30 novembro, 2007

Deixei de ser ONG agora sou multinacional





Por Solange Pereira Pinto



Como tenho multidões dentro de mim, resolvi mudar o contrato social. Fazia tempo que eu vinha funcionando como instituição sem fins-lucrativos. Voluntária aqui e ali. Soll©, revisa um texto aí? Soll©, já que você é tão criativa me ajuda a decorar meu quarto novo? Soll©, estou com uns problemas, pode me ajudar? Soll©, você é tão boa para escrever, faz um texto para eu colocar no meu site? Soll©, pinta minha mala? Soll©, pinta a parede da minha sala? Soll©, me ajuda na minha monografia? Soll©, me ensina fazer um blog? Soll©, ajeita umas fotos pra mim? Soll©, me ajuda a organizar uma festa? Soll©, pode fazer os enfeites da festa do meu filho? Soll©, bola ai uma alternativa para um guarda-roupa funcional? Soll©, dá uma olhadinha no meu contrato de locação? Soll©, quais são meus direitos do consumidor nesse caso x? Soll©, Soll©, Soll©, Soll©, Soll©, Soll©, Soll©, Soll©, Soll©, Soll©, Soll©, Soll©, Soll©, Soll©...


É isso! Cansei! Perdi as contas de quantas vezes “servi” ao próximo. Um favorzinho aqui. Uma ajudinha ali. Fui quebrando os galhos dos outros e acabei no buraco! É fácil pedir algo a quem é disponível, inteligente e criativo, não é? E, isso tem custo? E, isso tem preço?


Sim. Tem sim. O tempo que se gasta pensando. O tempo que se investe criando. O tempo que se consome executando. O tempo que se foi estudando. O tempo que se acabou ampliando o conhecimento. E, tals. Quanto se gastou em livros? Quanto se gastou em conversas? Quanto se gastou em curiosidades? Quanto se gastou em museus? Quanto se gastou em pesquisas na internet? Quanto se gastou em anos ininterruptos de estudos? O tempo... Quanto... Só eu sei.


De verdade nunca me incomodei em ajudar uns e outros naquilo que sei fazer. Muito menos fiz o que fiz pensando em lucros financeiros. Ocorre que, hoje, do que me vale “tudo isso” se estou numa pindaíba total? Aqueles que se beneficiaram (por se julgarem pouco criativos, ou pouco habilidosos, ou desconhecedores de xy) como estão?


Conheço um monte de gente “linear” (e por isso mesmo) com contracheque garantido no final do mês. Porém precisam de uma “ajudinha criativa” vez por outra.
Ah, no Brasil artista é desvalorizado! Ah, viver de arte não dá! Ah,... É mesmo! Precisamos acabar com essa idéia de que arte, criatividade, soluções, textos, letra bonita, desenho bem-feito, tapete interessante, são “coisas menores”, ou de menor valor.


Valorizar um artista, valorizar um jovem talentoso, valorizar uma idéia, valorizar uma cortina exótica, valorizar um texto bem-escrito é PAGAR por isso. Certos “favores” prestados não deveriam ser favores, mas serviços. Principalmente, se quem os presta vive daquilo, por aquilo e para aquilo, embora não cobre por isso.


A partir de hoje deixo de ser ONG e passo a ser uma multinacional lucrativa e em expansão. Cada serviço prestado tem seu preço, seu custo, seu valor. A contribuição que darei à sociedade é essa: mudar a mentalidade quanto aos seres criativos. Eles merecem recompensas financeiras e as terão. E, você, não ouse pedir uma logomarca grátis, para o seu novo negócio, àquele sobrinho craque no computador. Mesmo que ele não cobre, pague por isso. Assim, faremos um mundo melhor, mais justo, mais criativo e honesto. Afinal, quem trabalha de graça acaba fodido e ainda é chamado de coitado!



p.s. Esta não é uma obra de ficção, portanto qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.
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Se você concorda com essa idéia ajude a divulgá-la!

29 novembro, 2007

28 novembro, 2007

onde estão os sujeitos?

