31 julho, 2008

Estou na Second Life

O Second Life (também abreviado por SL[1]) é um ambiente virtual e tridimensional que simula em alguns aspectos a vida real e social do ser humano. Foi desenvolvido em 2003 e é mantido pela empresa Linden Lab[2] Dependendo do tipo de uso pode ser encarado[3] como um jogo, um mero simulador, um comércio virtual ou uma rede social. O nome "second life" significa em inglês "segunda vida" que pode ser interpretado como uma "vida paralela", uma segunda vida além da vida "principal", "real". Dentro do próprio jogo, o jargão utilizado para se referir à "primeira vida", ou seja, à vida real do usuário, é "RL" ou "Real Life"[4] que se traduz literalmente por "vida real".
Esse ambiente virtual tem recebido ultimamente muita atenção da mídia internacional,[5][6][7][8][9] principalmente as especializadas em informática,[10][11][12][13] pois o número de usuários cadastrados e também os ativos têm crescido significativamente, e ainda cresce em forma exponencial .

26 julho, 2008

Casinha erguida do "lixo"

Com caixas de leite se levanta uma casa de bonecas! Maravilhoso o projeto pedagógico, confira aqui.

Fotografias


Polêmicas à parte essa fotógrafa

Jill Greenberg é fantástica!

Portfólio

25 julho, 2008

Parto de cócoras debaixo da água! lindo!




Fonte aqui

...

Depoimento da mãe sobre o parto e o comércio de cesáreas

...

Oficina de idéias para o Dia dos Pais







oi gente!

O ateliê Ato Com Texto fez uma oficina de idéias para o Dia dos Pais e uma das criações virou "matéria" de jornal.


Amanhã na coluna VIDA PRÁTICA do Jornal de Brasília eu ensino passo-a-passo como fazer um carimbo de sucatas para personalizar uma camiseta criativa para o papai. E, também, como fazer uma capa diferente para o seu caderninho de anotações !

Confira!





bjsssss

20 julho, 2008

De volta aos desenhos










Uma atividade que não me cansa é brincar de desenhar... Fazia muito tempo que não dedicava uma tarde só para isso. Então, resolvi com minha pequena de 7 anos tornar a tarde colorida entre papéis e matizes... Despretensiosas... espontâneas... juntas. Uma delícia!!!

Eu sai no fim de semana...

No sábado fomos à exposição "Darwin" promovida pelo Instituto Sangari (sobre o qual tenho váaaaaaaaaarias críticas que merecem outro post) e pelo Museu de História Natural. Minha sorte foi ter gasto pouco para entrar (finalmente professores pagam meia entrada), apesar de ter comprado o "livreto" por R$ 40,00 ao sair.



Minha opinião? Poucos animais e muito texto! Explico: eu amo ler (por isso comprei o livro ao sair), mas exposição precisa ser mais interativa, curiosa...
Enfim, não gostei tanto quanto pensei que pudesse admirar. Sobre a obra de Darwin, quem sou para julgar...


Porém uma parte da teoria, resumida em uma das paredes, me contagiou: "grupos separados de organismos que pertencem à mesma espécie podem adaptar-se de maneiras diferentes de forma a melhor explorar os diversos ambientes e recursos. Também podem evoluir características variadas para atrair parceiros reprodutivos. Ou seja, grupos diferentes evoluem em direções diferentes. Com o passar do tempo, esses grupos ou populações podem tornar-se tão diferentes a ponto de não mais cruzarem entre si e, assim, espécies separadas são formadas".


Desse jeito, entendo cada vez mais que o grupo ao qual pertenço está em extinção e tenho me tornado de uma espécie separada. Estou me vendo como uma mica-leõa-dourada em tempos capitalistas. Pago o mico de acreditar em uma vida filósofica, artística, criativa e mais humana. Enquanto a violência, consumo e futilidade se reproduzem em escalas geométricas formando populações predadoras de macacas como eu....



