17 fevereiro, 2008
16 fevereiro, 2008
Os textos que não fiz
Hoje eu tinha alguns temas para escrever. É que o meu senso crítico não me deixa dormir. No paradoxo do comichão de falar sobre o que penso, eu me adio, fico com sono e querendo tirar o sonso da sonsice. Estrepo-me! Então, por hoje resolvi não dizer.
Hoje eu falaria sobre o mito da caverna de Platão ao século XXI e diria que o senso crítico é inato, que escola não serve para nada. Tentar tirar da ignorância o outro é bobagem e perda de tempo.
Hoje eu diria sobre o caso Timothy da UnB e seu apartamento de luxo, cobertura, não para criticar e sim para apoiar e acabar com essa mania burra de brasileiro com síndrome de pobreza. Tudo que é público tem que ser uma merda? Negativamente, eu argumentaria.
Hoje eu escreveria sobre o dever de casa da minha filha que pede para ela citar quais são os meios de notícia que ela utiliza aos 6 anos de idade, para mostrar o quanto imbecil está nossa sociedade, acreditando que criança que vê a Globo e lê a Veja é bem-informada ou faz a diferença.
Hoje eu faria um abaixo-assinado contra a operadora a cabo Mais TV e todos os usuários imbecis que, ao escolherem "ser mais um", decidiram acabar com a transmissão do canal brasileiro TV Ratimbum e colocar em seu lugar mais enlatados americanos e desenhos violentos, ruidosos e chatos, como o Jetix, retrato da suprema alienação.
Hoje eu contaria com mais detalhes às minhas amigas solteiras desesperadas, na fase dos trinta, que a carência nessa fase é normal e achar que filho é solução é hormonal.
Hoje eu publicaria sobre a "utopia da aceitação das diferenças", pois quem pretende mudar o mundo é sempre mégalo-ego-cêntrico-maníaco e quer um lugar que lhe caiba, assim como ele acha certo, melhor, correto, do tipo "igual eu sou e penso". Mudar o outro para ser como eu quero! Diferenças? Ao escambau! Afinal, eu sei melhor o que é um lugar melhor PARA TODOS.
Hoje eu destacaria o dilema de ensinar valores de honestidade e ética a uma criança, pois isso pode inviabilizar a sobrevivência dela amanhã (e por longo tempo, tipo eternamente).
Hoje eu confessaria que não sirvo para este mundo na mesma medida em que ele não me serve.
Hoje eu me calaria diante de tanta coisa a falar, simplesmente porque não adianta porcaria alguma e minha coroa já foi encomendada.
Hoje eu falaria sobre o mito da caverna de Platão ao século XXI e diria que o senso crítico é inato, que escola não serve para nada. Tentar tirar da ignorância o outro é bobagem e perda de tempo.
Hoje eu diria sobre o caso Timothy da UnB e seu apartamento de luxo, cobertura, não para criticar e sim para apoiar e acabar com essa mania burra de brasileiro com síndrome de pobreza. Tudo que é público tem que ser uma merda? Negativamente, eu argumentaria.
Hoje eu escreveria sobre o dever de casa da minha filha que pede para ela citar quais são os meios de notícia que ela utiliza aos 6 anos de idade, para mostrar o quanto imbecil está nossa sociedade, acreditando que criança que vê a Globo e lê a Veja é bem-informada ou faz a diferença.
Hoje eu faria um abaixo-assinado contra a operadora a cabo Mais TV e todos os usuários imbecis que, ao escolherem "ser mais um", decidiram acabar com a transmissão do canal brasileiro TV Ratimbum e colocar em seu lugar mais enlatados americanos e desenhos violentos, ruidosos e chatos, como o Jetix, retrato da suprema alienação.
Hoje eu contaria com mais detalhes às minhas amigas solteiras desesperadas, na fase dos trinta, que a carência nessa fase é normal e achar que filho é solução é hormonal.
Hoje eu publicaria sobre a "utopia da aceitação das diferenças", pois quem pretende mudar o mundo é sempre mégalo-ego-cêntrico-maníaco e quer um lugar que lhe caiba, assim como ele acha certo, melhor, correto, do tipo "igual eu sou e penso". Mudar o outro para ser como eu quero! Diferenças? Ao escambau! Afinal, eu sei melhor o que é um lugar melhor PARA TODOS.
Hoje eu destacaria o dilema de ensinar valores de honestidade e ética a uma criança, pois isso pode inviabilizar a sobrevivência dela amanhã (e por longo tempo, tipo eternamente).
Hoje eu confessaria que não sirvo para este mundo na mesma medida em que ele não me serve.
Hoje eu me calaria diante de tanta coisa a falar, simplesmente porque não adianta porcaria alguma e minha coroa já foi encomendada.
Os origamis que fiz III
Os textos que não fiz
Hoje eu tinha alguns temas para escrever. É que o meu senso crítico não me deixa dormir. No paradoxo do comichão de falar sobre o que penso, eu me adio, fico com sono e querendo tirar o sonso da sonsice. Estrepo-me! Então, por hoje resolvi não dizer.
Hoje eu falaria sobre o mito da caverna de Platão ao século XXI e diria que o senso crítico é inato, que escola não serve para nada. Tentar tirar da ignorância o outro é bobagem e perda de tempo.
Hoje eu diria sobre o caso Timothy da UnB e seu apartamento de luxo, cobertura, não para criticar e sim para apoiar e acabar com essa mania burra de brasileiro com síndrome de pobreza. Tudo que é público tem que ser uma merda? Negativamente, eu argumentaria.
