30 novembro, 2008

Como Brasília perdeu uma prostituta

Folha de São Paulo
10/11/2008



Como era inteligente, a menina prosperava cada vez mais rápido na escola; assim, deixou a prostituição e virou dentista


A educadora Dagmar Garroux preparou uma de suas alunas para ser prostituta. Mas não qualquer prostituta -seria treinada para circular pelos bastidores de Brasília. Além de etiqueta, aprenderia a falar bem português e se viraria no inglês ou espanhol. Com aulas de artes, história e atualidades, ela conseguiria manter uma conversa em recepções. "O treino funcionou", orgulha-se Dagmar. Funcionou tão bem que Brasília perdeu uma prostituta.

A menina, estimulada com a chance de ser prostituta em Brasília, morava na favela do Parque Santo Antônio, localizada no chamado "triângulo da morte", na zona sul da cidade de São Paulo. No "triângulo" existe o cemitério São Luiz, que, conta-se, é o lugar onde estariam enterrados mais adolescentes por metro quadrado no mundo.

Dagmar criou, ali, um centro educacional batizado de Casa do Zezinho -o nome é inspirado na poesia "E agora, José?", de Carlos Drummond de Andrade. Uma das freqüentadoras da casa era a menina, que começou a vender o corpo, na fronteira da adolescência, agenciada por um rapaz mais velho da escola pública em que estudava. Dividiam pela metade o valor de cada programa (R$ 10).

A garota não gostou da intromissão da educadora. "Não se mete, não.

Você nunca pensou em se vender para ganhar dinheiro?", perguntou, agressiva. Ela era conhecida pela violência, metia-se em brigas. Quase sempre andava com uma faca.

Dagmar suspeitou de que corria o risco de perder a aluna, desfeito o já frágil laço afetivo. Decidiu entrar no jogo. Disse que nunca quis vender o corpo. Mas, se quisesse, não iria aceitar mixaria. "Eu iria cobrar no mínimo R$ 1.000. Isso no começo, depois aumentaria o preço."


A aluna arregalou os olhos e ouviu a improvável proposta: "Por que você não se prepara para ser puta em Brasília? Você ganha dinheiro e se aposenta". Com aquele corpo e a bagagem intelectual, acrescentou, certamente iria surgir um marido rico.


No dia seguinte, a garota voltou, animada com a proposta. "Topo", disse. Dagmar ponderou que ela deveria, então, se preparar. Para começo de conversa, deveria se cuidar para que aumentasse a disputa dos clientes.

Precisaria, assim, parar imediatamente de estragar seu corpo com os homens da favela. "Você quer chegar a Brasília com a mercadoria velha?" Dagmar convenceu-a de que, além do corpo atraente, precisaria mostrar cultura e saber falar. Um tanto a contragosto, mas de olho nas recompensas futuras, aceitou as aulas.


Com as aulas, vieram reflexões sobre autonomia e responsabilidade; a auto-estima era trabalhada em projetos de arte e comunicação. Certo dia, ela fez um comentário sobre os dentes de Dagmar. "Parece que você tem uma boca de cavalo." E brincou: "Se eu fosse dentista, eu consertaria a sua boca".

O apoio explicou por que, embora sem intenção, a menina apresentasse melhor desempenho escolar. A trajetória teve momentos de crise: como já não faturava com a prostituição, a garota passou a vender drogas. Dagmar voltou a argumentar que, se fosse mesmo vender drogas, deveria se tornar chefe e, aí, precisaria continuar os estudos para entender contabilidade. O inglês seria útil para transações internacionais.

Como era inteligente, a menina prosperava cada vez mais rapidamente na escola. À medida que ficava mais velha, prestava mais atenção no que acontecia em sua comunidade com quem se envolvia com as drogas e a prostituição -bem ao seu lado estava o pedagógico cemitério São Luiz.

Ela chegou a concluir o ensino médio e suspeitou que talvez pudesse prosseguir. Por motivos óbvios, não posso revelar o nome da aluna: "Ainda sinto muita vergonha", justifica. Fez um cursinho pré-vestibular gratuito e entrou na USP. Formou-se em odontologia -e agora vive consertando bocas.

PS: A ex-futura-prostituta de Brasília é um dos casos que passaram pela Casa do Zezinho, uma experiência relatada agora pelo educador Celso Antunes no livro "A Pedagogia do Cuidado", a ser lançado neste mês.

Ele detalha o que existe de teorias pedagógicas por trás dos exemplos. Se os gestores municipais agora eleitos quiserem fazer cidades melhores, terão de aprender as magias que podem ser feitas quando existirem bons educadores, mesmo num "triângulo da morte".

É mais uma ilustração do que sempre digo: educar é ensinar o encanto da possibilidade. Um dos seus projetos é transformar aquele simbólico cemitério São Luiz, com o recorde de covas de adolescentes, numa galeria de arte, com os muros externos pintados -as obras, claro, serão feitas por adolescentes. Por esse tipo de experiência, Dagmar vai dar aula, na próxima semana, num curso de gestão da Fundação Vanzolini, da Poli.

Coluna originalmente publicada na Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano.

29 novembro, 2008

28 novembro, 2008

Todo mundo tem problemas sexuais

Texto lido por Pedro Cardoso no cine Odeon
(vejam no link do Pedro Cardoso a interessante troca de e-mails dele com a Playboy)




Esse é o texto que eu li na primeira exibição do filme "Todo mundo tem problemas sexuais" no cinema Odeon no dia 08 de outubro de 2008.



Senhoras e senhores, nesta primeira exibição pública de "Todo Mundo Têm Problemas Sexuais", eu gostaria de, na qualidade de ator e produtor do filme, compartilhar com vocês algumas preocupações a respeito da pornografia que percebo presente na quase totalidade da produção audiovisual mundial, e na brasileira especialmente; e como esta invasão está aviltando a profissão de ator e de atriz; e gostaria, de situar o filme no contexto desta questão.

A meu ver, as empresas que exploram a comunicação em massa (e as que dela fazem uso para divulgar seus produtos) apossaram-se de uma certa liberdade de costumes, obtida por parte da população nos anos 60 e 70, e fazem hoje um uso pervertido dessa liberdade.

Uma maior naturalidade quanto a nudez, que àquela época, fora uma conquista contra os excessos da repressão a vida sexual de então, tornou-se agora, na mão dessas empresas, apenas um modo de atrair público. Com a conivência de escritores e diretores (alguns deles, em algum momento, verdadeiros artistas; outros, nunca!) temos visto cenas de nudez, ou semi-nudez, ou roupas sensuais, ou diálogos maliciosos, ou beijos intermináveis, em quase todos os minutos da programação das televisões e nos filmes para cinema, sem falar na publicidade. A constância com que essas cenas aparecem tem colocado em permanente exposição a nudez dos atores, especialmente das mulheres; é sobre as atrizes que a opressão da pornografia é exercida com maior violência, uma vez que ela atende, na imensa maioria das vezes, a um anseio sexual do homem. É raro o convite de trabalho, seja filme ou novela ou programa de humor, que não inclua cenas desse tipo para o elenco feminino.

No filme que assistiremos em breve, apesar do nome que tem, não há cenas de nudez. Embora o drama de todas as histórias aconteça nas imediações de atos sexuais, este filme não tem cenas de nudez. Esta foi uma sugestão minha que foi muito bem recebida pelo diretor, Domingos Oliveira, e por ele endossada. A minha tese é de que a nudez impede a comédia, e mesmo o próprio ato de representar. Quando estou nu sou sempre eu a estar nu, e nunca o personagem. Quando vemos alguém nu vemos sempre a pessoa que está nua. O personagem é justamente algo que o ator veste. Ao despir-se do figurino, o ator despe-se também do personagem, e resta ele mesmo, apenas ele e sua nudez pessoal e intransferível. Diante da irredutível realidade da nudez de seu corpo, o ator não consegue produzir a ilusão do personagem. O ator ou atriz que for representar um personagem que estiver nu, terá que vestir um figurino de nu (seja lá o que isto quer dizer!).

Fiz algumas poucas cenas de nudez muito parcial e eu me senti sempre muito mal, porque, despido, devia representar ainda, embora já sem personagem nenhum. Este absurdo causa grande desconforto ao ator ou a atriz porque nos obriga a mentir, e mentir é o ato mais distante possível da arte de representar.

Neste filme de hoje a vida íntima dos personagem é o ambiente onde seus dramas acontecem, apenas isso. Não há intenção de provocar excitação sexual, como há na pornografia. Acredito que a dramaturgia, que é arte de contar histórias, busca oferecer ao público um pensamento, e não uma sensação. Esta pertence a vida. É na vida que sentimos frio e fome; na arte, falamos do frio e da fome, se possível com alguma inspiração. A apresentação da nudez, busca produzir uma sensação erótica e não sugerir um pensamento sobre o erotismo. Neste filme os atores estão vestidos para que os personagens possam estar desnudos. O estímulo ao anseio sexual está esquecido para que o pensamento possa ser provocado.

Fazer o filme assim é uma decisão política para mim. A pornografia está tão dissimulada em nossa cultura, que já não a reconhecemos como tal. Hoje, qualquer diretor ou autor de novela ou programa de televisão (medíocre ou não, mas medíocre também!), ou qualquer cineasta de primeiro filme, se acha no direito de determinar que uma atriz deve ficar pelada em tal cena, ou sumariamente vestida (já vem escrito no texto!), ou levando um malho, ou beijando calorosamente dez minutos um ator que ela acabou de conhecer (e já aconteceu de ser apresentado um prostituto para fazer uma cena de beijo com uma colega nossa). E depois, é freqüente que esses cineastas de primeiro filme exibam para seus amigos, em sessões privê, as cenas ousadas que conseguiram arrancar de determinada atriz. (E quanto mais séria e profissional for a colega, maior terá sido o feito de tal cineasta de merda.)