Fernanda diz:
é amiga, manuais de conduta
Fernanda diz:
pais, professores e alunos protocolaveis
Lis-Soll diz:
legal
Fernanda diz:
frases protocolaveis
Fernanda diz:
atitudes protocolaveis
Fernanda diz:
e no fim
Fernanda diz:
tan tan tan tan
Fernanda diz:
professores fingem que ensinam, alunos fingem que aprendem e pais fingem que são pais de alunos
Fernanda diz:
dai vem um questionar, amiga... vc é fora do padrão
Fernanda diz:
a lulu é fora do padrão
Fernanda diz:
e o jeito é mesmo ela fazer "arte", amarrar uma bomba nas costas de um gato e jogar ele na escola... mais divertido... rsrsrsrsrsrs

retalhinhos brasileiros - Renan Calheiros, O homem cordial, Roriz e tals




[...] No capítulo quinto temos o famoso “Homem Cordial”. O capítulo tem esse título, mas começa pela visão do Estado do brasileiro.

Sérgio Buarque já havia afirmado que “a sociedade civil e a política são consideradas uma espécie de prolongamento ou ampliação da comunidade doméstica”. (p.53)

Agora ele volta ao tema, em um tom hegeliano, para fazer sua própria teoria política: “O Estado não é uma ampliação do círculo familiar… Só pela transgressão da ordem familiar é que nasce o Estado e que o simples indivíduo se faz cidadão… Há nesse sentido um triunfo do geral sobre o particular, do intelectual sobre o material… A ordem familiar, em sua forma pura, é abolida por uma transcendência” (p.101)

Será imensa a dificuldade no Brasil fazer a transição de uma ordem familiar, baseada no afeto e no sangue, para a do Estado fundada em princípios abstratos. Identificando-se, aqui, com o capital industrial que então se consolidava em São Paulo, Sérgio Buarque.

Há uma “crise que acompanhou a transição do “trabalho industrial…” Falando já do seu tempo, ele dirá que essa crise caracterizar-se-á muito sensivelmente pelo “decisivo triunfo de certas virtudes antifamiliares por excelência, como são sem dúvida, aquelas que repousam no espírito de iniciativa pessoal, e na concorrência entre cidadão” (p.104)

É nesse contexto que Sérgio Buarque faz a referência a Max Weber, e, segundo Antônio Cândido , “pela primeira vez no Brasil os conceitos de “patrimonialismo” e “burocracia” são usados” (p. XLVI). A crise de transição será marcada por estas categorias.

Sérgio Buarque observa que “não era fácil aos detentores das posições públicas de responsabilidades, formados por tal ambiente (família patriarcal), compreenderem a distinção fundamental entre os domínios do privado e do público.

Assim, eles se caracterizam justamente pelo que separa o funcionário ‘patrimonial’ do puro burocrata conforme a definição de Max Weber”. (p.105) E acrescenta Sérgio Buarque: “No Brasil somente excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses. Ao contrário, é possível acompanhar, ao longo de nossa história, o predomínio constante das vontades particulares que encontram seu ambiente próprio em círculos fechados e pouco acessíveis a uma ordenações impessoal”. (p.106)

Dessa transição difícil resulta do homem cordial brasileiro. Citando uma expressão de Ribeiro Couto, afirma Sérgio Buarque: “Já se disse, numa expressão feliz, que a contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade – daremos ao mundo o ‘homem cordial’. A lhaneza no trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um caráter definido do caráter brasileiro, na medida, ao menos, que permanece ativa e fecunda a influência ancestral dos padrões de convívio humano, informados no meio rural e patriarcal”. (p.106)


Essa cordialidade não significa bondade, mas é o contrário da polidez. “Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista da vida do que o brasileiro”. Nele predomina “o desconhecimento de qualquer forma de convívio que não seja ditada por uma ética de fundo emotivo…” Ao invés do “triunfo do espírito sobre a vida… o horror às distâncias parece constituir, pelo menos até agora, o traço mais específico do espírito brasileiro” (107-110).

Em seu debate com Cassiano Ricardo, depois da primeira edição do livro, em nota de rodapé à segunda edição, Sérgio Buarque vai adiante: “essa cordialidade, estranha, por um lado, a todo formalismo e convencionalismo social, não abrange, por outro, apenas e obrigatoriamente, sentimentos positivos de concórdia. A inimizade bem pode ser tão cordial como a amizade, nisto que uma e outra nascem do coração, procedem, assim, da esfera do íntimo, do familiar, do privado”.


