20 junho, 2009

O tombo do diploma



Preconceituosa ou não (este país é preconceituoso, ponto)Encontrei no orkut:

"EM UM PAÍS ONDE ATÉ MESMO UM ANALFABETO PODE SER PRESIDENTE, SÓ PODERIAMOS ESPERAR ISSO MESMO:QUALQUER UM PODER SER JORNALISTA".
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Portadora dos dois diplomas (jornalismo e direito) lanço finalmente minha opinião, depois de inúmeros pedidos de amigos e alunos:

O tombo do diploma que já havia caído
por Solange Pereira Pinto

As conversas nos botecos, chamados alternativos, e nas salas de aulas dos cursos de comunicação rodaram feito peru bêbado em véspera de morte certa. Eram papos geralmente inflamados contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou inconstitucional a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Uma insegurança e quase pânico assaltaram estudantes e jornalistas, que falavam também em diplomas rasgados e extinção dos cursos de comunicação.

Eu, porém, pensava diferente antes mesmo do tema virar polêmica. Para ser jornalista realmente não é necessário o diploma, apenas o domínio de algumas técnicas, curiosidade, discernimento e a muita prática da redação jornalística. Assim como para ser ético, não é necessário diploma de absolutamente nada. E para ser justo, tampouco é preciso o diploma de advogado ou a toga de juiz.

Há coisas que estão além dos bancos escolares e das leituras obrigatórias selecionadas pelos professores A, B ou C. O que a decisão do STF mostra, em resumo, é que a vitória foi do empresariado enfim livre da contratação obrigatória de diplomados em jornalismo, podendo agora, sem fiscalização e riscos, colocar qualquer outro profissional na linha de produção (uma prática comum há tempos).

Curiosamente a decisão derruba o mito de que o jornalista é formador de opinião. Se houvesse realmente esse poder por parte dos “operadores da informação”, eles mesmos conseguiriam estampar em manchetes o debate e os riscos de extinção da “classe”. Assunto que pouco teve notoriedade nos veículos de comunicação.

O que se nota é que a formação de opinião é relacionada a outros poderes, principalmente o do capital e o de lugares de fala com mais status. Jornalista é nada. Jornalista (ou não) famoso (ou qualquer famoso) é “tudo”. Hoje se medem os minutos de fama e as contas bancárias polpudas para dizer "quem pode o quê e onde". Metros de disciplinas cursadas não servem (nunca serviram) para nada em se tratando de negociata, que fala outras linguagens menos sutis que o conhecimento verdadeiro.

Mais uma vez, a vitória é do mercado. Desta vez a reserva de mercado liberal (agir como quiser) dos empresários contra a reserva de mercado (educacional) de empregados jornalistas com diplomas. É a vitória contra o corporativismo de classe, diferentemente do que ocorre com os diplomados em Direito que se cercam cada vez mais de autorregulações e protecionismo (que particularmente sou contra por ferir alguns princípios meus, mas altamente compreensível em sociedades com grande numerário de gente ignorante).

Entretanto, o tombo do “grau” de jornalistas pode abrir uma chance ao autodidatismo, fator positivo neste país de educação formal falida e de fabriquetas de diplomas desde o ensino infantil. Torço para que caia agora o diploma da pedagogia, porque ensinar não se aprende em aulas de didática, ou não teríamos professores tão incapazes, analfabetos e rasos. Eu mesma não posso dar aulas para os ensinos médio e fundamental, enquanto alguns semi-analfabetos com diploma de pedagogia de fundo de quintal podem. Bem como, administrador de empresas não se faz em faculdade, ou grandes conglomerados não teriam proprietários práticos, bem sucedidos, e sem estudo. Torço pela queda da academia, finalmente, e seus títulos sobre títulos para se chegar a lugar algum. Aliás, lembremos da psicanálise que não é curso superior, contudo é sim formação. Neste caso vale o diploma? E psicólogo que faz terapia a partir de nota de rodapé de página de livro auto-ajuda vale certificado na parede?