E quando hesitamos diante de um diretor que nos pede a nudez, ele fica bravo, faz má-criação, como uma criança mimada, porque se considera no direito a ela. E se a atriz for jovem, é bem capaz que ainda ouça uns desaforos.

Até quando, nós atores, ficaremos atendendo ao voyeurismo e a disfunção sexual de diretores e roteiristas, que instigados pelos apelos do mercado, ou por si mesmos, nos impingem estas cenas macabras? Até quando, nós atores, e sobretudo, as atrizes, serão constrangidas a ficarem nuas em estúdios ou praias onde homens em profusão se aglomeram para dar uma olhadinha? Ou, pior: quando dissimulam o seu apetite sexual num respeito cerimonioso; respeito esse que é pura tática para não espantar a presa, a oferenda que vai ser imolada no altar do tesão alheio dos impotentes!

Um diretor não deveria pedir a uma atriz que faça algo que ele não pediria a uma filha sua. Assim como um homem não deve fazer a uma mulher algo que ele não quer que seja feito a uma filha sua. Eu não conheço outra dignidade além dessa.

Se essa gente quer nudez, que fiquem nus eles mesmos, e então conhecerão o uso pornográfico de suas próprias imagens e saberão onde dói! Além do que, seria uma doce vingança para nós conhecer a nudez dessas belíssimas pessoas, geralmente fora do peso!

Quem quer a nudez do outro, é porque tem problemas com a sua própria.

Eu ambiciono o dia em que os atores e as atrizes saibam que podem e devem dizer "não" a cenas onde não se sintam confortáveis. O dia em que saibamos que não temos obrigação de tirar a roupa, que esta não é uma exigência do ofício de ator e sim da indústria pornográfica. O dia em que não nos deixaremos convencer por patéticos argumentos do tipo: "é fundamental para a história", "a luz vai ser linda", "você vai estar protegida", "é só de lado", "a gente vai negociar tudo", "se você não gostar, depois eu tiro na edição", e o pior argumento de todos, "vai ser de bom gosto". E a conclusão de sempre "confie em mim". E há também um argumento criminoso: "O programa é popular. Tem que ter calcinha e sutiã." Como se a gente brasileira fosse assim medíocre.

Claro que somos imperfeitos, pornografia talvez sempre haverá. Mas que ela não seja dominante e absoluta. E, principalmente, que ela não seja irreconhecível, disfarçada de obra dramatúrgica, de entretenimento inocente. Isto é uma perversão de conseqüências trágicas porque rouba à arte o seu lugar. E a arte, mesmo quando seja entretenimento inocente, é fundamental para a nossa saúde coletiva. E se a pornografia também o for, que ela o seja, mas como pornografia, e não querendo se passar pela nossa vida de todo dia, no ar na novela das sete, ou mesmo das seis, como se aquelas situações fossem a coisa mais normal do mundo. Criam-se cenas de estupro, de banho, de exibicionismo, de adultério, ambientadas em boates, prostíbulos, etc, tudo apenas para proporcionar cenas de nu-dez.

A quem diga que a nudez destas cenas é fundamental para a história, eu sugiro que assista a pelo menos 2 filmes de François Truffaut, "Le Dernier Métro" e "La Femme à Coté" e aprendam alguma coisa sobre a narrativa da intimidade de personagens sem haver exposição da intimidade dos atores.

Um bom ator pode surgir em qualquer lugar, na escola, na rua ou mesmo no deserto hipócrita de um reality show. O fundamental aqui é fazer uma distinção, não quanto ao caráter de cada pessoa individualmente, mas quanto a natureza de cada coisa. O que é pornografia é pornografia, o que é arte é arte. Que os pornógrafos sejam os pornógrafos, e que os atores e atrizes sejam os atores e as atrizes. Hoje está tudo confuso e sendo tomado pelo mesmo. E nós, atores, que deveríamos estar servindo a dramaturgia de uma história, temos sido, constantemente, o veículo da pornografia, com maior ou menor consciência do que estamos fazendo.

Mas é bom lembrar que nunca é o ator que escreve para si mesmo a cena em que ele ficará nu. Nunca é uma escolha do ator. É sempre a escolha de um roteirista e de um diretor e, certamente, do produtor.

Eu ambiciono o dia em que nós não teremos medo do You Tube ou das sessões nostalgia dos canais brasil da vida, e suas retrospectivas do nosso cinema; o dia em que não teremos medo de os nossos filhos terem que responder perguntas constrangedoras a colegas na escola. Não é necessário ser assim. Os filhos de grandes atrizes, de um passado ainda muito recente, não passaram por esse constrangimento. Não há porque nós aceitarmos tamanho aviltamento. Saibamos dizer "não"! Nada acontecerá.

Claro que tudo isso nos é vendido como algo inofensivo, apenas uma crônica dos costumes do nosso tempo. Mas esse é o grande álibi para a disseminação da pornografia através do nosso trabalho. Há muito tempo estamos passando por esse constrangimento e fingimos que não. Temos mil desculpas esfarrapadas para nos enganar. Mas a verdade é que temos medo de ficar sem emprego. A pornografia é uma mercadoria muito fácil de vender, mas eu acredito que o público, por fim, a rejeita e se sente desrespeitado. Eu escrevi para televisão brasileira, em companhia de outros colegas, e para o teatro, obras que não tinham pornografia e que fizeram sucesso. Participo há oito anos da Grande Família, onde, se alguma pornografia houver, é muito pouca. Digo se alguma houver, porque a pornografia tem tantos disfarces que nenhum de nós está livre de todo; então, faço eu mesmo a ressalva.

Onde há pornografia, não há liberdade. Há alguém ganhando dinheiro e alguém sofrendo para produzir o dinheiro que este outro está ganhando. Quem se vê submetido a cena pornográfica, sempre sofre, mesmo apesar de seus possíveis comprometimentos subjetivos a tal submissão. O comprometimento eventual de alguns de nós, não legitima o ato agressivo de quem propõe a pornografia.

A quem se afobe em me acusar de exagerado, eu só peço que assista aos filmes recentes e a televisão. Está tudo lá. É só ter liberdade para ver.

A quem se afobe em me acusar de moralista, peço antes que procure conhecer o meu trabalho em teatro e que assista ao filme desta noite. Nele, assim como algumas vezes no teatro, tratei, junto com meus colegas, de assuntos bem distantes da uma moralidade puritana. Quem for me acusar, tente primeiro perceber a diferença entre a liberdade para tratar de qualquer assunto e a intenção de usar qualquer assunto para difundir pornografia usando a liberdade de costumes para disfarçá-la de obra dramaturgia.

Para que não digam que eu sou contra a nudez em si, dedico este texto a atriz Clarisse Niskier, que faz de sua nu-dez em "A Alma Imoral" um excelente instrumento para a narrativa do seu espetáculo e não um ato pornográfico. Na televisão não há cena de nudez que eu me lembre de ter considerado justificada, mas no cinema há pelo menos uma: Leila Diniz vestindo a nudez de sua personagem no filme "Todas as Mulheres do Mundo", enquanto o personagem de Paulo José diz um belíssimo poema de Domingos Oliveira.

E para que não digam que estou assim transtornado com este assunto porque agora estou namorando uma atriz, digo logo eu! De fato, nos dói mais a dor que dói em nós mesmos. Mas saibam que estas idéias, incômodos e preocupações já nos ocupavam, tanto a mim quanto a ela, muito antes do nosso encontro. Agora, ver a mulher que eu amo ter que diariamente se defender no trabalho contra a pornografia reinante, tornou este assunto a primeira ordem do meu dia. Se antes era apenas por responsabilidade profissional que eu me opunha a pornografia, agora é também por amor. Se alguém conhecer um motivo melhor do que este para lutar por uma causa, me diga, porque eu não conheço. E ainda afirmo: o meu afeto não me nubla o discernimento. Ao contrário, acredito que ele me deixe mais lúcido porque mais determinado.

E se ainda alguém quiser me acusar de mais alguma coisa, acho que dificilmente serão atores e muito menos atrizes. As acusações virão certamente daqueles que sempre permanecem vestidos nos estúdios de televisão e nos sets de filmagem ou nem saem das salas de reuniões.

Aqui nesse filme também não houve amestradores de ator. Esse assunto parece nada ter a ver com a pornografia, mas tem sim. O haver agora no mercado esses amestradores de atores faz parte da desautorização do ator como autor do seu próprio trabalho. Quer dizer que nem o seu próprio trabalho é o ator que faz?! Há alguém que o faz fazer como deve ser feito. Isso acontece, na minha opinião, porque os cineastas confundem sua própria perplexidade diante da dramaturgia (que, por vezes, eles desconhecem) com uma suposta incompetência do ator, e resolvem o problema chamando um amestrador de ator. (Melhor fariam se estudassem teatro.) É nocivo para nós. Um ator desautorizado na autoria de seu próprio trabalho irá aceitar, com muito mais subserviência, a pornografia que lhe será exigida logo mais a frente. O que está escondido sob esta prática é a desautorização do ator como líder da arte de representar e senhor do seu ofício. Lembremos-nos de que só há realidade fílmica ou televisiva, e certamente teatral, se um ator a faz existir! Sem o ator não há nada. Este é um poder que podem nos impedir de exercer, mas não nos podem tirar.

Espero que o filme que vamos assistir explique os meus sentimentos e idéias a respeito desse assunto melhor do que estas minhas palavras.

Vamos ao filme.


Escrito por Pedro Cardoso às 09h40

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acréscimos


Publico agora alguns parágrafos que eu não disse no Odeon com medo de me alongar demais, mas que completam a exposição das minhas inquietações sobre esse assunto.


1.

