitter, muita coisa mudou depois do BBB...


Mãe prefere não comentar



Procurada pelo EGO, a mãe de Tessália, Regina, tem tentado se manter longe dos comentários maldosos envolvendo a filha. ''Estou sabendo por alto disso tudo. Prefiro não comentar, não vai adiantar eu ficar falando aqui. Melhor esperar ela sair da casa e conversar com ela'', disse Regina.

Fonte: por Barbara Duffles - G1



Twittess e redes sociais: uma entrevista com Tessália Serighelli

10jun
2009


Quem é esta moça que de uma hora para outra tornou-se uma das pessoas mais conhecidas na Twittosfera em Português. É o que você vai descobrir na entrevista que realizei com @twittess, ou melhor, Tessália Serighelli, através do gTalk. Nesta conversa franca (ela pediu apenas que não se falasse sobre scripts de adição automática de pessoas no Twitter), você saberá o que Tess pensa sobre o Twitter, publicidade e sobre as críticas que recebe de blogueiros de renome nacional.

Alex Primo: Tess, você ficou conhecida na twittosfera quase que instantaneamente. Contudo, pouco se sabe sobre você. Por favor, fale um pouco sobre você, o que faz, e onde é, etc.

Tess: Eu nasci em Curitiba, e fui criada aqui, na terra do frio! Meus pais são professores.. Minha familia toda é, na verdade. Depois de terminar o Ensino Medio, fui conhecer outras cidades. Morei em São Paulo e Brasília, trabalhei principalmente com fotografia nesses lugares. Fiz um semestre de faculdade em cada lugar.. Publicidade, Jornalismo, Moda foram alguns dos cursos que estudei, mas sem concluir nenhum. Hoje estou de volta a Curitiba, moro com minha filha, a Valentina, que tem 4 anos. E pretendo mudar de cidade novamelte, até o fim do ano.



Alex Primo: Essa mudança de cidade se deve ao fato de você ter se tornado bastante conhecida na internet?


Tess: Não. isso tudo foi antes. tem mais a ver com minha vontade de conhecer pessoas e culturas diferentes. Sociedades diferentes.. A diversidade brasileira.


Alex Primo: Celebridade é um conceito da mídia de massa. Em redes sociais online, por outro lado, falamos de reputação e autoridade. Por outro lado, muitos tem considerado você uma celebridade do Twitter. Como você vê esse comentário?


Tess: Não me preocupo com a nomenclatura. Até porque, o conceito que tenho de celebridade de maneira alguma se encaixa no que eu me vejo. Mas não podemos negar, que o twitter é usado por milhares de pessoas. É ferramenta de pesquisa, de análise social, de comunicação , por que não, em massa também. O twitter pode ser comunicação dirigida, mas também pode influenciar muitos, em diferentes classes, nichos, sociedades, cidades... Eu não me preocupo com o que decidem me chamar. Celebridade, rainha do twitter, esses nomes nada mais são que comparáveis aos apelidos que recebemos no colégio. Ou vocie aceita e se diverte, ou fica brabo e aumenta a repercussão. :)


Alex Primo: Até o momento você tinha uma participação ativa em comunidades no orkut sobre redação publicitária. Mas você era desconhecida entre blogueiros. Quando e por que decidiu construir uma vultosa rede de seguidores no Twitter?


Tess: Nunca tive um blog. Meu interesse sempre foi em conversar, trocar opniões, e não apenas "falar". Era a impressão que eu tinha dos blogs na época. E, sim, anteriormente os blogs eram tão unilaterais quanto redes de notícias. Por isso o twitter, quando decidi entrar realemente, me pareceu parfeito para a idéia que tenho de interação. No twitter eu passo as notícias, os links que filtro, e acho interessantes, mas também recebo muito de volta. Existe o feedback, em tempo real. E talvez, por eu já estar tão adaptada no meu modo de vida, mesmo sem existir twitter eu já "twittava" com meus amigos, por msn, e-mail, gtalk, etc.. Ele foi apenas uma ferramenta de optimização do que eu já fazia. O sucesso veio pela fácil adaptação.


