30 março, 2009

Iludidos pelo acaso

Muitas pessoas acham erroneamente que jornalistas são, por definição, negativos, o pessoal do contra — e que, por isso, a imprensa privilegia más notícias.

Embora alguns jornalistas optem de fato pela má notícia, existe um outro fenômeno que afeta os leitores, um fenômeno chamado a ilusão do acaso. Quem explica isso é o estatístico Nassim Taleb, autor do livro "Iludido pelo Acaso".

Embora ele não trate de jornalismo, mas do mercado de ações, mostrarei aqui a analogia com jornalismo — isso se vocês tiverem paciência, porque a lógica é, de fato, complicada. Mas vale a pena!

O mercado de ações americano sobe há mais de 40 anos a uma taxa média de 12% ao ano, lembrando-se de que média é media. Metade dos anos ele valoriza mais do que isso (uma excelente notícia), a outra metade ele cresce menos (o que continua sendo boa notícia, com exceção das poucas vezes em que a rentabilidade é negativa e você perde dinheiro). Apesar da volatilidade diária, olhando uma única vez por ano, você verá mais boas notícias do que notícias ruins.

Isso porque o mundo está melhorando lentamente, dando dois passos para frente e um para trás. Se você observar sua carteira de ações uma única vez por ano, em 40 anos você terá 93% de boas notícias: você ficou mais rico. Mas em 7% das vezes, ou 3 anos dos 40, a notícia será ruim: você ficou mais pobre (ou menos rico). Se você observar o nível da Bolsa de Valores todo trimestre, a situação muda de figura: 67% das vezes você ficará feliz - a Bolsa subiu no trimestre.

No entanto, 33% das vezes você terá uma má notícia: a Bolsa caiu e você empobreceu naquele semestre. Quem criou a frase dois passos para frente e um para trás deveria ler jornal a cada trimestre, que era a periodicidade de muitos almanaques da época. Como temos um gene de pessimismo, uma má notícia nos afeta 2 a 3 vezes mais emocionalmente do que uma boa notícia. Ou seja, apesar de você estar ganhando dinheiro trimestralmente, a sensação média é de quase empate ou vazia.

Bolsa

Em Alta /Em Queda

93.00%/ 7.00% Todo ano

67.00% /33.00% Todo Trimestre

59.00% /41.00% Toda Semana

54.00% /46.99% Todo Dia

50.17% / 49.83% Cada Minuto

Fonte: Fooled by Randomness, p. 57

Se você observar suas ações todo dia, como todo jornalista econômico faz, a situação ficará feia. 54% das vezes você terá boas notícias — a Bolsa subiu! E em 46% das vezes, você ficará infeliz...

E, como ninguém mantém esta contabilidade rigorosa, a sensação poderá ser de empate — ou até de que você, na média, perde dinheiro.

As oscilações de curto prazo da Bolsa, que chegam a ser mais ou menos 3%, ofuscam o lento crescimento de longo prazo de 0,056% ao dia. O 0,056% é quase imperceptível “a olho nu”, mas, depois de 200 pregões, chega aos nossos 12% ao ano.

No dia a dia, você só vê a volatilidade do curto prazo, e não a tendência de longo prazo. Você está sendo iludido pelo acaso, iludido pelas pequenas flutuações normais do dia a dia. Por isso, corretor de ações não é rico, day traders normalmente perdem dinheiro, especuladores pagam mais em corretagem do que ganham.

Por isso, tantos jornalistas econômicos e a maioria dos brasileiros acham que a Bolsa é um cassino, que é pura especulação, que é coisa para jogadores. Aqueles que mantêm uma “distância sadia” da Bolsa, aqueles que compram e ficam, e só olham as 93% de observações anuais, terão a visão que poucos têm — de que aplicar na Bolsa é relativamente seguro e de que só dá alegrias em 93% das vezes. É devido a essa ilusão do acaso que 98% dos brasileiros deixam de investir na categoria mais rentável do mundo, rendendo 12% ao ano em termos REAIS, preferindo títulos do governo que pagam 4% de valor real, e olhe lá.

Ultimamente, a situação ficou anda pior. Quem olhar pela internet a cada minuto, algo que só a nova geração teve o privilégio de experimentar, verá a Bolsa subir 50% das vezes e cair 49% das vezes. O crescimento histórico fica totalmente imperceptível.