É o preço que se paga ao escolher tomar uma direção diferente... Oxalá!

Lição de Dercy Gonçalves


Ela se foi aos 101 anos e deixou 101 lições entre suas 101 milhões de gargalhadas espalhadas no Brasil.


E, especialmente, uma, dita pela filha dela no velório vale registro e disseminação:


"Vamos ser felizes nem que seja na porrada"



É isso aí. Tem gente que não nasce com vocação para ser infeliz, ainda que - sendo como é - fuja aos padrões, seja chamada de sem educação, vulgar, marginal etc.
Dercy podia xingar e receber xingamentos, mas uma coisa ela sabia: viver e buscar ser persistentemente feliz.
Ao passo que muita gente "enquadrada" faz cara de samambaia e rumina raiva...

Filme do findi: Anjo do pecado

Filme: Anjo do pecado (Ma Fille mon anje, 2007)



Cotação: Bom




Ponto fraco: minha inteligência não acompanhou muito bem o roteiro, que parece mais desenhado para TV do que cinema




Ponto forte: a situação vivida pela protagonista é bem real nos dias atuais. Indicado para adolescentes iniciantes na vida sexual.




Para não esquecer: Algumas diversões e excessos custam caro na vida.





Sinopse: Em Montreal, a polícia descobre o corpo de um jovem num apartamento abarrotado de computadores de última geração. Lá, os oficiais também encontram uma impressionante coleção de vídeos eróticos. Em Québec, Germain Dagenais, ex-advogado e hoje renomado consultor político, está casado com Jeanne há 30 anos. A filha única do casal, Nathalie, partiu relutante para estudar Direito em Montreal. Lá a jovem descobre rapidamente a selvagem vida noturna da cidade e é envolvida na armadilha de um empreendedor na área do entretenimento adulto.

Filme do findi: Antes de partir





Filme: Antes de partir (The bucket list, 2007)

Cotação: Excelente

Ponto forte:
Fala sobre como ter uma vida digna, ainda que doente em estado terminal.



Para não esquecer: Viver é a melhor forma de lidar com a doença. Não ficar no papel de "vítima" ou alimentando o sofrimento é mais saudável que "brigar" com a circunstância.


Sinopse


Carter Chambers (Morgan Freeman) é um homem casado, que há 46 anos trabalha como mecânico. Submetido a um tratamento experimental para combater o câncer, ele se sente mal no trabalho e com isso é internado em um hospital. Logo passa a ter como companheiro de quarto Edward Cole (Jack Nicholson), um rico empresário que é dono do próprio hospital. Edward deseja ter um quarto só para si mas, como sempre pregou que em seus hospitais todo quarto precisa ter dois leitos para que seja viável financeiramente, não pode ter seu desejo atendido pois isto afetaria a imagem de seus negócios. Edward também está com câncer e, após ser operado, descobre que tem poucos meses de vida. O mesmo acontece com Carter, que decide escrever a "lista da bota", algo que seu professor de filosofia na faculdade passou como trabalho muitas décadas atrás. A lista consiste em desejos que Carter deseja realizar antes de morrer. Ao tomar conhecimento dela Edward propõe que eles a realizem, o que faz com que ambos viagem pelo mundo para aproveitar seus últimos meses de vida.






Ficha Técnica
Título Original: The Bucket List
Gênero: Comédia Dramática
Tempo de Duração: 97 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: www.antesdepartir.com.br
Estúdio: Storyline Entertainment / Zadan/Meron / Two Ton Films
Distribuição: Warner Bros.
Direção: Rob Reiner
Roteiro: Justin Zackham
Produção: Alan Greisman, Neil Meron, Rob Reiner e Craig Zadan
Música: Marc Shaiman
Fotografia: John Schwartzman
Desenho de Produção: Bill Brzeski
Direção de Arte: Jay Pelissier
Figurino: Molly Maginnis
Edição: Robert Leighton
Efeitos Especiais: Ring of Fire Studios