Alex Primo: Existe hoje um grande furor sobre o Twitter. O que esse serviço tem lhe oferecido em retorno?


Tess: A opinião de milhares de pessoas.


Alex Primo: O Twitter tem alguma vinculação com seu trabalho? Em tempo, fale um pouco sobre sua atuação profissional no momento.


Tess: Trabalho como assistente de fotógrafa aqui em Curitiba. Mas também sou cool hunter independente. Claro, pra minha segunda atuação o twitter é bem fundamental. Mas costumo usar a ferramenta mais para diversão do que para trabalho.


Alex Primo: Como o Twitter tem lhe ajudado na atividade de cool hunter. Fale mais um pouco sobre essa profissão.


Tess: Eu uso para analisar tendências, mas não só o twitter, a internet é uma boa fonte para isso. E compartilho com meus seguidores o que acho que é do interesse deles. Nåo publico tudo, porque faco análise dos posts que são mais clicados e que tem maior relevância, então, não repito o mesmo assunto se não é algo que quem me segue quer ler.



Alex Primo: Você publica uma grande quantidade de links. Como é seu processo de seleção? Além disso, diga quanto tempo você permanece online por dia e por quê?



Tess: primeiramente, seleciono o que eu gostaria de ler. Depois, o que é relevante, de alguma maneira. E por fim, vejo o histórico 9na verdade já meio que sei de cor) do que é de maior interesse.


Tess: Meu tempo online depende muito. Mas no mínimo 2h por dia.



Alex Primo: Você comentou que usa o Twitter para se comunicar, compartilhar links e ouvir a resposta de milhares de pessoas. Mas por que trabalhou para conquistar dezenas de milhares de seguidores? Fale mais sobre como se deu esse processo.



Tess: Bem, eu sigo de volta quem me segue. Com isso, não encho minha timeline com respostas, posso responder por direct messenges, e posso responder a todos.

Tess: Com isso, tenho um canal aberto, consigo falar e ter a resposta. Consigo engater uma conversa mais produtiva, mais demorada.



Alex Primo: Há um interesse normal de agências por líderes de opinião. Isso não seria diferente na internet. Recentemente você comentou uma promoção de uma marca de lingeries. Tratava-se de um tweet pago? A sua popularidade tem lhe oferecido contratos publicitários?



Tess: Não tenho nenhum contrato publicitário. O que posto é por fazer parcerias com sites que são de interesse dos meus seguidores. Eu costumo dar RT em promoções e oportunidades mesmo sem que a pessoa que twittou tenha pedido :) Se é interessante, eu posto.



Alex Primo: Confesso que não vejo problema algum na contratação de blogueiros e twitteiros para promoverem produtos, desde que tal parceria fique clara. O que pensa sobre isso? E você está aberta a contratos publicitários que possam aproveitar o alcance de suas mensagens, tendo em vista o número de seguidores que você tem?



Tess: Sendo pertinente para meus seguidores, não vejo problema.



Alex Primo: Até o momento seus mais de 40 mil seguidores não lhe renderam nenhum benefício publicitário?



Tess: Não.



Alex Primo: Tess, você nos mostrou que não apenas a mídia de massa tem o poder de catapultar personalidades ao reconhecimento público. Do anonimato você saltou para a Playboy. Como você é da área da Comunicação, gostaria muito de ouvir seus comentários sobre isso.