Hoje eu escreveria sobre o dever de casa da minha filha que pede para ela citar quais são os meios de notícia que ela utiliza aos 6 anos de idade, para mostrar o quanto imbecil está nossa sociedade, acreditando que criança que vê a Globo e lê a Veja é bem-informada ou faz a diferença.
Hoje eu faria um abaixo-assinado contra a operadora a cabo Mais TV e todos os usuários imbecis que, ao escolherem "ser mais um", decidiram acabar com a transmissão do canal brasileiro TV Ratimbum e colocar em seu lugar mais enlatados americanos e desenhos violentos, ruidosos e chatos, como o Jetix, retrato da suprema alienação.
Hoje eu contaria com mais detalhes às minhas amigas solteiras desesperadas, na fase dos trinta, que a carência nessa fase é normal e achar que filho é solução é hormonal.
Hoje eu publicaria sobre a "utopia da aceitação das diferenças", pois quem pretende mudar o mundo é sempre mégalo-ego-cêntrico-maníaco e quer um lugar que lhe caiba, assim como ele acha certo, melhor, correto, do tipo "igual eu sou e penso". Mudar o outro para ser como eu quero! Diferenças? Ao escambau! Afinal, eu sei melhor o que é um lugar melhor PARA TODOS.
Hoje eu destacaria o dilema de ensinar valores de honestidade e ética a uma criança, pois isso pode inviabilizar a sobrevivência dela amanhã (e por longo tempo, tipo eternamente).
Hoje eu confessaria que não sirvo para este mundo na mesma medida em que ele não me serve.
Hoje eu me calaria diante de tanta coisa a falar, simplesmente porque não adianta porcaria alguma e minha coroa já foi encomendada.

A teoria da Caverna (wikipédia)
Platão, República, Livro VII, 514a-517c
Depois disto – prossegui eu – imagina a nossa natureza, relativamente à educação ou à sua falta, de acordo com a seguinte experiência. Suponhamos uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo o comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são incapazes de voltar a cabeça, por causa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe, numa eminência, por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro, no género dos tapumes que os homens dos "robertos" colocam diante do público, para mostrarem as suas habilidades por cima deles. – Estou a ver – disse ele.
– Visiona também ao longo deste muro, homens que transportam toda a espécie de objectos, que o ultrapassam: estatuetas de homens e de animais, de pedra e de madeira, de toda a espécie de lavor; como é natural, dos que os transportam, uns falam, outros seguem calados.
– Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas – observou ele.
– Semelhantes a nós – continuei -. Em primeiro lugar, pensas que, nestas condições, eles tenham visto, de si mesmo e dos outros, algo mais que as sombras projectadas pelo fogo na parede oposta da caverna?
– Como não – respondeu ele –, se são forçados a manter a cabeça imóvel toda a vida?
– E os objectos transportados? Não se passa o mesmo com eles ?
– Sem dúvida.
– Então, se eles fossem capazes de conversar uns com os outros, não te parece que eles julgariam estar a nomear objectos reais, quando designavam o que viam?
– É forçoso.
– E se a prisão tivesse também um eco na parede do fundo? Quando algum dos transeuntes falasse, não te parece que eles não julgariam outra coisa, senão que era a voz da sombra que passava?
– Por Zeus, que sim!
– De qualquer modo – afirmei – pessoas nessas condições não pensavam que a realidade fosse senão a sombra dos objectos.
– É absolutamente forçoso – disse ele.
– Considera pois – continuei – o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objectos cujas sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objectos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objectos que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria em dificuldades e suporia que os objectos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam?
– Muito mais – afirmou.
– Portanto, se alguém o forçasse a olhar para a própria luz, doer-lhe-iam os olhos e voltar-se-ia, para buscar refúgio junto dos objectos para os quais podia olhar, e julgaria ainda que estes eram na verdade mais nítidos do que os que lhe mostravam?
– Seria assim – disse ele.
– E se o arrancassem dali à força e o fizessem subir o caminho rude e íngreme, e não o deixassem fugir antes de o arrastarem até à luz do Sol, não seria natural que ele se doesse e agastasse, por ser assim arrastado, e, depois de chegar à luz, com os olhos deslumbrados, nem sequer pudesse ver nada daquilo que agora dizemos serem os verdadeiros objectos?
– Não poderia, de facto, pelo menos de repente.
– Precisava de se habituar, julgo eu, se quisesse ver o mundo superior. Em primeiro lugar, olharia mais facilmente para as sombras, depois disso, para as imagens dos homens e dos outros objectos, reflectidas na água, e, por último, para os próprios objectos. A partir de então, seria capaz de contemplar o que há no céu, e o próprio céu, durante a noite, olhando para a luz das estrelas e da Lua, mais facilmente do que se fosse o Sol e o seu brilho de dia.
– Pois não!
– Finalmente, julgo eu, seria capaz de olhar para o Sol e de o contemplar, não já a sua imagem na água ou em qualquer sítio, mas a ele mesmo, no seu lugar.
– Necessariamente.
– Depois já compreenderia, acerca do Sol, que é ele que causa as estações e os anos e que tudo dirige no mundo visível, e que é o responsável por tudo aquilo de que eles viam um arremedo.
– É evidente que depois chegaria a essas conclusões.
– E então? Quando ele se lembrasse da sua primitiva habitação, e do saber que lá possuía, dos seus companheiros de prisão desse tempo, não crês que ele se regozijaria com a mudança e deploraria os outros?