Elenco
Jack Nicholson (Edward Cole)
Morgan Freeman (Carter Chambers)
Sean Hayes (Thomas)
Beverly Todd (Virginia Chambers)
Rob Morrow (Dr. Hollins)
Alfonso Freeman (Roger Chambers)
Rowena King (Angelica)
Annton Berry Jr. (Kai)
Verda Bridges (Shandra)
Destiny Brownridge (Maya)
Brian Copeland (Lee)
Ian Anthony Dale (Instrutor)

17 julho, 2008

Blog

Sabe o que mais gostei neste blog?
Lembrar de mim! hehehe
Olhando os trabalhos dele recordei dos "exercícios" que eu fazia.
E, sem dúvida, revistas sempre foram matéria-prima para mim.
Do desenho à cópia, do recorte à colagem, da notícia à crônica.
Revistas de fato são objetos que coleciono e me inspiram.




Dica de blog de hoje: Alex Eschen

>>>
outra dica:
Curso de pintura realista veja aqui

Sumi-ê - essencial


Enquanto o ocidente viu diversos estilos de pintura especializados na realidade, utilizando muitas técnicas de sombras, cores, tons, espaço etc, o oriente focou no significado e através do pincel e da tinta preta surgiu o sumi-ê.


Derivado da caligrafia chinesa e originário dos templos budistas chineses durante a dinastia Sung (960 – 1274), o suiboku-ga chegou ao Japão no século XIV. A sua evolução em território japonês resultou no sumi-ê, um excelente exercício zen-budista para a paciência, humildade e simplicidade.

“Os elementos básicos do sumi-ê são três: simplicidade, simbolização e naturalidade. O sumi-ê é uma arte subjetiva. A expressão livre que brota por meio da cor sumi e dos movimentos do pincel reflete com serenidade o caráter e a personalidade do autor, induzindo-o ao prazer das descobertas” – Massao Okinaka



Munidos do suzuri (recipiente para a preparação da tinta), fude (pincel feito com pêlo de ovelha ou texugo), kami (papel de arroz) e do sumi (tinta fabricada a partir da fuligem de plantas e cola), os artistas do sumi-ê pintam, especialmente o shikunshi (os 4 nobres), o que deixa bem claro a profunda ligação desta arte com a natureza.
São eles:


A orquídea selvagem representa o verão, espírito jovem e é símbolo da graça e virtudes femininas. Esta flor cresce no local mais inspirador de todos, onde a montanha encontra a água.

O bambu representa o inverno e significa a simplicidade da vida e a humildade. O tronco simboliza a força e as virtudes do sexo masculino. As sub-divisões do tronco representam as etapas da vida. O centro oco remete ao vazio interior pregado no zen-budismo e por fim, a resistência do bambu representa a estabilidade e caráter inabalável.

A ameixeira é o símbolo da esperança e da tolerância. O tronco retorcido inspira dureza e ainda assim carrega consigo a promessa da primavera, que se confirma com o aparecimento dos primeiros delicados brotos em janeiro.

O crisântemo antecipa o inverno desafiando o frio do outono. Sua perseverança representa a lealdade e a modéstia. Também simboliza a vida familiar devido ao seu formato circular.

Uma obra do sumi-ê, mesmo desenvolvida com rapidez, carrega o espírito do artista. Fruto da inspiração artística do momento, não existe tempo para a reflexão daquilo que está em execução e nem a possibilidade de correção. Pelo fato de todo traço ser único e cheio de vitalidade, assim como um golpe de espada, muitos samurais praticaram o sumi-ê.


Fonte aqui

_________________-



Data do século II da nossa era o aparecimento na China da arte do sumi-e. A palavra que a designa tem raiz japonesa e significa literalmente pintura com tinta. Não existe nenhum ponto de contacto entre o conceito de pintura ocidental e este conceito. Na verdade trata-se de pura caligrafia. O artista deve comunicar a sua ideia de forma resumida e inequívoca em poucas palavras, ou seja, neste caso, em poucas linhas. Mais do que uma mera representação mimética o sumi-e é a arte do essencial.