Tess: Bem Alex, agora você pode dar um ctrl+c ctrl+v sobre "como os tempos mudaram e nós temos o poder nas mãos.. Os blogs são tão acessados quanto grandes portais de notícias, e até mesmo atribuídos a eles mais confiabilidade do que a ações publicitárias e repostagens jornalísticas.". A gente já sabe de tudo isso. E não porque lemos, estudamos, pesquisamos. Mas porque somos geração Y, nascemos na era digital, vivemos disso. Não importa mais como era "antes". Nós é quem mandamos agora. No que queremos ver, ouvir, falar. Como, quando, onde. Ou há uma adaptação, ou há perda de audiência. Se o twitter brasileiro coloca uma garota anônima como a mais seguida do Brasil, não somente atribui alguma relevância a ela como formadora de opnião, algo que na realidade, não difere muito do formato anterior, mas principalmente, mostra um direcionamento de poder voltado à audiência, ao receptor, e não mais ao emissor. O meio é nosso. Cabe aos emissores adequarem a mensagem.



Alex Primo: O blog de Gabriela Rolim lançou uma campanha para você posar na Playboy. Você a conhece? E como reagirá se esse convite chegar? Isso seria importante para você?



Tess: Conheço a Gaby pelo twitter. Ela é uma garota bem querida :) Imagino que essa "campanha" é mais como uma brincadeira. :) Eu sou de falar, não sou de mostrar ;)



Alex Primo: Quantas vezes em média uma mensagem sua é retweetada?



Tess: Depende muito. Do dia, do assunto. Vocie pode conferir pelo migre.me. Mas a média é de 500 cliques. RT varia muito.



Alex Primo: Você tem recebido muitas críticas em blogs, podcasts e no Twitter. Principalmente de blogueiros que estão há anos atuando na rede. A que você justifica tais críticas?



Tess: Mesmo dentro da "nova" web 2.0 já é possível perceber um antes e depois. Alguns blogueiros estão acostumados com o antes. Eles apareceram numa época comparada à uma pós ditadura. Uma época em que criar um blog era quase um ato de rebeldia, uma afronta ao poder centralizado da informacão pelos grandes jornais. Foram os precessores, os desbravadores, os iniciantes :) Era uma época em que era necessário ser mais rígido, mais ríspido, combater algo. Formaram legiões de fãs, e conseguiram um público fiel. Bem, como todo bom porquinho que chega a poder, que se preze, agora eles ficam assustados com uma nova era, dentro de uma mesma era 2.0. É uma nova revolução. Eles tentam se adaptar ao microblog, mas estranhamente, seus seguidores são apenas os que migraram de seus blogs para o twitter. :) Eles não tem novos seguidores. Seus números não crescem. Eles não fazem sucesso na nova mídia. Eles são uma adaptação, e como foram os primeiros portais de notícias e jornais, que apenas adaptavam o conteúdo. Eles nasceram no 2.0, mas esta é a 2.1. Aqui, mais do que gorjear, vale mais quem consegue que a mensagem seja uma troca. Refletida, repassada, repercutindo e, como num boomerang, voltando mais forte, com mais opniões e impressões.



Alex Primo: Você se tornou conhecida pelas dezenas de seguidores que conquistou. Esse número vultuoso lhe trouxe ainda mais seguidores. Um fenômeno conhecido na teoria das redes como "os ricos ficam mais ricos". O seu sucesso na rede pode ser justificado apenas pelo número de pessoas que assinam seu Twitter? O que podemos esperar da Tess daqui para frente?



Tess: Bem, acredito que esse dito "sucesso" tenha a ver com o numero de seguidores também. Mas não apenas por isso. Aqueles que tomaram um tempo para receber minhas mensagens, acabam por hora creditando relevância. Não é apenas por uma twittada que você define toda o potencial "twittico"(hehe) de um usuário do twitter. E sim por uma rede de relacionamento, que demanda tempo, conversa, troca de informações. Aqueles que se permitiram experimentar, e não apenas se deixar levar por opniões alheias, em maior parte, continuam a seguir. A prova disso é que nunca tive uma baixa no número de seguidores. Assim, prevejo que tenha uma taxa de retenção bem alta. :)



Alex Primo: Você comentou que usa o Twitter pelo simples prazer da comunicação e que não conseguiu nenhum contrato publicitário. Então por que trabalhou para conseguir dezenas de milhares de seguidores, de forma tão rápida? Trata-se de uma estratégia para projetos futuros, tendo em vista que você é uma publicitária?