Resumindo, quem vence na maioria das vezes, inclusive no caso em debate, é o interesse do capital e o lobby de alguns grupos; e no exercício raso da profissão isso vale tanto para jornalistas quanto para os magistrados e afins. Ou alguém ainda acha que a "linha editorial" do STF é isenta de interesses "publicitários"? Faz tempo que o governo e empresários contribuem para os votos relatados, que nada mais são que as matérias de capa do Supremo.

Nos tempos tecnológicos atuais só mudam os nomes das "mídias” e suas vestimentas (togas, ternos, jeans), infelizmente. Resta a dúvida, será que para advogar é mesmo necessário o diploma? Consultar códigos é mais pesquisa que conhecimento incorporado, tanto que os concurseiros de plantão passam bem em provas decorebas, as mais variadas, para serem serventuários da justiça em cargos de “qualquer nível superior”. Desejo que se tombem mais perus e que deixem a fauna humana transitar por todo o conhecimento (e seu amplo significado) sem as amarras das mensalidades de classe e salve-se quem puder, porque diploma não salva. Isso eu sei!

The Voca People

em tempos dificeis de descrença no ser humano, ver isso faz a vida valer um pouco mais a pena...



This guy is beatboxing like you never heard! MUST SEE! He is Joseph Poolpo, he is from France

13 junho, 2009

Livro Das Perguntas




Espécie de testamento poético, onde o olhar da criança convive com o do homem sábio, o livro traz uma viagem ao imaginário de Neruda, onde as 74 perguntas, divertidas e fora do comum, ajudam o leitor a refletir sobre o mundo, os homens, os animais, os elementos da natureza, o significado da vida e da morte, sobre tudo, enfim. Com reproduções fotográficas de colagens e instalações, o ilustrador Isidro Ferrer, ao invés de tentar responder às perguntas de Neruda, captura a essência dos poemas e cria suas próprias questões por meio de uma série de pequenos cenários surrealistas, construídos como metáforas da sua maneira de perceber o mundo. Uma forma de instigar inquietação e curiosidade das crianças.


Autor: NERUDA, PABLO
Ilustrador: FERRER, ISIDRO
Tradutor: GULLAR, FERREIRA
Editora: COSAC NAIFY
Assunto: LITERATURA ESTRANGEIRA - POESIA

"O corpo pode determinar os hábitos de uma nação"


Entrevista com Ana Botafogo
02/06/2009


ESPECIAL TRANSTORNOS ALIMENTARES E OBESIDADE INFANTIL
Ana Botafogo é a primeira-bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro desde 1981. Começou a carreira ainda criança e completou sua formação no exterior. Já como profissional, participou de festivais em Lausanne (Suíça), Veneza (Itália), Havana (Cuba) e na Gala Iberoamericana de La Danza, representando o Brasil no espetáculo dirigido por Alicia Alonso, em Madrid (Espanha).

Considerado por muitos especialistas como uma atividade de risco para pessoas com transtornos alimentares, o balé exige uma disciplina rígida com relação ao corpo. Ana conta que, especialmente no balé clássico, deve-se ter uma preocupação constante com o peso e a forma. Mas afirma que, em 28 anos de carreira, nunca conviveu com bailarinos que sofressem de anorexia ou bulimia e acredita que o problema atinja muito mais as modelos do que as bailarinas.

Ana conhece profundamente cada um de seus movimentos e ensina que é preciso cuidar do corpo para viver bem, sem exageros. “O corpo é a expressão de tudo que somos”, comentou durante entrevista ao Projeto Criança e Consumo.


Como a sociedade de consumo mudou a relação das pessoas com o corpo?