– Com certeza.
– E as honras e elogios, se alguns tinham então entre si, ou prémios para o que distinguisse com mais agudeza os objectos que passavam e se lembrasse melhor quais os que costumavam passar em primeiro lugar e quais em último, ou os que seguiam juntos, e àquele que dentre eles fosse mais hábil em predizer o que ia acontecer – parece-te que ele teria saudades ou inveja das honrarias e poder que havia entre eles, ou que experimentaria os mesmos sentimentos que em Homero, e seria seu intenso desejo "servir junto de um homem pobre, como servo da gleba", e antes sofrer tudo do que regressar àquelas ilusões e viver daquele modo?
– Suponho que seria assim – respondeu – que ele sofreria tudo, de preferência a viver daquela maneira.
– Imagina ainda o seguinte – prossegui eu -. Se um homem nessas condições descesse de novo para o seu antigo posto, não teria os olhos cheios de trevas, ao regressar subitamente da luz do Sol?
– Com certeza.
– E se lhe fosse necessário julgar daquelas sombras em competição com os que tinham estado sempre prisioneiros, no período em que ainda estava ofuscado, antes de adaptar a vista – e o tempo de se habituar não seria pouco – acaso não causaria o riso, e não diriam dele que, por ter subido ao mundo superior, estragara a vista, e que não valia a pena tentar a ascensão ? E a quem tentasse soltá-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e matá-lo, não o matariam ?
– Matariam, sem dúvida – confirmou ele.
– Meu caro Gláucon, este quadro – prossegui eu – deve agora aplicar-se a tudo quanto dissemos anteriormente, comparando o mundo visível através dos olhos à caverna da prisão, e a luz da fogueira que lá existia à força do Sol. Quanto à subida ao mundo superior e à visão do que lá se encontra, se a tomares como a ascensão da alma ao mundo inteligível, não iludirás a minha expectativa, já que é teu desejo conhecê-la. O Deus sabe se ela é verdadeira. Pois, segundo entendo, no limite do cognoscível é que se avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo; que, no mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível, é ela a senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para se ser sensato na vida particular e pública.
Hoje eu falaria sobre o mito da caverna de Platão ao século XXI e diria que o senso crítico é inato, que escola não serve para nada. Tentar tirar da ignorância o outro é bobagem e perda de tempo.
Hoje eu diria sobre o caso Timothy da UnB e seu apartamento de luxo, cobertura, não para criticar e sim para apoiar e acabar com essa mania burra de brasileiro com síndrome de pobreza. Tudo que é público tem que ser uma merda? Negativamente, eu argumentaria.
Hoje eu escreveria sobre o dever de casa da minha filha que pede para ela citar quais são os meios de notícia que ela utiliza aos 6 anos de idade, para mostrar o quanto imbecil está nossa sociedade, acreditando que criança que vê a Globo e lê a Veja é bem-informada ou faz a diferença.
Hoje eu faria um abaixo-assinado contra a operadora a cabo Mais TV e todos os usuários imbecis que, ao escolherem "ser mais um", decidiram acabar com a transmissão do canal brasileiro TV Ratimbum e colocar em seu lugar mais enlatados americanos e desenhos violentos, ruidosos e chatos, como o Jetix, retrato da suprema alienação.
Hoje eu contaria com mais detalhes às minhas amigas solteiras desesperadas, na fase dos trinta, que a carência nessa fase é normal e achar que filho é solução é hormonal.
Hoje eu publicaria sobre a "utopia da aceitação das diferenças", pois quem pretende mudar o mundo é sempre mégalo-ego-cêntrico-maníaco e quer um lugar que lhe caiba, assim como ele acha certo, melhor, correto, do tipo "igual eu sou e penso". Mudar o outro para ser como eu quero! Diferenças? Ao escambau! Afinal, eu sei melhor o que é um lugar melhor PARA TODOS.
Hoje eu destacaria o dilema de ensinar valores de honestidade e ética a uma criança, pois isso pode inviabilizar a sobrevivência dela amanhã (e por longo tempo, tipo eternamente).
Hoje eu confessaria que não sirvo para este mundo na mesma medida em que ele não me serve.
Hoje eu me calaria diante de tanta coisa a falar, simplesmente porque não adianta porcaria alguma e minha coroa já foi encomendada.

A teoria da Caverna (wikipédia)
Platão, República, Livro VII, 514a-517c
Depois disto – prossegui eu – imagina a nossa natureza, relativamente à educação ou à sua falta, de acordo com a seguinte experiência. Suponhamos uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo o comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são incapazes de voltar a cabeça, por causa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe, numa eminência, por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro, no género dos tapumes que os homens dos "robertos" colocam diante do público, para mostrarem as suas habilidades por cima deles. – Estou a ver – disse ele.
– Visiona também ao longo deste muro, homens que transportam toda a espécie de objectos, que o ultrapassam: estatuetas de homens e de animais, de pedra e de madeira, de toda a espécie de lavor; como é natural, dos que os transportam, uns falam, outros seguem calados.
– Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas – observou ele.
– Semelhantes a nós – continuei -. Em primeiro lugar, pensas que, nestas condições, eles tenham visto, de si mesmo e dos outros, algo mais que as sombras projectadas pelo fogo na parede oposta da caverna?
– Como não – respondeu ele –, se são forçados a manter a cabeça imóvel toda a vida?