E adverte, “pela expressão “cordialidade” se eliminam aqui, deliberadamente, os juízos éticos e as intenções apologéticas…” Não, há, de fato, qualquer sentido apologético em Raízes do Brasil, mas não há dúvida que, como acontece com freqüência com os grandes pensadores, Sérgio Buarque também se transforma em um ideólogo de sua nação. No seu caso isto ocorre através de duas idéias contraditórias – a crítica dura à dificuldade da transição da família patriarcal para o capitalismo e o elogio inequívoco do homem cordial e de sujas origens patriarcais.


Se a identidade brasileira é mestiça para Gilberto Freyre, ela será cordial para Sérgio Buarque. Mas será também uma identidade em transição, que passa pela “revolução brasileira”, que ele procurará definir um pouco adiante, pela transição do regime patriarcal para o capitalista.

O sexto capítulo, “Novos Tempos” já começa a nos falar dessa revolução, mas é ainda a crítica do passado que agora se mistura com a crítica do presente dos anos 30. A crítica é agora dirigida ao bacharelismo brasileiro herdado de Portugal.


Sérgio Buarque esquece a utilização que fizera um pouco antes de Max Weber e vai afirmar que “a origem da sedução exercida pelas carreiras liberais vincula-se estreitamente ao nosso apego quase exclusivo aos valores (tradicionais) de personalidade… à ânsia pelos meios de vida definitivos, que dão segurança e estabilidade, exigindo ao mesmo tempo um mínimo de esforço pessoal”. (p.116)


Ora, esta característica das elites do Império e da Primeira República não são exatamente patriarcais mas patrimonialistas. O interesse pelas “carreiras liberais” nada tem a haver com o interesses pelas “profissões liberais”, como Sérgio Buarque enfatiza, ao afirmar que “o liberalismo jamais se naturalizou entre nós” (p.119). É apenas a forma de acesso ao serviço público, onde é possível alcançar “meios de vida definitivos”.


O “amor pronunciado pelas formas fixas e pelas leis genéricas”, a confiança “no poder milagroso das idéias”, a formação de uma intelligentzia no Brasil formada por conselheiros de governantes que “tiveram um papel parecido com o daqueles famosos científicos de gostava de cercar-se o ditador Porfírio Dias…” – são todas características do patrimonialismo brasileiro pré-industrial. Daquele patrimonialismo que vicejará na capital do Império e da República à sombra do Estado.


São também manifestações do elitismo brasileiro, de origens patriarcais e patrimoniais, que Sérgio Buarque assinala muito bem: “os movimentos aparentemente reformistas, no Brasil, partiram quase sempre de cima para baixo: foram de inspiração intelectual (burocrática), se assim se pode dizer, tanto quanto sentimental (patriarcal)”. (p.119 – parênteses meus).


Sérgio Buarque, entretanto, tem dificuldade, como todos os autores antes de Faoro o tiveram – e ainda hoje muitos a têm – de reconhecer a importância da burocracia patrimonialista na história brasileira, a partir da Independência, quando as famílias patriarcais decadentes encontrarão no Estado Imperial o abrigo burocrático que as famílias aristocráticas portuguesas também decadentes encontram no Estado português no Século XVI.


Este é também um belo capítulo de crítica à alienação dos nossos intelectuais. Isto vai acontecer desde a Independência. Embora aparentemente ameaçadas pela decadência, as elites rurais, segundo Sérgio Buarque, mantiveram sua supremacia. Mas começa então a “patentear-se a distância entre o elemento ‘consciente’ e a massa brasileira, distância que se evidenciou depois, em todos os instantes supremos da vida nacional.” (p.121) O amor às letras transformou-se em “derivativo cômodo para o horror que tínhamos à nossa realidade cotidiana… Todo o pensamento dessa época (fim de Século XIX) revela a mesma fragilidade, a mesma inconsistência íntima, no fundo, ao conjunto social; qualquer pretexto estético lhe serve de conteúdo”. (p.121 – parênteses meus)

O declínio do mundo rural abriu espaço para novas elites – a aristocracia do “espírito” – caracterizada pelo amor à palavra escrita, à retórica, à gramática, ao Direito Formal.


