28 abril, 2010

mascarpone!


Mascarpone…o que é?? 11/11/2009 por DANIEL RICKES

Posted by danielrickes in Cultura gastronômica
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mascarponeMascarpone é um queijo de origem italiana, cremoso e de textura cremosa com alto teor de gordura. É obtido a partir da nata (que é aquecida), à qual se adiciona ácido cítrico ou tartárico, que provoca a coagulação.
Com esse queijo foi criada a receita original do Tiramisu, uma sobresa clássica da culinária Italiana a base de mascarpone e café. Como seu preço não é muito acessível, algumas pessoas preferem, ao fazer o tiramissu, substituir o mascarpone por Cream Cheese. O Mascarpone é uma variedade de queijo originária da região da Lombardia, na Itália. Apresenta massa de consistência muito cremosa, obtida através de uma mistura de leite de vacas – alimentadas com uma ração especial de ervas e flores – e uma solução de ácido tartárico. O queijo originou-se, aparentemente, na área entre Lodi e Abbiategrasso no Oeste e no Sul de Milão, provavelmente, no final do século XVI ou início do sécul XVII. Existem controvérsias quanto à origem do seu nome. Alguns estudiosos afirmam que o nome provém do termo espanhol más do que bueno(melhor do que bom), embora esta conclusão seja devida às observações feitas, à época, por militares espanhóis, quando a Lombardia era dominada pela Espanha. O nome pode ter origem, também, no termo mascarpa (queijo envelhecido), ou pode ter sido resultante do termo mascarpia que, no dialeto local, era a palavra que identificava a ricotta, uma vez que ambos os queijos são feitos por um processo idêntico. Há que se considerar, também, que omascarpone pode ter sido originado como um subproduto de outros queijos. Originalmente, era produzido no Outono e no Inverno, para o consumo imediato. Geralmente, o queijo é vendido logo ao término do processo de fabricação e deve ser consumido imediatamente. Se refrigerado, pode durar aproximadamente uma semana.
Wordle: carta

27 abril, 2010

o inferior ensino superior

A catástrofe dos cursos de Letras


A formação dos professores de português, hoje, no Brasil, é uma catástrofe. Nós, os responsáveis pelos cursos de Letras, não enxergamos a bomba-relógio que temos nas mãos. As estatísticas não mentem: a retumbante maioria dos estudantes de Letras vêm de camadas sociais pobres ou mesmo miseráveis, filhos de pais analfabetos ou que têm escolarização inferior a quatro anos. 


Isso significa muita coisa. Significa que esses estudantes têm um histórico de letramento muito reduzido: no ambiente familiar, não convivem com a cultura letrada, não têm acesso a livros, revistas, enciclopédias etc. Significa que não são falantes das normas urbanas de prestígio (as mesmas que supostamente terão de ensinar a seus futuros alunos) e têm domínio escasso da leitura e da escrita. Só na faculdade é que a maioria deles vai ler, pela primeira vez na vida, um romance inteiro ou um texto teórico. Vêm, quase todos, do ensino público, essa tragédia ecológica brasileira muito pior que as queimadas na Amazônia.

Nós, porém, fingimos que eles são ótimos leitores e redatores, e despejamos sobre eles, logo no primeiro semestre, teorias sofisticadas, que exigem alto poder de abstração e familiaridade com a reflexão filosófica, e textos de literatura clássica, escritos numa língua que para eles é quase estrangeira. E assim vamos nos iludindo e iludindo os estudantes.



O resultado é que os estudantes de Letras saem diplomados sem saber lingüística, sem saber teoria e crítica literária e sem saber escrever um texto acadêmico com pé e cabeça. Todos os dias, recebo mensagens de formandos que me pedem orientação para seus trabalhos finais. Alguns até me enviam seus projetos. São textos repletos de erros primários de ortografia, pontuação, sintaxe, vocabulário, com frases truncadas e sem sentido. Assim eles chegam ao final do curso, e suas monografias, mal escritas, sem nenhum rigor teórico ou metodológico, são aprovadas alegre e irresponsavelmente por seus supostos orientadores.
.
O problema, é claro, não está no fato (que merece comemoração) de acolhermos na universidade alunos vindos das camadas mais desfavorecidas da população. O problema é não oferecermos a eles condições de, primeiro, se familiarizar com o mundo acadêmico, que lhes é totalmente estranho, por meio de cursos intensivos (e exclusivos) de leitura e produção de textos, de muita leitura e muita produção de textos, para só depois desses (no mínimo) dois anos de preparação eles poderem começar a adentrar o terreno das teorias, das reflexões filosóficas, da alta literatura. 