Quando eu tinha uns 20 anos, aceitei o convite de Ivan Cardoso para atuar num filme cuja história girava em torno da descoberta do sexo por jovens. Aceitei por ingenuidade. Um dia, fui ao set e encontrei a filmagem de cenas de sexo onde só o que não havia era ereção e penetração. No mais, tudo era igual a um filme pronográfico profissional. Eu disse a ele que não faria cenas daquela natureza, e de fato não fiz, apesar dos protestos do produtor, um tal de Anibal Massaini (parece que ele agora também é cineasta). Esse produtor colocou um dublê no meu lugar e rodou a continuação da cena de ato sexual que eu havia interrompido no primeiro beijo, ainda totalmente vestido. Diga-se, apenas por amor a verdade, que ele o fez sem o consentimento do próprio diretor.

Desde que sofri essa afronta, ainda tão jovem, a questão da pornografia tem me agredido e interessado.


2.

O anseio sexual é constante no homem, não deve ser permanentemente atiçado. Sem o ser, ele já nos traz transtornos e alegrias suficientes. A arte e a cultura e o esporte e a amizade, entre outras coisas, devem nos descansar dele, e não nos levar de encontro a ele. Quando assistimos a um bom filme (ou peça de teatro ou capítulo de novela ou programa de auditório, ou comercial de televisão) ficamos felizes e temos vontade de viver, de encontrar pessoas e, quem sabe até, nos apaixonarmos por alguém. Quando assistimos a pornografia, somos induzidos a masturbação, ficamos solitários e depressivos. Enquanto a arte nos acalma, a pornografia nos angustia porque não temos defesa contra ela. Qualquer pessoa é susceptível a nudez. A visão da nudez desperta inevitavelmente o anseio sexual; que, uma vez desperto, só sossega quando consumado. E como não o conseguimos consumar na velocidade em que ele pode ser estimulado, esta frustração nos irrita e acirra nossa violência. Daí o perigo de a pornografia ser difundida, sob o disfarce de obra dramatúrgica, com tanta frequência pelos meios de comunicação em massa.


3.

As razões nos que levam a fazer, com tanta frequência, cenas de nudez, a parte qualquer particularidade da psicologia de cada um, são razões de mercado de trabalho. O mercado impõe a nudez como um item de excelência aos atores. Nos dizem que é preciso ter uma boa voz, conhecer dramaturgia, e ter disponibilidade para ficar pelado. Sendo que a disponibilidade para ficar pelado, talvez seja o atributo mais importante, visto o número de profissionais que fazem carreira de sucesso sem ter nenhum dos outros. É só gente que sabe ficar pelada fingindo que está tudo bem. Chega-se hoje a um emprego de ator por dois caminhos: estudo e prática do teatro ou realities shows (aquela vida real estranha, onde se toma banho de biquini, todo mundo finge que é quem é, e no final se posa pelado para revistas).


4.

Quem na profissão não fez ao menos uma cena da qual não tenha se arrependido? Porque temos que achar isso normal? Não temos. Vamos dizer "não"! E os mais velhos, tem que dizer "não" primeiro. Porque para uma jovem atriz de 20 anos é muito difícil enfrentar toda aquela estrutura montada para a oprimir. Nós, que somos mais velhos, próximos aos cinqüenta como eu, temos o dever de liderar uma oposição a esta pornografia, mesmo porque ela foi legitimada pela nossa geração. Por uma questão histórica, recaiu sobre nós o momento em que a pornografia buscou se oficializar nos meios de comunicação em massa. É nosso dever encontrar uma saída para essa armadilha.


5.

Quanto aos jornalistas que estão aqui presentes, aviso que não respondo perguntas sobre a minha vida pessoal, por várias razões, mas também porque a totalidade dos órgãos de imprensa que cobrem as atividades artísticas não têm parâmetros éticos confiáveis. Estas empresas não têm limite e impõe a vocês a mesma pornografia que está sendo imposta a todos nós. Quanto aos fotógrafos, aviso que não têm permissão de me fotografar quando estou vivendo a minha vida privada, mesmo que ela aconteça em lugares públicos. Hoje, aqui, estou num evento público. Mas quando estou andando na rua, estou vivendo a minha vida. E todos temos direito a privacidade. É um direito constitucional. Não está escrito na constituinte que atores e atrizes são exceção. Advirto que eu irei lutar por esse direito meu, e tentarei cobrar dos senhores as indenizações que julgar justas.


Escrito por Pedro Cardoso às 09h27

27 novembro, 2008

A ficção que vale um doutorado

Finalmente a sensatez começa a chegar ao meio acadêmico...



Prestigiados pelo mercado editorial, romances apresentados como teses em bancas de pós-graduação colocam em debate o gênero tradicional de escrita acadêmica



A tendência pode até ter antecedentes de luxo, como Friedrich Nietzsche e Roland Barthes, mas foi o mais recente prêmio Jabuti, entregue em setembro, que deu a ela uma visibilidade rara no país. Antes de virarem finalistas nas categorias romance e conto-crônica deste ano, três obras de ficção haviam passado pelo caprichoso ritual das bancas examinadoras, apresentadas que foram como teses de doutorado ou monografias de fim de curso em faculdades.

Os romances Rakushisha (Rocco), de Adriana Lisboa, e A Chave de Casa (Record), de Tatiana Salem Levy, são ficção da gema. Nem por isso deixaram de ser avaliados como ensaios acadêmicos na pós-graduação de conceituadas universidades cariocas, Uerj e PUC-Rio, respectivamente. Já Histórias de Literatura e Cegueira (Record), de Julián Fuks, foi uma distinta monografia de fim de curso em jornalismo, na USP.

Os três livros mostram uma ruptura flagrante de gênero, que está longe de ser desprezível. O modelo tradicional de escrita, produzido em áreas de conhecimento predominantemente acadêmicas, em particular nas chamadas ciências humanas, é de outra estirpe. É marcado pelo estilo ensaístico, tantas vezes formal, com discurso em geral em terceira pessoa, de todo modo fundado no rigor da pesquisa, na busca por evidenciar erudição e invariavelmente com respaldo em citações que, aos olhos de um leitor não-acadêmico, parecem mais interromper o fluxo de leitura do que outra coisa.

Nada disso caracteriza as três peças de ficção que se tornaram finalistas do Jabuti 2008. No entanto, todas foram chanceladas pelo meio acadêmico.

Flexibilidade relativa
É verdade que os casos atuais contam com o precedente ilustre do escritor Esdras do Nascimento, que em 1977 defendeu na UFRJ aquele que é considerado por muitos o primeiro romance-tese brasileiro, Variante Gotemburgo. O exemplo de Esdras, de criar um romance sobre a construção de um romance, orientado na época por Afrânio dos Santos Coutinho, notabilizou-se como um caso pioneiro, até então isolado.

O fenômeno atual, no entanto, pode ser indicador de uma flexibilidade inédita. Ela pode não ser propriamente a tônica majoritária em cursos de Letras ou Comunicação de todo o país. Mas mostra a disposição da Universidade brasileira - parte dela, ao menos - à experimentação que se propõe a retirar algo da poeira previsível que parece contaminar sua linguagem e aumentar o fosso entre público e academia.

Nesse processo, teses vêm adotando cada vez mais estruturas flexíveis e abertas, a ponto de, em alguns casos, flertarem com a classificação de ensaio literário, quando não a de descarada ficção.

- O fato de a academia estar menos sisuda em relação às suas teses é um fenômeno natural. Está havendo uma mudança, uma espontaneidade, que por sua vez está gerando trabalhos mais flexíveis - pondera Márcia Lígia Guidin, integrante da comissão do prêmio Jabuti 2008.
Tatiana Levy, autora de uma das obras finalistas (A Chave de Casa), acredita que a universidade, além de um espaço dedicado à transmissão do saber, também deveria pautar-se por experimentações. Ela conta que já havia completado mais da metade de sua pesquisa de doutorado quando resolveu apresentar um romance como tese.

- Eu fazia uma pesquisa sobre memória e legado, temas presentes no livro. Foi então que Marilia Rothier, minha orientadora, me sugeriu entregar um romance - conta Tatiana, formada em Letras pela UFRJ e que também fez mestrado na PUC-Rio.

Experimentação
Marilia Rothier, professora do Departamento de Letras da PUC-Rio, sugeriu à sua orientanda que em vez de uma análise, "algo que qualquer um faria", ela poderia escrever um romance, o qual foi seguido de um posfácio explicativo.

- Ela já estava propensa a escrever uma ficção, então insisti para que o fizesse - afirma Rothier, que tem percebido um interesse cada vez maior dos alunos por uma linguagem menos formal.

Tatiana Levy recorda que, enquanto concluía seu romance-tese, soube de pelos menos mais três outras teses sendo produzidas em forma de ficção, duas na Uerj e outra na UFRJ, esta orientada pelo crítico Silviano Santiago.

Resistência
Essa flexibilidade, no entanto, está longe de ser hegemônica na vida acadêmica brasileira e iniciativas do gênero ainda sofrem as resistências do meio.

Julián Fuks, outro finalista no Jabuti, era aluno da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP) quando teve o impulso de escrever Histórias de Literatura e Cegueira como trabalho de conclusão de curso de jornalismo, em 2004. Fuks teve dificuldade para encontrar um orientador para o seu trabalho, que contou com liberdades em relação ao modelo tradicional acadêmico: forma narrativa, intertextualidade sem recorrer a citações explícitas e mistura de ficção com dados biográficos.

Embora constassem do projeto original, tais "desvios" em relação à norma acadêmica não tinham, de início, alarmado seu orientador. Até que Fuks lhe entregou a primeira parte do escrito. Diante do caráter experimental e pouco acadêmico do trabalho, o professor o aconselhou a abandonar o que já tinha feito e mudar o discurso. A solução de Fuks foi mudar de orientador.

- Desde o primeiro momento em que foi ganhando consistência em mim a idéia de escrever sobre escritores que ficaram cegos, eu sabia que o tema perderia muito se tivesse de atender aos moldes de um trabalho acadêmico convencional - afirma Fuks.