Estas elites intelectuais estavam “aparelhadas para o mister de preservar o caráter aristocrático de nossa sociedade tradicional”. (p.123)


Estes intelectuais orgânicos formavam um elite essencialmente alienada, que considerava o Brasil integralmente dependente do exterior.


Sérgio Buarque é enfático: “Aqueles que pugnaram por uma vida nova representavam, talvez, ainda mais do que seus antecessores, a idéia de que o país não pode crescer pelas suas próprias forças naturais: deve formar-se de fora para dentro, deve merecer a aprovação dos outros”. (p. 125)



É fascinante ler hoje estas palavras escritas em 1936. Especialmente para quem, como eu, que venho denunciando a alienação brasileira, hoje expressa na estratégia do confidence building, na tentativa de construção de confiança nos mercados internacionais através da total subordinação a eles.



Ao invés de adotarmos as políticas econômica que julgamos necessárias, esforçamo-nos desesperadamente para adivinhar o que Washington e Nova York, o que o governo norte-americano, a alta burocracia econômica internacional, e o mercado financeiro esperam de nós. Ao invés de acreditar que nosso desenvolvimento econômico depende de nós mesmos, imaginarmos que dependa dos outros.


Sérgio Buarque nos diz, também indignado, que isto não é novo.

[...]

O Estado necessita de “pujança, grandeza e solicitude…” (p.131) Nosso liberalismo democrático foi sempre postiço, “os lemas da democracia liberal parecem conceitos puramente ornamentais ou declamatórios…” (p.l38), o liberalismo neutro, despido de emotividade, baseado na idéia de ‘maior felicidade para o maior número’, conflita diretamente com os nossos valores cordiais.

A tese de uma humanidade má por natureza e de um combate de todos contra todos ha de parecer-nos extremamente antipática e incômoda”. (p.139) Mas, apesar disto, não há incompatibilidade nossa com os ideais democráticos.



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daí nossa distância entre fala/enunciado e ação...
dizemos ser contra a corrupção e subornamos o guarda da esquina...
rural é "ignorante" mas férias boas são na fazenda...

Estou aqui de passagem...

Enquanto no final do período colonial havia mais de 23 universidades na América Espanhola, no Brasil não havia nenhuma: “aqui a Colônia é simples lugar de passagem” (p.65)



_________
por isso deixamos tudo por fazer?
nós estamos aqui de passagem, querendo ir para EUA? para Europa? para Austrália?
pés aqui cabeça lá?

você conhece o Brasil?

O segundo capítulo, “Trabalho & Aventura”, volta-se mais diretamente para o caráter da colonização portuguesa. Sérgio Buarque classifica os homens em dois tipos: o trabalhador, “aquele que enxerga primeiro a dificuldade a vencer, não o triunfo a alcançar”, e o aventureiro para o qual apenas o triunfo final interessa. Há uma ética do trabalho e outra da aventura. ver mais...



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Qual é o Brasil que vc conhece? de quem são os olhos através dos quais vc enxerga?

posso ser livre, ainda que seja na internet?

Outro dia recebi uma dica: "por que vc ao invés de apenas copiar e colar um texto da internet nao faz seu coomentário? assim, seu blog ficará mais interessante..."

Tudo bem que a intenção é boa. but e daí?

Se quero apenas copiar e colar, e o quicocetemcumisso?

Se quero apenas comentar?

Se quero apenas me calar?

se quero escrever post imenso?

se quero escrever post curto?

se nao quero escrever?

se quero sumir?

se quero aparecer?

se quero por foto?

se não quero por foto?

blablabla

afff

haja

Bem, posso ser livre, ainda que seja na internet?

Existe agora "regra" para o gênero blog?

ah, mas o leitores sumirÃo oh sua blogueira burra!

ah, é... E DAÍ?

posso ser dona do meu teclado?

posso ser dona do meu blog?

