31 outubro, 2006

quem pergunta quer saber...


A frase publicada no blog:
"Às vezes sou margem, nas outras rio" (Solange PP)

O comentário:
“manoela disse...
E o q incomoda mais? ser rio conduzido pela margem ou margem desgastada pelo rio? beijos! eu às vezes rio, mas não muitas, vivo de mau humor :)”


A resposta:
Amiga Mano,

Questão difícil, né? Eu fui rio conduzido por margens largas na infância. Mais tarde, cercada por outras muito estreitas no início da fase adulta. Se antes eu era um rio que corria alagando matas, em seguida virei quase um riacho premido por pedras de tamanhos variados. Houve um dia que, quase seca, virando sertão, pensei, se não posso escorrer livre que graça tem ser água? “Optei” pela margem. Tirei o leito de campo, deixei pessoas desérticas, apatetadas e perplexas. Assim como eu também havia ficado. Mas, vi que tem margem que começa a crescer e invadir rios. De correntezas fracas. Cresce um pouco mais aqui, não se deixa inundar dali... De repente, ser margem tinha lá seu encanto de observação de rios loucos, quedas d’água inoportunas e tempestades fortes demais para uma simples matinha à beira. Cresci, morri, definhei, renasci, fui expulsa, voltei. Hoje em dia, nem posso lhe dizer se sou mais rio conduzido pela margem ou mais margem desgastada pelo rio. Talvez, seja ambos. Ora rio, ora margem. Confesso, porém, que ser conduzida não me agrada, ser oprimida não suporto, e ser desgastada é um preço alto demais. Por isso, rio. Rio da minha falta de competência de ser rio. Rio da minha cara-de-pau de ser margem. Fico indignada também pelos mesmos motivos. Acho que vou é virar pedra. Sair rolando. Parar quando cansar num brejo qualquer. Ou bater na cabeça de um desavisado que nada sem olhar para o lado. Quem sabe até afundar, já que pedra não bóia. Eta vididinha difícil essa de seguir a própria natureza. O que mais me incomoda é não poder ser eu. Isso não tem a menor graça!

E, um beijão para você, Mano, que bem me entende!

30 outubro, 2006

selo de ouro

EI GENTE!!!!


Recebi o recado abaixo! E, que tal vocês todos votarem em mim, para eu ganhar o selo de ouro do blogstars? Estou em 15 lugar na classificação "blogs pessoais" e em 92 na classificação "os cem melhores blogs"!

Conto com vocês! É só entrar aqui ou no selo (link do lado direito, abaixo, no meu blog) e votar!

Então, vamos que vamos! bjoes e valeu!


Ah, podem votar diariamente rsss, para eu tentar ganhar o selo!

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"Informamos que este BlogStars estará concorrendo ao selo dourado do dia 30/Outubro/2006 à 05/Novembro/2006 "

"Observação : O BlogStars que ficar na segunda colocação no final da votação da semana voltará a concorrer durante a próxima semana - valido apenas para 2 (duas) semanas seguidas".

29 outubro, 2006

Frase do ano

"Às vezes sou margem, nas outras rio" (Solange PP)
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Garotas que dizem Ni - Blog do dia

Topa Tudo por Debate


Certa feita, Silvio Santos (o homem, o mito, o dono do baú) lançou sua candidatura à Presidência do Brasil. Mas antes mesmo da vitória vir a cabo, ele caiu fora. Não se sabe se na plataforma eleitoral constava transformar a fila do INPS em um grande show de calouros ou fazer a aposentadoria ser entregue em aviõezinhos de dinheiro em vez de contracheque de papel. Uma pena mesmo termos perdido todo um período de Silvio Presidente... Mas o talento do Patrão ainda poderia ser aproveitado nestes tempos de pleito, acho. E se o homem fosse escalado para gerenciar os debates do segundo turno? Não ficaria sensacional?


Na minha modesta opinião, Silvio tem um potencial televisivo para além do eterno domingo. Deveria ser ele, por sinal, a tocar “O Aprendiz” no Brasil (queria ver neguinho folgando na frente do Seo Silvio, correndo risco de ser demitido e ainda levar “xampu de ovo”). O sujeito não só é um empresário que veio do nada, como é um empresário que veio do nada e manteve o bom humor. Aliás, veio do nada, manteve o bom humor e ainda chumbou um microfone direto no peitoral.


Sei que William Bonner e Ricardo Boechat têm presença e credibilidade. Mas imaginem apenas a possibilidade de Silvio Santos ser o âncora de um debate presidencial. Aposto em 89 pontos de Ibope, no mínimo.


ApresentaçõesPara começo, ele não ficaria em segundo plano com candidatos que já começam desejando o velho boa noite ao telespectador, proferindo seu amor pelo momento democrático e blá blá blá. Silvio tornaria o ensejo impagável, perguntando se Geraldo Alckmin veio com a caravana de Pindamonhangaba e sobre os créditos de Lula.- Veio de onde, Lula, veio de onde?- Venho de Brasília, Silvio.- E o que você faz lá em Brasília, Lula?- Bom... bom, eu sou Presidente da República, Silvio.- E quanto custa um quilo de tomate lá em Brasília?Ele não consegue manter um diálogo coerente, é verdade. Ah, mas os candidatos também não.

Leia o final aqui

28 outubro, 2006

livro do artista


Título: Imortalidade
Autora: Solange Pereira Pinto
Técnica: mista
Data: outubro/2006
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obs: intervenção feita por mim no livro da artista Agda

Arte de Wallace - livro do artista outubro/2006

Frase de MSN

"Meu fígado é total flex".

25 outubro, 2006

Liberdade de expressão no Brasil?

O Brasil 'retrocede' em liberdade de imprensa, diz relatório
[...] Na América Latina, a Bolívia subiu alguns postos e lidera o ranking. Já o Brasil retrocedeu, passando para o 75º lugar [...]

Leia na íntegra aqui.

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Por que será hein?!?!

Antes que vire coluna social... lá vem um conto...

Gente do céu! Olhando os posts anteriores percebi que esse blog tá virando quase percurso etílico-gastronômico. Então, resolvi colocar um conto aqui, para lembrar que nem tudo acaba em pizza, mas às vezes em palavras. Beijos a todos vocês que me acompanham nesta vida virtual!!!! ahahahaha.

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A faxina

por Solange Pereira Pinto

Um pequeno apartamento de dois quartos, num bairro classe média da capital, abriga a sobrevivência. Não há lugar para se guardar sonhos, arte, futuro. Mensalmente as contas são pagas. Os sorrisos pálidos. Pela porta entra e saí diariamente uma chefe de família. A artista sonhadora foi expulsa na última faxina, no mês de julho.


O relógio galopava. Férias trocadas por arrumação. Encontro marcado com o passado. A escada alta alcançava os maleiros que hora após minutos se enchiam ainda mais de ar. As cartas relidas pela penúltima vez afugentavam o medo de perder quem ela fora. Os álbuns comprovavam o que sua memória insistia em não reter; os personagens, os roteiros, as cenas. A diretora. Os discos entoavam dias frios, cobertor, pisada de meia no chão; conversas intermináveis no velho sofá; porres; despedidas; festas; separações. Cada CD recontando sua versão da história. As roupas que não entravam refaziam seu percurso individual no tempo, cada desfile no cotidiano. Nos diários as dores encadernadas, as conquistas amareladas, as páginas finais por preencher. Os livros e seus marcadores de etapas saltadas. Aprendizagens, passagens mimeografadas na memória. A perda de convicções. Quimeras. Ídolos destruídos. Mortais imortalizados. Incontáveis horas ainda por ler.

Cada caixa que saía do apartamento apertava-lhe. O espaço se tornando mais amplo e ela diminuída. Eram sacos e mais sacos de lixo. Daqueles pretos. Cem litros ali de documentos. Cem litros acolá de cacarecos. Cem litros aqui de bibelôs. Cem litros pra lá de matéria-prima para realizações futuras. Mexida profunda. Os armários se abrindo. Seu peito se contraindo. As contradições não começaram aí.

Muito antes a necessidade de concretizar projetos de vida deslocou estantes, livros, mesas, papéis, móveis, poeira. Desengavetar sonhos. Realizar. Terminar a costura de uma infinda colcha de retalhos iniciada na adolescência. Resolvera apenas procurar as agulhas, as linhas coloridas, os tecidos tão carinhosamente recortados em vários tamanhos e formatos. Não sabia que quem terminaria recortada seria ela.