– E os objectos transportados? Não se passa o mesmo com eles ?
– Sem dúvida.
– Então, se eles fossem capazes de conversar uns com os outros, não te parece que eles julgariam estar a nomear objectos reais, quando designavam o que viam?
– É forçoso.
– E se a prisão tivesse também um eco na parede do fundo? Quando algum dos transeuntes falasse, não te parece que eles não julgariam outra coisa, senão que era a voz da sombra que passava?
– Por Zeus, que sim!
– De qualquer modo – afirmei – pessoas nessas condições não pensavam que a realidade fosse senão a sombra dos objectos.
– É absolutamente forçoso – disse ele.
– Considera pois – continuei – o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objectos cujas sombras via outrora. Que julgas tu que ele diria, se alguém lhe afirmasse que até então ele só vira coisas vãs, ao passo que agora estava mais perto da realidade e via de verdade, voltado para objectos mais reais? E se ainda, mostrando-lhe cada um desses objectos que passavam, o forçassem com perguntas a dizer o que era? Não te parece que ele se veria em dificuldades e suporia que os objectos vistos outrora eram mais reais do que os que agora lhe mostravam?
– Muito mais – afirmou.
– Portanto, se alguém o forçasse a olhar para a própria luz, doer-lhe-iam os olhos e voltar-se-ia, para buscar refúgio junto dos objectos para os quais podia olhar, e julgaria ainda que estes eram na verdade mais nítidos do que os que lhe mostravam?
– Seria assim – disse ele.
– E se o arrancassem dali à força e o fizessem subir o caminho rude e íngreme, e não o deixassem fugir antes de o arrastarem até à luz do Sol, não seria natural que ele se doesse e agastasse, por ser assim arrastado, e, depois de chegar à luz, com os olhos deslumbrados, nem sequer pudesse ver nada daquilo que agora dizemos serem os verdadeiros objectos?
– Não poderia, de facto, pelo menos de repente.
– Precisava de se habituar, julgo eu, se quisesse ver o mundo superior. Em primeiro lugar, olharia mais facilmente para as sombras, depois disso, para as imagens dos homens e dos outros objectos, reflectidas na água, e, por último, para os próprios objectos. A partir de então, seria capaz de contemplar o que há no céu, e o próprio céu, durante a noite, olhando para a luz das estrelas e da Lua, mais facilmente do que se fosse o Sol e o seu brilho de dia.
– Pois não!
– Finalmente, julgo eu, seria capaz de olhar para o Sol e de o contemplar, não já a sua imagem na água ou em qualquer sítio, mas a ele mesmo, no seu lugar.
– Necessariamente.
– Depois já compreenderia, acerca do Sol, que é ele que causa as estações e os anos e que tudo dirige no mundo visível, e que é o responsável por tudo aquilo de que eles viam um arremedo.
– É evidente que depois chegaria a essas conclusões.
– E então? Quando ele se lembrasse da sua primitiva habitação, e do saber que lá possuía, dos seus companheiros de prisão desse tempo, não crês que ele se regozijaria com a mudança e deploraria os outros?
– Com certeza.
– E as honras e elogios, se alguns tinham então entre si, ou prémios para o que distinguisse com mais agudeza os objectos que passavam e se lembrasse melhor quais os que costumavam passar em primeiro lugar e quais em último, ou os que seguiam juntos, e àquele que dentre eles fosse mais hábil em predizer o que ia acontecer – parece-te que ele teria saudades ou inveja das honrarias e poder que havia entre eles, ou que experimentaria os mesmos sentimentos que em Homero, e seria seu intenso desejo "servir junto de um homem pobre, como servo da gleba", e antes sofrer tudo do que regressar àquelas ilusões e viver daquele modo?
– Suponho que seria assim – respondeu – que ele sofreria tudo, de preferência a viver daquela maneira.
– Imagina ainda o seguinte – prossegui eu -. Se um homem nessas condições descesse de novo para o seu antigo posto, não teria os olhos cheios de trevas, ao regressar subitamente da luz do Sol?
– Com certeza.
– E se lhe fosse necessário julgar daquelas sombras em competição com os que tinham estado sempre prisioneiros, no período em que ainda estava ofuscado, antes de adaptar a vista – e o tempo de se habituar não seria pouco – acaso não causaria o riso, e não diriam dele que, por ter subido ao mundo superior, estragara a vista, e que não valia a pena tentar a ascensão ? E a quem tentasse soltá-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e matá-lo, não o matariam ?
– Matariam, sem dúvida – confirmou ele.
– Meu caro Gláucon, este quadro – prossegui eu – deve agora aplicar-se a tudo quanto dissemos anteriormente, comparando o mundo visível através dos olhos à caverna da prisão, e a luz da fogueira que lá existia à força do Sol. Quanto à subida ao mundo superior e à visão do que lá se encontra, se a tomares como a ascensão da alma ao mundo inteligível, não iludirás a minha expectativa, já que é teu desejo conhecê-la. O Deus sabe se ela é verdadeira. Pois, segundo entendo, no limite do cognoscível é que se avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo; que, no mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível, é ela a senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para se ser sensato na vida particular e pública.
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pensando alto
Frase do universo (interno)
As sábias palavras de Nicolas Sarkozy no seu discurso de posse:"Vou reabilitar o trabalho!"; e, a seguir, "Primeiro os deveres, depois os direitos!".
______________
´para esse bando de "trabalhador" público....
______________
´para esse bando de "trabalhador" público....