Se não fizermos isso urgentemente (anteontem!), as salas de aula do ensino básico estarão ocupadas por professores que, mal sabendo ler e escrever adequadamente, não poderão desempenhar sua principal tarefa: ensinar a ler e a escrever adequadamente! Não sei, aliás, por que escrevi “estarão ocupadas”: elas já estão ocupadas, neste momento, por essas pessoas, de quem se cobra tanto e a quem não se oferece uma formação docente que também seja, minimamente, decente.


*Marcos Bagno, linguista, escritor, tradutor e professor da UNB


veja tbm o vídeo

26 abril, 2010

POP UP FORA DE LIVROS - genial


CREDITS
Client: Sara Lee Household & Body Care GermanyProduct: 
Ambi Pur, Pink Flowers Room Spray
Agency: Jung von Matt AG, Germany
Creative Directors: Jacques Pense, Michael Ohanian
Art Director: Nicole Grözinger
Copywriters: Oliver Flohrs
Artist: Sarah Illenberger
Photographer: Attila Hartwig
Account Manager: Kristin Schombel
Published: 2008

AWARDS

Clio Awards - 1 x Bronze, 1 x Finalist
London International Awards - Finalist

25 abril, 2010

videolego!

Veja que legal esse vídeo com lego! tem outras dicas aqui






24 abril, 2010

Book art por C.J. Grossman








Loading...
Too Personal

Paper, Bookboard, Acetate, Thread







Loading...
How to Know If You’re a Lesbian
Paper, Metal, Beads, Yarn
2”H x 8’W (open)

22 abril, 2010


Clara Rosa Teatro e Companhia

Clara RosaRespeitável público!Receba as boas-vindas ao site Clara Rosa Teatro e Companhia.
Aqui você vai conhecer um pouco do trabalho da atriz Clara Rosa. Clara ama teatro e escrever. Faz parte do grupo Teatro e Companhia, pesquisando linguagens teatrais, atuando e brincando por aí.

Escritora de histórias infantis inova na forma de incentivar a leitura entre as criançasCapa do livro Um Amor de MiauNo próximo dia 04 de outubro, sábado, a autora Clara Rosa lançará o livro Um Amor de Miau, ilustrado por Romont Willy, destinado a crianças em fase de alfabetização. Para interagir com os pequenos novos leitores, a escritora, que também é formada em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília, e Mestre em Educação, criou um novo método para cativar e prender a atenção dos pequenos, enquanto conta a história do seu mais novo livro.
Na verdade, sai de cena a escritora Clara Rosa e entra a Maisena, uma linda palhacinha rosa, e encantadora, que usa seu carisma, de forma poética, lúdica e ágil, para contar a história da gata Mimi. Através de uma divertida apresentação teatral, com manipulação de objetos, Maisena mostra como são importantes os primeiros contatos da gatinha com o mundo, suas descobertas e o desenvolvimento dos laços de amor e amizade.
O livro será lançado na Abracabrinque (SCLS 106 - bl. D - lj. 1-B - Asa Sul, tel. 3242-4824), e às 16 horas será servido um coquetel com muita pipoca, algodão doce, sucos e refrigerante para a criançada. Um Amor de Miau é um lançamento da Editora Elementar e a Distribuidora Arco Íris.
Postado em 25/09/2008 às 11h40

Capa de Quem é o centro do mundo?LIVROS – Como escritora, Clara Rosa é autora dos livros Quem é o centro do mundo? e O sonho de ser grande.Quem é o centro do mundo? é um livro delicado, porém profundo, que discute a arrogância e o egocentrismo dos homens em relação à natureza.
Recomendado para leitura a crianças a partir da primeira série do Ensino Fundamental, Quem é o centro do mundo? discute que o resultado dos comportamentos dos homens pode vir a ser a perda do bem mais precioso: a vida em equilíbrio no planeta.

FICHA TÉCNICA DO LIVRO:
Editora LGE (Catálogo Infantil). Ano de publicação da 1ª edição: 2003. Texto: Clara Rosa Cruz Gomes. Ilustrações: Romonty Willy. Temas: Destruição da natureza. Formato: 20 x 27 cm. ISBN 85.7238-080-9.
capa do livro O sonho de ser grandeO sonho de ser grande relata a aventura de três amigos: a lagartixa, o barbante e o sapo. Eles têm em comum o desejo de ser grandes. Ao longo da história, eles vão se descobrindo e se conhecendo mais. Esse livro traz uma interessante discussão sobre o tempo.
Sobre esse livro, o Correio Braziliense escreveu:
"Querer ser aquilo que não se pode ser, saber lidar com o tempo, a angústia e a felicidade. Esses temas podem até ter cara de adultos ou parecerem chatos, mas em seu segundo livro, O Sonho de ser grande, Clara Rosa fala sobre eles de uma forma bem divertida."