Difícil mesmo foi se livrar da compulsão de ser feliz. Anos e anos juntando jornais para futuras construções em papier marché. Peças diversas para instalações artísticas. Sucatas para enormes oficinas de criatividade com crianças, jovens e adultos. Vidros e latas pululantes de idéias. Partes diversas de exposições e exposições de experiência e beleza para erguer. Engenhocas. Invenções. O que poderia parecer uma obsessão de guardar passado era crença no futuro. A possibilidade de fazer arte. Dela viver.


Pensava, para tudo o destino é o lixo, ou o pó. Assim, então, será. As caixas são sepulcros Continuava sendo assim. O carro fúnebre do serviço de limpeza urbana não tardaria levar a caixaria de aplausos, de sorrisos, de criatividade, de prazer. Para longe se iria em cortejo a arte. Não mais para ela. Para algum catador de lixo. Para alguma fábrica de reciclagem. Para se perder caída em um terreno baldio ou asfalto qualquer. Se foram e levaram. Partida. “O conhecimento serve à sobrevivência, a arte à vida”, registrava o bilhete levemente rasgado fugido de algum saco e levado ao vento, nem tão longe dali.





Contraste...

Inauguração do Crepe d'Rua

Preparando um crepe na rua

Foto do teto do Chiquita Bacana

Ontem tive duas surpresas. Primeiro a boa. Fui à inauguração do Crepe d’ Rua, que fica na rua do Beirute, logo após o balão da 309/310 sul (em frente à igreja). Atendimento ótimo, crepe muito bem-feito, bom preço e tudo no maior capricho, apesar de ser literalmente na rua.
Após experimentar o de banana e o de frango, segui, para o Sempre um Papo, para ver o Arnaldo Antunes. Excelente! Terminada a fila de autógrafos, que era bastante longa, fui com a Marcella e o Bruno (da produção do evento) para o Chiquita Bacana, um bar recém-inaugurado (acho rsss), que fica na 210 sul. Essa é a ruim. Atendimento a desejar. Porções pequenas. Vinha o petisco. Um tempo depois os talheres. Muiiiiiiiiiiito tempo após (tivemos que pedir) os guardanapos. Ou seja, um lugar que prima pela decoração e peca no atendimento. O lugar estava relativamente cheio. E, nossa conversa foi ótima.
Mas, confesso, o Crepe d’ Rua teve nota dez, já o Chiquita.... de Bacana só tem o nome. Lá vem o velho ditado: “muitas vezes as aparências enganam”. E, como!

24 outubro, 2006

Frases tupiniquins e viva as eleições!

Eu não vi o debate dos presidenciáveis Lula e Alckmin na TV Record, mas pelo que li na internet a segunda-feira parece ter sido divertida. Dentre as páginas e páginas sobre o falatório, escolhi algumas “frases” tupiniquins (convocando de Mike Tyson a Hitler) publicadas na mídia on-line hoje:

  • Geraldo Alckmin (PSDB) retomou o estilo agressivo.
  • Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optou por utilizar o tom mais irônico.
  • No primeiro bloco, os candidatos se dedicaram a gastar "munição", com pouca discussão de propostas e mais troca de acusações.
  • Alckmin sinalizou que retornaria ao estilo "Mike Tyson".
  • Lula se compara ao ex-presidente Juscelino Kubitschek.
  • O tucano falou de escândalos da Era Lula.
  • O petista disse das privatizações estilo PSDB.
  • Na paralela FHC falou que Lula é fanfarrão e comparou o petista a Hitler. (Dizendo que os petistas usam de técnicas nazistas de propaganda, repetindo mentiras até que virem verdade).
  • Lila Covas (viúva de Mario Covas) retrucou, no mesmo evento em que estava FHC, que "nós estamos sendo engolidos, será que não se vê?”
  • Já o presidente nacional do PT e coordenador da campanha à reeleição Lula, Marco Aurélio Garcia, combate dizendo que FHC perdeu a compostura (“A derrota parece haver subido à cabeça do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”).
  • Garcia completa falando do DNA tucano "no passado, ele [FHC] havia pedido para esquecer o que ele escreveu. Agora parece querer que nós esqueçamos o que ele fez. O programa de privatização não é uma invenção nossa. Ele faz parte do DNA dos tucanos".
  • Polícia Federal identifica possíveis “laranjas” do caso Dossiê.
  • Enquanto isso, o Ibope cresce na TV.
  • E os eleitores ficam na ciranda-cirandinha do atirei o pau no gato. Quem fará o “miauuuuuuuuuu”? Ou sobrará pau pra todo lado?

  • "Os escravos de jó jogavam cachangá;Tira, põe, deixa o zé pereira ficar;Guerreiros com guerreiros fazem zigue, zigue zá"...

  • Já decidi o meu voto...

22 outubro, 2006

Recadinho - Arnaldo Antunes

Galera de Brasília,

Arnaldo Antunes é o próximo convidado do Sempre um Papo em Brasília. O bate-papo será na próxima terça-feira, dia 24 de outubro, às 19h30, no Teatro da Caixa Cultural (Setor Bancário Sul, quadra 4). Entrada franca.

Participe e saiba mais sobre a relação de A. Antunes com música e literatura, além da leitura de poemas.

Para quem não sabe: Arnaldo Antunes sempre foi um artista diferenciado. Em 25 anos de carreira, transitou na música, poesia e literatura, sempre de forma marcante e original. Iniciou a carreira em 1980 no Rio de Janeiro, juntamente com um grupo que apresentava performances nos diversos centros culturais da cidade. Em 1982 iniciou sua jornada com os Titãs, na época Titãs do ieiê, parceria que durou 10 anos, até 1992, quando Arnaldo resolveu deixar a banda e seguir uma carreira solo. A partir de 1993, Arnaldo Antunes lançou nove discos, além do cd com os Tribalistas, de mesmo nome, lançado em 2003 pela EMI e algumas outras trilhas e participações. Além dos discos e da carreira de músico Arnaldo sempre foi um artista interessado e envolvido com a literatura. Ao longo de sua carreira lançou onze livros, alternando entre poemas, artigos, textos, e até letras de canções.

Essas frases poderiam ser minhas...

Título: (Su)s [pensa]
Autora: Solange Pereira Pinto
Técnica: Fotografia
Data: agosto/2006
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"Ah, inércia, inércia, quanto mais nos movimentamos mais temos energia para prosseguir".
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"Do rio que tudo arrasta se diz violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem".
Bertold Brecht
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Sim. Agressiva. Ainda estou suspensa. Internamente comprimida....
Soll

Fulô do Sertão - Café nordestino

Inagurado há pouco mais de dois meses, em Brasília, o Café Nordestino Fulô do Sertão (404 norte - bloco B) é boa pedida numa sexta-feira à noite. Música ao vivo, violão e voz, MPB e forró dão graça especial ao local. A decoração rústica e aconchegante abriga os brasilienses que curtem tapioca, baião de dois, dobradinha, arrumadinho, cuscuz e muito mais. O local funciona de terça-feira a domingo a partir das 9h e serve café nordestino completo. Vale a pena conferir. Mais informações pelo telefone 3201.0129.

Conjugação carnal


Ele – insinua
Ela – deseja
Eu – dirijo
Tu – não sabes
Ele – insiste
Ela - também
Nós – divididos
Vós – sabereis
Eles – gozaram
Eu – esperei.

Solange PP

20 outubro, 2006

Hoje é dia do poeta


Vinha



Olhos gordos de amor
Molhado
Brilho puro da luz
Suado
Boca sedenta de carne
Vermelha
Tez macia dos lábios
Perdidos
Acordes agudos da voz
Silente
Sorriso medido dos dentes
Vorazes
largadas mãos da viola
Urgente
Envolvem o cós da menina
Canção
Repetidos nomes do passado
Acaso
Umedecida lua do amor
Flutua.


Solange Pereira Pinto (27.07.1999)

19 outubro, 2006

Quem pintou? Diversão para a madrugada...


Você sabe quem pintou o quadro acima?
Teste seus conhecimentos em arte aqui. Jogo divertido e boa sorte!


Ler deveria ser proibido!

Título: Sal(v)a(dor)
Autora: Solange Pereira Pinto
Técnica: Fotografia e hidrocor
(um intervenção artística no livro do artista Massimo)
Data: setembro/2006
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"[...] a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos [... ] A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura deveria ser proibida. Ler pode tornar o homem perigosamente humano". (In: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.) Rio de Janeiro: Argus, 1999. pp.71-3).