A mídia, de modo geral, tem uma influência muito grande nessa questão. Há um culto ao corpo malhado, ao corpo magro, que tem um lado extremamente negativo. As pessoas darem mais atenção ao corpo pode trazer benefícios para a saúde, mas esse exagero pode causar problemas, a exemplo dos transtornos alimentares. Todo exagero é problemático.

Essas pressões socioculturais trazem um padrão estético muitas vezes distante da realidade. As pessoas são diferentes e têm corpos diferentes. Então, por mais magro que você queira ser, muitas vezes não é possível, porque há uma limitação das características próprias de cada pessoa. A bailarina profissional, por exemplo, tem de ter o corpo esguio, magro, belo – a beleza é muito importante na dança. E nem sempre será possível atingir esse padrão.

O corpo para você é uma expressão artística. O que é de fato o corpo para todos nós?

Para mim, que sou bailarina profissional, o corpo é tudo. Ele é o meu trabalho e por isso tenho esse cuidado de manter hábitos saudáveis, porque se o meu corpo está machucado, eu tenho dificuldade de dançar. E não adianta dizer que o que importa são apenas os pés e as pernas, porque se tenho uma ferida na mão, isso vai limitar meus movimentos, vai prejudicar meu equilíbrio. Então, assim como os atletas, os bailarinos têm uma relação mais cuidadosa com o corpo. Isso não quer dizer que o corpo tenha uma importância menor para as pessoas comuns. Pelo contrário, o corpo é a expressão de tudo que somos.

Certa vez você afirmou que bailarina não vive de "água e alface". Qual é a importância da nutrição para o corpo?

É fundamental. A bailarina, assim como o atleta, precisa de energia. Sem energia, ela não faz nada, não se movimenta, não tem força para dançar. Dessa forma, é preciso manter hábitos alimentares saudáveis. Uma das exigências do balé clássico é manter o corpo magro. Eu nunca tive problema com peso, de engordar. Quando voltava de férias, sempre voltava mais “cheinha” e tinha de fazer regime para perder um ou dois quilos. Nada mais que isso. Algumas bailarinas precisam se cuidar mais, porque têm mais tendência a engordar. Isso vai da característica de cada um. Eu não me privo de comer um sanduíche aqui e outro ali.

Agora, o que tenho observado, sem nenhum conhecimento técnico porque não sou especialista, é um aumento significativo de crianças e jovens obesos. Nos EUA isso é uma grande preocupação e o problema começa a chamar a atenção aqui no Brasil também.

Por que você acha que isso vem acontecendo? As pessoas, de modo geral, não têm consciência do próprio corpo?

Nenhuma consciência. Quem não é bailarino, atleta ou alguém extremamente preocupado com a aparência física, não tem a menor preocupação com o corpo. E aí eu volto naquela primeira questão que você me fez. O culto ao corpo é extremamente prejudicial, mas a total falta de cuidado com ele também é. Essas crianças e adolescentes que estão muito acima do peso não têm culpa. Muitas vezes os pais deveriam prestar mais atenção a isso. São pessoas que, na vida adulta, terão problemas graves de saúde.

O corpo carrega as "marcas" de nossas escolhas?

Mais do que isso. O corpo carrega as marcas de quem somos. Eu, como bailarina, tenho um olhar muito apurado e quando olho para uma dançarina jovem, por exemplo, sei dizer se ela estudou pela postura dela. O bailarino tem um tônus muscular e uma postura muito típicos.

Um trabalho belíssimo seria fazer um retrato do Brasil através dos corpos. O corpo da caatinga, que é diferente do corpo do gaúcho e assim por diante. A postura fala muito de alguém. E na imensidão do nosso país são tantos corpos diferentes, de tantas culturas diferentes, que fica difícil generalizar. O corpo pode determinar os hábitos de uma nação.

Você foi convidada para atuar na novela Páginas da Vida, da TV Globo, que abordou o problema da bulimia. Como se preparou para esse papel? Por que, muitas vezes, se relaciona a rigidez do balé com problemas como esse?