Incentivo
Para Adriana Lisboa, autora de Rakushisha, o trabalho de pesquisa e redação de sua tese de doutorado não encontrou tantos percalços, como o que Fuks sofreu. Seu orientador chegou até a incentivá-la a escrever um livro de ficção em vez de uma tese teórica clássica. Desde o início, Adriana tinha em mente a publicação do trabalho, pois já contava com uma carreira literária e cinco livros publicados.

- Essa abertura da academia a novos trabalhos é mais do que bem-vinda: é inevitável. Um trabalho de ficção, tradução ou um roteiro de cinema que seja criado com pesquisas na área de literatura se justificam perfeitamente como dissertação de mestrado ou tese de doutorado, sem nenhuma necessidade de prefácios ou posfácios para legitimá-los - defende Adriana.

A escritora-doutora não vê, na diluição das fronteiras entre gêneros, algo bom ou ruim, e sim uma possibilidade a mais aos escritores acadêmicos. Embora não haja um levantamento com estatísticas precisas sobre esse fenômeno, relatos sobre dissertações e teses que abandonaram o formato tradicional já não espantam o mundo acadêmico.

- Esse fluxo agora repentino de teses escritas como romance, refletidas no prêmio Jabuti, é uma expressão minoritária do que está acontecendo, mas nem por isso menos importante, porque de fato são títulos de interesse - afirma Jezio Hernani Bomfim Gutierre, editor-executivo da Fundação Editora da Unesp.

Fantasia
Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a busca por novas formas e projetos de cunho pessoal culminou na criação de um grupo de pesquisas chamado DIF - artistagens, fabulações, variações. Junto ao programa de pós-graduação em Educação da UFRGS, seguindo a linha de pesquisa "Filosofia da diferença e educação", o grupo coordenado pela professora Sandra Mara Corazza discute não só o formato de trabalhos acadêmicos como também formas alternativas de expressão.

- Buscamos criar novas sensibilidades e novas maneiras de pensar, pesquisar, ler e escrever os componentes educacionais e seus correlatos. É preciso que o sujeito seja um bom artesão e também um esteta, além de um pesquisador de palavras, frases e imagens - afirma Sandra Corazza.

A professora encontra amparo no crítico e intelectual francês Roland Barthes (1915-1980) ao defender o "querer-escrever" dos acadêmicos, a vontade de personalizar um estilo, testando a fronteira dos gêneros de escrita. Haveria, segundo a concepção de Sandra, "fantasias de escritura" a serem contempladas mesmo por um texto acadêmico.

- Fantasias de escritura: uma força desejante, um eu produzindo um objeto literário, um objeto científico, um objeto curricular, formado ao ser escrito. Segundo uma tipologia grosseira, esse objeto pode ser um poema, um romance, um artigo, uma monografia, uma dissertação, uma tese, um currículo, um texto que diga como se deve educar uma criança, como dar uma aula etc. - afirma a professora.

A "fantasia", diz Sandra, seria como uma energia, um motor que poria em marcha a escritura, qualquer escritura. Advoga-se, com isso, para a árida produção acadêmica, o mesmo impulso de prazer proporcionado pelos textos mais saborosos. É o texto visto como um ato de amor. Amar, escrever, ler e criticar fariam parte do mesmo campo de ação, que significa, para Sandra, fazer justiça a quem estudamos.

Antecedentes
A idéia seria inspirada em Barthes. Considerado um pensador que ajudou a fundamentar as propostas de mudança de linguagem acadêmica, Roland Barthes produziu obras cheias de vigor e criatividade, imprimindo um estilo próprio à exposição de suas teorias. O saber com sabor.

No ensaio "Jovens Investigadores" (Jeunes Chercheurs, 1972), do livro O Rumor da Língua (Edições 70, 1984, tradução de António Gonçalves), Roland Barthes define as agruras dos cientistas iniciantes às voltas com a hierarquização do discurso acadêmico:

"No limiar do seu trabalho, o estudante sofre uma série de divisões", conta Barthes. "Enquanto intelectual, ele é arrastado na hierarquia dos trabalhos", mas, continua o francês, "enquanto investigador, está votado à separação dos discursos: de um lado o discurso da cientificidade (discurso da lei) e, do outro, o discurso do desejo, ou escrita".

O discurso do desejo ou escrita, ao qual se refere Barthes e cuja acepção a professora Sandra Corazza toma emprestado, é o desejo do registro livre, subjetivo, literário. Para os que defendem essa abertura, a questão é: se a tese acadêmica é o ponto alto da reflexão universitária, por que ela deveria seguir um formato fixo, cristalizado, em vez de espelhar uma experiência mais radical do pensamento?

Em contrapartida, a padronização que se deseja transgredir está ligada ao caráter universal do conhecimento, uma das premissas da Universidade, o que gera o receio de que a pesquisa possa se perder nos maneirismos e técnicas da arte.

José Luiz Fiorin, professor de lingüística da USP e colunista da Língua, vê com reservas essa transgressão:

- Está havendo uma mudança nos parâmetros da tese dentro da esfera acadêmica. A concepção científica vigente levava a uma ausência de marcas de subjetividade no texto, como o uso da 1ª pessoa do singular. Hoje, com o questionamento de um dado modelo de ciência, é usual a presença dessas marcas. No entanto, o abandono total do discurso científico traz consigo não uma crítica racional à ciência, mas uma descrença irracional na sua possibilidade. Isso significa a negação da ciência. Além do mais, nunca vi as tentativas de substituir uma tese por um romance, por exemplo, resultarem num bom romance.



Crise
Casos como os de Nietzsche, por exemplo, podem ser antes exceções históricas que confirmam a regra preconizada por Fiorin. Estaria no filósofo talvez a mais aguda percepção da crise discursiva da linguagem dos pensadores, embora outros filósofos, como os franceses Voltaire e Rousseau, também usassem da forma ficcional para desenvolver raciocínios e defender teses.

Uma nova maneira de sentir, uma nova maneira de pensar, cita Sandra Corazza, repetindo palavras atribuídas a Nietzsche. Assim Falou Zaratustra, escrito em 1884, é ficção filosófica de estirpe, baseada na idéia de que seria impossível denunciar os limites da razão usando para isso uma forma racional, argumentativa. A escolha de linguagem é entre a que imita o solar e perfeito Apolo, que não admite a mancha da vida dentro de si, e a que flerta com o estilo visceral e artístico de Dioniso.

Nietzsche desconfiava que só uma linguagem dionisíaca seria capaz de dar conta da denúncia aos limites da razão apolínea. Para pensar certos temas, seria preciso, antes de tudo, cantar. As teses que namoram a ficção parecem ecoar esse espírito. A constatação de que nem tudo é respondido apenas porque parecemos rigorosos e que, para um mundo de respostas tão incertas, a qualidade da pergunta pode valer tanto quanto a garantia dada por nossa resposta.



O desejo no texto acadêmico
Leia trecho em que o crítico francês Roland Barthes sugere modalidade de escrita mais vigorosa para o ensaio acadêmico

"O trabalho (de investigação) deve ser colhido no desejo. Se esse desenvolvimento se não realiza, o trabalho é moroso, funcional, alienado, movido unicamente pela necessidade de passar um exame, de obter um diploma, de assegurar uma promoção de carreira. Para que o desejo se insinue no meu trabalho, é preciso que esse trabalho me seja pedido, não por uma colectividade que entende certificar-se do meu labor (da minha pena) e contabilizar a rentabilidade das prestações que me consente, mas por uma assembléia viva de leitores na qual se faz ouvir o desejo do Outro (e não o controlo da Lei). Ora na nossa sociedade, nas nossas instituições, o que se pede ao estudante, ao jovem investigador, ao trabalhador intelectual, não é nunca o seu desejo: não lhe é pedido que escreva, é-lhe pedido, ou que fale (ao longo de inúmeras exposições), ou que "relate" (em vista de controlos regulares)."

Extraído de "Jovens Investigadores" (Jeunes Chercheurs, 1972), do livro O Rumor da Língua (Edições 70, 1984, tradução de António Gonçalves)



26 novembro, 2008

O despertar da criatividade

Novos estudos revelam como nascem as idéias originais e as melhores estratégias para o desenvolvimento desse potencial
Edição 2038 - 26/11/2008

Em um mundo que pede cada vez mais criatividade para resolver com sucesso seus milhares de problemas, a ciência está empenhada em descobrir o que leva a mente humana ao insight - aquele belo momento em que as peças do quebra-cabeça se encaixam e uma nova solução aparece como se estivesse apenas esperando um chamado.



A boa notícia é que, a contar pelos resultados de pesquisas recentes, a capacidade de gerar pensamentos criativos é algo possível a todos. Ela pode ser estimulada a partir de uma feliz combinação de estímulos dados na hora certa, personalidade e uma boa habilidade de observação e de retenção de dados. Afinal, está confirmado que nutrir-se de informações variadas é a grande matéria-prima da criação. "Criatividade é apenas conectar coisas, e as idéias mais originais são aquelas que juntam conceitos diferentes entre si. Por isso, o melhor para ser mais inventivo é explorar o mundo. E, enquanto estiver aprendendo, prestar atenção ao modo como isso acontece", disse à ISTOÉ o psicólogo Keith Sawyer, da Universidade de Washington (EUA). "E quebre as regras. Veja o que acontece se fizer algo ao contrário. A única falha em inventividade é não tentar nada novo", completa Robert Root-Berstein, da Universidade de Michigan (EUA).


Essas conclusões estão baseadas em estudos feitos para decifrar as bases da engenhosidade no cérebro e os comportamentos que a fazem aflorar. Algumas das informações mais importantes foram extraídas de trabalhos que usaram aparelhos de exame de imagem para flagrar o cérebro trabalhando em tempo real no momento da criação. "Essa possibilidade de olhar como o processo está ocorrendo é fantástica. Chegamos a uma nova forma de mapear a atividade cerebral que está levando a novos entendimentos sobre o assunto", explica o neurologista Ivan Okamoto, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.