Fonte ORKUT

18 outubro, 2006

Cotidiano


Chegará o dia em que trocaremos as camas pelas cadeiras?

Frase de MSN às 2h da madruga




"Nossas flechas cobrirão os céus e lutaremos nas sombras".

(Gustavo Canelli)

17 outubro, 2006

O que é ser humano...

Nanotecnologia assemelha homens e máquinas


"[...] Vivemos portanto, em nossa contemporaneidade profundamente marcada pelos avanços incessantes das ciências e das técnicas, uma crise contínua, um espasmo interminável: somos constantemente obrigados a rever as fundações de nosso entendimento sobre o mundo, sobre a coletividade e sobre nós mesmos.


Este é sem dúvida um momento singular na história do pensamento, uma vez que as descobertas da cosmologia, da microfísica, da biologia molecular, da evolução darwiniana e de muitas outras disciplinas progressivamente, e cada vez mais, diluem as fronteiras modernas entre natureza e cultura, ente e artefato, sujeito e objeto, interioridade e exterioridade, pelas quais estávamos acostumados a definir nosso estar-no-mundo, e assim resta posto em questão o próprio estatuto de nossa humanidade.


[...] De acordo com o grau de acesso aos recursos médicos (e à nutrição básica!), uma situação sem precedentes se apresentaria: as populações seriam divididas numa legião de 'efêmeros', uma minoria de 'duráveis', e uma elite de 'perpétuos'. Jamais qualquer sociedade humana experimentou uma tal separação em castas de durabilidade.


Numa tal Era das Mesclas, de hibridações de natureza e artifício, de carne e mente, de intimidade e globalidade, em que os limites que definiam os indivíduos tornam-se cada vez mais ambíguos e imprecisos, mais estendidos em um sentido, mais contraídos em outro, talvez a pergunta-chave seja: estaremos em vias de realizar a instalação de um novo patamar de complexidade no sistema de sistemas que chamamos Terra?


Estará em ação uma nova síntese integradora da Vida, uma nova etapa de individuação do Homem?


Se as tecnologias de movimento, de percepção e de cognição que nos fizeram a espécie dominante do planeta migrarem para o interior dos nossos corpos, se elas se fundirem com as nossas células, o significado de ser humano inexoravelmente mudará.


De animais técnicos que usam ferramentas, passamos para o operário mecanizado de Chaplin, para o trabalhador automatizado de Metropolis, mas a perspectiva que se abre agora é de termos um homem fundido às máquinas, um homem-máquina no sentido literal. Se, com Spinoza, entendemos por Ética a determinação de estratégias de ação, nossa época de hipertecnificação defronta-se com dilemas éticos ingentes.


Selecionar valores que favoreçam a vida, redefinir o sentido do que é ser humano - eis o desafio que nos cabe enfrentar"
. (Luiz Alberto Oliveira)




Entrevista na íntegra aqui


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Pergunto-me: a natureza humana é mutável? Ou o "ser humano" prega o que não é? Pela situação socioeconômica já não somos de alguma forma divididos em "êfemeros, duráveis e perpétuos"?



A ética disciplinadora do comportamento humano tem variado conforme os tempos. As finalidades e os ideais têm se transformado rapidamente. Mas, a "ética" tem progredido no sentido de "harmonizar" nossa existência ou de "degradar"? Será o medo do "novo" (como o mito da caverna) que compõe a ética dos "direitos humanos"?


Os avanços tecnológicos produzem novas formas de relacionamento e de percepção. Somos, sim, ainda que metaforicamente mais híbridos. Uma "elite" conectada e dependente de máquinas para existir e subsistir às mudanças. O mundo virtual modificando as realidades ou as realidades criando virtualidades? Já estamos nos misturando (desde sempre) personas e indivíduos.


Percebo que ainda somos "primatas reunidos na arena vendo os animais ferozes comerem pessoas". A carnificina vende. A internet divulga em tempo real. A desgraça se propaga pela fofoca. Os noticiários mostram os variados tipos de violência contra o ser "humano".


O que mudou? A natureza do homem? Ou sua forma de expressar e a rapidez em circular as informações?


Por outro lado, não somos mais tão "puros". Usamos pinos de platina, próteses de borracha, marcapasso, órgãos artificiais, partes de cadáveres, córneas emprestadas, dentes de ouro, de porcelana, até sangue preparado cientificamente, além de outros adornos em metal, piercings etc. A carne humana já se mistura a outros ingredientes. Loucura? Sanidade?


Contudo, ainda somos mais lentos do que o "progresso" por nós criados. Somos também mais frágeis que as máquinas por nós construídas. Somos em carne mais indefesos que nossa inteligência e raciocínio.


Mas, ainda somos os mesmos? ou as aparências já não enganam mais?


Estamos em "crise" há muito tempo. Cessará?


A velha pergunta: quem somos nós? A resposta não há.


Entretanto, podemos tentar responder: como viver melhor dia após dia nessa era de informações, tecnologias, excessos e artificialidades. Quem souber responder, me diga!



soll

16 outubro, 2006

Oi, há quanto tempo eu não lhe vejo....



Oi, há quanto tempo eu não lhe vejo....




por Solange Pereira Pinto



De repente outro convite. O quinto do ano. Quando foi isso mesmo? A festa de 15 anos de Roberta foi há duas décadas. Troca de olhares com Aldo. Cara brava por causa do vestido amarelo. Porre de leite de onça. Ontem Vanessa fez 40 anos. Daniela lembrou do último début. Salão lotado dançando discoteca. A balada estrangeira esquentava. A timidez ia embora. Velhos tempos. Anos 80 cheio de rock pop. Até suar. Olhava mais uma vez aquele piso colorido de idades. Um xadrez de luzes com dezenas de gente desconhecida. Antes nem era bem assim. Havia um nome certo para cada rosto. Adolescência registrada. Logo, logo, comemorariam a carteira de motorista. Os aniversários iam se modificando. A expectativa do vestibular. Sorria e dizia um oi para quem passava. Maneava a cabeça. Talvez já estivesse desmemoriada. Melhor não arriscar. Apertos mãos e beijinhos na face. Sorriso grudado. Mais um uísque. Era diferente. A vida se formalizando aos poucos. Porém, depressa. Estranho. Trezentos convidados. Banda ao vivo. Vinha o flash. As festas de 30. Independência. Sexo. Casamento. Oi, há quanto tempo eu não lhe vejo? Bordão da madrugada. E não via mesmo. Mais gordos. O sábado se encerraria. Mais míope. Como todos. Ou a maioria. Menos cabelos. Àquela hora pouca gente por ali. Recontou sua história. Sem conta! Quase ao amanhecer. Várias doses “on the rocks”. Uma leve dor nas costas. Dani levaria os pais do anfitrião. Tirou a bota. Faltavam ainda 442 dias. Calculou. Cabelo praticamente grisalho. Acompanhou no último verão duas tias. Três comemorações de bodas de ouro. Teria que levantar cedo. Praticamente após o almoço. A festinha dos Rebeldes esperava. A mais antiga amiga de Lili. Cantaria parabéns. É big. Com quem será. Bolas coloridas na parede. Feito o xadrez no chão. Não conhecia as crianças. Já não identificava ninguém? Talvez três. Faria festa? Comemoraria também os 40? Oi, como sua filha cresceu! A tarde passava. Os brigadeiros sumiam. Ou faria dos 50? Chamaria as colegas da faculdade, do segundo grau, do primário. Será? Caiu fanta uva no colo de dona Margarida. Corre e pega o pano. Quem sabe 60? Pela oitava vez a mesma música. A meninada pulando. Bolo com velinhas? 70? Faltariam muitos amigos. Certamente. Duda apagou as seis num sopro só. 80? Não chegaria até lá. Cada vez mais ouviria “oi, há quanto tempo eu não lhe vejo?” Pegou a lembrancinha da filha. Dez da noite. Exausta. Subitamente os convites mudaram. Pessoas mais envelopadas. Encontros em volta de caixas. Bolo embrulhado em papel laminado. Não foi a nenhum de 90. Tirou a maquiagem. Passou o creme anti-rugas. Lili adormecida. Dani abriu o álbum. Viu Danilo. Não lhe vejo há mais de dez anos, disse à fotografia. Deitou-se sozinha. Começou a lista mental. Dormiu calculando a antiga agenda. Oi, há quanto tempo eu não lhe vejo? Daniela nunca mais respondeu.