FICHA TÉCNICA DO LIVRO:
Franco Editora. Ano de publicação da 1ª edição: 2007. Texto: Clara Rosa Cruz Gomes. Ilustrações: Cláudia Cascarelli. Temas: crescer e tempo. Formato: 17 x 17 cm. ISBN 978-85-7671-073-8.
Escreveu 23 mini-livros em uma coleção para alfabetização de crianças, da Editora Alfa Educativa, de Belo Horizonte MG.

FORMAÇÃO ACADÊMICAClara Rosa é mestre em Educação, com o trabalho "Caminhos do riso" e bacharel em Interpretação Teatral pela Universidade de Brasília. E também possui Licenciatura Plena em Educação Artística pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes.
No Departamento de Artes Cênicas da UnB, seu projeto de diplomação teve como tema a "Abordagem Teórica e Comparativa entre Brecht e Dario Fo". Na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, ela apresentou monografia sobre "O Ensino de Teatro para o Programa de Avaliação Seriada - PAS".
Ela também realizou pesquisas nas áreas de: manifestações dramáticas populares e cultura popular brasileira; dança e o expressionismo; ensino de teatro para o Ensino Médio; o riso e o palhaço.
Clara Rosa também participa de congressos e festivais com seminários, palestras e apresentações no Brasil e na América Latina.

Rádio ambulanteSERVIÇOS – Clara Rosa atualmente apresenta os trabalhos:• a boneca gigante contadora de história, a Dona Maroca, com o espetáculo "Rapadura com histórias";
• o espetáculo "A brincadeira continua", com a palhaça Maizena Magnólia;
• apresentação com as palhaças de chão e de perna-de-pau;
• rádio ambulante com performances em eventos.
Além disso, ela pode ser contactada para a realização de oficinas de teatro, oficinas de contador de histórias e oficinas de riso para diferentes idades.
Para sua escola, empresa ou organização contar com esses serviços, telefone ou envie agora mesmo uma mensagem para a Clara Rosa e solicite mais informações.


FALE COM A CLARA ROSA
• Para falar com a Clara Rosa, ligue para (61) 9233-3090.

21 abril, 2010

O miraculoso - um jornal para - Brasília - 50 ANOS




Editorial: Achou que o MIRACULOSO era passageiro? Enganou-se. O MIRACULOSO é passageiro, cobrador, motorista, ambulante, estudante, candango, enfim, ele representa todos aqueles que sentiam falta de um jornal que aborde a cultura de forma diferente e inovadora em nossa cidade. O MIRACULOSO é acima de tudo, um jornal que abrangendo o local, o nacional e o universal, se propõe ser uma forma alternativa de comunicação, convergindo os mais distintos olhares sobre os mais variados temas.
Por isso você está em posse da 2ª Edição desse jornal diferente, resultado do esforço coletivo de uma equipe que acredita na cultura como um mecanismo de transformação social. Nesse sentido, esta 2ª edição foi à luta, puxando a tromba do elefante da burocracia, da corrupção e da incompetência implantadas na nossa capital, refletindo sobre o que deve ser feito para que os próximos 50 anos sejam muito melhores do que os que se passaram. Assim como na 1ª, na qual O MIRACULOSO desceu da arvóre para puxar o rabo da onça que ronda à solta, impedindo que nos organizemos, ao nos manter assustados e desinformados.
Ao longo das próximas edições, o MIRACULOSO deixará ainda mais claro a que veio, mas podemos adiantar: o MIRACULOSO não concorda com o Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT), não aceita a construção do Setor Noroeste, comemora cada dia que Arruda e seus comparsas passam na cadeia e é a favor da prisão e da expropriação dos bens de todos os envolvidos em casos de corrupção, bem como exige a divulgação imediata de todos os vídeos, clama por intervenção federal com eleições diretas.
Apreciem, participem, contribuam, divulguem e miraculem conosco!
Política
.: Os Índios do Setor Noroeste e a marcha da civilização - por Ailton Fagundes
.: UnB 50 anos: os caminhões da nova capital - por Eudásio Gaio de Sousa
.: Povo sem autonomia - por Jorge Antunes
.: Fora Arruda e Toda Máfia - por Solano Teodoro
.: Especulação imobiliária ou Santuário Sagrado: o que queremos para o DF? - por Antonio Francisco
Entrevista do mês:
.: Cineasta Vladimir Carvalho - por Diogo Ramalho, Fernando Aquino, Maíra Marins e Paloma Amorim
Literatura:
.: CAPÍTULO V Do Distrito Federal e dos Territórios SEÇÃO I Do Distrito Federal - por Fábio Carvalho
.: Manhã - por Moisés Crivelaro
.: Planalto - por Anderson Braga Horta
.: Cigarras - por Isolda Marinho
.: Rumo à nova Brasília - por Déborah Gomes
.: Poesia de Hugo Crema
.: Poesia de Romulo Pintoandrade
.: Poesia de Leonardo Menezes
Cultura:
.: Brasília 50 anos de quê - por William Alves
.: Geração Renato Russo - por Paulo Marchetti
.: Outros 50 - por Nicolas Behr
Curiosidade Miraculosa:
.: Brasília e o Misticismo Egípcio - por Andrés Sugasti