"O segredo não é correr atrás das borboletas,
é cuidar do jardim para que elas venham até você."

13 julho, 2008

Colorir para não morrer...


"O escrever é de alguma forma exorcizar, repelir criaturas invasoras, projetando-as a uma condição que paradoxalmente lhes dá existência universal." [Cortázar]

Não precisa casar. Sozinho é melhor

O psiquiatra decreta a morte do amor romântico e diz que a vida de solteiro é um caminho viável para a felicidade
por Duda Teixeira

"Para os meus pacientes, eu sempre digo: se você tiver de escolher entre o amor ea individualidade, opte pelo segundo."

Com 41 anos de clínica, o médico psiquiatra Flávio Gikovate acompanhou os fatos mais marcantes que mudaram a sexualidade no Brasil e no mundo. Por meio de mais de 8.000 pessoas atendidas, assistiu ao impacto da chegada da pílula anticoncepcional na década de 60 e a constituição das famílias contemporâneas, que agregam pessoas vindas de casamentos do passado. Suas reflexões sobre o amor ao longo de esse tempo foram condensadas no seu 26º livro, Uma História de Amor... com Final Feliz. Na obra, a oitava sobre o tema, Gikovate ataca o amor romântico e defende o individualismo, entendido não como descaso pelos outros e sim como uma maneira de aumentar o conhecimento de si próprio. Tendo sido um dos primeiros a publicar um estudo no país sobre sexualidade, atuou em diversos meios de comunicação, como jornais e revistas e na televisão. Atualmente, possui um programa na rádio, em que responde perguntas feitas por ouvintes. Aos 65 anos, ele atendeu a reportagem de Veja em seu consultório no elegante bairro dos Jardins, em São Paulo.

"Os solteiros que estão mal são os que ainda sonham com o amor romântico. Pensam que precisam de outra pessoa para se completar. Como Vinicius de Moraes, acham que que 'é impossível ser feliz sozinho'. Isso caducou. Daí, vivem tristes e deprimidos."

Veja - O senhor diria para a maioria das pessoas que o casamento pode não ser uma boa decisão na vida?
Gikovate - Sim. As pessoas que estão casadas e são felizes são uma minoria. Com base nos atendimentos que faço e nas pessoas que conheço, não passam de 5%. A imensa maioria é a dos mal casados. São indivíduos que se envolveram em uma trama nada evolutiva e pouco saudável. Vivem relacionamentos possessivos em que não há confiança recíproca nem sinceridade. Por algum tempo depois do casamento, consideram-se felizes e bem casados porque ganham filhos e se estabelecem profissionalmente. Porém, lá entre sete e dez anos de casamento, eles terão de se deparar com a realidade e tomar uma decisão drástica, que normalmente é a separação.

Veja - Ficar sozinho é melhor, então?
Gikovate - Há muitos solteiros felizes. Levam uma vida serena e sem conflitos. Quando sentem uma sensação de desamparo, aquele "vazio no estômago" por estarem sozinhos, resolvem a questão sem ajuda. Mantêm-se ocupados, cultivam bons amigos, lêem um bom livro, vão ao cinema. Com um pouco de paciência e treino, driblam a solidão e se dedicam às tarefas que mais gostam. Os solteiros que não estão bem são geralmente os que ainda sonham com um amor romântico. Ainda possuem a idéia de que uma pessoa precisa de outra para se completar. Pensam, como Vinicius de Moraes, que "é impossível ser feliz sozinho". Isso caducou. Daí, vivem tristes e deprimidos.