Tess: Uma publicitária nunca descartaria o poder que uma rede tão consistente quanto o alto número de seguidores em um perfil do twitter pode ter. Mas sim, eu twitto por diversão. E como já respondi anteriormente, eu estou sempre procurando novidades, então, a minha rede tem papel fundamental nisso :)

Veja os signos atravessando à rua...



Por que o Ariano atravessou a rua?
Certamente para bater boca com alguém que estava do outro lado.




Por que o Taurino atravessou a rua?
Porque encasquetou com a idéia.



Por que o Geminiano atravessou a rua?
Se nem ele sabe, como é que eu vou saber?


Por que o Canceriano atravessou a rua?
Porque estava se sentindo só e abandonado deste lado de cá.



Por que o Leonino atravessou a rua?
Para chamar a atenção, sair nos jornais, revistas, etc.




Por que o Virginiano atravessou a rua?
Ele ainda não atravessou porque está medindo a largura da rua, a velocidade dos carros; se essa experiência for válida, qual seria a melhor hora de atravessar essa rua, etc.



Por que o Libriano atravessou a rua?
Ele nem precisou atravessar. Alguém acabou oferecendo carona para ele.



Por que o Escorpiano atravessou a rua?
Porque era proibido.



Por que o Sagitariano atravessou a rua?
Porque a idéia pareceu manera e deu vontade.


Por que o Capricorniano atravessou a rua?
Porque foi pechinchar nas lojas do outro lado.



Por que o Aquariano atravessou a rua?
Porque isso faz parte de uma experiência que trará incontáveis avanços tecnológicos no futuro.



Por que o Pisciano atravessou a rua?

Rua?...Que rua? Ih... é ?



28 janeiro, 2010

O corvo - Edgar Allan Poe (tradução Machado de Assis)

Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho,
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais."

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora.
E que ninguém chamará mais.

E o rumor triste, vago, brando
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido,
Nunca por ele padecido.
Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,
Levantei-me de pronto, e: "Com efeito,
(Disse) é visita amiga e retardada
Que bate a estas horas tais.
É visita que pede à minha porta entrada:
Há de ser isso e nada mais."

Minh'alma então sentiu-se forte;
Não mais vacilo e desta sorte
Falo: "Imploro de vós, — ou senhor ou senhora,
Me desculpeis tanta demora.
Mas como eu, precisando de descanso,
Já cochilava, e tão de manso e manso
Batestes, não fui logo, prestemente,
Certificar-me que aí estais."
Disse; a porta escancaro, acho a noite somente,
Somente a noite, e nada mais.

Com longo olhar escruto a sombra,
Que me amedronta, que me assombra,
E sonho o que nenhum mortal há já sonhado,
Mas o silêncio amplo e calado,
Calado fica; a quietação quieta;
Só tu, palavra única e dileta,
Lenora, tu, como um suspiro escasso,
Da minha triste boca sais;
E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço;
Foi isso apenas, nada mais.

Entro coa alma incendiada.
Logo depois outra pancada
Soa um pouco mais forte; eu, voltando-me a ela:
"Seguramente, há na janela
Alguma cousa que sussurra. Abramos,
Eia, fora o temor, eia, vejamos
A explicação do caso misterioso
Dessas duas pancadas tais.
Devolvamos a paz ao coração medroso,
Obra do vento e nada mais."

Abro a janela, e de repente,
Vejo tumultuosamente
Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto,
Movendo no ar as suas negras alas,
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais.