.: Aternativa Cultural
.: Espaço dos Leitores
.: Expediente
Contra Capa:
.: Mestre-de-obras do céu ou Cacaso candango por Fernando Aquino
.: Imagem de Marco Araújo

20 abril, 2010

Acabou o bombril

Acabou o bombril



Por Solange Pereira Pinto
Em 19 de abril de 2010.

 





Eu não sei de nada!

Só sei de laicidade
e de jornalismo 2.0.
Balé,  Dromos, Dina
e dever de casa.

Eu não sei de nada!
Nem de terremoto,
Nem de governador.

Só sei de entupimento
na carótida e coronária,
de sabão em pó, convênio
e coxão mole.

Eu não sei de nada!
Nem de vulcão,
Nem do Chico Xavier.

Só sei de MSN, de twitter
e de responder gmail.
Barra de nutri e
bala de coco.

Eu não sei de nada!
Nem de Belo Monte,
Nem da Grã-bretanha.
Só sei de gasolina
e de cheque especial.
Coceira no dedo, anel
e fio dental.

Eu não sei de nada!
Nem de Viver a Vida,
Nem de Faustão.

Só sei de camisinha e
de ventilador ligado.
Xampu de algas, celular
e aluguel.

Eu não sei de nada!
Nem do Haiti,
Nem da H1N1.

Só sei de cansaço e
de tempo escasso.
Acabou o bombril

19 abril, 2010

para não enlouquecer...



Arte digital - Exposiçao "Mãos" - Solange Pereira Pinto - 2006
"Escrevo para ser amada,
para não enlouquecer,
para resgatar e
transmutar através da ficção
o que não foi possível transmutar na vida real.”

Maria Adelaide Amaral

18 abril, 2010

Administrar tempo, desejos, frustrações, sucesso e informações - desafios do século XXI


– Que eu faço? Meu filho me escancarava os olhos azuis fervilhando dúvidas. Era sexta-feira à noite, estávamos em casa relaxando depois de uma semana febril. Do meu lado, mantinha meu olhar ocamente suspenso sobre a pilha de livros que haviam chegado. Meu filho de 7 anos tinha ultrapassado cinco dias de aula e lições, curso de italiano, treinos de futebol, sessão de acompanhamento pedagógico, fora as atividades extracurriculares na própria escola, de filosofia construtivista – que aproxima aprendizado e diversão. "E agora, o que faço?", eu me perguntava, espiando a pilha de livros que havia colecionado durante a semana só para chegar àquele momento tão sonhado em que afinal pudesse editar eu mesmo o meu caos particular – e ainda por cima mergulhar no caos do meu filho.

– Ah, sei lá, moleque... vai brincar!

E Lorenzo desapareceu atrás de uma pilha de Lego.

Se até uma criança de 7 anos confunde horário livre com horário de obrigação, imagine você, cujo dia se espraia entre dever e lazer. A não ser que seu ofício seja braçal ou burocrático, os limites entre coisa e loisa estão cada vez mais indefinidos – atire o primeiro mouse quem destinar a seu e-mail um uso mais corporativo do que como pinball de papo-furado. Na Era do Excesso, os limites são fluidos entre trabalho e prazer, oferta e demanda (tanto de obrigação quanto de diversão), realidade e virtualidade, vida social e vida privada (o que, no caso dos políticos, costuma ser grave). Para quem trabalha com publicações de todo tipo, às vezes pegar num livro detona no corpo reações estranhas, alérgicas – como se aquele maravilhoso exemplar da nova edição da Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, se transformasse de repente num cartão de ponto a martelar nos tímpanos um enigmático "Você está atrasado, você está atrasado!".