Veja - Por que os casamentos acabam não dando certo?
Gikovate - Quase todos os casamentos hoje são assim: um é mais extrovertido, estourado, de gênio forte. É vaidoso e precisa sempre de elogios. O outro é mais discreto, mais manso, mais tolerante. Faz tudo para agradar o primeiro. Todo mundo conhece pelo menos meia-dúzia de casais assim, entre um egoísta e um generoso. O primeiro reclama muito e, assim, recebe muito mais do que dá. O segundo tem baixa auto-estima e está sempre disposto a servir o outro. Muitos homens egoístas fazem questão que a mulher generosa esteja do lado dele enquanto ele assiste na televisão os seus programas preferidos. Mulheres egoístas não aceitam que seus esposos joguem futebol. Consideram isso uma traição. De um jeito ou de outro, o generoso sempre precisa fazer concessões para agradar o egoísta, ou não brigar com ele. Em nome do amor, deixam sua individualidade em segundo plano. E a felicidade vai junto. O casamento, então, começa a desmoronar. Para os meus pacientes, eu sempre digo: se você tiver de escolher entre amor e individualidade, opte pelo segundo.

Veja - Viver sozinho não seria uma postura muito individualista?
Gikovate - Não há nada de errado em ser individualista. Muitos dos autores contemporâneos têm uma postura crítica em relação a isso. Confundem individualismo com egoísmo ou descaso pelos outros. São conceitos diferentes. Outros dizem que o individualismo é liberal e até mesmo de direita. Eu não penso assim. O individualismo corresponde a um crescimento emocional. Quando a pessoa se reconhece como uma unidade, e não como uma metade desamparada, consegue estabelecer relações afetivas de boa qualidade. Por tabela, também poderá construir uma sociedade mais justa. Conhecem melhor a si próprio e, por isso, sabem das necessidades e desejos dos outros. O individualismo acabará por gerar frutos muito interessantes e positivos no futuro. Criará condições para um avanço moral significativo.

"As colunas e programas de rádio que eu faço não me trazem clientes. Às vezes, só atrapalham. Em 1982, aceitei trabalhar com o Corinthians. Era a democracia corinthiana. Foi um balde de água fria na clínica."

Veja - Por que os casamentos normalmente ocorrem entre egoístas e generosos?
Gikovate - A idéia geral na nossa sociedade é a de que os opostos se atraem. E isso acontece por vários motivos. Na juventude, não gostamos muito do nosso modo de ser e admiramos quem é diferente de nós. Assim, egoístas e generosos acabam se envolvendo. O egoísta, por ser exibicionista, também atrai o generoso, que vê no outro qualidades que ele não possui. Por fim, nossos pais e avós são geralmente uniões desse tipo, e nós acabamos repetindo o erro deles.

Veja - Para quem tem filhos não é melhor estar em um casamento? E, para os filhos, não é melhor ter pais casados?
Gikovate - Para quem pretende construir projetos em comum – e ter filhos é o mais relevantes deles – o melhor é jogar em dupla. Crianças dão muito trabalho e preocupação. É muito mais fácil, então, quando essa tarefa é compartilhada. Do ponto de vista da criança, o mais provável é que elas se sintam mais amparadas quando crescem segundo os padrões culturais que dominam no seu meio-ambiente. Se elas são criadas pelo padrasto, vivem com os filhos de outros casamentos da mãe, mas estudam em uma escola de valores fortemente conservadores e religiosos, poderão sentir algum mal-estar. Do ponto de vista emocional, não creio que se possa fazer um julgamento definitivo sobre as vantagens da família tradicional sobre as constituídas por casais gays ou por um pai ou mãe solteiros. Estamos em um processo de transição no qual ainda não estão constituídos novos valores morais. É sempre bom esperar um pouco para não fazer avaliações precipitadas.

Veja - Que conselhos você daria para um jovem que acaba de começar na vida amorosa?
Gikovate - É preciso que o jovem entenda que o amor romântico, apesar de aparecer o tempo todo nos filmes, romances e novelas, está com os dias contados. Esse amor, que nasceu no século XIX com a revolução industrial, tem um caráter muito possessivo. Segundo esse ideal, duas pessoas que se amam devem estar juntas em todos os seus momentos livres, o que é uma afronta à individualidade. O mundo mudou muito desde então. É só olhar como vivem as viúvas. Estão todas felizes da vida. Contudo, como muitos jovens ainda sonham com esse amor romântico, casam-se, separam-se e casam-se de novo, várias vezes, até aprender essa lição. Se é que aprendem. Se um jovem já tem a noção de não precisa se casar par ser feliz, ele pulará todas essas etapas que provocam sofrimento.