14 outubro, 2006

Ser parte de...


Pertencimento
por Solange Pereira Pinto

E então alguém nos diz: é preciso pertencer. Ser parte de... Criança-colo-de-mãe. Adolescente-grupo. Adulto-patrões. Idoso-. Para uns a praia deserta. Para outros a metrópole. Para uns o que se conhece. Para outros o que não se sabe. Para uns o terno riscado. Para outros os pés no chão. Ser parte de... Onde é que cada um vai caber? Em roupas. Em sapatos. Em CPFs. Em contas-bancárias. Para uns a casa ao lado. Para outros a rua inteira. Para uns a cidade. Para outros o país. Para uns o hemisfério. Para outros o universo. Ser parte de... Onde é que cada um vai caber? Ser próprio, ser devido, pertencer. Ou merecido, caber. Ser peculiar. Ou sofrer. A passar por portas. A olhar entre janelas. A esgueirar-se em frestas. A saltar de poços. A pular buracos. Para ser parte de. Lembra um travesseiro talvez. Amarelado, cheirando a saliva. Um berço de palha ou de aço. Já distante. Quase sem forma. Ou nem se recorda mais de. Não. Ser parte de... Onde é que cada um vai caber? Para uns os outros. Para o outro ninguém. Para todos: pertencer. Para em si mesmo, caber. Ser parte de.



(24.03.2004)

Blog do dia...

O nome dele é Bala Perdida e se apresenta: "Isto não é um blog. É uma ameaça". O carioca Julio Cesar Corrêa traz em seu diário virtual dicas e alertas interessantes. Só passando por lá para ler e descobrir. Julio está antenado e apontando. Quer levar bala? passe por lá...

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Bala Perdida
Julio Cesar Corrêa
Location:RIO DE JANEIRO, SUDESTE/RJ, Brazil
Gosto de ler e de escrever. Participei da antologia Contos do Rio, promovido pelo o jornal O Globo, em 2004, e tenho dois livros A Arte de Odiar (romance policial) e Crimes e Perversões (de contos).

12 outubro, 2006

Rapidinhas para o feriado






Tem um novo conto meu (Solostrix) no Mal de Montano. No virtual também se ama? Dizem que sim...

***


Alena disse: “Gente criativa não tem que ficar vendo o que os outros erram, isso é trabalho para mentes concentradas em revisões. A nossa é ampla, cria, projeta”.

Concordo plenamente, amiga!

***


O Roger, amigo virtual do Recanto das Letras, citou meu nome num texto para lá de acorda geral. Confiram aqui.

Obrigada amigo!

***




Rodolfo Torres continua mandando super-hiper-bem nos seus comentários políticos no Blábláblá Brasília! Apareça no MSN moço!


***


Balada literária em São Paulo na semana que vem! Alguém de Brasília vai? Que tal uma caravana? hehehe


***


Descobri um blog em Portugal! Muito interessante, a começar pelo nome. “O sino da aldeia porque avisar é preciso”. http://osinodaaldeia.blogspot.com/

Não é poético e mobilizador? Pois então, visitem meu novo amigo virtual Jorge P. G. (professor. Sofredor? Rsss e eterno estudante como ele mesmo se diz).

Beijão para você Jorge!

***




Curtam a chuva! Eu vou trabalhar se o insistente sono deixar! Bjoes inté!

11 outubro, 2006

Voltando pra casa...

Depois das aulas





Quase três da madrugada. Som alto no carro. Garoto de aluguel no CD recém-comprado. “Baby, dê-me seu dinheiro que eu quero viver”. A aula acabou mais cedo. Professora e alunos no Bico Doce. Bar perto da faculdade. Celebração. Dia de sistemas e muita informação. “Dê-me seu relógio que eu quero saber”. O desejo de rir. Compartilhar. Iguais. Absolutamente humanos numa terça-feira qualquer. “Quanto tempo falta para lhe esquecer”. A noite chuvosa. Excitação da turma. O conteúdo por desfilar. “Quanto vale um homem para amar você”. Jonny apareceu. No canto da mesa conversava. A animação não ouvia. Papos nas paralelas. “Minha profissão e suja e vulgar”. Ele solta ainda tímido Catedral. “O deserto que atravessei ninguém me viu passar...”. Silêncio. A capela. A voz. O inebriar noturno. Gigi, assim chamado, ainda circunspecto, dá a deixa. A dupla se forma. “...que o céu é maior tentei dizer mas vi você...”. Boquiabertos aplausos ao final. O talento de Gilson revelado. Já era um manifesto na turma. O show no boteco reafirmou. Desce a carne de sol. Manteiga de garrafa. Mais duas. “Quero um pagamento para me deitar”. Expectadores. Elogios. Reconhecimento. Brinde. A professora gargalha feito bruxa. Crise geral. Abdomens retorcidos. Faces vermelhas. Era festa. Celebração. “Junto com você estrangular meu riso”. Outras canções vieram. Cantares. Agudos. Tenores. Sopranos. Desafinares juntos em descontração. Cinco alunos. A professora. O que é aprender? É mais importante o conteúdo? Passeávamos em histórias. O tempo pleno. Relógio absorto. “Dê-me seu amor que dele não preciso”. Trocas. Experiências. Desnudares. Conta paga. Alegria bem-vivida. “Baby, nossa relação acaba-se assim”. Agora a carona. Cada um pega sua estrada. Ela vai rumo oposto à casa. Brindar. Noite nublada. Chuvisco incessante. Recanto da Emas. QNL. QNJ. QNX. QNZ. Perdida. Diminui o som. “Como um caramelo que chegasse ao fim”. Pára no posto. Onde fica o plano? Asa sul. “Na boca vermelha de uma dama louca”. Placas. Hotéis. Sinaleiras. – Vire o balão. Pegue o viaduto a direita. Samambaia. “Pague meu dinheiro e vista sua roupa”. Relembrou o lugar. Passado de hoje risadas. Perigo naquele velho dia. “Deixe a porta aberta quando for saindo”. Acendeu o cigarro. Ouvindo Jonny. Versão mineira de Zé Ramalho. Tentando a sorte. Vendendo música entre cervejas. Sustento do filho. Sustento do artista. “Você vai chorando e eu fico sorrindo”. Ela pega a avenida. Noventa por hora. Escapa da derrapagem. Encontra Riacho Fundo. Localizada. Feliz. “Conte pras amigas que tudo foi mal”. Vai percorrendo na memória a noite finda até chegar no lar. “Nada me preocupa de um marginal”.

10 outubro, 2006

Eleições, debate e segundo turno...

Deitado eternamente em berço esplêndido

por Solange Pereira Pinto



Começou o segundo turno. Começou o teatro. A tragicomédia. Domingo teve debate na Band. Não de idéias ou de projetos fundamentados. Foi uma “altercação” de farpas. Confesso que gargalhei algumas vezes. Os candidatos ao trono do rei usaram das artimanhas da velha Grécia. Sofismaram, mas sem a graça dos filósofos. Foi um espetáculo rasteiro. Parecia uma feira de discursos enlatados. Sardinhas. Eu, sentada na ágora-virtual-televisiva, assistia para ver quem vendia melhor o bacalhau de terceira. Lembrei-me do Chacrinha, comunicador sem igual. Terezinha uuuuuuuuuuhhhhhhhhhh! Senti-me uma Terezinha. Ataca de lá, defende de cá. Quem quer o abacaxiiiiii? Ambos.
Alckmin e Lula digladiando para ver quem leva o pepino-Brasil para casa. De um lado, o gladiador ex-comedido-vociferando e a saliva lhe faltava. Dava para notar a boca seca de Alckmin. Do outro lado da arena, o gladiador-à-reeleição ironizando atrás das barbas. Lula sorria se safando e colocando a mãe no meio. O tucano era dublê-de-fiscal-de-contas. O petista retrucava como marido-traído-último-a-saber. Parecia conversa de casamento falido. As gravatas amarela e vermelha na bravata. Fanfarrice total. Eu sou melhor! Mentiroso! Leviano! Palavras mais que ouvidas durante a peleja. Nada elevava para além disso. Mixórdia em rede nacional.