Essa foi a primeira novela que eu fiz na vida, então tive toda uma preparação de voz, de interpretação e tudo mais. Com relação ao tema da bulimia na novela, a minha personagem tinha uma atuação muito pequena nessa questão. Eu interpretava a professora de balé da menina e participava de poucos diálogos nesse sentido.

De fato, no imaginário das pessoas se faz essa relação entre o balé e a anorexia ou a bulimia. Mas isso não é necessariamente uma realidade. Acho que o diretor da novela deu um tiro certo ao tratar o tema, para chamar a atenção dessas garotas por aí de que é preciso se cuidar sem exageros. Porém, nos meus anos todos de carreira eu nunca convivi com bailarinas doentes. Nunca mesmo. Aqui no Brasil isso não me parece ser algo comum na dança. Acho que deve ser muito mais comum entre as modelos, mas também não tenho dados para afirmar. Nos EUA, na década de 70, começo dos anos 80, houve um problema muito sério nesse sentido. Na época, várias bailarinas profissionais ficaram doentes e inclusive, a Gelsey Kirkland, escreveu sobre a experiência dela com a anorexia. Ela também tinha envolvimento com drogas.

Você falou das modelos. Bailarinos e modelos vivem no palco. A relação com o corpo é semelhante?

De jeito nenhum. Modelo não tem músculo. Geralmente são corpos extremamente magros, quase pele e osso. O bailarino é magro, mas tem a estrutura muscular fortalecida. Ele precisa ter força.

Qual é a importância de ter a estrutura muscular forte para qualquer pessoa?

São os músculos que te mantêm em pé. Para subir uma escada, para caminhar, correr, nadar, sentar. Para qualquer atividade é preciso ter uma estrutura que sustente o corpo. As pessoas muito magras que não trabalham os músculos certamente se sentem mais cansadas e fracas. O bailarino clássico tem de ser magro e esguio, mas ele tem um trabalho de musculação. O bailarino contemporâneo tem um trabalho maior ainda, porque a dança contemporânea exige um corpo mais atlético. É um balé que pretende se aproximar mais da vida real, das pessoas comuns. Enquanto o balé clássico é aquela coisa etérea. A bailarina clássica tem de ter leveza, ela sempre interpreta um pássaro, um cisne... E foi justamente essa leveza, o romantismo dos enredos, como Coppélia, Cisne Negro, que me encantou.

09 junho, 2009

Você sabe qual é a função das impressões digitais no corpo humano?


Impressões digitais são linhas salientes nas pontas dos dedos que têm apenas uma finalidade fisiológica: apreensão. Se elas não existissem, a pele seria lisa e não teríamos a aderência necessária para segurar objetos sem que escorregassem. São formadas no sexto mês de vida uterina e só se descaracterizam com múltiplas cicatrizes ou depois da morte. Existem quatro tipos básicos de linhas: arco, presilha interna, presilha externa e verticilo - e com base nelas foram observados os desenhos formados e as linhas receberam letras e números simbólicos.

Com essas informações, verificou-se que os dedos de uma pessoa não são iguais, assim como nunca serão idênticos aos de outra. Por esse motivo, diz-se que as impressões digitais são melhores que a análise de DNA como sistema de identificação. Afinal, gêmeos univitelinos têm o mesmo DNA mas impressões digitais diferentes.

CONSULTORIA Marcos de Almeida, professor-doutor de Anatomia Patológica Geral, Sistêmica, Forense e Bioética da Universidade Federal de São Paulo.