"Faz parte da natureza humana aprender a lidar com limites. A atual cultura digital, entretanto, apresenta novos desafios no que diz respeito a estabelecer, burlar e equilibrar a relação com limitações", reflete o músico e pensador de cultura digital Gustavo Mini Bittencourt. "A cada dia, cerca de meio milhão de pessoas acessam a internet pela primeira vez. A cada minuto, 13 horas de vídeo são disponibilizadas no YouTube. Está se configurando um cenário no qual, em breve, muitos terão acesso a uma abundância virtual que não teve, não tem e nunca terá paralelo no meio físico. Muitos de nós nunca teremos tantos carros, roupas, imóveis e dinheiro quanto uma elite privilegiada. Mas todos logo poderemos ter tantos livros, vídeos, jornais, músicas e revistas quanto quisermos, devido à digitalização da produção, distribuição e consumo da informação. Desse ponto de vista, estamos adentrando no que alguns especialistas chamam de Era da Abundância", conclui Mini.

"O inventário das maravilhas que a vida pode oferecer são muito agradáveis e satisfatórios", afirma o sociólogo polonês Zygmunt Bauman emModernidade líquida, para logo em seguida ressaltar: "A suspeita de que nada do que já foi testado e apropriado é duradouro e garantido contra a decadência é, porém, a proverbial mosca na sopa. O mundo cheio de possibilidades é como uma mesa de bufê com tantos pratos deliciosos que nem o mais dedicado comensal poderia esperar provar de todos (...). A infelicidade dos consumidores deriva do excesso, e não da falta de escolha: 'Será que utilizei os meios à minha disposição da melhor maneira possível' é a pergunta que mais assombra e causa insônia ao consumidor", analisa Bauman. A metáfora culinária é ainda usada pelo filósofo francês Gilles Lipovetsky, que, à Era do Excesso, prefere demarcar nossa época com seu oposto, a Era do Vazio: "O self-service e o atendimento a la carte designam o modelo geral das sociedades contemporâneas, que veem proliferar de modo vertiginoso as fontes de informação, abrindo-se cada vez mais o leque de produtos expostos nos centros comerciais e nos hipermercados tentaculares, nas lojas ou nos restaurantes especializados. Assim, a sociedade pós-moderna se caracteriza por uma tendência global de reduzir-se a atitudes autoritárias e dirigistas e, ao mesmo tempo, a aumentar a oportunidade de escolhas particulares, a privilegiar a diversidade e, desde já, a oferecer fórmulas e 'programas independentes' nos esportes, nas tecnologias psicanalíticas, no turismo, na moda casual, nas relações humanas e sexuais", afirma Lipovetsky.

A quantidade de opções no grande restaurante por quilo da contemporaneidade faz com que, em vez de fome, sintamos fastio – como meu espreguiçante filho e seu "o que é que eu faço?". Lembro-me bem da época em que era tão difícil conseguir novidades da música alternativa: tinha de vagar entre as lojinhas das grandes galerias, do centro de São Paulo, e implorar aos vendedores que vendessem uma fitinha K-7 (lembra?) com os últimos sucessos do pós-punk londrino... E passava meses tentando decifrar as letras, imaginando como seriam os músicos, desvendando com emoção seu obscuro sentido. Hoje, é possível baixar os últimos sucessos do pós-rock canadense em meio segundo – os sucessos que semana que vem já serão esquecidos em favor das novidades do pós-eletrônico francês, que na semana seguinte vão perder a vez na fila para as loucuras da pós-polka polonesa... me contendo para não soltar um bocejo enquanto leio as letras, postadas em algum site hospedado em um servidor indonésio. Saudade dos tempos de caça ao tesouro. Mas: "Todo sistema com abundância de um elemento leva à escassez de outro. A abundância de informação leva à escassez de atenção", releva Mini Bittencourt. "Temos uma vasta oferta e uma fome interminável, porém uma capacidade cada vez mais limitada de prestar atenção e investir tempo no consumo de todo esse manancial a nós ofertado. Estamos à frente de um banquete, beliscando rapidamente um pedacinho de tudo que nos põem à frente, maravilhados com a variedade e quantidade de sabores, mas perigando perder lentamente a noção de desfrute", adverte o ciberpensador. A indigestão do excesso tem suscitado três epidemias. A mais leve atende pelo singelo nome de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). A desatenção leva à propalada síndrome da falta de memória. A mais pesada epidemia ganha o nome de melancolia – vulgarmente chamada (e medicada) como depressão.