Um exemplo do que diz o brasileiro foi a pesquisa dos cientistas Charles Limb, do Instituto Nacional de Saúde, e Allen Braun, da Universidade Johns Hopkins - ambas instituições americanas. Os dois descobriram que, na hora do insight, o cérebro liga algumas áreas e desliga outras. Para chegar a isso, estudaram as alterações no cérebro de seis músicos de jazz no exato momento da improvisação. Os cientistas viram uma diminuição da atividade no córtex pré-frontal dorsolateral e a elevação da função no córtex pré-frontal medial.
Conclusão: na hora de criar, o cérebro tira de campo o setor que controla a adequação das ações ao ambiente e que antecipa e planeja como devemos nos comportar a cada momento.
Uma área solicitada, por exemplo, quando escolhemos as palavras certas para conseguir aprovação numa entrevista de trabalho. A novidade impressionou pesquisadores. "É surpreendente saber que existe um padrão bipolar: a desativação de importantes regiões durante uma atividade criativa, ao lado de outras fortemente ativadas", disse o neurocientista Roberto Lent, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.


O professor de psicologia John Kounios e o neurocientista Mark Jung-Beeman, das universidades americanas Drexel e Northwestern, respectivamente, obtiveram outro retrato desse padrão. Eles compararam o funcionamento cerebral de criativos e de metódicos. Estudaram esses indivíduos antes e depois de um jogo durante o qual deveriam formar palavras com algumas letras impressas em cartas.
Descobriram que os imaginativos têm uma atividade mais intensa em uma área associada ao esforço para conectar informações. "É assim até mesmo em repouso, quando não há nada para resolver ou criar", disse Kounios à ISTOÉ. No mesmo estudo, publicado na revista científica PLoS Biology, a dupla descreve uma queda no ritmo de uma região responsável pelo processamento visual pouco antes de a solução emergir. "Pode ser uma forma de o cérebro afugentar informações que irão distraí-lo para se concentrar e trazer uma solução à consciência", disse à ISTOÉ o neurocientista Jung-Beeman.
Em mais uma pesquisa, ainda inédita, a ser veiculada no ano que vem pelo Journal of Cognitive Neuroscience, os cientistas investigam um pedaço do cérebro vinculado à gestação de idéias, o córtex cingulato anterior. "Ele parece ter papel importante na tarefa de colocar em evidência idéias guardadas no subconsciente que poderiam se tornar soluções. Os insights ou aha! começam no subconsciente e explodem na consciência em algum momento", explicou Jung-Beeman.

À luz dessas descobertas, vários conceitos estão sendo revistos. Um deles é que criatividade e inteligência são iguais e se equivalem. "As pesquisas mostram que grande parte das pessoas criativas tem inteligência média. Ganhadores do Prêmio Nobel em ciências apresentavam, na sua maioria, quociente de inteligência entre 120 e 140, o que não é suficiente para ser chamado de gênio", garante Robert Root-Berstein, da Universidade Michigan.


Outro mito sobre o qual recaem dúvidas é o do gênio solitário. E o principal artífice desse enfrentamento é o psicólogo Keith Sawyer. Autor de um best-seller lançado em 2007, o Grupo genial - o papel da colaboração na criatividade, Sawyer advoga que a saída para provocar a criatividade na vida e no trabalho é a criação coletiva. E se possível com gente que tenha cultura diferente da sua. "A maioria associa criatividade ao momento do indivíduo que tem uma nova idéia. Mas a colaboração é essencial para que essas idéias aconteçam com mais freqüência. É o que já se vê em empresas como o Google", disse o pesquisador. Um dos ingredientes que podem determinar o sucesso ou fracasso da criação coletiva é a aplicação do que o especialista define como fluxo da consciência. "Isso ocorre quando as pessoas trabalham em funções que correspondem às suas competências, têm um objetivo claro, recebem constante retorno sobre o andamento e obtenção da meta e estão livres para se empenhar completamente na sua tarefa", explica.

A ciência já permite afirmar também que a criatividade é algo que pode ser estimulado desde cedo, como se imaginava, mas sem nenhuma pirotecnia, como muita gente acredita.
Não é preciso cercar uma criança com novidades tecnológicas, por exemplo, para que ela se torne mais engenhosa. Ao contrário, os estudos demonstram que o segredo para estimular a inventividade na infância é deixar as crianças brincarem. Só isso.
"Deve ser uma brincadeira em que possam imaginar o que quiserem e no seu próprio tempo, sem a participação de adultos para estimular a obtenção de conteúdos", diz o médico e psicoterapeuta João Figueiró, da Universidade de São Paulo. Nesses momentos de introspecção, os pequenos traçam as tais conexões entre idéias que nutrem a inventividade. É o que faz Rubi Assumpção, seis anos. O resultado é uma garota imensamente criativa. Ela inventa e desenha histórias. Semanas atrás, por exemplo, quis fazer um desenho em homenagem ao pintor americano Jackson Pollock, sobre quem havia aprendido na escola. Sua mãe, a compositora e apresentadora de tevê Anelis Assumpção, sabe que a filha é criativa e procura garantir a ela tempo livre para brincar. "É muito ruim os adultos ficarem transformando qualquer brincadeira em algo educativo", diz.


Um pouco de distração diante de problemas difíceis também parece ter efeito. Foi isso que mostrou um trabalho publicado há dois meses pela revista da Associação Americana de Ciências Psicológicas. Os psicólogos Adam Galinski, da Kellog School of Management, e Chen-Bo Zhong, da Universidade de Toronto, no Canadá, pediram a 94 pessoas que lessem três palavras e preenchessem o espaço vago com uma quarta que tivesse relação com todas elas. Exemplo: o que combina com queijo, mar e céu? Segundo os autores, a resposta poderia ser azul. Depois dessa apresentação, eles mostraram mais nove questões bem mais difíceis. Em seguida, dividiram o grupo. Uma parte ficou atenta ao teste original e outra foi submetida a uma atividade para identificar palavras ou pedaços delas em seqüências de letras embaralhadas, entre as quais se escondiam algumas respostas do teste. Depois, os indivíduos fizeram o teste das correlações. O grupo que tirou a atenção do teste original deu as respostas mais rápido. "O pensamento consciente é o melhor para tomar decisões analíticas. Mas o inconsciente é especialmente eficiente para resolver problemas complexos. A ativação desse conteúdo pode fornecer faíscas inspiradoras para o insight", disse o pesquisador Adam Galinsky.
Talvez tenha sido a partir dessa associação entre distração e liberdade para o inconsciente que o grego Arquimedes (287 a 212 antes de Cristo), a quem se atribui a descoberta dos princípios de flutuação, chegou à sua famosa conclusão. Conta a lenda que ele tomava banho em uma tina quando um lampejo criativo o fez entender que seu corpo deslocava uma quantidade de líquido equivalente ao seu volume. Feliz com o achado, saiu gritando "eureka!", que significa achei, encontrei.


Bom humor é mais um elemento para essas combinações imprevisíveis.


Um trabalho do cientista Kounios, em via de ser publicado no Journal of Cognitive Neuroscience, diz que a criatividade se manifesta com mais freqüência e facilidade em situações nas quais prevalecem o bom humor e um ambiente positivo. Uma ampla revisão da literatura científica recente vai na mesma direção. "Brincar sobre coisas associadas ao trabalho e o humor entre colegas aumenta a criatividade e o desempenho global", diz Chris Robert, da Universidade Missouri-Colúmbia (EUA).


Mais uma tese interessante é a do neurocientista Gregory Berns, da Universidade Emory (EUA). Ele acaba de lançar um livro em que estuda o pensamento de gente que classifica como inconformista. A proposta de Berns é chamar a atenção do público para o que se pode aprender com pensadores inovadores como o líder negro americano Martin Luther King. "São pessoas que fazem o que outros dizem não poder ser feito. Para isso, desafiam as regras e não têm medo de fracassar", diz Berns. Ele garante ter descoberto mais uma característica que diferencia os criativos: a inteligência social. "Uma pessoa pode ter um conceito completamente diferente e novo, mas, se não tem capacidade para convencer os outros, nada conseguirá", afirma Berns.


25 novembro, 2008

Homens não desmarquem um jantar!


Quando um homem chama uma mulher para sair, não sabe o grau de estresse que isso desencadeia em nossas vidas. Durante muito tempo, fiquei achando que eu era uma estressada maluca que não sabia lidar com isso, mas conversando com diversas pessoas, cheguei à conclusão de que esse estresse é um denominador comum a quase todas as mulheres, ainda que em graus diferentes (ou será que sou eu que só ando com gente estressada?).

O que venho contar aqui hoje é mais dedicado aos homens do que às mulheres. Acho importante que eles saibam o que se passa nos bastidores.

Você, mulher, está flertando um Zé Ruela qualquer. Com sorte, ele acaba te chamando para sair. Vamos supor, um jantar. Pronto, acabou seu último minuto de paz. Ele diz, como se fosse a coisa mais simples do mundo 'Vamos jantar amanhã?'. Você sorri e responde, como se fosse a coisa mais simples do mundo: 'Claro, vamos sim'.

Começou o inferno na Terra. Foi dada a largada. Você começa a se reprogramar mentalmente e pensar em tudo que tem que fazer para estar apresentável até lá. Cancela todos os seus compromissos canceláveis e começa a odisséia. Evidentemente, você também para de comer, afinal, quer estar em forma no dia do jantar e mulher sempre se acha gorda. Daqui pra frente, você começa a fazer a dieta do queijo: fica sem comer nada o dia inteiro e quando sente que vai desmaiar come uma fatia de queijo. Muito saudável.