Brasil Belíndia

Roberto Damatta "[...] diferente das norte-americanas, as instituições brasileiras foram desenhadas para coagir e desarticular o indivíduo[...]".


ctrlC/crtlV wikipédia
"A natureza do Estado é naturalmente coercitiva; porém, no caso brasileiro, é inadequada à realidade individual. Um curioso termo – Belíndia – define precisamente esta situação: leis e impostos da Bélgica, realidade social da Índia."

24 novembro, 2007

hahahahaahhaha

"Brasil: se cobrir vira circo, se cercar vira hospício".



Somos loucos E palhaços e está tudo certo!

21 novembro, 2007

Trabalhando a mente via MSN, a praça de Sócrates na pós-modernidade

São 15h37min. Quantos estão no trabalho? (conceituando aqui trabalho aquele com vínculo empregatício e/ou com horários a cumprir). Então, quantos não estão NESTE tipo de trabalho? Quantos são pagos para pensar? Quantos são pagos para fazer? ou Quantos são pagos para pensar para gerar lucro?


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Fernanda diz:
e ai amiga, nossas estrategias de enriquecer, como andam?
Lis-Soll diz:
olha
Lis-Soll diz:
descobri a polvora
Lis-Soll diz:
só que ela tá molhada
Lis-Soll diz:
hahaahahha
Lis-Soll diz:
por isso nao acende
Fernanda diz:
hahahaha
Fernanda diz:
seca ela amiga, seca ela
Lis-Soll diz:
o que significa que somos potencialmente explosivas
Lis-Soll diz:
e vivemos molhadas (sugestivo... né...)
Fernanda diz:
hahahahaha
Fernanda diz:
eu estava lendo sobre Balzac
Lis-Soll diz:
o que culmina em potenciais apenas
Fernanda diz:
amiga, a gente precisa beirar a genialidade
Lis-Soll diz:
e como beirar à genialidade?
Fernanda diz:
em 18 anos ele criou qse 3 mil personagens
Fernanda diz:
escreveu centenas de coisas
Fernanda diz:
casou e morreu
Lis-Soll diz:
é amiga, parece que a ordem da vida é: nascer, produzir, morrer
Lis-Soll diz:
talvez a nossa "falta de produção" seja um inconsciente desejo de imortalidade
Lis-Soll diz:
potenciais não morrem... (nem fracassam)
Fernanda diz:
hummmm
Lis-Soll diz:
e, olhando bem, o marketing sempre foi decisivo em todas as épocas
Lis-Soll diz:
mas, nós, "vítimas" da sociedade tecnológica-globalizada da comunicação
Fernanda diz:
vamos tentar nos guiar pelo Balzac pelo menos, aos 19 convenceu o pai a sustenta-lo em Paris, pq ele queria ser escritor
Fernanda diz:
passou uns 5 anos em paris escrevendo com outros nomes
Lis-Soll diz:
nos perdemos na mistura de gente e no fim não conseguimos sobressair
Fernanda diz:
pq ele sabia que era genio e nao poderia queimar o nome dele com textos ruins, claro
Fernanda diz:
nestes 5 anos ele elaborou uma estrategia, mandou uma carta para irma dizendo que ele morreria como genio
Fernanda diz:
ja tinha estratejado todas as comedias
Fernanda diz:
escreveu sem parar por 18 anos
Lis-Soll diz:
boa estratégia, considerando que a vida dos artistas eram (ainda é?) mais significativa que a própria obra
Fernanda diz:
aos 47 nao escrevia mais
Fernanda diz:
aos 51 morreu
Fernanda diz:
esta ultima parte eu nao gosto nao
Lis-Soll diz:
certamente existiram outros Balzacs, padeiros, para fazer o pão do Balzac "gênio"
Lis-Soll diz:
naquela época se morria cedo
Lis-Soll diz:
estive pensando sobre a angústia de existir
Fernanda diz:
o primeiro livro dele foi best seller, entao ele se dedicou a escrever grandes livros best sellers para se sustentar
Lis-Soll diz:
e descobri: é uma raiva contra o mundo e sabe por que?
Fernanda diz:
este era o balzac padeiro amiga, aquele que escreve best sellers
Lis-Soll diz:
por que essas pessoas (geniais, se acham é claro) querem apenas existir e não SOBREVIVER
Lis-Soll diz:
então, raciocine: se temos que sobreviver, logo não podemos simplesmente existir
Lis-Soll diz:
e isso dá raiva, muita raiva. que gera frustração. que gera angústia.
Lis-Soll diz:
seres existencialistas são "mimados". egocêntricos. espaçosos.Lis-Soll diz:
pois, precisam de alguém que os sustente. precisam de ser o centro da produção (de si próprio, inclusive) e precisam ganhar espaços de reconhecimento dentre outros
Lis-Soll diz:
por isso, artistas são espaçosos
Lis-Soll diz:
os artistas que não tem quem os sustente são os deprimidos rsss
Fernanda diz:
é amiga... muitas coisas a se pensar
Fernanda diz:
só que vou pensar qdo eu voltar, minha mae está me arrancando do computador...
Lis-Soll diz:
os artistas (que nasceram ricos, ou se casaram com ricos, ou tiveram mecenas) são os que viraram "genios" para as próximas gerações