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo, — o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: "O tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize os teus nomes senhoriais;
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

Vendo que o pássaro entendia
A pergunta que lhe eu fazia,
Fico atônito, embora a resposta que dera
Dificilmente lha entendera.
Na verdade, jamais homem há visto
Cousa na terra semelhante a isto:
Uma ave negra, friamente posta
Num busto, acima dos portais,
Ouvir uma pergunta e dizer em resposta
Que este é seu nome: "Nunca mais".

No entanto, o corvo solitário
Não teve outro vocabulário,
Como se essa palavra escassa que ali disse
Toda a sua alma resumisse.
Nenhuma outra proferiu, nenhuma,
Não chegou a mexer uma só pluma,
Até que eu murmurei: "Perdi outrora
Tantos amigos tão leais!
Perderei também este em regressando a aurora."
E o corvo disse: "Nunca mais!"

Estremeço. A resposta ouvida
É tão exata! é tão cabida!
"Certamente, digo eu, essa é toda a ciência
Que ele trouxe da convivência
De algum mestre infeliz e acabrunhado
Que o implacável destino há castigado
Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,
Que dos seus cantos usuais
Só lhe ficou, na amarga e última cantiga,
Esse estribilho: "Nunca mais".

Segunda vez, nesse momento,
Sorriu-me o triste pensamento;
Vou sentar-me defronte ao corvo magro e rudo;
E mergulhando no veludo
Da poltrona que eu mesmo ali trouxera
Achar procuro a lúgubre quimera,
A alma, o sentido, o pávido segredo
Daquelas sílabas fatais,
Entender o que quis dizer a ave do medo
Grasnando a frase: "Nunca mais".

Assim posto, devaneando,
Meditando, conjeturando,
Não lhe falava mais; mas, se lhe não falava,
Sentia o olhar que me abrasava.
Conjeturando fui, tranqüilo a gosto,
Com a cabeça no macio encosto
Onde os raios da lâmpada caíam,
Onde as tranças angelicais
De outra cabeça outrora ali se desparziam,
E agora não se esparzem mais.

Supus então que o ar, mais denso,
Todo se enchia de um incenso,
Obra de serafins que, pelo chão roçando
Do quarto, estavam meneando
Um ligeiro turíbulo invisível;
E eu exclamei então: "Um Deus sensível
Manda repouso à dor que te devora
Destas saudades imortais.
Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora."
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno
Onde reside o mal eterno,
Ou simplesmente náufrago escapado
Venhas do temporal que te há lançado
Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo
Tem os seus lares triunfais,
Dize-me: existe acaso um bálsamo no mundo?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende!
Por esse céu que além se estende,
Pelo Deus que ambos adoramos, fala,
Dize a esta alma se é dado inda escutá-la
No éden celeste a virgem que ela chora
Nestes retiros sepulcrais,
Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!”
E o corvo disse: "Nunca mais."

“Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessa, ai, cessa! clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fique no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua.
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o corvo disse: "Nunca mais".

E o corvo aí fica; ei-lo trepado
No branco mármore lavrado
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,
Um demônio sonhando. A luz caída
Do lampião sobre a ave aborrecida
No chão espraia a triste sombra; e, fora
Daquelas linhas funerais
Que flutuam no chão, a minha alma que chora
Não sai mais, nunca, nunca mais!


Fonte aqui

27 janeiro, 2010

Nara Leão

25 janeiro, 2010

Arte ou dinheiro? opostos?

Se tem um, falta o outro?


Do blog Don’t Touch My Moleskine, de Dani Arrais


Para Freud, o artista é como um quase neurótico, cujas pulsões o levavam a buscar fama, fortuna, honra, poder, e o amor das mulheres, mas que lhe faltaria capacidade para obtê-los.

23 janeiro, 2010

Ladrão de tweet.

Ladrão de tweet. O mais baixo na escala dos… bem, você já deve ter lido algo assim


By Dino Cantelli

A partir de hoje, todas as frases ou textos que me inspirarem creditarei “tá rolando nos jornais”, “vi pela internet” e “alguém falou na TV”. Aconselho você a fazer o mesmo. Facilita a vida de todo o mundo e abranda essa fome mundial por holofotes, fama e fortuna que a ralé tem.