Primeira coisa: fazer mãos e pés. Quem se importa se é inverno e você provavelmente vai usar uma bota de cano alto? Mãos e pés tem que estar feitos - e lá se vai uma hora do seu dia. Vocês (homens) devem estar se perguntando 'Mão tudo bem, mas porque pé, se ela vai de botas?' Lei de Murphy. Sempre dá merda. Uma vez pensei assim e o infeliz me levou para um restaurante japonês daqueles em que tem que tirar o sapato para sentar naqueles tatames. Me lasquei bonito! Tive que tirar o sapato com aquela sola do pé cracuda, esmalte semi-descascado e cutícula do tamanho de um champignon! Vai que ele te coloca em alguma outra situação impossível de prever que te obriga a tirar o sapato? Para nossa paz de espírito, melhor fazer mão é pé, até porque boa parte dessa raça tem uma tara bizarra por pé feminino. OBS: Isso me emputece. Passo horas na academia malhando minha bunda e o desgraçado vai reparar justamente onde? Na porra do pé! Isso é coisa de... Melhor mudar de assunto...

As mais caprichosas, além de fazer mão e pé, ainda fazem algum tratamento capilar no salão: hidratação, escova, corte, tintura, retoque de raiz, etc..Eu não faço, mas conheço quem faça. E nessa se vai mais uma hora do seu dia.

Dependendo do grau de importância que se dá ao Zé Ruela em questão, pode ser que a mulher queira comprar uma roupa especial para sair com ele. Mais horas do seu dia. Ou ainda uma lingerie especial, dependendo da ocasião. Pronto, mais horas do dia. Se você trabalha, provavelmente vai ter que fazer as unhas na hora do almoço e correr para comprar roupa no final do dia em um shopping.

Ah sim, já ia esquecendo. Tem a depilação. Essa os homens não podem nem contestar. Quem quer sair com uma mulher não depilada, mesmo que seja apenas para um inocente jantar? Lá vai você depilar perna, axila, virilha, sobrancelha etc, etc. Tem mulher que depila até o ..! Mulher sofre! E lá se vai mais uma hora do seu dia. E uma hora bem dolorida, diga-se de passagem.

Parabéns, você conseguiu montar o alicerce básico para sair com alguém. Pode ir para a cama e tentar dormir, se conseguir. Eu não consigo, fico nervosa. Se prepare, o dia seguinte vai ser tumultuado. Ah sim, você vai dormir, COM FOME. A dieta do queijo continua.

Dia seguinte. É hoje seu grande dia. Quando vou sair com alguém, faço questão da dar uma passada na academia no dia, para alhar desumanamente até quase cuspir o pulmão. Não, não é para emagrecer, é para deixar minha bunda e minhas pernas enormes e durinhas (elas ficam inchadas depois de malhar). Mas supondo que você seja uma pessoa normal, vai usar esse tempo para algo mais proveitoso.



Geralmente, o Zé Ruela não comunica onde vai levar a gente. Surge aquele dilema da roupa. Com certeza você vai errar, resta escolher se quer errar para mais ou para menos. Se te serve de consolo, ele não vai perceber. Aliás, ele não vai perceber nada. Você pode aparecer de Armani ou enrolada em um saco de batatas, tanto faz. Eles não reparam em detalhe nenhum, mas sabem dizer quando estamos bonitas (só não sabem o porquê). Mas, é como dizia Angie Dickinson: 'Eu me visto para as mulheres e me dispo para os homens'. Não tem como, a gente se arruma, mesmo que eles não reparem.



E não adianta pedir indicação de roupa para eles, os malditos não dão sequer uma pista! Claro, para eles é muito simples, as Madames só precisam tomar uma chuveirada, vestir uma Camisa Pólo e uma calça e estão prontos, seja para o show de rock, seja para um fondue. Nesse pequeno cérebro do tamanho de um caroço de uva só existem três graduações de roupa: Bermuda + Chinelo, Jeans + Pólo, Calça Social + Camisa Social. Quando você pergunta se tem que ir arrumada é quase certo que o cara abra a boca e diga 'sei lá, normal, roupa normal'. Eles não sabem que isso não ajuda em nada.

Escolhida a roupa, com a resignação que você vai errar, para mais ou para menos, vem a etapa do banho. Para mim é uma coisa simples: shampoo + sabonete. Mas para muitas não é. Óleos, sabonetes aromáticos, esfoliação (horrível que seja com 's', né? deveria ser com 'x'), etc. E o cabelo? Bom, por sorte meu cabelo é bonzinho, não faz a menor diferença se eu lavar com um shampoo caro ou se lavar com Omo, fica a mesma coisa. Mas tem gente que tem que fazer uma lavagem especial, com cremes e etc. E depois ainda vem a chapinha, prancha e/ou secador.

Depois do banho e do cabelo, vem a maquiagem. Nessa etapa eu perco muito tempo. Lá vai a babaca separar cílio por cílio com palito de dente depois de passar rímel. Melhor nem contar tudo que eu faço em matéria de maquiagem, se não vocês vão me achar maluca, digo, mais maluca. Como dizia Napoleão Bonaparte, 'Mulheres tem duas grandes armas: lágrimas e maquiagem'.

Considerando que não faço uso das primeiras, me permito abusar da segunda. Se você for uma pessoa normal, não perde nem vinte minutos passando maquiagem...

Depois vem a hora de se vestir. Homens não entendem, mas tem dias que a gente acorda gorda. É sério, no dia anterior o corpo estava lindo e no dia seguinte... PORCA! Não sei o que é (provavelmente nossa imaginação), mas eu juro que acontece. Muitas vezes você compra uma roupa para um evento, na loja fica linda e na hora de sair fica um bucho. Se for um desses dias em que seu corpo está um lixo e o espelho está de sacanagem com a sua cara, é provável que você acabe com um pilha de roupas recusadas em cima da cama, chorando, com um armário cheio de roupa gritando 'EU NÃO TENHO RROOOOOUUUUUPAAAA'.

O chato é ter que refazer a maquiagem. E quando você inventa de colocar aquela calça apertada e tem que deitar na cama e pedir para outro ser humano enfiar ela em você? Uma gracinha, já vai para o jantar lacrada a vácuo. Se espirrar a calça perfura o pâncreas. Ok, você achou uma roupa que ficou boa. Vem o dilema da lingerie. Salvo raras exceções, roupa feminina (incluindo lingerie) ou é bonita, ou é confortável. Você olha para aquela sua calcinha de algodão do tamanho de uma lona de circo. Ela é confortável. E cor de pele. Praticamente um método anticoncepcional. Você pensa 'Eu não vou dar para ele hoje mesmo, que se foda'.. Você veste a calcinha.

Aí bate a culpa. Eu sinto culpa se ando com roupa confortável, meu inconsciente já associou estar bem vestida a sofrimento. Aí você começa a pensar 'E se mesmo sem dar para ele, ele pode acabar vendo a minha calcinha... Vai que no restaurante tem uma escada e eu tenho que subir na frente dele... se ele olhar para essa calcinha, broxará para todo o sempre comigo...'. Muito puta da vida, você tira a sua calcinha amiga e coloca uma daquelas porras mínimas e rendadas, que com certeza vão ficar entrando na sua bunda a noite toda. Melhor prevenir. Nessas horas a gente emburrece e acha que qualquer deslize que fizer vai espantar o sujeito de forma irreversível.

Os sapatos.. Vale o mesmo que eu disse sobre roupas: ou é bonito, ou é confortável. Geralmente, quando tenho um encontro importante, opto por UMA PEÇA de roupa bem bonita e desconfortável, e o resto menos bonito mas confortável. FATO: Lei de Murphy impera. Com certeza me vai ser exigido esforço da parte comprometida pelo desconforto. Ex: Vou com roupa confortável e sapato assassino. Certeza que no meio da noite o animal vai soltar um 'Sei que você adora dançar, vamos sair para dançar! Eu tento fazer parecer que as lágrimas são de emoção. Uma vez um sapato me machucou tanto, mas tanto, que fiz um bilhete para mim mesma e colei no sapato, para lembrarde nunca mais usar!. Porque eu não dei o sapato? Porra... me custou muito caro. Posso não usá-lo, mas quero tê-lo. Eu sei, eu sei, materialista do caralho. Vou voltar como besouro de esterco na próxima encarnação e comer muito cocô para ver se evoluo espiritualmente! Mas por hora, o sapato fica.

Enfim, eu sei que existem problemas mais sérios na vida, e o texto é em tom de brincadeira. Só quero que os homens saibam que é um momento tenso para nós e que ralamos bastante para que tudo dê certo. O ar de tranquilidade que passamos é pura cena. Sejam delicados e compareçam aos encontros que marcarem, ok? E se possível, marquem com antecedência, para a gente ter tempo de fazer nosso ritual preparatório com calma... Apesar do texto enorme, quero deixar claro que o que eu coloquei aqui é o mínimo do mínimo. Existem milhões de outras providências que mulheres tomam antes de encontros importantes: clarear pêlos (vulgo 'banho de lua'), fazer drenagem linfática, baby liss... enfim, uma infinidade de nomes que homem não tem a menor idéia do que se trata.

Depois que você está toda montadinha, lutando mentalmente com seus dilemas do tipo 'será que dou para ele? É o terceiro encontro, talvez eu deva dar...' começa a bater a ansiedade. Cada uma lida de um jeito. Eu, como boa loser que sou, lido do pior jeito possível. Tenho um faniquito e começo a dizer que não quero ir. Não para ele, ligo para a infeliz da minha melhor amiga e digo que não quero mais ir, que sair para conhecer pessoas é muito estressante, que se um dia eu tiver um AVC é culpa dessa tensão toda que eu passei na vida toda em todos os primeiros encontros e que quero voltar tartaruga na próxima encarnação. Ela, coitada, escuta pacientemente e tenta me acalmar.