RITALINA PARA TODOS
O símbolo infotecnológico de 2009, ou ao menos no segundo semestre deste ano que passou (na Era do Excesso, é bom datar os fenômenos com precisão), é o serviço de microblog Twitter. Como afirmam os inteligentes humoristas (sim, uma coisa não exclui a outra) do grupo Massaroca, "o Twitter é a bandeira de uma geração com déficit de atenção". Pensava nisso outro dia, almoçando com uma amiga. Enquanto conversávamos sobre trabalho (e talvez estivéssemos pensando em outra coisa), elogiávamos a comida e olhávamos à direita, à esquerda, por sobre o ombro um do outro, sapeávamos o celular, que a cada minuto piscava com mensagem, e-mailtweet. Por um instante, um instante muito breve, eu sei, tive saudade daquele tempo em que tudo o que importava era somente o quente olhar da minha amiga – que jamais seria enquadrado em 140 caracteres. Mas logo pensei em outra coisa... e o instante bateu asas e voou.

O TDAH, que desde os anos 1950 medica com fartas doses de Ritalina as crianças que parecem ter formigas nos popôs, virou a doença da moda. Nada de novo, na real. "No elevador penso na roça, na roça penso no elevador", versejou Drummond sobre nossa eterna insatisfação. É que, adrenalinada por gadgets bacanudos, onipresentes mídias sociais e amigos sempre antenados, a insatisfação virou o status quo, o modus operandi, a condição sine qua non (na expressão favorita do presidente Lula). E dá-lhe diagnóstico: "O DSM -IV diferencia três tipos de sintomas de TDAH", explica Psicopatologia – Uma abordagem integrada, de David H. Barlow e V. Mark Durand, um útil guia para desvendar o DSM –IV, a quarta e mais recente edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, a bíblia norte-americana que orienta a psiquiatria (e a farmacologia) mundial. "O primeiro tipo é a desatenção: os portadores parecem não escutar as demais pessoas; não prestam atenção a detalhes, perdem coisas, cometem erros por falta de cuidado. O segundo sintoma é a hiperatividade, que envolve inquietação, dificuldade de permanecer sentado. O terceiro sintoma, a impulsividade, inclui dar respostas abruptas antes de as perguntas serem completadas e dificuldade para esperar a vez", afirmam os autores. Em outras palavras, o déficit de atenção leva a outro conhecido sintoma da Era do Excesso: o desmemoriamento.

A cura prática para isso, transformando cada lobo insaciável por um assunto novo em uma fofa ovelhinha de olhar fixo, é, como se disse, a Ritalina, entre outros fármacos – até mesmo um neurocientista respeitado como o argentino/gaúcho Ivan Izquierdo, um dos maiores especialistas mundiais em estudo da memória, já sugeriu seus efeitos positivos. Durante entrevista à neurocientista Suzana Herculano-Houzel, balanceou: "A Ritalina tem efeito sobre a persistência da memória. Mas ainda não sei se tem algum efeito fora da persistência", adverte o cientista, que ainda sugere não ser assim tão indispensável o uso de um medicamento – algo que tem virado mania até entre pessoas que não foram diagnosticadas com TDAH.

"A melhor maneira de as pessoas cuidarem de sua memória? Que fiquem calmos – e se perguntem: 'Será que isso é mesmo necessário?'", provoca Izquierdo. "Nossa memória está sempre funcionando o melhor que pode, mais do que isso não dá! Em geral, as drogas, sobretudo no tratamento do Alzheimer, são muito boas para quem tem a doença, mas na pessoa normal não têm efeito nenhum", alerta. A advertência é um bom lembrete de que viver é prejudicial à saúde. Não tem remédio – conforme lembra o psicanalista Jorge Forbes em Você quer o que deseja?(esgotado): "A época atual, marcada por forte ideologia biologizante, quer transformar o carinho do avô que dizia 'para tudo tem remédio' em verdade científica (...)”. Forbes volta à carga e diz: “A menina apaixonada poderia corrigir, com medicamentos, o namorado capenga, transformando-o em um príncipe potente, magro e bem-humorado ao oferecer-lhe coquetéis repetitivos de Viagra, Xenical e Prozac. Ridículo? Médicos começam a ser agredidos em ambulatórios públicos quando se recusam a prescrever remédios, a seu ver, inadequados ao paciente e que, no entanto, lhe são exigidos; como se não dá-los fosse negar, ao paciente, uma felicidade de propaganda".