Além disso, convenhamos, é um saco checar a origem do achado. E de um tédio descomunal procurar essa famigerada fonte. É melhor deixar para os jornalistas. Principalmente os formados.

Somos amadores de algo que não é digno de ser chamado de profissão. As putas pobres que fazem os outros gozarem. E que ainda pedem desculpas depois de serem usadas.

Os anfitriões de um banquete que se contentam em comer as migalhas. Atores que filmam as suas próprias vidas e nos créditos não são lembrados nem como figurantes.

Nunca passou pela mente – ao menos conscientemente -, me apoderar de qualquer coisa de alguém. Fosse relevante, fosse inexpressiva.

Não dá. Tenho uma cerca eletrificada na cabeça entre o cretinismo e a moralidade. Uma não consegue ultrapassar o terreno da outra. As descargas são desagradáveis.

O conceito de autoria no Brasil não é algo bem visto. Pudera. Sempre fomos papagaios do mundo. Amaldiçoamos o que dá certo. Louvamos o que parece ser – e que sempre acaba se revelando o que já deveríamos ter desconfiado: não é porra nenhuma.

Pouco me importa se alguém plagiou ou incorporou algo que eu tenha feito. Para o bem ou para o mal, é provável que de onde saiu tenha mais. O que aborrece é que ganham dinheiro com essa ludibriação. Recebem elogio e comenda por serviços não prestados. Atitudes que fazem lembrar o que minha saudosa vovó dizia: “uma gente que insiste em gozar com o pau dos outros, porque naquela cabeça, há muito tempo falta ereção”.

Brigar por uma piadinha é medíocre. Mas aplaudir um falsário, prova o quanto você é ridículo.

22 janeiro, 2010

Homem morre após assistir Avatar em 3D


Homem morre após assistir Avatar em 3D -

Um homem de 42 anos natural de Taiwan morreu, vítima de um derrame provocado durante uma sessão em 3D do filme Avatar, de James Cameron, informaram os médicos à agência AFP.

Segundo o laudo, o derrame aconteceu porque a vítima teria sentido diferentes tipos de emoções por conta das tecnologias utilizadas no filme. As luzes e efeitos em 3D teriam provocado uma convulsão imediata.

O paciente tinha histórico de pressão alta e chegou ao Hospital Geral de Nan Men inconsciente. Os exames constataram que ele sofreu uma hemorragia cerebral.

A morte, no entanto, só foi declarada onze dias após a internação. Os médicos acreditam que os efeitos do filme desencadearam a doença adormecida.

Esta é a primeira morte ligada ao filme Avatar. Desde que o longa estreou, alguns espectadores reclamaram de dores de cabeça, tonturas e náuseas. Parece fantástico, mas em 1997, uma exibição do desenho Pokémon - que utilizava luzes semelhantes - levou mais de 2500 pessoas ao hospital no Japão com sintomas de epilepsia.


Fonte: Terra

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Protecting your MacBook is a top priority and it’s job one for BookBook. Slip your Mac inside the velvety soft, padded interior. Zip it closed and your baby is nestled between two tough, rigid leather hardback covers for a solid level of impact absorbing protection. The rigid spine serves as crush protection for an additional line of defense. BookBook creates a hardback book structure that safeguards your MacBook like few other cases can. Far better than any floppy neoprene bag ever will. End of story.

The real story. No two are alike.

Each BookBook is brought to life with hand craftsmanship and distressing, ensuring no two are exactly alike. From dual zippers with leather pulls, that at first glance look like bookmarks, to the sturdy reinforced hardback covers, BookBook is a vintage work of art built to protect modern day Macs. Along with classic looks, BookBook was designed to use as a traditional sleeve or to work while connected via elastic corner clips. Those dual zippers give you the option to charge your MacBook while it safely stays inside BookBook. This case is designed with good looks and smart functionality, cover to cover.