Veja - As mulheres são mais ansiosas em casar do que os homens? Por quê?
Gikovate - As mulheres têm obsessão por casamento. É uma visão totalmente antiquada, que os homens não possuem. Uma vez, quando eu ainda escrevia para a revista Cláudia, o pessoal da redação fez uma pesquisa sobre os desejos das pessoas. O maior sonho de 100% das moças de 18 a 20 anos de idade era se casar e ter filho. Entre os homens, quase nenhum respondeu isso. Queriam ser bons profissionais, fazer grandes viagens. Essa diferença abismal acontece por razões derivadas da tradição cultural. No passado, o casamento era do máximo interesse das mulheres porque só assim poderiam ter uma vida sexual socialmente aceitável. Poderiam ter filhos e um homem que as protegeria e pagaria as contas. Os homens, por sua vez, entendiam apenas que algum dia eles seriam obrigados a fazer isso. Nos dias que correm, as razões que levavam mulheres a ter necessidade de casar não se sustentam. Nas universidades, o número de moças é superior ao de rapazes. Em poucas décadas, elas ganharão mais que eles. Resta acompanhar o que irá acontecer com as mulheres, agora livres sexualmente, nem sempre tão interessadas em ter filhos e independentes economicamente.

Veja - Como será o amor do futuro?
Gikovate - Os relacionamentos que não respeitam a individualidade estão condenados a desaparecer. Isso de certa forma já ocorre naturalmente. No Brasil, o número de divórcios já é maior que o de casamentos no ano. Atualmente, muitos homens e mulheres já consideram que ficarão sozinhos para sempre ou já aceitam a idéia de aguardar até o momento em que encontrarão alguém parecido tanto no caráter quanto nos interesses pessoais. Se isso ocorrer, terão prazer em estar juntos em um número grande de situações. Nesse novo cenário, em que há afinidade e respeito pelas diferenças, a individualidade é preservada. Eu estou no meu segundo casamento. Minha mulher gosta de ópera. Quando ela quer ir, vai sozinha. E não há qualquer problema nisso.

Veja - Quando duas pessoas decidem morar juntas, a individualidade não sofre um abalo?
Gikovate - Não necessariamente elas precisarão morar juntas. Em um dos meus programas de rádio, um casal me perguntou se estavam sendo ousados demais em se casar e continuarem morando separados. Isso está ficando cada dia mais comum. Há outros tantos casais que moram juntos, mas em quartos separados. Se o objetivo é preservar a individualidade, não há razão para vergonha. O interessante é a qualidade do vínculo que existirá entre duas pessoas. No primeiro mundo, esse comportamento já é normal. Muitos casais moram até em cidades diferentes.

Veja - É possível ser fiel morando em casas ou cidades diferentes?
Gikovate - A fidelidade ocorre espontaneamente quando se estabelece um vínculo de qualidade. Em um clima assim, o elemento erótico perde um pouco seu impacto. Por incrível que pareça, essas relações são monogâmicas. É algo difícil de explicar, mas que acontece.

Veja - Com o fim do amor romântico, como fica o sexo?
Gikovate - Um dos grandes problemas ligados à questão sentimental é justamente o de que o desejo sexual nem sempre acompanha a intimidade efetiva, aquela baseada em afinidade e companheirismo. É incrível como de vez em quando amor e sexo combinam, mas isso não ocorre com facilidade. Por outro lado, o sexo com um parceiro desconhecido, ou quase isso, é quase sempre muito pouco interessante. Quando acaba, as pessoas sentem um grande vazio. Não é algo que eu recomendaria. Hoje, as normas de comportamento são ditadas pela indústria pornográfica e se parece com um exercício físico. O sexo então tem mais compromisso com agressividade do que com amor e amizade. Jovens que têm amigos muito chegados e queridos dizem que transar com eles não tem nada a ver. Acham mais fácil transar com inimigos do que com o melhor amigo. Penso que, com o amadurecimento emocional, as pessoas tenderão a se abster desse tipo de prática.