Tem gente dizendo que isso é democracia. Aventando que o Brasil ficará melhor depois desse (e de outros) domingo. Será? Nada se ouviu de concreto, até porque não se tem nada possível nesse sentido. As mesmas ladainhas de “investir no desenvolvimento do país, acabar com a miséria, aumentar o número de empregos, melhorar a saúde pública, a segurança e a educação”. Ai, que canseira! Tudo isso está caducando na Constituição faz tempo. Se Alckmin representa a elite e Lula o povão deveriam se tornar aliados. Mas, ninguém agrada gregos e brasileiros numa só vez.


O discurso azul é sim para pequena parte do país, que entende o linguajar, a tradição e os bons-costumes do candidato opositor. O discurso vermelho fala diretamente para a grande maioria da população brasileira, de forma simples, populista e carismática. Por analogia um é “catedral” e o outro é “universal”.


Duvido, contudo, que esses discursos façam qualquer diferença para este Brasil alquebrado e bocejante. O eleitor vota em quem quer. É um fato. Porém, em quem quer significa “por afinidade”. Ou até mesmo por “antipatia”. O brasileiro não vota em propostas, até porque elas nem existem de fato além do papel e das caras cartilhas produzidas marketeiramente.


Falar em aumento de emprego é gozação. Primeiro se ampliam os mercados, não é mesmo? Falar em educação é palhaçada. Está tão caótica a estrutura educacional que nem aumentando a quantidade de escolas e professores se obterá qualidade. Esquecem que quantidade e qualidade são coisas muito diferentes. E, político gosta de números. Faz-se uma “conversaria” de milhões, bilhões, para quem não sabe o que é mil.


Quero ver medidas para o Congresso trabalhar. Quero ver cada órgão estatal fazendo seu papel educador. Poucos sabem a função de cada ministério, agência, repartição pública. Isso é educar. Dizer a que veio e para que serve, e, definitivamente, servir, contribui para a cidadania. Falar de aumento do PIB, de percentuais, de expansões milagrosas, não descascará o abacaxi. Azedo!


Ninguém ainda disse COMO serão realizadas as promessas. Não se falou dos rituais. Não se disse se são com dez copos de sal grosso e meia dúzia de galinhas pretas que exterminarão as "epidemias endêmicas" verde-amarelas.


Os jornalistas do debate, desculpem, também foram fracos. Tinham a chance de elevar a contenda. Entretanto, fizeram perguntas erradas, previsíveis. Entrevista de emprego em boteco questiona melhor.


Essa previsibilidade brasileira é que dá sono. Talvez, por isso, o hino nacional seja profético: “deitado eternamente em berço esplêndido”. As urnas dirão quem bocejou mais. As chacretes agradecem. O show não pode parar, os leões estão famintos.

08 outubro, 2006

Frase da tarde

"Vocês riem de mim porque sou diferente,
mas eu morro de rir de vocês porque são todos iguais".
(Bruna)

07 outubro, 2006

Bruna, Samantha, Raquel, João, Pedro, Marcelo e o escorpião entre nós


I

II
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Gente é sério. Ontem quando vi a entrevista da Samantha Moraes (foto II), no Jô Soares, fiquei passada. Claro que estamos na era dos 15 minutos de fama. Disso ninguém duvida. Claro que ela pegou carona na onda da Bruna Surfistinha (foto I) para surfar uma grana também. Justo. As pessoas fazem dinheiro em cima das oportunidades, sejam elas quais forem. Óbvio. Quem não aproveita o momento e a onda certa fica para trás. Clichê.
Bom, o que me surpreendeu?


Durante a entrevista foi o fato dela (Samantha) ter praticamente se vangloriado de ter escapado de mais de sete multas, guincho, etc (documentos fora de validade) ao contar aos guardas, policiais, que seu marido a trocou pela Bruna. Ou seja, ela contava sua triste história e era liberada das multas e outras providências legais. O velho jeitinho brasileiro. Buáááááááááá. Enquanto a Bruna dizia que chorou quando teve que pagar imposto do trabalho que fez na prostituição (para "legalizar a grana").


Quando, agora, fui procurar uma foto da Samantha (que não é a feiticeira, ou é?) para este post, descobri seu blog e fui dar uma espiada. O texto é sofrível. Um português de chorar. O raciocínio rasteiro. Ela é bonita, sim. Magra-morena-de-olhos-verdes. Já mora junto com o Marcelo Nascimento (diretor de alguma coisa na Rede TV). O blog dela explora seu sofrimento, alegrias e sua fama, como qualquer outro (inclusive o meu, tirando a fama rsss).
Mas, o interessante de tudo foi a minha conclusão.
Eu li várias vezes o blog http://www.brunasurfistinha.com/blogs/ da Surfistinha (que acho bem mais inteligente e léguas melhor escrito). A Raquel Pacheco, apesar dos 21 anos, é boa!. Assim como li o “Doce veneno do Escorpiao” (lerei o “Depois do Escorpião”, que foi escrito pela ghostwriter Índigo). Até ai tudo bem. A Bruna bem que tentou preservar a “imagem” do seu atual-marido-ex-cliente-ex-marido-de-samantha chamando-o de Pedro (João Paulo, o nome verdadeiro). Dizia apenas que ele era advogado (eu acho rss).
Já a Samantha conta o quanto o seu ex-João-Paulo-atual-Pedro-da-Bruna-Raquel deixou a família toda na miséria, assim como seu carro Honda (Civic?) lhe deixa na mão. Praticamente diz que eles viviam uma vida muito mal de grana e que a saída dele do casamento representou a “miséria” geral. Teve que sair do apartamento alugado, não tinha dinheiro para isso e aquilo. Até ai tudo bem mal. Pelo visto o tal Pedro-João-Paulo não tinha lá muita grana. Até ai tudo péssimo.
Contudo, vamos refletir (poderia ser o próximo livro da série "escorpião", ai eu escrevo para ficar famosa e rica hahahahha).


Extra, extra: Escorpião salva família!
Ou
Um escorpião entre nós duas
Ou
Picadas pelo mesmo escorpião


Ele-nem-tão-bem-sucedido larga a mulher e duas filhas por uma garota-de-programa-boa-em-negócios-e-marketing. A ex-mulher-abandonada tem sua história narrada pela mídia de todo o país. Enquanto uma sofria os dissabores de ser prostituta, a outra sofre o desgosto da traição. A menina, de 21 anos, aposentada-da-profissão-perigo e agora casada-com-o-ex-marido-da-outra-trintona-traída lança suas memórias “O doce veneno do escorpião”. Famosa e rica leva uma vida bem-confortável junto ao seu ex-cliente-ex-marido-pé-rapado-segundo-a-ex-mulher-traída. O homem-ex-ex-cliente-ex-marido-agora-atual melhora seu status. A outra-bela-trintona-traída, definitivamente no papel de “a outra” (triste e amargurada que está), depois de uns meses encontra seu príncipe, que é da mídia. ohhhh!!!! Em seguida, essa-moça-de-30-balzaca protagoniza suas lembranças “Depois do escorpião”. Fica mais famosa ainda. E, com namorado-já-conhecido-no-meio-TV começa a freqüentar todas as rodas sociais-famosas-glamourosas-chiques-ricas contando o nome das celebridades no seu blog. (Pausa para a narradora: Ai que lindo, a salvação da gata-borralheira-borrada-no-chifre quase chorei! Tanta emoção. Sninf. Sninf). Assim, o escorpião-traidor-calculista-inseto-das-trevas pica e todos se dão bem.


Moral da história: A menina, dona do tal escorpião, deixa-de-ser-puta-fica-rica-e-encontra-o-amor-da-sua-vida-e-fica-muiiiiiiiiito-famosa. Nisso arrasta a galera para a grana, mídia e fama.


O homem, ex-pobre-traidor-praticamente-pobre-agora-famoso-e-rico, fica com a menina-de-21-bem-de-vida-e-sexo (imagina-se).


A bela-mulher-trintona-traída conhece o príncipe-um-tanto-famoso-e-bem-situado-bonitão ficando também muito famosa e quase-rica (por enquanto).


O príncipe, da TV, que não-tinha-alegria-principesca encontra a princesa-ex-mulher-trintona-traída-agora-bem-famosa-por-causa-da-ex-prostituta-que-deixa-de-ser-puta-fica-rica-e-encontra-o-amor-da-sua-vida-que-é-o-ex-pobre-traidor-praticamente-pobre-agora-famoso-e-rico-ex-marido-da-bela-mulher-trintona-traída-que-encontra-seu-príncipe-um-tanto-famoso-e-bem-situado-bonitão-ficando-também-muito-famosa-e-quase-rica. (esse ganha uma bonitona mulher de trinta).