BookBook is the perfect disguise.

One of the neatest features of BookBook is the stealthy security it delivers. Tucked inside BookBook, no one will ever see your MacBook, even when it’s right under their nose. Sitting on a coffee table, dorm room or desk, BookBook looks like a vintage piece of literature, not an expensive laptop. It’s a great disguise and a simple way to reduce the risk of your MacBook getting stolen.

21 janeiro, 2010

Reflexões para 2010 - sem pressa!

"É importante fazer as coisas com afeto, com o tempo necessário para prestar atenção nos movimentos, nas escolhas, na história daquilo que está sendo feito, construído. A correria produz memórias defeituosas... lembranças falhas, sem detalhes, sem cheiros nem cores". Manoela Afonso

Imagem: trabalho de Efigênia Rolim, Rainha do Papel de Bala de Curitiba.

"Um sapato para não esquecer da liberdade com a qual devemos pisar, andar, correr e chutar os baldes :) - janeiro/1

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EFIGÊNIA ROLIM: A MADRINHA DO PAPEL

Nathany Andrea Wagenheimer Belmaia 1
Marta Dantas 1
(1. Universidade Estadual de Londrina)
INTRODUÇÃO:

A maior parte do que fazemos quase sempre é uma reprodução daquilo que vemos e daquilo que nos foi passado através da educação, da moral e dos costumes. Nosso modo de pensar, jeito de se vestir, e o que produzimos: tudo é socialmente condicionado. O singular se torna cada vez mais raro. Poucos são aqueles que ousam algo diferente, singular. Quando isso ocorre, muitas vezes essas pessoas permanecem anônimas. Vêm e vão, desaparecem da mesma forma que surgem, sem deixar rastros. O objetivo dessa pesquisa, vinculada ao projeto multidisciplinar “Infames, casos de singularidade histórica”, foi encontrar e documentar pessoas com produções que, devido a sua originalidade, não podem ser aprisionados em conceitos e resistem ao processo de normatização imposto pela nossa sociedade. Buscávamos fundamentalmente a originalidade, quer a produção seja plástica, escrita ou sonora.

METODOLOGIA:

Foi realizado um trabalho de campo e um mapeamento de quais seriam os trabalhos de maior relevância para a pesquisa. Após a localização do sujeito, foram feitas entrevistas e coletas de material que foram documentadas por recursos audiovisuais (foto, gravação e filmagem). A análise foi feita através de conceitos artísticos, históricos e sociológicos ressaltando a singularidade da obra.

RESULTADOS:

Descobrimos a produção de Efigênia Ramos Rolim, uma senhora de 72 anos que transforma papéis de bala, plásticos e outras sucatas em bonecos, animais, bolsas e roupas. Através de um falar repleto de rimas, Efigênia cria um universo fantástico e encantado, cativa seus ouvintes contando suas histórias com ajuda dos objetos que criou, dando a eles, de fato, vida. Sua produção ultrapassa as barreiras entre as Artes Cênicas e Visuais, e sua singularidade é propiciada pela forma que trabalha os “restos” da realidade.

CONCLUSÕES:

Na sociedade do capital em que a produtividade é a essência, o velho não encontra seu lugar. Fora do processo de trabalho o indivíduo se depara com muitas horas vagas no seu dia, o que pode gerar um sentimento de ‘inutilidade’. Sem cair no estereótipo do velho inútil, cansado e torpe, Efigênia recria sua velhice dando-lhe um novo sentido através da criação. Um universo fantástico, encantado, objetos feitos com “restos” da sociedade industrial, performances, um falar cheio de rimas e bonecos são os elementos que transmitem os ensinamentos desta velha senhora sobre o estado do mundo, seus problemas ecológicos e o papel do homem acerca desse processo. Efigênia nos mostra que o que pode ser confundido com “loucura” é um modo de ver e conhecer o mundo.