Volto a lembrar que, embora a atual velocidade com que acessemos qualquer coisa – informação, bens, pessoas – não tenha paralelo na história da humanidade, o fenômeno da aceleração é velho conhecido. No belo O tempo e o cão, a psicanalista Maria Rita Khel recorre ao famoso ensaio do pensador alemão Walter Benjamin sobre o poeta francês Charles Baudelaire para abordar a depressão contemporânea. "A modernidade é o transitório, o fugidio, o contingente, a metade da arte, cuja outra metade é o eterno e o imutável... Para que toda modernidade seja digna de se tornar antiguidade, é preciso que a beleza misteriosa, que a vida humana ali coloca involuntariamente, tenha sido extraída dela", escreveu o filósofo sobre o autor de Flores do mal. Conforme Maria Rita, "o heroísmo de Baudelaire não consiste em se fazer defensor da multidão fascinada e consumida pelas mercadorias e pelo trabalho braçal que a aproxima e afasta do brilho das mercadorias. Consiste apenas, o que já é muito, em descrer de tal fascínio".

Maria Rita Khel relaciona a atualidade da depressão à adição pela velocidade excessiva: "A que se deve a pressa do sujeito contemporâneo? Não ao valor que ele atribui ao seu tempo, como costumamos pensar, e sim, ao contrário, à sua desvalorização. Pouco se questiona a ideia de que o valor do tempo se mede pelo dinheiro. O homem contemporâneo tem horror a tudo o que possa ser considerado perda de tempo, que, para ele, é sinônimo de perda de dinheiro. Walter Benjamin cita Paul Valéry: 'O homem de hoje não cultiva o que não possa ser abreviado'", diz a psicanalista. "Até mesmo o raro tempo ocioso deve ser preenchido com atividades interessantes – o que torna, do ponto de vista da psique, o uso do tempo livre idêntico ao do trabalho. É evidente o sentimento de mundo vazio, ou de vida vazia, que decorre da supremacia da vivência sobre a experiência. A falta de tempo para o devaneio e outras atividades psíquicas 'improdutivas' exclui exatamente aquelas que proveem um sentido (imaginário) à vida, assim como as atividades da imaginação, filhas do ócio e do abandono", conclui – e aí fazemos outro elo na cadeia trabalho-lazer.

RELAXE
Na balada The Tourist, que fecha o clássico álbum Ok Computer, a banda inglesa Radiohead se espanta com a pressa por ver tudo, típica do turista – e nos faz pensar se, como um integrante de uma excursão, câmera na mão e mapa em punho, todos nós não estamos nessa vida mais como turistas do que como viajantes: "It barks at no-one else but me/ like it's seen a ghost/ I guess it's seen the sparks a-flowin/ no-one else would know/ (...) They ask me where the hell I'm going?/ At a 1000 feet per second/ Hey man, slow down, slow down/ idiot, slow down" (em tradução livre: "Ele late para mim, só para mim/ como se tivesse visto um fantasma/ Acho que deve ser por causa dos relâmpagos fluindo/ quem poderia saber?/ Eles me perguntam pra onde diabos estou indo/ A 1000 quilômetros por hora/ Ei, cara, relaxe/ idiota, relaxe".

Relaxar, pegar leve, tirar onda, desacelerar – tudo isso faz parte da filosofia Slow, seguida tanto pelos japoneses do Clube da Preguiça, quanto pelos italianos do Slow Food, pelos espanhóis que retomam o hábito salutar da siesta após o almoço e pelos ingleses que inventaram um curioso Slow Sex. No livro-manifesto Devagar, o jornalista escocês Carl Honoré reflete que as crianças são as maiores vítimas da orgia de aceleração. "Vivem tão ocupadas quanto os pais, permanentemente consultando agendas cheias de compromissos, que vão das aulas particulares depois da escola a aulas de piano e partidas de futebol. Os psicólogos especializados no tratamento de adolescentes que sofrem de ansiedade estão com as salas de espera cheias de crianças de não mais que 5 anos, acometidas de problemas gástricos, enxaquecas, insônia, depressão e distúrbios de alimentação. Em muitos países industrializados, os suicídios de adolescentes vêm aumentando. O que não surpreende,