Fonte
Transcrito de http://revistaescola.abril.uol.com.br/ciencias/fundamentos/duvida-genetica-467296.shtml

08 junho, 2009

COISAS QUE SE ATRAEM

- Nariz e dedo.
- Pobre e funk.
- Mãos e seios.
- Olhos e bunda.
- Mulher e vitrines.
- Homem e cerveja.
- Queijo e goiabada.
- Chifre e dupla sertaneja.
- Carro de bêbado e poste.
- Tampa de caneta e orelha.
- Moeda e carteira de pobre.
- Tornozelo e pedal de bicicleta.
- Jato de mijo e a tampa do vaso.
- Leite fervendo e fogão limpinho.
- Político e dinheiro público
- Dedinho do pé e ponta de móveis.
- Camisa branca e molho de tomate.
- Tampa de creme dental e ralo de pia.
- Café preto e a toalha branca da mesa.
- Dezembro na Globo e Roberto Carlos.
- Chave trancando a porta e telefone tocando.
- Dor de barriga e falta de papel higiênico
- Bebedeira e mulher feia.
- E por último, mau humor e segunda-feira!

MuralZINE#4 - Ato Com Texto

Dica: clique na imagem para ampliar

03 junho, 2009

Skylab

No batente, quase pregava os olhos – costumava dormir às três da manhã para acordar às seis. Mais do que um estado físico, a sonolência é uma outra forma de percepção da realidade, diz ele:
"Não vejo muita graça em estar lúcido e consciente. Como durmo pouco, sempre estou um pouco à margem do que acontece. Se estivesse totalmente acordado, provavelmente iria querer saber de coisas práticas. O torpor é a minha condição para criar".

02 junho, 2009

Amanhã eu escrevo


por Rodolfo Araújo


Acho que a única coisa que a gente não deixa para depois é o hábito de procrastinar. O termo tem origem no latim: pro (adiante) crastinus (amanhã): passar para amanhã. Adiar, enrolar, fazer amanhã o que se pode fazer hoje. Nada é mais urgente do que isso.

Tão importante é o assunto que a Slate fez um especial sobre o tema no início do ano passado. São doze divertidos artigos abordando as várias facetas desse hábito – pernicioso para alguns, necessário para outros. Já estou há um tempo para escrever sobre isso mas - sabe como é, né? - sempre deixo para depois.

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Antes de mais nada, não existe o gene da procrastinação, isto é, trata-se de um comportamento aprendido. Um hábito que desfaz qualquer monge. Algo tão insidioso que existem, inclusive, grupos de ajuda específicos. Entidades como Procrastinadores Anônimos. Mas onde fica isso? Justamente no lugar preferido de 11 entre 10 procrastinadores para matar tempo: a Internet. Tipicamente são grupos de ajuda onde as pessoas contam histórias não terminadas. Ou ainda reuniões virtuais por telefone, através de conference call mas onde, uma vez conectado, você percebe que é o único na sala.

Mas se isso fosse assim tão abjeto, os despertadores não viriam com as famosas teclas "Soneca" - ou Snooze, conforme o idoma. Certamente inventado por um criativo procrastinador, a tecnologia do "só mais cinco minutos" (no meu são nove - por que nove?) é o verdadeiro concorrente do café-da-manhã e da última olhada no espelho. Afinal, o tempo que a gente gosta de perder não é tempo perdido.

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Diversas explicações já foram tentadas para esse anticomportamento: do medo do fracasso ao perfeccionismo paralisante, vários são os impeditivos para que terminemos aquelas tarefas que começamos. Neurologistas e psiquiatras têm uma maravilhosa descrição para o fato de procrastinarmos: somos reféns de nossos sistemas de recompensas tardias.

Mesmo para nossos pequenos prazeres, a preferência está sempre no agora: vadiar agora e trabalhar depois. Precisamos pesar o presente versus o custo e benefício de ações futuras. Antecipar benefícios futuros (visualizando a satisfação e felicidade em completá-los) ou avaliar os custos daquilo que atrasamos (através dos desastres que podem causar).

Segundo pesquisas, o hábito de deixar coisas inacabadas atinge cerca de 20% da população. Algumas descrições de procrastinadores mais se assemelham a perfis patológicos de serial killers ou assaltantes de velhinhas indefesas, tão terrível parece ser seu pecado.