Agora imaginem vocês, se depois de tudo isso, o filho da puta liga e cancela o encontro? 'Surgiu um imprevisto, podemos deixar para semana que vem?'. Gente, não é má vontade ou intransigência, mas eu acho inadmissível uma coisa dessas, a menos que seja algo muito grave! Eu fico puta, puta, PUTA da vida! Claro, na cabecinha deles não custa nada mesmo, eles acham que é simples, que a gente levantou da cama e foi direto pro carro deles. Se eles soubessem o trabalho que dá, o estresse, o tempo perdido... nunca ousariam remarcar nada. Se fode aí! Vem me buscar de maca e no soro, mas não desmarque comigo! Até porque, a essas alturas, a dieta radical do queijo está quase te fazendo desmaiar de fome, é questão de vida ou morte a porra do jantar! NÃO CANCELEM ENCONTROS A MENOS QUE TENHA ACONTECIDO ALGO MUITO, MUITO, MUITO GRAVE! A GENTE SE MOBILIZA DEMAIS POR CAUSA DELES!

Supondo que ele venha. Ele liga e diz que está chegando. Você passa perfume, escova os dentes e vai. Quando entra no carro já toma um eufemismo na lata 'MMM... ta cheirosa!' (tecla sap: 'Passou muito perfume, porra'). Ele nem sequer olha para a sua roupa. Ele não repara em nada, ele acha que você é assim ao natural. Eu não ligo, acho homem que repara muito meio viado, mas isso frustra algumas mulheres. E se ele for tirar a sua roupa, grandes chances dele tirar a calça junto com a calcinha e nem ver. Pois é, Minha Amiga, você passou a noite toda com a rendinha atochada no rego (que por sinal custou muito caro) para nada. Homens, vocês sabiam que uma boa calcinha, de marca, pode custar o mesmo que um MP4? Favor tirar sem rasgar.

Quando é comigo, passo tanto estresse que chego no jantar com um pouco de raiva do cidadão. No meio da noite, já não sinto mais meus dedos do pé, devido ao princípio de gangrena em função do sapato de bico fino. Quando ele conta piadas e ri eu penso 'É, eu também estaria de bom humor, contando piada, se não fosse essa calcinha intra-uterina raspando no colo do meu útero'. A culpa não é deles, é minha, por ser surtada com a estética. Sinto o estômago fagocitando meu fígado, mas apenas belisco a comida de leve. Fico constrangida de mostrar toda a minha potência estomacal assim, de primeira.

Para finalizar, quero ressaltar que eu falei aqui do desgaste emocional e da disponibilidade de tempo que um encontro nos provoca. Nem sequer entrei no mérito do DINHEIRO. Pois é, tudo isso custa caro. Vou fazer uma estimativa POR BAIXO, muito por baixo, porque geralmente pagamos bem mais do que isso e fazemos mais tratamentos estéticos:

Roupa............................................... R$50,00
Lingerie.............................................R$50,00
Maquiagem........................................R$50,00
Sapato...............................................R$50,00
Depilação...........................................R$50,00
Mão e pé............................................R$15,00
Perfume.............................................R$20,00
Pílula anticoncepcional........................R$15,00

Ou seja, JOGANDO O VALOR BEM PARA BAIXO, gastamos, no barato, R$300,00 para sair com um Zé Ruela.


Entendem porque eu bato o pé e digo que homem TEM QUE PAGAR O MOTEL?


A gente gasta muito mais para sair com eles do que eles com a gente!
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obs.: recebi este email de um homem e resolvi postar aqui no blog.

24 novembro, 2008

Epígrafe ou epitáfio


"Só os espíritos superficiais abordam as idéias com delicadeza".
(E. M. Ciorán, in Silogismos da Amargura, 1995, S.Paulo: Rocco, p.102).

23 novembro, 2008

Palpite Infeliz - Noel Rosa


Hoje posto uma homenagem aos palpiteiros de plantão
àqueles que sabem mais da sua vida do que você próprio;
àqueles que são os mais bem-entendidos da face da terra;
àqueles que gozam da sapiência universal quando se trata da vida alheia;
àqueles que projetam suas frustrações tentando impingir ao outro fracassos que não os pertence;
àqueles seres umbilicais que julgam os outros por si mesmos e acham que a única solução é a que conhecem;
àqueles nada criativos indivíduos que acham que a vida vem formatada num tabuleiro de assar e não concebem outras possibilidades;
àqueles que não têm escuta sobre os motivos do seu interlocutor;
àqueles que não sabem se colocar no lugar de outrem;
enfim, quero homenagear a todos os infelizes que SE METEM na vida que não é a própria! Que cortem a própria língua!



Dá-lhe NOEL ROSA!!

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Palpite Infeliz

Quem é você que não sabe o que diz?
Meu Deus do céu, que palpite infeliz


Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira
Oswaldo Cruz e Matriz
Que sempre souberam muito bem
Que a Vila não quer abafar ninguém
Só quer mostrar que faz samba também

Fazer poema lá na Vila é um brinquedo
Ao som do samba dança até o arvoredo
Eu já chamei você pra ver
Você não viu porque não quis
Quem é você que não sabe o que diz?

Quem é você que não sabe o que diz?
Meu Deus do céu, que palpite infeliz
Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira
Oswaldo Cruz e Matriz
Que sempre souberam muito bem
Que a Vila não quer abafar ninguém
Só quer mostrar que faz samba também

A Vila é uma cidade independente
Que tira samba
Mas não quer tirar patente
Quem é você que não sabe
Aonde põe o seu nariz
Quem é você que não sabe o que diz?

Quem é você que não sabe o que diz?
Meu Deus do céu, que palpite infeliz
Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira
Oswaldo Cruz e Matriz
Que sempre souberam muito bem
Que a Vila não quer abafar ninguém

Só quer mostrar que faz samba também

22 novembro, 2008

Fernando Bonassi e o plástico bolha



A surpresa divertida do mês foi encontrar no Jornal Plástico Bolha a entrevista (por Andrea Carvalho Stark) com o escritor Fernando Bonassi (edição 24, outubro/2008 ).
Na minha ignorância não me lembrava dele e nem de seus livros. Mas depois vi que tem uma obra diversificada, para vários públicos, e premiada.
O que mais gostei em Bonassi foi do seu pensamento agudo e certeiro. Por isso, colo aqui algumas passagens que é para eu não me esquecer...
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"A literatura brasileira é pouco ousada e covarde porque os escritores têm relações promíscuas com o Estado, a maior parte deles".
"Eu escrevo sob encomenda. Estou acostumado a escrever um conto para a Folha, com prazos, tamanhos, verbas. Esse tipo de relação é de negociação. Sou eu contratado para escrever roteiros de cinema que eu não quero escrever, sou pago para desenvolver idéias de outros. A única coisa que eu não sei fazer é o que o ator faz".
"Eu acho que sou formado moralmente por Henry Miller. Ele dizia que para escrever você tem que se conhecer primeiro. Se você é um covarde, escreva sobre sua covardia".
"Minha família precisou ser extinta para funcionar. Como extintos, somos muito felizes - não nos vemos, não nos falamos...".
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update: Conforme comentário feito nesta postagem "corrigi a fonte". Mas faço a ressalva: a fonte já estava citada! Pois na minha opinião mais importante que o nome da entrevistadora é o entrevistado e o veículo. Em todo caso, para eu não deletar o post uma vez que o Bonassi é tudo de bom, acrescentei - a pedidos - o nome da entrevistadora. Ops! Ela devia ter aprendido um pouco com o Bonassi. Fica aqui o meu p.s.: vaidade é uma merda!

21 novembro, 2008

O Brilho da Mudança

‘Mulheres na Janela’, pintura de 40X49, de Di Cavalcanti, 1926

repassando...

Aconteceu com uma mulher inteligente que estava fazendo uma palestra. Diz ela:
'Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.

Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades. E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.

Foi um momento inesquecível...

A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.

Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho?


Onde é que nós estamos?'

Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'.
Estão todos em busca da reversão do tempo.

Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.

Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.

A fonte da juventude chama-se mudança.

De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.
A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.

Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.

Mudança, o que vem a ser tal coisa?

Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.

Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.

Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos. Rejuvenesceu.

Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol. Rejuvenesceu.

Toda mudança cobra um alto preço emocional.

Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.

Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.

Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna. Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho. Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

Olhe-se no espelho...

Texto atribuido a Martha Medeiros


pintura "Mulheres" por Maurício Barbosa

20 novembro, 2008

EUA, bem-vindos ao Terceiro Mundo!

por Rosa Brooks
professora de Direito na Georgetown University Law Center





Não é todo dia que uma superpotência tenta se transformar em nação do Terceiro Mundo. Por isso, nós aqui do Banco Mundial e do FMI desejamos ser os primeiros a dar-lhes as boas-vindas à comunidade de Estados necessitados de ajuda econômica internacional.

Enquanto vocês se afundam, muito nos alegra poder responder à solicitação de seu Departamento do Tesouro para que participemos de uma avaliação conjunta da estabilidade de seu setor financeiro. Nesta época turbulenta, podemos oferecer-lhes empréstimos subsidiados e até especialistas.

Como vocês sabem, há muito tempo é necessária uma intervenção na sua economia. Semana passada, mesmo antes do recente colapso em Wall Street, ex-ministros da Economia de vários países se reuniram na Virgínia e concordaram que vocês precisam reformar seu sistema financeiro. O ex-ministro das Finanças da Índia, Yashwant Sinha, sugeriu até que vocês peçam ajuda ao FMI.

Esperamos que vocês não se sintam envergonhados. Lembrem-se que outros países já estiveram nessa posição. Já resgatamos as economias da Argentina, do Brasil, da Indonésia e da Coréia do Sul. Assim, gostaríamos de reconhecer o progresso que vocês fizeram na evolução de superpotência econômica até o descontrole econômico.

Normalmente, tal processo leva 100 anos ou mais. Entretanto, em razão de sua oscilação entre o extremismo do livre mercado e a nacionalização de empresas privadas, vocês atingiram com sucesso, em poucos anos, muitas das principais características observadas nas economias do Terceiro Mundo.