14 fevereiro, 2008
Projeto de papel

Um projeto muito interessante é o Paper Quilt criado por uma artista-plástica ambientalista. Na trama, "viciados em papéis de várias partes do mundo" recebem retalhinhos e têm que criar uma espécie de postal. Segundo a artista, Dawbis, o projeto envolve artistas de 32 países e ao final de um ano as peças serão leiloadas e o fundo revertido para alguma organização ambientalista. Adorei a idéia e o ideal. Parabéns!
p.s. nada mais justo, pois fazer papel pode detonar o meio-ambiente.
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Tá rolando por aí
13 fevereiro, 2008
reflexão
"Problema: as pessoas têm medo de se comprometerem com os próprios desejos. "Se não se comprometem com suas próprias necessidades, não podem se comprometer com os outros", diz a psicóloga Suely Gevertz. Para ela, o ser humano faz de tudo para evitar o conflito com suas angústias. Só vai enfrentá-lo se for impulsionado por exigência externa".
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A insensatez de viver - da menarca à menopausa

Foto-arte e texto de Solange Pereira Pinto
Entre um pedaço de bolo e outro brigadeiro, a adolescência é uma fase de escolhas insensatas (somente ela?). Estava lembrando dos namoricos, rolinhos e paixonites agudas. Eu, minhas amigas, nossos amigos, em geral, concretizavámos a "Quadrilha" do Drummond. No estilo comum: despreza-se quem gosta de você e apaixona-se por quem não lhe retribui. Sai-se da juventude (será?) e na maturidade podemos rever o passado como quem folheia um livro. Ou melhor, para quem tem hábito de fotografia, rever as fotos.
Lá está o menino cheio de espinhas no rosto, caçoado pela turma do prédio. Quieto. Bondoso. Gentil. Mas com "pus na cara". Do outro lado a menina magrela, dentuça, sacaneada pela geral. Inteligente. Tímida. Solidária. Mas com ossos grandes demais. Eles se olham. Ele quer namorá-la. Mas ela quer namorar o menino-bonito-olhos-verdes da turma. O menino-verde quer namorar a garota-morena-de-sardinha-no-rosto. Ela também quer.
Por trás de espinhas, dentões, óculos-fundo-de-garrafa, gordurinhas, vesguice, orelhas-de-abano, pernas tortas, altura a mais, altura a menos, branquelice e negritude, estão seres humanos carentes, indecisos e insensatos, esfomeados de vida, com hormônios “apaixonados”.
Ao que parece o tal bom-senso para bem se viver não vem no DNA. Aprender as regrinhas do "esbarrar-se em sociedade" é custoso. A diplomacia, a hipocrisia, a conveniência são substantivos necessários, porém difíceis de juntar a alguns princípios e valores (pelo menos para uns).
Do outro lado da praça, a menina de tranças e aparelho escreve um bilhete aceitando o namoro. Seria seu primeiro beijo. Rapidamente, Léo atravessa a pista. Estava de mãos dadas com a loirinha da rua abaixo. Os tiquinhos de papel são jogados na lata de lixo do parque. Ela chora de amor pela primeira vez. Não, não. Sarinha leva um fora e fica com muita raiva. Rasga o papel com mágoa. As lágrimas vêm do ódio da rejeição. Assim será por muito tempo.
Todos crescem. As árvores da pracinha fazem mais sombra. A última página do álbum mostra o casamento da Marcinha com Tiago. Eram vizinhos. O menino espinhento virou juiz e é casado com uma loirona gostosa, que não chegou a ver as espinhas em seu rosto (certas marcas se tornam charme). O garoto de olhos verde se tornou viciado em cocaína. A menina de sardas no rosto, guardete no subúrbio, está no terceiro casamento. A magrela engordou, continua dentuça e inteligente. Dizem que, atualmente, ela gasta horas a escrever estórias sobre o quanto viver pode ser insensato. Não se casou no papel e certos substantivos... deixa prá lá.
_________________________________________________
Carlos Drummond escreveu:
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
_____________________________________
QUADRILHA (C.D.A)
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
___________________________________________________
12 fevereiro, 2008
Ney Matogrosso
sou eu
"Pensem nas mulheres rotas alteradas"!
__________________________
Mas oh! não se esqueçam
Da rosa da rosa
__________________________
Mas oh! não se esqueçam
Da rosa da rosa
10 fevereiro, 2008
Educação por quilo. Ops, por Kit!

Por Solange Pereira Pinto
- Ah, até que está barato. Tem livro didático muito mais caro por aí, ressaltou o vendedor.
- Mas... Ué, livro de primário agora vem em kit?, questionou Luciana.
- Deve ser moda, né dona! Tem kit pra tudo he he.
- Ah, sei. E, me diz uma coisa, professora tem desconto aqui na livraria?
- Tem sim, de 10% em qualquer livro, menos papelaria e livros didáticos.
- Como assim, qualquer livro se não há desconto para livro didático? Quer dizer que eu posso comprar bíblias com desconto, livros de auto-ajuda com desconto, romances com desconto, mas não posso comprar livros escolares com desconto? Eu não estou lhe entendendo...
(o texto continua aqui...)
Farsa Medicina de A a Z - Na Veja que também não é lá grande coisa...