O que tudo isso tem a ver com jornalismo?

Se a Bolsa incorpora todas as notícias boas e más do momento, isso significa que 50,1% das notícias são, de fato, boas para a Bolsa e que os outros 49,9% são notícias negativas, ao ponto de derrubar a Bolsa. Por isso, ela oscila de minuto a minuto, dia a dia.

Ou seja, se você quiser investir na Bolsa sem ficar com a sensação de que ela é um cassino, o melhor é não ler o noticiário econômico. Muito menos pela internet.

Refazendo a tabela de Taleb para o jornalismo, teríamos a seguinte distribuição:

más notícias/ boas notícias

49,8% / 50,2% jornalismo on line

46% / 54% jornalismo diário

41% / 59% jornalismo semanal

33% / 67% jornalismo mensal

7% / 93
% jornalismo anual

Ou seja, quem lê notícias diariamente será muito mais pessimista do que alguém que lê uma revista semanal como a Veja ou uma revista mensal como Época Negócios.

Otimistas são aqueles que lêem as edições de final de ano, cheias de esperanças e de dados de tendências para o ano seguinte, e aqueles que assistem uma vez por ano a uma palestra minha ou de outros economistas positivos como Octávio Barros ou Ricardo Amorim.

Por isso, jornalistas diários são mais pessimistas do que colunistas semanais, que por sua vez são mais pessimistas do que colunistas mensais.

Em momentos de crise, tendemos a aumentar a freqüência com que procuramos notícias, o que só piora a situação.


Se você observar a Bolsa todo ano, terá 93% de alegrias, como normalmente se faz com renda fixa e imóveis. Nem existem cotações diárias para imóveis e renda fixa. Se existissem, as notícias não seriam boas. Imóveis, como carros, desvalorizam ano após ano devido a idade e obsolescência do imóvel.

O jornalismo que dá certo é aquele que não se permite ser "Iludido pelo Acaso". É aquele que coloca a notícia no contexto, que aponta as tendências de longo prazo, que ignora marolas e concentra no horizonte que nem sempre aparece numa tempestade.

O jornalismo que dá certo é o que este site pretende ajudar a criar. Se você tem um blog de notícias, continue a publicar as más noticias que surgem para não ser tachado de otimista, mas contextualize com as análises que faremos aqui sobre O Brasil Que Dá Certo. Apesar dos pesares do dia a dia.

Stephen Kanitz

é assim...

Diz certa lenda, que estavam duas crianças patinando num lago congelado.
Era uma tarde nublada e fria e as crianças brincavam despreocupadas.
De repente, o gelo se quebrou e uma delas caiu, ficando presa na fenda que se formou.
A outra, vendo seu amiguinho preso e se congelando, tirou um dos patins e começou a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo por fim quebrá-lo e libertar o amigo.

Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino:
- Como você conseguiu fazer isso? É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis!

Nesse instante, um ancião que passava pelo local, comentou:
- Eu sei como ele conseguiu.
Todos perguntaram:
- Pode nos dizer como ?!....
- É simples - respondeu o velho - Não havia ninguém ao seu redor, para lhe dizer que não seria capaz.

24 março, 2009

Pares para que te quero...

Feliz sem sexo
Os assexuais, pessoas que não sentem desejo, começam a assumir sua identidade

Suzane Frutuoso


SEM LIBIDO André Romano, hétero e sem sexo há sete anos, não sente
desejo: “Sou feliz assim”

Sabe aquela cena em que uma mulher escultural passa diante de um grupo
de homens e todos se viram para olhá-la? Nesse momento, a mente deles
viaja. O cérebro envia uma série de comandos que libera hormônios pelo
organismo, avisando que é hora de se preparar para uma relação sexual
(mesmo que isso não vá acontecer). Reação semelhante tem a mulher que
é tocada e recebe beijos em pontos estratégicos do corpo. Mas na vida
do escritor André Romano, 28 anos, nada disso faz sentido. O carioca
passa dias de sol na praia de Ipanema diante de um desfile
interminável de biquínis de lacinho e não tira os olhos do livro. “Não
sinto desejo”, diz. “Troco o sexo por atividades culturais e sou muito
feliz assim.” André se encaixa no que especialistas começam a chamar
de quarta orientação sexual: a assexualidade. Além dos héteros, homos
e bissexuais, os assexuais formam uma outra vertente da sexualidade,
que não é nova. Apenas as pessoas sem desejo de fazer sexo estariam
finalmente assumindo um traço de sua personalidade – até como resposta
à pressão por um desempenho sexual fantástico imposto pela sociedade
atual, exacerbadamente erotizada.