"As razões que levavam as mulheres a ter necessidade de casar não se sustentam mais. Nas universidades, o número de moças é superior ao de rapazes. Em poucas décadas elas ganharão mais
que eles."

Veja - As desilusões com o primeiro casamento têm ajudado as pessoas a tomar as decisões corretas?
Gikovate - No início da epidemia de divórcios brasileira, na década de 70, as pessoas se separavam e atribuíam o desastre da união a problemas genéricos. Alguns diziam que o amor acabou. Outros, o parceiro era muito chato. Não se davam conta de que as questões eram mais complexas. Então, acabavam se unindo à outras pessoas muito parecidas com as que tinham acabado de descartar. Hoje, os indivíduos estão mais críticos. Aceitam ficar mais tempo sozinhos e fazem autocríticas mais consistentes. Por causa disso, conseguem evoluir emocionalmente e percebem que terão que mudar radicalmente os critérios de escolha do parceiro. Se antes queriam alguém diferente, hoje a tendência é buscarem uma pessoa com afinidades.

Veja - O senhor já escreveu colunas para jornais, revistas, atuou na televisão e agora tem um programa na rádio. O senhor se considera um marqueteiro?
Gikovate - Sempre gostei de trabalhar com os meios de comunicação. Psicologia não é assunto para especialistas, mas de todo mundo. Faço essas coisas também porque é uma forma de entrar em contato com um público diferente do que eu encontro normalmente. Na rádio, respondo perguntas de gente tacanha, que jamais teriam condição de pagar uma consulta. Estão em um outro patamar financeiro. Mas o que dizem, é ouro puro. As colunas e programas de rádio que eu faço não me trazem clientes. Às vezes, só atrapalham. Em 1982, aceitei trabalhar com o Corinthians. Era a democracia corinthiana. Foi um balde de água fria na clínica. Imagine só, o Corinthians! Não foi o tipo de notícia que meus pacientes gostaram de ouvir. Eu fiquei lá dois anos. Meu pai ficava chocado com essas coisas, porque naquele tempo médico de bom nível não fazia essas coisas. Não estava nem aí. Quando eu me interesso por alguma coisa, eu vou. No mais, se eu fosse um simples marqueteiro, não teria durado 41 anos.

Veja - Apesar de todo esse tempo de clínica, o senhor atuou sozinho, longe das universidades. Por quê?
Gikovate - O mundo acadêmico está cheio de papagaios, que repetem fórmulas prontas. Citam sempre outros pensadores, mas nunca vão a lugar algum. Não têm coragem para disso. Esse universo, do qual eu acabei me afastando, é extremamente conservador. Não são eles que produzem as novas idéias. Muitos fingem que eu não existo. Diziam à pequena que eu era um cara muito pragmático, que levava em conta muito os resultados, o que é verdade. Os que mais gostam do que eu faço não são da minha área. São os filósofos, como o Renato Janine Ribeiro e a Olgária Matos. De minha parte, eu sempre fugi dos rótulos. Não me inscrevi membro da Sociedade de Psicanálise. Não sou membro de qualquer sociedade dogmática. Não sou sócio de nenhum clube. Sou uma pessoa de mente aberta. Nunca quis discípulos. Os meus discípulos, se um dia existirem, pensarão por conta própria. Se tiverem um monte de opiniões diferentes das minhas, seria ótimo.

fonte: http://veja.abril.com.br/entrevistas/flavio_gikovate.shtml

11 julho, 2008