02 abril, 2008

Sábado foi o último post - CENA VI - SÓ O PARQUE SALVA





Acordei plena, feito majestade. Numa compostura do linho branco me ergui da cama para romper a manhã e me entrelaçar aos raios do dia. O aroma forte do café torrado e o pão quente fazendo escorrer a manteiga eram um convite. Vesti a malha branca e coloquei a viseira. No encontrão matinal caminhei pelas pistas do parque da cidade enchendo-me de tesão pela vida. Os batimentos cardíacos se apressavam e minha cabeça se aquietava. O mantra do "tudo-vai-dar-certo-e-seja-feliz" me acompanhou pelos 10km.

O suor escorreu pelos lábios, pela face, pelo ventre, pelas marcas de passos deixados pelos tênis branco e prateado. Uma hora depois estava em um shopping escolhendo a decoração. Almocei um filet mignon acompanhando de arroz com ervas frescas e aromáticas, um cálice de vinho do porto. Em seguida, acordei de um breve cochilo e fui ao ballet. Embalada pelo clássico me defiz em plumas, saltitei e me joguei à vida num pliê-relevê leigo de erudição e cheio de envolvimento com o ritmo que me fazia sentir parte da nobreza, do principado, uma principesa!


O mundo esteve perfeito. O dia esteve perfeito. A luz estava perfeita. Se não fosse...

Virei sapa e abóbora às 18h quando entrei no carro rumo à faculdade. Engarrafada, levei mais de uma hora para chegar ao trabalho. Ah se eu tivesse dinheiro... e pudesse...

Teria um mundo perfeito. Um dia perfeito. A luz estaria perfeita e não precisaria trabalhar no cu do judas para sustentar minha família...

Ah, se eu pudesse ficar no parque... que me salva de tantas angústias e me faz crer endorfinicamente que a vida pode ser bela!

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