Silva e Quiroga (acima) e propaganda do livro no programa de Gugu (abaixo): 2 milhões de exemplares vendidos
Marcos Fernandes/Ag. Luz


Edição 1894 . 2 de março de 2005
Livros
Uma farsa de A a Z
Um dos livros mais vendidos no país tem autor-fantasma. Mas esse é o menor de seus males
texto: Ricardo Valladares
fotos: Claudio Rossi
Um dos maiores best-sellers do país no momento, o livro Medicina Alternativa de A a Z é uma fraude. Apanhado de crendices e terapias não-avalizadas pelos médicos, ele ensina a tratar doenças com "remédios" à base de ingredientes frugais.
Para combater o câncer, recomenda que se coma apenas um tipo de fruta nas refeições. No caso do diabetes, indica a ingestão de suco de berinjela com argila. E por aí afora.
Com capa dura, fartamente ilustrado e preço de 62 reais, o livro já atingiu a marca dos 2 milhões de exemplares comercializados e apareceu no topo da lista de mais vendidos de VEJA por quase seis meses.
Suas vendas foram impulsionadas por uma campanha de divulgação maciça na televisão. Os editores compraram milhões de reais em espaço em diversos canais para veicular anúncios com a dançarina Sheila Mello. Além dela, apresentadores como Hebe Camargo, Ratinho e Gugu Liberato faturaram para tecer elogios ao livro, assinado por um certo Carlos Nascimento Spethmann.
O problema é que esse autor não existe. Pior: a obra foi escrita sem a assessoria de médicos. Seus editores, o carioca Luiz Carlos da Silva e o paulista Marcos Spethmann Quiroga, são ex-comportores – vendedores de livros de porta em porta. Graças a seu manual de curandeirismo, única obra lançada pela Editora Natureza, sediada na cidade mineira de Uberlândia, dizem ter faturado 40 milhões de reais no ano passado.
Questionados por VEJA sobre a identidade do autor de Medicina Alternativa de A a Z, os editores saíram-se com quatro respostas diferentes. Primeiro, disseram que ele seria um biólogo. Em seguida, contaram que se tratava de um pseudônimo, fazendo ar de mistério. Depois, falaram que o autor seria um pesquisador de uma localidade chamada Ituiutaba.
Só então revelaram a verdade: Carlos Nascimento Spethmann não é uma pessoa, e sim um composto dos nomes dos dois donos da editora e de um ex-parceiro, o jornalista Eliseu do Nascimento e Silva. "É um pool de pessoas", diz Luiz Carlos da Silva. Coube ao jornalista Nascimento redigir o manual. "Não ouvi médico nenhum", diz ele.
Hoje afastado do negócio, Nascimento não recebe nada pelas vendas. É professor de jornalismo numa faculdade paulista e mestrando em semiótica na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Ele simplesmente compilou e adaptou para a linguagem da auto-ajuda textos extraídos de livros de medicina alternativa lançados pela Editora Missionária A Verdade Presente, que pertence à Igreja Adventista do Sétimo Dia Movimento de Reforma – a mesma editora para a qual todos eles trabalhavam.
Essa editora, por sinal, foi notificada judicialmente pelos forjadores do livro Medicina Alternativa de A a Z, por ter lançado uma obra de formato semelhante. Em outras palavras, a Editora Natureza teria copiado a Editora Missionária A Verdade Presente, que agora a estaria copiando de volta. Um estranho caso de plágio do plágio.
Uma picaretagem como Medicina Alternativa de A a Z representa um risco para a saúde das pessoas. Os alimentos ajudam na manutenção de uma vida saudável, mas não curam doenças graves. Para eximir-se de responsabilidades, o livro volta e meia chama atenção para a necessidade de procurar um médico. Ao mesmo tempo, entretanto, propõe tratamentos mágicos (veja quadro). "Um livro como esse é um desserviço à população. Não pode ser chamado de medicina", diz o geriatra Clineu Almada Filho, da Escola Paulista de Medicina. "É uma irresponsabilidade", afirma o clínico geral Milton Glezer, da Universidade de São Paulo.
Medicina Alternativa de A a Z traz, nas primeiras páginas, artigos assinados por Zenildo Batista, Adilson Lopes e Luiz Carlos Junior. Todos são egressos da mesma igreja dos editores. Nas propagandas de televisão, fazem papel duplo como promotores de vendas e "terapeutas". Mas a credencial máxima de Batista, por exemplo, é um curso de fim de semana numa clínica paranaense. Eles defendem com unhas e dentes as terapias do livro. "Um empresário curou sua úlcera com um suco de batatas e espinheira-santa", diz Junior, exibindo o antes e o depois da endoscopia do paciente tratado com o tubérculo. Ao saber as opiniões dos médicos sobre o livro, o editor Quiroga anunciou que a obra passará por uma reformulação de conteúdo, a cargo de especialistas.
As inserções na TV respondem por 75% das vendas da obra. Os editores desembolsam 50.000 reais por cada aparição de cinco minutos no programa de Gugu. Também contrataram a produtora do apresentador para a criação de três anúncios de trinta minutos cada estrelados por Sheila Mello. A dançarina ganhou 50.000 reais pelo serviço. A cada vez que elogiou o livro em seu programa no SBT, Hebe Camargo embolsou 60.000 reais. O apresentador Ratinho gostou tanto dos curandeiros que lhes deu um desconto: em vez de cobrar dois cachês, cobra um e meio. "Ratinho é um parceiro. Pagamos 20.000 reais a ele", diz Silva. Tanto gasto vale a pena. Uma única propaganda no programa de Hebe resultou na venda de 10 800 livros. É tempo de o pessoal da TV pensar melhor ao endossar esse produto.