Uma pesquisa do Projeto Sexualidade (Prosex), do Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo de 2004, revelou que
7% das mulheres e 2,5% dos homens não sentiam falta de sexo. Os dados
se repetiram durante o estudo Mosaico Brasil, que terminou no ano
passado e entrevistou mais de oito mil participantes em todo o País.
Ambos os trabalhos foram coordenados pela psiquiatra Carmita Abdo, que
diz ser absolutamente possível alguém viver sem sexo e não sentir
falta dele. “Quem transa diariamente não é mais normal do que aquele
que não transa nunca”, diz ela. “Não é uma opção, como o celibato, nem
doença. É parte do perfil do indivíduo.” A Organização Mundial de
Saúde inclui o sexo como um dos indicativos da qualidade de vida, ao
lado de itens como atividade física e alimentação equilibrada, desde
que seja seguro e prazeroso. “Fazer sexo obrigado é que acaba sendo
negativo”, diz Carmita.

Os assexuais (que podem ser tanto héteros quanto homossexuais) não
deixam de lado os relacionamentos amorosos. Acreditam, porém, que
carinho e romantismo são suficientes para levar uma relação adiante.
Romano não faz sexo há sete anos e diz que nunca teve uma decepção a
ponto de desistir do envolvimento com alguém. “Namorei cinco anos. O
sexo era maravilhoso. Mas, quando acabou, não senti falta. Tenho
sentimento, não tesão”, explica.
A internet, com seu poder de agregar pessoas com interesses comuns,
foi fundamental para tirar os assexuais da invisibilidade. No Orkut a
professora Sandra Ramos, 24 anos, de Santa Catarina, percebeu que
outras pessoas compartilhavam dessa mesma visão de mundo. Ela ficou
três anos sem vida sexual, por achar que não lhe trazia benefícios.
“Nunca foi algo agradável. Para mim, é mecânico”, diz. Namorando há
duas semanas, Sandra acaba de voltar a fazer sexo, já que gosta do
novo namorado. “Mas troco por um encontro com os amigos fácil”, diz.
Por intermédio da rede, o sociólogo americano David Jay, 27 anos, deu
início ao movimento assexual. Ele criou em 2001 o site Asexuality
Visibility and Education Network (Aven). No primeiro ano, a página com
informações sobre assexualidade registrou 50 pessoas. Hoje são dez mil
membros, com links em 12 idiomas. “Vivemos em uma cultura na qual as
pessoas têm de assumir que são loucas por sexo. Isso é complicado para
os assexuais”, disse Jay à ISTOÉ. “Não decidimos gostar ou não de
sexo, nascemos assim.” Ele acredita que cada vez mais os assexuais
reconhecerão a própria assexualidade e falarão abertamente sobre o
tema.

A sexóloga Ana Maria Zampieri, autora do livro Erotismo, sexualidade,
casamento e infidelidade (Ed. Summus), concorda: “A diversidade
sexual, que se expandiu com a revolução gay, tornou o cenário
favorável para o grupo dos assexuais aparecer.” Segundo ela, terapeuta
de casais há 35 anos, pessoas que amam o parceiro mas não o desejam
sexualmente sempre estiveram presentes no consultório. “A diferença é
que, no passado, isso só era revelado durante o casamento e ficava
relacionado ao tempo de convivência”, diz. Como hoje as pessoas casam
mais tarde – ou nem casam –, a indiferença ao sexo fica evidente.
Mas o ginecologista Gerson Lopes, coordenador da Associação S.a.b.e.r.
– Saúde, Amor, Bem-estar e Responsabilidade, alerta que a falta de
libido é uma disfunção sexual que precisa de tratamento terapêutico.
“É importante uma avaliação psicológica para saber se quem se
classifica como assexual não está mascarando problemas sérios”, diz. O
desejo minguado pode ser patologia quando causado por traumas (leia
quadro). Quem vive bem trocando uma maratona nos lençóis por um
cineminha não precisa se preocupar. Talvez a assexualidade seja apenas
o sinal de que um mundo tão sexualizado está à procura de um ponto de
equilíbrio. E de que as pessoas precisam se acostumar com as
diferenças.
Fonte : Revista Isto é

22 março, 2009

Por fora e por dentro: curtas e grossas

  1. Metendo o bedelho na porta dos outros, vejo que muitas vezes as pessoas mais querem aparecer do que informar embora o discurso seja exatamente o contrário. Somos mais previsíveis aos outros que a nós mesmos.