E, assim, serão todos-felizes-famosos-e-ricos até a próxima picada, que pode ser de surucucu. Ui. Ui.

Apelando aos céus, ops, ou melhor, aos amigos...

Fotografia de Ana Luppso e texto de Solange Pereira Pinto
Ontem foi dia. Quem me conhece bem e me acompanha pertinho sabe. Depois de ondas lunáticas, visto que a loucura está solta no planeta Terra, resolvi fazer contatos de terceiro grau. O marido bidimensional da minha amiga diz que é bobagem esquentar os miolos com a existência. Sábio moço! Mas, eu que vivo pegando carona em raios de lua para chegar em Saturno, não consigo ficar só por aqui, simplesinha, não. Eu “vou indo” (eita eita) por lugares inacreditáveis. Dai o que pegou? Eu precisava de rezas! Sim, daquelas de quem acredita. Porque oração de quem tem fé deve ser poderosa. Eu mesma (que não consigo essa façanha) apelei para os amigos. Óbvio. Até a empregada de outra entrou no jogo, para por meu nome num papelzinho na igreja evangélica. Tá valendo! E de velas, incensos, reikis, papéis em altares, pai-de-santo, água benta, alho, cruz, alfazema, comigo-ninguém-pode, pai-nosso-que-estais-no-céu, sal grosso, ave-maria, pimenteira, e toda sorte de rituais e pendengas, hibernei para a sorte virar. Não é que virou? Velhos amigos vieram revisitar o templo. Inacreditável. Sabe aquelas pessoas que você não conversa há muito? Então, fizeram contato! Eu que tava muito yin, fiquei mais yang e forte. Acolhida. Isso é pra lá de bão sô! Somando-se todos os papos, eu conversei por horas. E, o que vale essa vida se não for para se comunicar? O problema é que me comunico DEMAIS! Como diz, meu ex-marido, sou “banda larga” no dial. Então, fui fuçar. Para não perder o costume. (A pessoa mal se recupera da gripe e pula no oceano em cambalhotas!) Curiosa que sou, encontrei umas pérolas: "aprendi com a primavera a deixar-me cortar e voltar sempre inteira" (Cecília Meirelles) e "o essencial da vela não é a cera que deixa suas marcas, mas sim a luz que ela liberta" (Antoine de Saint Exupéry). Frases reconfortantes, não é mesmo? Mas, a que realmente me pegou “de jeito” foi: “a sociedade prepara o crime, o criminoso o comete”. Essa está martelando até agora. E, haja sabedoria para fugir da cena na hora certa! Oxalá! Salve, salve! E a chuva hoje não pára. Troveja em Brasília.


06 outubro, 2006

a mensagem...


Tem mensagem guardada na memória. Outras estão escondidas em garrafas. Tem mensagem que atravessa mar. Outras que se perdem em rios. Tem mensagem que traz notícia boa. Outras que são de angustiar. Tem mensagem que não segue ao destino. Outras que caem nas mãos de quem não deveria. Tem mensagem escrita à mão. Outras que navegam pelo virtual. Tem mensagem congelada no tempo. Outras que circularam durante muitos verões. Tem mensagem que não foi escrita. Outras que não sabemos a autoria. Tem mensagem que mandaram e eu não recebi. Outras, muitas, que jamais tive coragem de enviar. Tem mensagem que não tem mensagem. Outras que nos dizem sem perguntar...
soll

Encontro do Mal



Ontem o grupo Mal de Montano se encontrou no Café Rayuela.

Depois de muita cerveja e conversaria ficou definido o tema de outubro!

Falaremos sobre: "Ler ou escrever: qual é o mal maior maioir, o gozo melhor?"

Cada uma escreverá o que pensa do assunto, sem conversa prévia. O que sairá disso tudo? Veremos!

No mês de setembro falamos "Sobre Títulos". Está lá a categoria para quem quiser conferir as opiniões das montanas!

Acompanhem pelo blog do Mal.

bjs

05 outubro, 2006

Resenha - Você está louco!

Imagem e texto por Solange Pereira Pinto

Estou louca, mas não estou só


Ele estava ao pé da escada. Vestido de preto. Meio gótico, embora despojado. Olhos verdes profundos. Sorriso enigmático. Eu pedia algo no balcão. Distraída. Perguntava se meus livros de filosofia estavam lá. Enquanto Luísa procurava, ele me fitava pelas costas.

Fui pegar um café e ele me encarou. Reconheci. “Você está louco!”. Não o via desde 1988, quando virou a própria mesa. Novamente frente a frente não resisti. Ele continuava silente me olhando. Dei um sorriso curioso. Estaria ali há muito tempo? Quais seriam as novidades?

Aproximei. Cumprimentamo-nos cordialmente. Lembrava-me muito bem daquela época, de suas palavras. Inusitadas (para a maioria), por sinal. Teria algo diferente a me dizer? Eu teria que arriscar. Ele era um sedutor, eu sabia.

Subimos as escadas. Seria uma longa conversa. Atualizar 18 anos de experiências e aventuras. Dedilhei. Olhei por fora e por dentro. Pensei, “eu topo passar minhas horas aqui com você”. Ele começou: “a vida que já vivi me levou a constatar que as respostas-padrão servem à manutenção da ordem existente. Servem para criar a sensação de controle, de ordem e de disciplina [...] São esses mecanismos antropológicos de conservação que impedem a mudança acelerada da sociedade”. Eu assenti.

Ricardo estava agora com 47 anos. Mais maduro, talvez. Casado com Sofia, teve um filho. Contudo, notei que continuava com a mesa fúria jovem. Um tanto arrogante, muitas vezes. Nasceu em berço rico, admitiu que foi um tanto mimado e que teve uma mãe superconfiante. E, ainda, um pai estrangeiro que lhe delegou (apesar da resistência inicial) viver a vida testando seus limites. Seria esse o motivo de tamanha persistência para realizar seus “delírios”? Eu me questionava.

Passamos o tempo com ele desfilando suas aventuras pelo mundo. Entrecortando as falas, lançava uns termos em inglês e muitas referências que jamais conheci. No entanto, continuava interessante. Queria saber até onde ele iria com seus devaneios.

Relembrou sua infância, adolescência, as notas baixas (ou suficientes) na escola, a banda de rock, o primo que protagonizou o woodstock, os investimentos prematuros, os ganhos astronômicos, a compra de multinacionais, as fusões empresariais. Perfilou por horas seus sucessos como empreendedor, os estresses, e suas viagens pelo mundo. Disse, inclusive, sobre “a rota de Marco Pólo” que realizou por meses, enfrentando dificuldades, guerrilheiros, adrenalina. Contou, ainda, que até político quase se tornou, escreveu peça de teatro, fez programa de rádio, foi colunista de jornal, professor, fundou uma escola “revolucionária” (Lumiar) e um instituto para se conhecer o verdadeiro DNA do Brasil; além das milhares de palestras que deu por diversos países e publicação de seus livros em diversos idiomas.

Ufa! Tudo em Ricardo é muito, é mega, é linha de ponta. Tudo que faz é inventado para ser o melhor. É assim que ele se constrói, costurando seu pensamento à existência. Para ele, inovar é palavra-mestre. A vontade de redesenhar o mundo é compulsiva, um vício. Enquanto ele falava, eu refletia sobre suas motivações, atitudes e obsessões. Mais do que isso, refletia sobre tudo isso em mim.

Sem usar relógio (que literalmente jogou no deserto), faz do tempo uma máquina de realizar sonhos. “Mais do que aprender a deixar o tempo imperar a seu modo, aprendi que a terra e seus habitantes são parte de um processo, sem inicio e fins claros [...] Lamentamos a falta de liberdade. Falamos muito sobre o quanto valorizamos nosso tempo livre mas raramente fazemos dele uma prioridade [...] as pessoas acreditam que o contrário de trabalho é lazer. Não é – é inatividade total [...] não conseguimos ver a diferença entre lazer e ócio. A sociedade ocidental é fortemente estruturada”, pontuou.

Durante a narrativa ecoavam palavras-chave. Democracia. Flexibilidade. Valorização de talentos. Educação progressiva. Idealismo. Autodisciplina. Respeito às diferenças. Persistência. Estudo aprofundado. Quebra de estruturas arcaicas. Cultura. Fuga de paradigmas. Formas inovadoras de relacionamento. Liberdade. Atualização constante. Leitura diversificada. Valores fundamentais. Objetivos claros. Certa cara-de-pau. Criatividade. Intuição. Afeto. Questionamento contínuo. Equilíbrio emocional. Crises e oportunidades. Ética. Auto-estima. Ousadia... Nem mesmo as palavras de ordem, os clichês, os jargões, o rol de nomes famosos, os estrangeirismos, o estilo “auto-ajuda” misturado ao de ficção e aventura, foram entediantes diante das linhas e entrelinhas que me eram reveladas em vários momentos.