Suas medidas de irresponsável desregulamentação governamental em setores críticos permitiram que vocês desenvolvessem rapidamente uma crise energética, uma crise de moradia, uma crise de crédito e uma crise no mercado financeiro, todas ao mesmo tempo, e acompanhadas por impressionantes níveis de corrupção e especulação. Enquanto isso, seus políticos, que deveriam supervisionar o sistema, estavam dormindo com lobistas.

Tomemos como exemplo John McCain, seu candidato republicano à presidência, cuja equipe principal de assessores inclui meia dúzia de ex-lobistas de renome. Ele mesmo afirmou recentemente que foi presidente do Comitê de Comércio do Senado, que supervisiona todas as partes da economia. Não resta dúvida, portanto, o fracasso de sua liderança em perceber o estrago causado pela desregulamentação irresponsável.

Agora, vocês enfrentam as conseqüências. A desigualdade aumentou. Enquanto os ricos recebem dinheiro caído do céu, a classe média viu sua renda estagnar. Um número cada vez menor de cidadãos tem acesso a moradia, assistência médica ou segurança social. Até a expectativa de vida diminuiu. E, quando os problemas econômicos passaram de crônicos a agudos, vocês responderam - como fizeram tantos outros Estados do Terceiro Mundo - com um programa extenso de nacionalização de empresas privadas.

As suas gigantes do ramo das hipotecas, Fannie Mae e Freddie Mac, pertencem agora ao Estado. Nesta semana, sua gigante dos seguros, a AIG, foi também foi nacionalizada, com o conselho administrativo do Fed 80% da empresa. Alguns podem chamar isso de socialismo, mas épocas de desespero exigem medidas desesperadas.

Sua transição para o terceiro mundo será dolorosa. No início, vocês terão dificuldade em se acostumar às favelas que crescerão nos subúrbios das cidades, mas com o tempo elas se tornarão parte da paisagem.

Conforme as taxas de desemprego aumentarem, vocês terão problemas para encontrar utilidade para a massa de jovens desempregados, mas logo vocês perceberão que podem recrutá-los para alguma guerra, um tipo de solução que já foi utilizada por muitos Estados do terceiro mundo antes de vocês.

Talvez esta carta os surpreenda e vocês sintam que ainda não estão prontos para se juntar ao terceiro mundo. Não fiquem preocupados. Apesar de nunca terem percebido, vocês já estão se preparando para este momento há anos.





*Rosa Brooks escreveu este artigo para o "Los Angeles Times",

19 novembro, 2008

III Feira de Filosofia

A Sabedoria dos Grandes Homens da História é a temática da III Feira de Filosofia que a Nova Acrópole promove nos dias 21, 22 e 23 de novembro em homenagem ao Dia Mundial da Filosofia instituído pela UNESCO.



A feira, com entrada franca, mobiliza cerca de 200 voluntários para promover exposições, salas temáticas e palestras homenageando Sócrates, Lao-Tsé, Buda, Giordano Bruno, Helena Blavatsky e vários outros grandes personagens da história. Além disso, a Feira terá livraria, café, artesanato, artes marciais e brincadeiras para crianças, dentro do melhor espírito filosófico. Nova Acrópole é uma associação cultural presente em 50 países e atuante há 51 anos.

Local: SHIN CA09 Lote18

Ingressos: Entrada Franca

Programação disponível em: http://www.acropole.org.br
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Sexta-feira, 21 de novembro

20 h. Solenidade de abertura



20:30 h. Palestra Magna: A Sabedoria como objetivo da vida humana, Prof. Luis Carlos Marques, Diretor Nacional Nova Acrópole Brasil-Norte

Abertura de stands e visitas guiadas



Sábado, 22 de novembro

A partir de 10 h. e durante todo o dia até às 18 h.:


Demonstração de Ai Ki Do, Nei Kung, I ai Do e Kung-Fu
Oficinas de Artesanato
Pintura de rosto e brincadeiras com crianças
12 h.: Almoço Musical com MPB


Palestras:
10 às 12 h.: Buda e o caminho para a superação da dor, Prof. José Henrique Fonseca, Diretor Nova Acrópole Taguatinga

14 às 16 h.: Lao Tsé e o Tao como visão do mundo, Prof. Paulo Aguiar, Diretor Nova Acrópole Asa Sul

16 às 18 h.: Seraphis: Filosofia e Medicina: uma parceria de sucesso, Dr. Luis Fernando Vieira, Diretor do Instituto Médico Seraphis

18 às 20 h.: Sócrates e o exemplo de vida de um filósofo, Prof. Norton Carneiro, Diretor Nova Acrópole Guará

20 às 21 h.: Apresentações Artísticas

21 h.: A Filosofia como Arte de Viver nos dias de hoje, Profa. Lúcia Helena Galvão


Domingo, 23 de novembro

A partir de 10 h.:

Demonstração de Ai Ki Do, Nei Kung, I ai Do e Kung-Fu
Oficinas de Artesanato
Pintura de rosto e brincadeiras com crianças
12 h.: Almoço Musical – MPB


Palestras:

10 às 12 h: Giordano Bruno e a sabedoria aplicada hoje, Prof. Cornélio Almeida

14 às 16 h.: Helena Blavatsky: sua missão e legado, Profa. Denise Montandon, Diretora Nova Acrópole Asa Sul

16 às 17 h.: Apresentações Artísticas

17 h.: Encerramento e Sorteio de Prêmios, Prof. Luis Carlos Marques, Diretor Nacional de Nova Acrópole Brasil - Norte

18 novembro, 2008

Vantagens do casamento em 5 passos



1 - Quando você tá casada ninguém te enche o saco dizendo: "MAS VOCÊ AINDA NÃO CASOU?"

2 - Quando você tá casada ninguém te enche o saco dizendo: "Você deveria tentar o concurso para o senado" (acredita-se que o tal seja um bom partido)

3 - Quando você tá casada e quer sacanear o cônjuge, fica mais legal. Mais divertido. Mais perigoso. Há quem goste disso. Não sou ninguém para falar se é certo ou errado, mas que deve ser mais legal do que sacanear simples namorado, isso com certeza.

4 - Casar é legal. A sociedade toda aplaude, não importa o quanto você se foda. É bom dar o gostinho para esse povo pelo menos um pouquinho. Digo pouquinho porque quando voce larga, você também tá fazendo o que todo mundo espera que você faça. Isso tudo é "in". É "standard".

5 - Casar é definitivamente IN!!!!!!!!



Eduardo Moraz

Aporrinhado Terminal

Marcelo Nova


"Saco cheio baby, de chupar o seu sorvete
Saco cheio baby, de lamber todo o seu creme
De cheirar essas "porcaria" e de ouvir essas "FM"

Saco cheio baby, de ganhar essa mixaria
Entediado toda noite, todo dia
E "cê" só quer roupinha nova, "cê" só quer danceteria

Voce diz que é tão moderna, quer ser tão anos 90
Ok tá tudo bem, mas o meu saco não agüenta

Não agüenta, não agüenta, não agüenta

Saco cheio baby, de bancar o surdo mudo
Dessas pessoas que sempre acreditam em tudo
Que Deus é branco e que o diabo é chifrudo

Saco cheio baby, de tanta mediocridade
É domingão minha filha, seu baú da felicidade
Quanto ao futuro, já to morrendo é de saudade

Saco cheio baby, de mais um plano infalível
Já to retado, vou acabar baixando o nível
Faz tempo que já não tem luz, mas ninguém troca esse fuzivel

Saco cheio baby, de chupar o seu sorvete
Saco cheio baby, de lamber todo o seu creme
De cheirar essas "porcaria" e de ouvir essas "FM "

Minha filha, eu sou um aporrinhado terminal
Até sozinho aqui no quarto parece que tem gente demais"


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pra não me esquecer....

17 novembro, 2008

arte para crianças


Estive no CCBB domingo (09/11) vendo a contemporânea exposição "Arte para crianças". É simplesmente fantástica! Totalmente interativa e sensorial. Irei mais vezes. Vá também!


Alô escolassss, ainda dá tempo de levar as turminhas!!!!





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“A gente inventou um truque para fabricar brinquedos com palavras. O truque era só virar bocó. Como dizer: eu pendurei um bentevi no sol.”

Manoel de Barros

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Exposição de arte contemporânea projetada para o público infantil, “Arte para Crianças” conta com curadoria, arquitetura e design idealizados especialmente para proporcionar a melhor aproximação entre a arte e as crianças. Ernesto Neto, Mariana Manhães, Cildo Meireles, Eduardo Sued, Emanoel Nassar, Rubem Grilo, Eder Santos, Amílcar de Castro e o americano Lawrence Weiner são alguns dos artistas que terão suas obras apresentadas na mostra, que conta ainda com vídeo-histórias e com uma homenagem ao artista plástico Athos Bulcão.

Um dos destaques da exposição é a obra “Onochord”, da artista plástica Yoko Ono, uma intervenção artística na fachada do prédio do CCBB, composta por canhões de luz piscando de forma sincronizada.


Teatro para Bebês – Integrando a mostra, a sala multiuso abriga um palco para realização do espetáculo teatral “Desenhando Labirintos”, desenvolvido pelo grupo espanhol La Casa Incierta, concebido para crianças de até 3 anos.

Serão realizadas duas sessões aos sábados e duas sessões aos domingos, às 16h e 17h30 (durante o período total da exposição). Cada adulto deverá estar acompanhado de pelo menos uma criança. A sala comportará um número máximo de 20 adultos e 30 crianças. Não será permitida a entrada, após o ínicio das sessões. Será permitida a entrada de crianças de 8 meses até 7 anos, sendo priorizada a entrada de crianças de até 3 anos.

Exposição: Classificação Livre

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Leia também:

Arte para crianças (e adultos encantados) - no OVERMUNDO
Yoko Ono visita exposição “Arte para Crianças”, no MAM Rio - no portal Fator Brasil