  1. Abrindo o meu ferrolho, percebo que não preciso gostar ou querer ter uma vida diferente da minha própria vida. Se meu tesão é estudar, conversar com gente inteligente e descobrir as senhas do comportamento humano, danem-se as relações sociais meramente sociais. Não sou obrigada a conviver e a partir de agora não me sentirei culpada.

  1. Engraçado, sempre ouvi dizer que gaúchos eram grossos. Convivendo agora com alguns, acho que sou gaúcha.

  1. Comunicação é um tacho onde todo mundo mete a colher, mas mandam apenas um ficar mexendo até dar o ponto. Quem estudou o ofício é o menos ouvido.

  1. Existem tantas éticas no mundo quanto o número de pessoas.

  1. Clodovil morreu. Grande perda. Sinceramente.

  1. O namoro de Francine e de Max ruiu por tanta opinião. Fora do BBB é a mesma coisa, pois não namoram apenas o casal, mas todos aqueles que acompanham a novela amorosa.

  1. Existe mais gente incompetente no mundo, do que competente.

  1. Quando a agressividade se torna habitual, alguém não está se fazendo entender. A agressão é arma dos invisíveis.

ENTREVISTA – CHARLOTTE ROCHE


Charlotte Roche - "A depilação está se tornando uma loucura"


A escritora alemã critica a moda de retirar todos os pelos pubianos e sugere que as mulheres usem gotinhas dos fluidos vaginais como perfume

por Cristiane Ramalho, de Berlim


Ela é a antítese da feminista tradicional. Charlotte Roche, de 31 anos, tem uma voz quase infantil e, por pura provocação, veste roupas tradicionais. A escritora que está levando os alemães a ler sobre sexo como nunca não poupa ninguém de sua escatologia. Em Zonas úmidas (Editora Objetiva), romance de estreia que conta as fantasias sexuais da jovem Helen, ela critica as mulheres “limpinhas”, obcecadas por depilação. Helen é uma mulher que sai de casa com calcinha furada e se perfuma com gotinhas do líquido vaginal. O livro da apresentadora de TV que virou celebridade já vendeu 1 milhão de exemplares na Alemanha e chega às livrarias do Brasil nesta semana. Nesta entrevista, Charlotte discute as razões pelas quais é considerada uma “nova feminista”.



QUEM É
Charlotte Roche, de 31 anos, é escritora, atriz, produtora, cantora e apresentadora de TV. Nasceu na Inglaterra, mas foi criada na Alemanha. Mora em Colônia, é casada e tem uma filha de 6 anos

O QUE PUBLICOU
Zonas úmidas (Editora Objetiva), primeiro livro alemão a alcançar o topo da lista mundial dos mais vendidos da Amazon.com. No Brasil, chega às livrarias nesta semana


ÉPOCA – O que a levou a escrever sobre “zonas úmidas”?
Charlotte Roche– Eu queria escrever um livro bem honesto sobre o corpo feminino. E foi muito divertido pensar em todos os tabus que envolvem as mulheres: em relação à higiene, a ser sexy e ter um corpo sem pelos. Por isso, criei uma mulher doente, com hemorroidas. O corpo dela dói, ela vai ao banheiro, menstrua, se masturba. Isso dá uma dimensão mais humana ao corpo feminino.


ÉPOCA – A protagonista, Helen, diz que “pessoas obcecadas por higiene a deixam louca”. Isso é o que você pensa?
Charlotte – Sim, eu acho que isso está indo longe demais. Não entendo por que queremos nos livrar do cheiro natural do nosso corpo. Eu realmente gosto do cheiro das pessoas. Não estou falando do mau cheiro. Você pode tomar um banho uma vez por dia (risos). Mas acredito que, quando a gente se apaixona por alguém, é por causa do seu cheiro pessoal. Não entendo esse cheiro industrializado de perfume, de desodorante, sempre tentando matar o cheiro humano.