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave: Performance; Teatro de Formas Animadas; Singularidade.

magreza severa pode, obesidade severa não pode!

Hipermagreza domina passarelas da SPFW


FERNANDA MENA
NINA LEMOS
da
Folha de S.Paulo

"Gente, o que é isso, essa menina está doente?" A frase, de um fashionista sentado na primeira fila de um desfile da SPFW, ilustra um espanto recorrente na atual edição do evento: as modelos estão mais magras do que nunca. Prova disso é que estilistas estão tendo dificuldades em montar seus "castings", fazem ajustes de última hora e escolhem peças estratégicas que escondam os ossos saltados das modelos.

De tão magras, modelos chegam a andar com dificuldade

Na SPFW da magreza radical brilham modelos na faixa dos 18 anos, que têm índice de massa corporal, calculado pela Folha, igual ao de crianças de 9 anos. No mundo dos adultos, a Organização Mundial da Saúde chama esse índice de "magreza severa".

Alexandre Schneider/Folha Imagem
Modelo em desfile na São Paulo Fashion Week
Modelo em desfile na São Paulo Fashion Week

A explicação vem da top Aline Weber, 21, que mora em Nova York e participou do filme "Direito de Amar", de Tom Ford. "Três coleções atrás, no auge do pânico antianorexia, as pessoas pesavam as modelos no backstage para ver se elas estavam saudáveis. Agora, a poeira baixou. Se você engorda um pouco, todo mundo está ali pra te julgar. Se você emagrece, falam que você está linda." Aline diz conhecer muitas meninas bulímicas e anoréxicas fora do Brasil. "As russas são as piores", conta.

O stylist David Pollak identifica o padrão supermagro europeu como uma das causas da onda que atinge a atual edição da SPFW. "Muitas meninas estão trabalhando fora e por isso estão supermagras. Estão dentro do padrão de Paris, que é esquelético."

A magreza radical fez com que ele tivesse dificuldades na hora de montar o "casting" da Cavalera. "A marca tem uma imagem mais adolescente, saudável. Por isso, peguei meninas que não são badaladas [leia-se, as que ainda não têm carreira internacional]. Outros stylists tiveram de fazer o improvável: dispensar meninas de suas seleções porque elas estavam magras demais.

A onda tem feito eles inverterem uma antiga lógica da moda: ao invés de avaliarem roupas ideais para esconder, por exemplo, um quadril mais largo, têm de descobrir os looks que vão ocultar um corpo esquálido. "As meninas muito magras causam problemas. Seus ossos apontam num vestido de seda mais fluido. Ou seus corpos, muito estreitos, deixam a proporção toda estranha", avalia o stylist Maurício Ianês.

Muito café

O estilista Reinaldo Lourenço não só percebe a hipermagreza das modelos desta temporada como também conta que teve que fazer hora extra por conta do fenômeno. "Tive que fazer vários ajustes de última hora em roupas que ficaram largas nas meninas, o que me deu o maior trabalho", diz. Segundo ele, isso acontece porque a atual safra de modelos é "muito jovem".

Nos camarins, longe da mesa de salgadinhos e quitutes --relegada aos jornalistas--, modelos desfilam com copos de café. "Identifico as mais magras como a turma do cafezinho, já que elas passam o dia todo tomando café para não comer e ficarem ligadas", diz Pollak. Em entrevistas, elas escondem o peso e as medidas. "Não sei quanto peso. Nunca subo na balança", disfarça uma delas.

Cristina Theiss, 18, jovem aposta da Ford Models, teoriza: "Para fazer passarela de inverno, precisa ser mais magrinha mesmo, porque as roupas são volumosas, enchem demais". Para agências de modelos, o assunto ainda é tabu. Ou foi deixado de lado. "Magreza? Anorexia? Mas que assunto antigo, datado!", diz um agente, interrompendo a entrevista da Folha com uma modelo. Basta olhar para as passarelas para ver que não é.