Para o Dr. Joseph Ferrari há dois tipos de procrastinadores: os que gostam de fazer as coisas sob pressão (o “pânico do último minuto") e os que temem a avaliação que sua obra receberá. O fato é que ambas as formas não parecem fazer parte de nosso repertório de decisões conscientes. Isso significa que procrastinar talvez fuja ao nosso controle por não ser um comportamento planejado.

E onde se procrastina mais? Leon Mann, um pesquisador social da Universidade de Melbourne pesquisou o tema para identificar os atrasantes hábitos de diferentes culturas: do individualismo anglo-saxão, ao coletivismo asiático. Concluiu que estes tendem a adiar a tomada de decisão, enquanto que aqueles parecem mais resolutos.

Os resultados, contudo, podem ser parcialmente atribuídos à forma como os questionários eram respondidos, pois algumas culturas expõem mais seus comportamentos, enquanto outras tendem a ocultar e amenizar atitudes pouco aceitáveis.

Essa auto-crítica indulgente representa, aparentemente, uma limitação de método que não invalida essa variação cultural. Mas certamente deve haver alguém pensando em experimentos mais precisos. Qualquer dia desses...

Algumas profissões também são características: segundo o Dr. Ferrari, quem trabalha em escritórios procrastina mais do que empregados de fábricas (mais controles?), funcionários de empresas adiam mais do que médicos e advogados (compensação por produtividade?) e vendedores enrolam mais do que gerentes (será que são promovidos quando passam a cumprir seus compromissos?).

Qualquer que seja a desculpa, em seu Predictably Irrational: The Hidden Forces That Shape Our Decisions* Dan Ariely testou seus alunos dando às turmas diferentes opções para entregar seus trabalhos. Para os quatro papers exigidos, um grupo recebeu um calendário fixo; outro escolhia os prazos finais de cada um; e o terceiro tinha apenas uma data final para entregá-los. Como esperado, a turma que teve deadlines impostos cumpriu as datas mais do que a que podia deixar tudo para o fim - que foi a pior das três.

Ele reconhece que todos temos problemas com a procrastinação, mas aqueles que reconhecem essa dificuldade estão em melhor posição para utilizar as ferramentas disponíveis para disciplinar mais o seu trabalho e ajudar-se a superar esse vício. Pois, tal como dizia Lord Acton, "O sábio faz de uma vez, enquanto que o tolo finalmente faz. Ambos fazem o mesmo, mas em tempos diferentes."

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Pior ainda é que lendo os artigos da Slate descobri que aquilo que eu achava ser a maior causa da procrastinação não tem nada a ver com ela: a preguiça. Como é possível, perguntará a leitora? Simples: procrastinar quer dizer que você não quer terminar aquela tarefa específica.

E enquanto você foge dela é capaz de fazer uma porção de outras coisas, não tão tediosas para você. Tem gente que corre dez quilômetros para não lavar a louça. Outros lêm um livro inteiro (exceto os das novas regras ortográficas) antes de arrumar o quarto ou passam horas organizando as músicas no seu iPod. Não dá para chamar nenhum desses de preguiçoso, só porque tem algo que ele prefere fazer antes daquilo que ele é obrigado. Já ouviu alguém reclamando que não consegue terminar um jogo de paciência porque não consegue largar o trabalho?

E por que, então, não ganhar dinheiro com os procrastinadores? Sim, porque há verdadeiras indústrias para atendê-los! Afinal, eles estão em toda a parte e representam um setor de mercado que não pára de crescer. Lucre com suas eternas pausas para o café, venda-lhes comidas prontas, preste-lhes serviços de arrumação ou organização (são recorrentes - você arruma hoje, ele bagunça amanhã e te chama de novo na semana que vem), alugue-lhes carros (os deles quebram por falta de manutenção), empreste-lhes dinheiro (sempre duros...), crie videogames, cubo mágico, Sudoku, escreva blogs! Aliás, sabe qual o programa da Microsoft mais usado no mundo? Não? Paciência...