ÉPOCA – Eliminar os pelos é assunto recorrente em seu livro. Por que esse tema?
Charlotte – O livro começa com a personagem Helen raspando os pelos no bumbum. A depilação está se tornando uma coisa extrema, uma loucura. Com frequência, as mulheres não têm mais nenhum pelo pubiano. Ao redor da vagina, todos os pelos se foram. Ficam parecendo bebês, menininhas. E não mulheres de verdade. Se há uma única mulher que não se raspa, então as outras ficam loucas, porque ela está abrindo mão dessa mania.


ÉPOCA – Você se depila?
Charlotte – Eu raspo as partes do biquíni, as pernas, as axilas. Mas também não entendo por que tenho de fazer isso (risos). Sempre pergunto a minhas amigas: “Por que vocês se raspam?”. Ninguém consegue responder! Certa vez, quando apresentava um programa de música na TV – e era dez anos mais nova -, deixei os pelos de minhas axilas crescer. As pessoas ficaram furiosas. Escreveram e-mails dizendo que me odiavam, só porque deixei as axilas cabeludas. São especialmente as mulheres que se tornam agressivas.


ÉPOCA – Alguns críticos classificam seu livro de “pornográfico”. Isso a incomoda?
Charlotte – É realmente um tédio. As pessoas perguntam: “Isso é pornografia ou é arte?”. Por que as coisas não podem ser uma mistura de arte e pornografia? Meu livro é político e, supostamente, feito para ser engraçado. E libertador para as mulheres. Escrevi também para deixar as pessoas excitadas.


ÉPOCA – Alice Schwarzer, tradicional feminista alemã, fez uma cruzada contra a pornografia. Como as feministas na Alemanha veem você?
Charlotte – Sou uma jovem feminista. E o grande problema com o feminismo é que as velhas feministas odeiam as novas. Mas sou “filha” delas – queiram ou não. Sou o resultado de anos de luta da velha-guarda pelos direitos das mulheres. Para mim, é frequente encontrar, entre as velhas feministas, muitas lésbicas. E acho muito difícil elas emitirem opiniões sobre como eu, uma heterossexual, devo tratar um homem. Uma lésbica obviamente não entende de pornografia, porque é uma coisa heterossexual. E se há um jogo entre um homem e uma mulher, e mesmo se isso é agressivo, ou um jogo “sadomaso”, ou o que for, é entre homem e mulher. Muitas vezes, as feministas estão lutando contra os homens. E elas sempre pensam que fazer sexo com um homem ou calçar um salto alto para um homem é idiota. Como heterossexual, eu quero que o homem me ache atraente. Então, eu calço salto alto e assisto a pornôs com meu marido. Mas as feministas odeiam os homens. Esse é o grande problema. E as jovens feministas estão tentando ter uma relação de amizade com os homens, e não brigar com eles.


ÉPOCA – Na Alemanha, há uma onda de publicações sobre um suposto novo feminismo. Seu livro faz parte disso?
Charlotte – Com certeza. Foi uma grande coincidência. Quando escrevi o livro, não sabia que havia outros sendo escritos. E, quando foram lançados, ficou claro que está surgindo um novo movimento feminista na Alemanha. Todas (as autoras) também foram insultadas pelas velhas feministas (risos). Meu livro ajudou a pensar sobre coisas que ainda são tabus absolutos sobre o corpo da mulher, como a masturbação. Muitas jovens não leem o livro como se ele fosse chocante, ou sexual, mas como uma leitura libertadora. Uma delas me contou, por exemplo, que vivia sem graça diante do próprio corpo, dos fluidos, do cheiro da vagina. Mas, depois de ler meu livro, passou a não ligar mais para nada disso.