O “papo” ia bem. Fluindo. O que realmente me impressionou foram os toques de humanidade que vez por outra pausavam seu discurso. Identificação? Talvez. Dizia ele ao longo do nosso encontro: “Eu ainda teria que muito aprender sobre business e, especialmente, sobre pessoas [...] muitas batalhas campais e muitos gladiadores depois, concluí que precisaria escolher um lado, uma filosofia, um jeito de ver as pessoas no mundo do trabalho [...] quem possui muito precisa devolver quase tudo para a sociedade, e ficar só com um pouco parar si [...] por que quero ser lembrado? Comecei a ler os epitáfios com um novo olhar [...] vivi as seduções da vaidade, poder e auto-imagem que povoam os epitáfios. Demorei a entender que essa onda era momentânea e que as pessoas têm necessidade de líderes carismáticos, que representam o que elas querem, e não necessariamente o que eles são [...] qual a essência do que fazemos e falamos? Quanto é conversa fiada, o famoso bullshit que tanto desenvolvemos? [...]não existe nada mais permanente do que uma solução provisória”.


E, continuava “a visão de milhares de chineses comunistas e ateus e mulçumanos rezando cinco vezes por dia em direção a Meca, nos deu uma idéia da diversidade que a humanidade nos proporciona, e que desconhecemos [...] nossa viagem ao Oriente tinha terminado como começou – com perplexidade, curiosidade e um espanto à nossa ignorância de como vive e pensa metade da humanidade [...] o mundo tem uma abrangência que engana a quem se enamora do próprio umbigo, como eu vinha fazendo [...] a disciplina de simplificar tudo e manter o olho no alvo é suficiente [...] se você fizer cara de salvador da pátria, o povo acredita. Com o passar do tempo, você mesmo começa, infeliz e morosamente, a acreditar [...] vamos nos anestesiando aos poucos, aprendendo a passar por barracos precários sem sentir nada, chacoalhando a cabeça ao ver gente morando debaixo de viadutos [...] fácil se sentir orgulhoso de tanta auto-humanidade[...] estamos aqui para um teste. Descobrir o que é maior, nosso cérebro ou nosso ego [...] houve uma época em que eu topava tudo. Queria colocar em prática o que havia aprendido em todos os ramos, experimentar e aprender rapidamente [...] o que motiva é pensar em maneiras de incorporar mudanças previsíveis, burrices existentes – e revirar tudo [...] e pensar três vezes por quê”.

Foi divertido encontrá-lo novamente, uma espécie de “reciclagem”. Pude rever tanta coisa que já li e ouvi por aí. Um momento para distrair e pensar. O que sei é que Ricardo Semler (da empresa Semco) não enlouquece sozinho. Ele sabe disso. Para realizar seus grandes empreendimentos precisa da adesão fiel de muita gente e, dinheiro, contato, poder, é claro; somados ao seu idealismo e dedicada paixão pela mudança, pelo novo, pelo sucesso. Arriscar acompanhado parece sua tônica cotidiana. Como ele mesmo disse em algum momento: “melhor fim com susto do que susto sem fim”.

“Você está louco” (Editora Rocco, 2006, 255 p.) é relato. É biografia. Mais que bordão é a forma que Semler escolheu para marcar sua presença no mundo. Senti-me aliviada, afinal eu também estou (ou sou?) louca, mas não estou só. Isso é reconfortante.

Decidi!



Está decidido! Vou comer torta alemã. Terminar de ler "Você está louco" (Ricardo Semler) e me entupir de pipoca e coca-cola! Eu mereço endorfinas artificiais nesta madrugada sorumbática! E olha que não é falta do que fazer. É excesso mesmo! Tô estressada? Será? Bom apetite. Parênteses: no livro Semler fala sobre ego, vaidade, necessidade e desejo. Diz também que ninguém trabalha "pelo" dinheiro em si. Pergunto? Ser idealista é ser vaidoso?

04 outubro, 2006

Poesia adolescente - aos 17 anos

Clique na foto para ampliar a imagem

Título - Adolescendo
Autora: Solange Pereira Pinto
Técnica: mista. colagem. lápis de cor
Data: outubro/2005
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Cansei... Enchi...


Estou cansada do blá, blá, blá, cotidiano;
das pessoas me olhando;
das mãos se entrelaçando;
do mundo se acabando.

Estou cheia do corre-corre humano!

Estou cansada de percorrer a vida
sem que ela me percorra;
de ver tudo acontecer
sem corresponder aos anseios do viver.

De ver a vida acabar na morte
ou nossa sorte acabar num poste...

Estou cheia do ir e vir,
sem estar lá ou aqui...


Cansei de bocas e beijos vãos;
de entregar meu corpo a duas mãos;
de ferir meus sentimentos
e estraçalhar meu coração.

Cansei da noite envenenada,
já me cansei da madrugada.
Envenenei-me nos goles da bebida amarga!

Cansei de sentar por aí,
esperando “o” alguém chegar; e
esperar meus sonhos acontecerem
para a realidade se apagar.

Cansei de ouvir sem falar;
de engolir para agradar;
de fingir para viver;
e de ouvir sem querer.

Cansei do teatro da vida!


Cansei de ver o mundo;
de ver, da vida, o lado sujo;
de ver, dos homens, a falsidade;
de ver, os pobres pela cidade.

Cansei de ver a doença corroer a carne!

De ser mulher arrependida;
de ser algo, não ser alguém;
de não corresponder ninguém;
cansei de não ser!

Cansei de ser passado, presente ou futuro.
Cansei de provar um pouco de tudo.
Cansei das revoltas, misérias e políticas.
Cansei do movimento, do inerte.

Enchi de tudo e estou vazia, sem nada.
Cansei do pouco e do muito fiquei cansada.
Cansei... Enchi....


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(obs.: Escrevi este poema há mais de 20 anos. Ainda me sinto parecida em muitos versos hahahha. Outros eu mudaria... Mas resolvi postá-lo aqui no original)

Vida de blogueira... ou confissões?

Imagem e texto por Solange Pereira Pinto




Vida de blogueira... ou confissões?



Curiosidade. Essa é a palavra que melhor me define? Ou seria insatisfação? Inquietude? Hum... Olhando o dicionário acho que é a primeira mesmo. Sou curiosa e intensa. Desejo ver, ouvir, conhecer, experimentar, saber. Sou irrequieta. Vivo num desassossego permanente.

Conheci a internet e seus mistérios há 10 anos. Pouco tempo, né? E fui fuçando. Dos antigos ICQs para os atuais MSNs, muito ou quase nada mudou. Depende. Hoje se tem mais recursos. Orkut. Blog. Wiki. Emotions. Fotolog... Têm-se mais autonomia e menos custos. Mas, o vício, diria, é o mesmo. Viver entre hiperlinks e me perder no virtual. Ou me encontrar?

Quanta gente já cruzou minha tela? Nem sei. Quantas páginas já li? Não tenho idéia. Quantas raivas já passei? Inúmeras. Amigos? Encontrei. Diversão? Muiiiiiiiiiiita. Até minha forma de escrever.. ai ai ai... mudou (rsss).

Hoje consigo me permitir certas abreviações. Alongar vogais, e até engoli-las. Esticar o “s”, prolongar o “k” num kkkkkkkkkkk. Sou mais flexível. Incorporei novas formas de comunicação, não tenho dúvidas. De relação, também.

Mas, o tema é vida de blogueira... ou confissões? Foi em 2004 que me encantei pelos “diários virtuais”. De observadora passei a “afixionada”. É, presa a eles. Acho que já fiz (ou colaboro ou participo) quase vinte blogs pessoais, profissionais e supervisionei mais de uma centena(de alunos).

Não tive coragem de deletar nenhum. Contudo, consegui abandonar vários. “Idéias e ideais”, que deu seguimento ao “Se for preciso grite”, é o que se mantém melhor. Foi com este que aprendi a ser “blogueira”. Inovar. Arriscar. Testar. Compartilhar. Errar. Arrepender. Emocionar. É neste blog que eu mais sou eu. A “Soll” nua (ou quase).