A parte boa é que você tem companhias famosas: Da Vinci deixou diversos projetos inacabados. Truman Capote levou quase 20 anos para (não) terminar o inacabado Answered Prayers (perfeccionismo?). Depois do fenomenal Invisible Man, Ralph Ellison morreu antes de finalizar seu romance seguinte, 40 anos depois. E eu quase não termino esse texto! Bom, você já perdeu seu tempo hoje, agora volte ao trabalho!

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Você não foi, né? Prefere ficar lendo bobagens na Internet, perdendo seu tempo. Não é verdade? Então me responda: como você chegou aqui? Estava por aí sem fazer nada, certo? Ou foi durante alguma grave crise de procrastinação que você achou esse artigo no Google? (É, porque você não é um leitor habitual desse blog. Eu nunca te vi por aqui...)

Chega, vai, acabou! Vá fazer suas coisas! Ou será que ainda há tempo dar uma olhadinha naquele post do Iconoclasta...? Aliás, o que é Iconoclasta...?

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01 junho, 2009

Museu da corrupção!



SAGUÃOPRINCIPAL
SALA DOS ESCÂNDALOS
CRONOLOGIA DA CORRUPÇÃO
OPERAÇÕES DA PF
ARQUITETURA DA CORRUPÇÃO
GALERIA EDEMARCID FERREIRA
LOJA
LIVRARIA
SALAMULTIMÍDIA






É um museu. Com grandes novidades.



Com um lápis na mão e muitas ideias na cabeça o premiado arquiteto mineiro Rodrigo de Araújo Moreira "ergue" o Museu da Corrupção sob o princípio da contemporaneidade: dotado de muitas salas e auditórios, o espaço virtual será permanentemente abastecido com os fatos do dia.


Por Valdir Sanches

Um arquiteto que só trabalha com lápis pode criar um edifício virtual? Rodrigo de Araújo Moreira aceitou o desafio, mas, de certa forma, isso foi o de menos. O mais difícil era a natureza do edifício: um museu da corrupção.

Como se concebe uma obra dessas?

"Um projeto é feito em cima de um programa, de um terreno" – diz o premiado arquiteto mineiro de 78 anos. "Eu não tinha programa, não tinha terreno e tinha uma idéia vaga – não dispunha de dimensões, de tamanho. Bom, pensei, vou fazer, completamente livre. Na verdade foi isso que me animou a fazer, porque eu sou a favor da liberdade total".

Durante dois ou três meses as idéias vagaram por sua mente. Há menos de duas semanas surgiu em Belo Horizonte (onde tem escritório, embora more em Petrópolis, RJ) com um desenho. Passou-o para "um grupo de garotos da escola de arquitetura, turma novíssima" – que, naturalmente, usa o computador. Pediu ajuda.


O projeto saiu "meio de repente". "Fiz um desenho do que seria o corte estrutural do edifício: a pirâmide em que uma das arestas foi colocada na vertical e deu uma forma muito bonita". Os estudantes pintaram de verde uma parede de seu apartamento, e lançaram nela o desenho. "Quando eu vi aquilo, eu falei: 'Espera aí, tem um negócio maravilhoso aqui'. Eu vi o prédio pronto!"
Leia na íntegra aqui

sabias palavras

"Pregar sua doutrina no interior dos templos é um direito legítimo de todos os religiosos. Agora, quando um representante da Igreja Católica Apostólica Romana tenta interferir nas decisões da Justiça, ou faz essas declarações à imprensa, está claramente procurando exercer inapropriada influência pública sobre o Estado laico, construindo um discurso de intolerância e intransigência oposto a idéia de vida que alega defender".

Fonte: igreja x sociedade