"A depilação está se tornando uma coisa extrema,
uma loucura. As mulheres não têm mais
pelos pubianos. Parecem menininhas"


ÉPOCA – A inspiração para a personagem Helen veio de sua vida?
Charlotte – Sim, muito da história familiar da personagem é totalmente autobiográfica. Por isso é um pouco triste. Porque esse é o jeito como eu vejo a família – pessoas evitando falar sobre coisas importantes. Sofri bastante com o divórcio dos meus pais, e isso está no livro. Dito isso, a Helen não poderia ser real (risos). Vários homens me perguntam se as mulheres são realmente como ela, e eu sempre digo, ai, meu Deus, não! E fico sempre preocupada, porque, ao ler o livro, eles podem pensar que as mulheres são nojentas. Não conheço ninguém como a Helen. Ela é completamente exagerada. Mas alguma coisa que ela faz todo mundo deveria copiar. É muito melhor ter nosso fluido como perfume que perfume de verdade (risos).


ÉPOCA – Você já declarou que gostaria que sua filha tivesse ideias semelhantes às de Helen. Como assim?
Charlotte – A ideia feminista de educá-la está ligada a transmitir autoconfiança. E tentar manter o mundo sexista longe o máximo possível. A coisa mais importante na educação de uma filha é mostrar a ela que é uma coisa boa ser mulher. Mas isso é muito difícil, às vezes. Isso porque a vida é mais fácil para os homens que para as mulheres. Vejo com frequência mães – mulheres que eram legais com suas filhas quando elas eram crianças – dizendo para elas quando chegam à puberdade: “Não deixe seu irmão ver sua menstruação, isso é nojento”. Isso tudo começa com as próprias mães.


ÉPOCA – Por que as piadas sobre cheiro de vagina se repetem?
Charlotte – Cresci numa sociedade em que todos os homens faziam piadas sobre vaginas com cheiro de peixe morto. Nunca consegui entender isso. Costumam dizer que esse é um dos piores cheiros do mundo. Se os homens pensam que a vagina tem esse cheiro, por que gostam de sexo oral?


ÉPOCA – O que sabe sobre o Brasil?
Charlotte – Conheço uma coisa negativa do Brasil, a depilação completa – famosa aqui na Alemanha. É uma moda recente. Os pelos são totalmente eliminados. Você deita numa posição ginecológica, eles colocam a cera e arrancam tudo.

15 março, 2009


"Toda banda larga será inútil se a mente for estreita. É tempo de pensar sem fronteiras..."

11 março, 2009


"Quem nasce andando não tem saco para empurrar"

dando um tempo


Estou fechada para balanço.

Balanço de idéias.

Balanço de valores.

Balanço de crenças.

Balanço.

Estou num momento peneira.

para ver o que fica.

para ver o que foge.

para ver o que entope.

Estou dando um tempo.

No balanço da peneira...


Soll, entre calor e tempestade, Brasília, 10 de março de 2009.

09 março, 2009

AVISO IMPORTANTE

01 - Certidão de nascimento ou casamento
Quem quiser tirar uma cópia da certidão de nascimento ou de casamento, não precisa mais ir até um cartório, pegar senha e esperar um tempão na fila.

O cartório eletrônico, já está no ar! Nele você resolve essas e outras burocracias, 24 horas por dia, on-line. Cópias de certidões de óbitos, imóveis, e protestos também podem ser solicitados pela internet.
Para pagar é preciso imprimir um boleto bancário. Depois, o documento chega por Sedex.


www.cartorio24horas.com.br


02 - AUXÍLIO À LISTA
Telefone 102... não! Agora é: 08002800102

Vejam só como não somos avisados das coisas que realmente são importantes...

NA CONSULTA AO 102, PAGAMOS R$ 1,20 PELO SERVIÇO.
SÓ QUE A TELEFÔNICA NÃO AVISA QUE EXISTE UM SERVIÇO GRATUITO.


03 - DOCUMENTOS ROUBADOS
BO dá gratuidade - Lei 3.051/98 - VOCÊ SABIA???

Acho que grande parte da população não sabe. A Lei 3.051/98 nos dá o direito de, em caso de roubo ou furto (mediante a apresentação do Boletim de Ocorrência), gratuidade na emissão da 2ª via de documentos como:

Habilitação (R$ 42,97);
Identidade (R$ 32,65);
Licenciamento Anual de Veículo (R$ 34,11)

Para conseguir a gratuidade, basta levar uma cópia (não precisa ser autenticada) do Boletim de Ocorrência e o original ao DETRAN p/ Habilitação e Licenciamento e outra cópia a um posto do IFP.

01 março, 2009

E-blog

Idéia bem legal é o blog que fala de blogs. Um ezine virtual com a temática dos diários internéticos! massa né?