Considerando-se a pressão que muitos sofrem na escola", afirma Honoré. É verdade que, com dúzias de contas para pagar, a pressão dos colegas competitivos e as demandas por novos estilos de prazer façam com que diminuir o ritmo de vida seja uma utopia agrária. Ninguém aqui vai ser ingênuo e acreditar que seja possível voltar atrás: a velocidade dos avanços tecnológicos tende a progredir exponencialmente – pelo menos até um AVC tecnológico não ocorrer, a Lei de Moore, em vigor há mais de 30 anos, segundo a qual a cada 18 meses a capacidade de processamento dos computadores dobra, enquanto os custos se mantém constantes, permanece como uma determinística infalível. Mas enfim, sempre se pode pensar em brechas. "É bem verdade que certas manifestações da filosofia Devagar – a medicina alternativa, os bairros exclusivamente para pedestres, a carne de gado que pasta livremente – não se adaptam a todos os orçamentos. Mas a maioria delas, sim. Passar mais tempo com os amigos e com a família não custa nada. Como tampouco caminhar, cozinhar, meditar, fazer amor, ler ou jantar à mesa, em vez de fazê-lo em frente à TV. A simples decisão de resistir à pressão para correr é absolutamente grátis", reflete Honoré.

Não existe, como foi dito, um remédio específico para filtrar o excesso de estímulos sensoriais que nos assola. Cada um tem o seu truque. Em Diários de bicicleta, o músico e multiartista escocês-nova-iorquino David Byrne confessa que encontrou seu nirvana no prosaico uso da bike. No livro, mistura de autobiografia com ensaio multicultural e relato de viagem, Byrne conta a experiência de 30 anos levando o tempo "humanizado" da bicicleta a cidades tão diferentes quanto São Francisco, Manila, Berlim, Londres e Buenos Aires. "Não ando de bicicleta para todo lugar por ser ecológico ou digno de nota. Faço principalmente pelo senso de liberdade e êxtase. (...) Realizar uma tarefa corriqueira, como andar de bicicleta, coloca as pessoas em um estado mental não muito profundo nem envolvente. (...) Como alguém que vê grande parte da origem de seu trabalho e criatividade nessas borbulhas do subconsciente, acho que é uma boa estratégia para se fazer essa conexão: quando a mente consciente se distrai, o inconsciente assume o comando", acredita Byrne. "O caminho mais inteligente não passa por demonizar a velocidade da evolução digital. O caminho mais inteligente é... prestar atenção", contrapõe Mini Bittencourt. "Só isso já faz toda a diferença e transforma completamente qualquer experiência. A atenção, a presença do corpo e da respiração junto à mente (que, vagando indefinidamente não traz satisfação, só mais necessidade) são a peça de resistência contra o novo consumismo que trocou o dinheiro pelo déficit de atenção como pilar central de sua existência", conclui o ciberpensador. Entre a distração esperta de Byrne e o minutinho da sua atenção pedido por Bittencourt, horas se passaram e eu passeei por meia-dúzia de livros. Do outro lado do meu MacBook, meu filho já construiu e destruiu meia-dúzia de carros, personagens e espaçonaves multicoloridos. De algum modo misterioso, eu no trabalho, ele no ócio, estávamos conectados, em harmonia. Para que mais? ©


UM TEMPO DIFERENTE

Se muitos adultos têm dificuldade de lidar com tantas necessidades modernas, as crianças – com menos defesas para “loucuras” – estão mais sujeitas a problemas nascidos de uma agenda cheia. “É uma questão muito séria, que precisa ser repensada. O tempo cronológico difere muito de pessoa para pessoa. Três horas para uma criança é uma faixa de tempo completamente diferente para outra criança e seus usos são diferentes também”, esclarece Sílvia Fichmann, educadora e sócia-diretora do portal Soluções Educacionais Inovadoras. De acordo com a educadora, a participação de pais, escola e da própria criança ou adolescente é fundamental. “Só assim a agenda dessas crianças e adolescentes vai poder refletir exatamente as necessidades deles”, defende. “Não podemos pensar como se todo mundo fosse igual. Temos que considerar o perfil individual de cada.” Para Sílvia, além de dividir com a criança que tipo de atividades elas querem ter durante o dia, é preciso que a agenda desses “pequenos adultos” preveja tempo livre, inclusive de sugestões. “Esse tempo será para essa criança ou adolescente decidir o que quer fazer dele. Se ela fica sobrecarregada e não tem esse escape, alguma parte do dia será prejudicada.” O respeito aos perfis leva a outro ponto defendido pela educadora: mesmo diante de tantos excessos para quem ainda está no “tempo de brincar”, como chamou a infância o poeta Torquato Neto, há casos em que uma agenda cheia é a solução. “Temos casos de crianças e adolescentes hiperativos que precisam estar o tempo todo em atividade. Nesses casos, uma agenda cheia é fundamental”, garante Sílvia. (Pedro Jansen