Foi em 13 de agosto de 2005 que o embrião surgiu (no UOL) até eu parir aqui (no Blogger) em abril deste ano. Pois bem, no começo não me preocupava muito com “acessos”, quem visitava, se o blog era visto ou não. Os desejos maiores eram publicar textos, curiosidades, e brincar com a ferramenta. Era uma experiência solitária, talvez.

Acontece que fui gostando de brincar. E queria companhia. Brincar sozinha é muito chato, às vezes. Fui incrementando. Ampliando a rede. Até me dar conta que, fazia tempo, eu publicava para meus leitores (mesmo que não os conhecesse). Nem tudo é claro. (algumas coisas são especialmente egoístas e somente para mim rsss).

No entanto, percebi (ou tomei consciência?) que cada comentário deixado (desde sempre), cada pulo no número de acessos, tornava meu dia melhor, mais acolhido, mais feliz.

Dei-me conta que o blogIdéias e Ideais” tinha se tornado um lugar de amigos, de encontros (ainda que breves). Tal qual um telefonema para dar um “oi”, ou um bom-dia no elevador, ou uma piscadinha a distância. Um lugar para eu passar diariamente e aumentar o meu número de sorrisos para alimentar o dia.

Posso confessar que me faz muito bem receber meus convidados, ainda que virtuais, com um post diferente, com uma crítica, com uma frase, com uma arte, com uma foto.

Passear pelos blogs dos meus visitantes e amigos também se tornou uma alegre rotina. Pude conhecer melhor cada um deles. O blog é sim uma parte de nós. Uma extensão sem dono, que qualquer um pode pegar. É uma licença, um conceder. É um despir que o outro (na maioria das vezes) respeita.

Não conheceria facetas de tantas pessoas, como as conheço a partir de seus blogs. Cada post é um falar de si mesmo, ainda que o assunto não seja pessoal. Ser blogueiro é, para mim, um “se revelar” corajoso.

Ontem, fui ver as estatísticas do meu blog. Fiquei surpresa. Foram (em setembro) 1150 acessos e mais de duas mil páginas visitadas. Algo que jamais sonhei quando me investi nesta empreitada. Vem gente de todo lugar do Brasil, e até do mundo. Pessoas que vêm aqui das mais variadas maneiras. Seja pelo google, seja por convite ou indicação, seja por acidente. Não importa a forma.

O que posso dizer é que ter me tornado blogueira me levou para mais perto de pessoas formidáveis e, principalmente, me trouxe para mais próxima de mim mesma. Tenho me conhecido muito a partir daqui e de vocês que me visitam.
Ser blogueiro, eu recomendo! Beijos! Da Soll.

02 outubro, 2006

Confira: resultado das eleições 2006 em todo o Brasil

Gente, tá aí um link útil.


O resultado das eleições 2006 em nosso país. Por estado: senador, deputado federal, deputado estadual e distrital.


Depois farei meus comentários sobre o domingo eleitoral, por enquanto fica aqui o mapa dos "vencedores e derrotados".


Alguns são de embrulhar o estômago. Outros de chorar. De rir. E de vontade de mudar de planeta.



Pelo menos a Bahia tá feliz. Finalmente o comando ACM parece cair...



Brasília já não pode dizer o mesmo... Roriz foi eleito senador!


Hahahha Família Siqueira Campos se danou no Tocantins!



Como dizia Machado "mais fácil cair do céu do que do terceiro andar"...


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contabilidade heheheh:

Eleitorado: 125.913.479


Votos Válidos 95.996.466 (91,58%)

Brancos 2.866.203 (2,73%)

Nulos 5.957.196 (5,68%)


Parece baixo o percentual de voto nulo.
Achei que seria maior em função das campanhas feitas ao NULO....


beijocas!

01 outubro, 2006

Sem arte não dá

Texto e imagem por Solange Pereira Pinto
sem título
Autora: Solange Pereira Pinto
Técnica: Desenho em bic e manipulação digital
Data: 1/outubro/2006
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Hoje, dia de eleição. Vontade zero de votar. Aliás, não quero nem sair de casa. Para nada!Pendências totais após uma "leve-depressão-profunda-questionadora-dolorosa" (que ainda nem se foi direito). Por que tanta "existência" para uns e tão pouca para outros?


Fico pensando em quem não deseja nada solidário. Aquele que só pensa em si mesmo. Não tem ideais coletivos. Não pensa na transformação do mundo. Não pretende (agindo) uma sociedade melhor. Apenas faz discurso e reclama. Nem falo de política, que para muitos virou emprego. Falo de vida cotidiana. De formiga. De cigarra. De cada um de nós.


Observo aqueles que não se ligam na arte, na poesia, na literatura, na música... e que ficam no mero entretenimento da vida. Sábios? Sem cultura. Sem aprofundamento. Ficam na superfície. Boiando para aonde a onda leva. E muitas vezes se agarrando em quem sabe mergulhar e quase afogando o outro. E por que outros vão tão profundo, são tão inquietos, insatisfeitos, querem mudar o mundo? Se fazem de bóias? Não sei...


Estou meio cansada das profundezas, das belezas dos corais, da força das marés, da correnteza, dos devoradores, de degladiar para socorrer peixes miúdos. Queria por um tempo apenas flutuar. Deixar o tempo me carregar. Sem olhar para trás. Sem dúvida. Sem arrependimento. Sem culpa.


Jogar-me na ventania. Ser a cigarra que canta na primavera e morre seca no tronco da árvore. Sem carregar em mim o peso interno de ser saúva. Ainda não aprendi deixar a casca descolar. Quero mais é cantar... cantar... cantar... Não é isso Cacau? Não é Manoela? Que tal Alena? E tantas outras companheiras de vôo.



Sem arte não sei viver. Também não consigo ignorar o que se passa a minha volta. É preciso fechar os olhos? Não basta! É preciso tapar os ouvidos? Não basta! É preciso calar as palavras? Não basta! É, talvez, necessário trancafiar a alma. Isso não sei mesmo se sei fazer. Transbordo demais. Então, que seja pelo mesmo em arte, em literatura, em acolhimento, em troca, em compartilhamento.
E as dores?


Essas que passem... e não pesem. Estou cansada! Mas a casca oca, presa na árvore, será a memória de que ali habitou uma cigarra...


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"Quanto mais eu observo o Universo mais ele se parece a um grande pensamento do que a uma grande máquina"
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(Albert Einstein)

Conexões: possíveis?


Título - O que há no olhar
Autora: Solange Pereira Pinto
Técnica: Desenho em Bic e manipulação
Data: setembro/2006
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"A angústia é o preço da lucidez" (não me lembro a autoria)

Mongol dá canja após show

Imagem e texto por Solange Pereira Pinto



O músico, compositor e cantor Mongol deu uma canja na madrugada brasiliense. Após show no Music Station, foi para o Sabor Brasil (famosa sopa noturna de Brasília) com amigos. Lá, depois de muito papo e cervejas Mongol, conhecido na década de 80 por sua composição Agonia (parceria com Oswaldo Montenegro), pegou o violão e soltou a voz. Apesar de uns chatos bêbados pegando no seu pé e dando show de falta de educação à parte, foi interessante ver a sensibilidade e doçura expressas no olhar e na música do cantor. Eu, particularmente, gostei. A brincadeira aconteceu até o sol nascer. Haja fôlego! Ah, detalhe, o show de estrelismo ficou por conta de uns poucos que o acompanhavam. Ele próprio estava bem na dele. Parabéns, Mongol!

Frase retirada do orkut... muito boa...

"Parece que o mundo só salta quando empurrado pelos atormentados. Newton quase morreu, andava procurando um código na Bíblia, e descobriram uma porção de obras suas dedicadas à velha Alquimia. Marx quase deixou a família morrer de fome. Freud era meio pancada. Wilhelm Reich, brigou com todo mundo, fez chover no deserto com seu cloudbuster e acabou morto pela democracia americana. Jung andava as voltas com seus fantasmas... Pauling, Einstein, Darwin, Crick e uma legião de outros. Quando se olha na fileira do tempo dá prá ver uma porção deles acenando as mãos. Parece que a humanidade tem um grande débito com esses caras." (Trecho escrito por Caio numa comunidade no orkut).
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Com certeza sem crise (crítica) não há mudança! Que venham os inquietos e loucos para transformar. Realmente não é a passividade que move. Embora estejamos mais que nunca precisando de PAZ!