Com reportagem de Paula Aoyagui
Ameaça à saúde
Alguns absurdos do livro Medicina Alternativa de A a Z
BRONCOPNEUMONIA
Recomendações do livro: Tratamentos à base de mel de abelhas, suco de alho e sopa de cebola. Se nada funcionar em 48 a 72 horas, deve-se procurar auxílio
A palavra dos médicos: É uma doença grave. O atraso no tratamento com remédios pode ser fatal
ERISIPELA
Recomendações do livro: Hortaliças, arroz e argila devem ser aplicados sobre essa infecção de pele que acomete principalmente idosos e diabéticos. A doença seria "altamente contagiosa"
A palavra dos médicos: A erisipela não é contagiosa. Se não for tratada com antibióticos, pode resultar em infecção generalizada
DIABETES
Recomendações do livro: Indica uma compressa de argila com cebola ralada na região lombo-ventral e a ingestão de argila diluída em suco de berinjela, entre outros tratamentos
A palavra dos médicos: Tudo isso é inócuo. O perigo é o paciente apostar nessas soluções mágicas e se afastar do tratamento
• Nota: a partir desta edição, Medicina Alternativa de A a Z será retirado da lista de mais vendidos de VEJA. A cada semana, a lista oferece um instantâneo do mercado editorial. Mas também é usada como um guia de compras pelos leitores, razão pela qual a revista tomou essa decisão.
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Isto é para comprovar como é a revista mais lida na semana... vende fraude dos outros e dela própria...
09 fevereiro, 2008
Uma noiva atual - criatividade e reciclagem



Aluna da escola Municipal Rainha dos Apóstolos que participou do programa Cooperjovem na cidade de Palotina
pura reciclagem! adorei! no lugar dos copinhos de plásticos se pode usar garrafa pet...
Frase bonita
06 fevereiro, 2008
qual é o mínimo?
Raíssa Oliveira
Raíssa foi uma polêmica que deu certo. Em 2004, enquanto as escolas disputavam beldade a beldade para ter a melhor rainha de bateria, a Beija-flor de Nilópolis resolveu inovar. E colocou a menina da comunidade, de apenas 13 anos, à frente dos ritmistas da azul e branca de Nilópolis. Na época, a escola da baixada
fluminense chegou até ser acusada de pedofilia. Mas, depois da polêmica, o resultado agradou e a rainha foi considerada pé-quente. Tanto é que a menininha, que hoje tem 17 anos, continua no posto, começa a virar mulherão e a disputar os flashes e os olhares dos marmanjos com musas mais experientes.
- Qual foi sua reação ao saber que você foi escolhida Rainha de bateria da Beija Flor?
RAÍSSA responde - Eu juro que nem desconfiava. Sempre são mulheres e atrizes e sou muito nova pra isso. Fiquei muito feliz, pois nenhuma garota de minha comunidade tinha assumido este posto. Acho que mostrei pra todos que qualquer garota pode ser também. Todo mundo é igual e capaz de chegar aonde cheguei aqui em minha comunidade.
outras rainhas de 2008
Raíssa foi uma polêmica que deu certo. Em 2004, enquanto as escolas disputavam beldade a beldade para ter a melhor rainha de bateria, a Beija-flor de Nilópolis resolveu inovar. E colocou a menina da comunidade, de apenas 13 anos, à frente dos ritmistas da azul e branca de Nilópolis. Na época, a escola da baixada
fluminense chegou até ser acusada de pedofilia. Mas, depois da polêmica, o resultado agradou e a rainha foi considerada pé-quente. Tanto é que a menininha, que hoje tem 17 anos, continua no posto, começa a virar mulherão e a disputar os flashes e os olhares dos marmanjos com musas mais experientes.
- Qual foi sua reação ao saber que você foi escolhida Rainha de bateria da Beija Flor?
RAÍSSA responde - Eu juro que nem desconfiava. Sempre são mulheres e atrizes e sou muito nova pra isso. Fiquei muito feliz, pois nenhuma garota de minha comunidade tinha assumido este posto. Acho que mostrei pra todos que qualquer garota pode ser também. Todo mundo é igual e capaz de chegar aonde cheguei aqui em minha comunidade.
outras rainhas de 2008
05 fevereiro, 2008
Saldo do carnaval 2008 - Brasília




Bom-senso de menos, spray demais!
Bem-vindo ao carnaval do século XXI Creu.
O carnaval em Brasília não tem tradição. Quer dizer, não tem tradição de ser bom carnaval. No Planalto Central se tem a fuga dos moradores "mais animados" para outras cidades com folia fogosa ou descanso oportunista. Salvador, Rio de Janeiro, Pernambuco, praias, Pirenópolis e Alto Paraíso são destinos certos e muito procurados. Para quem fica na cidade restam as "tradicionais" opções do "CarnaDF". Na rua: Baratona, Baratinha, Pacotão, Galinho de Brasília. Nos "salões": matinês em shoppings (dois ou três e nem todos os dias) e em clubes. Isso é tudo. Ah, tem também um trio elétrico que corta o eixo sul numa animação de Domingão do Faustão.
Nestes dias, o que vimos? O BOPE nas ruas e não era bloco de foliões. Tiros de borracha, spray de pimenta nos olhos, gás lacrimogênio, dança a "creu" e "tropa de elite" para crianças de 0 a 9 anos no clube Vizinhança, spray de espuma na cara, olhos, boca, ouvidos, falta de educação, falta de bom-senso, falta respeito, falta de saber brincar... Ignorância. Muito creu. Creu no seu direito aqui. Creu na sua liberdade ali. Creu na sua cara acolá.
Está visível que a festa profana, a alegria coletiva, cedeu à "massificação do tudo igual" da Era-do-consumo-globalizado-descartável. É só ver os desfiles das escolas de samba na TV. O Rio de Janeiro traz um desfile de penas na cabeça. Tudo igual. Sem animação. Uma "alegria" artificial como corante de pirulito vagabundo. Bem-embalado, sim. Um luxo para enfeitiçar olhos e encobrir a receita barata. Uma competição para gringo ver e governo bancar. Creu. Em São Paulo, um desfile mais animado, mais espontâneo (talvez por não ter chegado ao "alto-nível-técnico" do Rio), mais original. Porém caminhando para o "mais do mesmo". Creu-creu-creu.
No palco da gentalha a onda do tal spray de espuma (que FAZ MAL À SAÚDE, sim). A mera cobertura da preguiça. Eu explico. Pais/mães/responsáveis preguiçosos, que não tinham spray quando eram crianças, e que a cada dia menos pensantes, mais massificados e mais bêbados, "cuidam" de seus filhos comprando brinquedinhos made in china para a meninada de fraldas "aquietar". Creu. Creu.
Pit-babies vestidos de palhacinhos e odaliscas. Creu. Vemos blocos de crianças birrentas, abobalhadas, paradas no meio do salão tendo que administrar: lata de espuma, caixa de estalinho (de festa junina), spray para tingir cabelo etc. Resultado: ninguém brincando! Creu. Mães com máquina fotográfica (registrando o nada), adultos provocando crianças com espuma para elas correrem na melhor disputa "quem sacanea mais e melhor", creu, creu, creu, outras várias chorando com olhos ardendo, estalinho no pé entre as serpentinas, sustos, apreensão. Uma verdadeira guerra armada. Talvez, por isso tudo, a seleção do DJ esteja de fato adequada com o funk adulto e as outras musiquinhas de quinta. Creu. Inadequada era eu, já sei. Creu.
Enquanto isso, se alguém reclama ouve "oh, minha filha os incomodados que saiam, pois não é PROIBIDO spray aqui". Creeeeeeeeeeeeeu. Melhor nem tentar argumentar com a ignorância. Melhor voltar à ditadura. Cre-creu. Por isso burro merece cabresto. Creeeeu. Liberdade não é para todos. Creu. Saber o que o seu direito termina no mesmo ponto em que começa o direito alheio exige bom-senso, boa-vontade e sabedoria. Creu. Creu. Creu. Saber que um lugar de crianças e para crianças deveria ser saudável, motivado, inocente, não é para todos. Afinal, creu, se coloca criança na pré-escola para aprender inglês, creu, e informática, creu, o que se esperar do carnaval infantil? Guerra! Cre-creu.
Os adultos sentados entregam aos filhos as armas que os ocupem por mais tempo. Creu. O dinheiro vai para o ralo feito espuma. Creu. A alegria de hoje dura como espuma. Creu. A satisfação dos pequenos se embala em spray volátil. Creu. Criança feliz? Creu? Adulto feliz? Creu? Chinês feliz? Creu? Camelô feliz? Creu? Sim, tanto quanto um estalinho perdido sob a havaina ou salto alto mesmo (tinham muitos por ai). creu. creu. creu. creu.
Enquanto isso, o BOPE atira na multidão ao cair da tarde para "liberar a rua" de uma entrequada comercial, fechada, em plena segunda-feira de carnaval, numa cidade deserta que não precisa dessa via para nada. Tiram o carnaval da rua à força. "Estamos cumprindo ordens e era para liberar a pista as oito horas". Ahn? É, melhor voltar à ditadura. Bom-senso pra quê? Creu.
O carnaval em Brasília não tem tradição. Aliás, já tem. É uma porcaria! Creuuuuuuuu. Pelo resto do país, parece que também seja. Novamente aliás, a vida nos tempos atuais está um tanto "made in china, aspartame e colorantes artificiais". Pessoas repetidas, engarrafadas, embaladas com papel pardo. Acho que nunca se vendeu tanta bebida para disfarçar a insensatez da realidade em que vivemos. Acho que nunca se vendeu tanta espuma para mascarar a infelicidade e a pressão nas quais as crianças vivem. É um carnaval de tropas. De creu.
Carnaval já foi interessante. Para mim, o terceiro milênio traz um carnaval-lixo. Fedido. Raso. Baixo-astral. Ordinário demais. Ouvir em Brasília "axé" nas ruas? Não faz sentido. Massificar. Massificar. Massificar. Tornar tudo o mesmo. Não faz sentido. Ou melhor, faz o sentido do século XXI. O saldo? Com mais creu, latas espalhadas no chão para quebrar pernas, tampas de spray camufladas entre confetes e serpentinas de papel para dar tombos, cabelos tingidos num mal gosto-adulto-frustrado. E, ainda, madrinha-mirim-com-bunda-de-fora rebolando para a bateria da Mocidade Alegre "levantar", no melhor estilo "pedofilia já". Ah, a escola vencedora de São Paulo, a Vai-vai, falou de educação sem levar um livro à avenida. Ler pra quê, se uma letra só tem creu? Cra-cre-cri-cro-cru. Creu.
É a dança do creu, mané. É creu. É creu nelas. É creu nelas...
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