______________

Fernanda se foi e eu continuei a conjecturar minhas hipóteses.
1. Esses "clássicos" ou tiveram suporte e ou eram sozinhos. (os filhos delegados aos cuidados de outrem, quando era o caso)
2. Se tivessem que viver apenas da própria labuta do pão de cada dia, não produziriam.
3. A "megalomania" - de querer "mudar o mundo" ou de se acharem mais "sábios" que os demais para terem a necessidade de propagar suas "verdades"(ou teorias) - é o que os rotulava de "malucos", "gênios", "marginais" etc.
4. sem tempo dedicado a isso não se produz o saber, nem teoria. O trabalho mental É um tipo de TRABALHO, embora não seja reconhecido assim.
5. A vida "excêntrica" (pelos motivos acima) dos antepassados "geniais" estereotipiza os atuais perseguidores da produção artísticas e intelectual. O que leva de geração para geração o conceito de "artistas são loucos, rebeldes, preguiçosos, etc".
6. Quem se dedica muito ao trabalho "físico" dedica-se bem pouco ao trabalho "mental" e vice-versa. (dois corpos não ocupam o mesmo espaço).
7. Ambos tipos de trabalho são necessários à sociedade.
8. O capitalismo privilegia o trabalho "produtivo" (que gere lucro rápido), embora pregue a necessidade de pessoas "criativas" blábláblá.
9. Pessoas que "querem mudar o mundo" são, na verdade, "obssessivas" pela ordem, pelo funcionamento adequado (?) das estruturas e não "baderneiras" como aparentam. Pois, querem mudar para que haja a "ordem ideal", já que são muito incomodadas com a desordem geral causa pelos que "não pensam". Logo, são indivíduos com extremas dificuldades de aceitação das diferenças e muito preconceituosas quanto à "burrice" alheia.
10. Assim, os geniais acham que o mundo lhes pertence (ou devia ser de outro jeito para os caber) e que, se assim não for, não querem brincar de viver. Furam a bola e vão embora. E, nos casos mais agudos, dão um fim em si mesmos.
11. Eles quebram paradigmas dos outros.


12.
13.
14.
15.
16. ....

De Van Gogh à mulher maravilha... finda o mês de novembro




Van Gogh, já no sanatório, diziam, olhava as estrelas para não "enlouquecer" enfim. Tinha no céu a contemplação de dias melhores para a sua agonia que não calava (nem calaria). Pintava para ouvir Deus. Necessitava crer para religar-se a algo que o tirasse da solidão; sonhar, para sonhar. Sem saber as razões, estrelava em esperanças e depressões, e nelas, as estrelas, depositava fé. Vicent "deixava-se levar pelo infinito... em busca de satisfazer Gauguin..." criava seu infortúnio (?)

Pertencer à humanidade custa alto. Hoje, veio a galopes "és a mulher-maravilha, e por isso mesmo uma ficção". Alguém sugeriu "tire a capa". Assuma-se!

Tentativa "tentada" (hahaha) há anos!

Como voltar a ser (ou deixar de ser?) a princesa de Themyscira, filha da rainha das amazonas, Hipólita?

A mãe da mulher-maravilha (a princesa'superpoderosa) a criou a partir de uma imagem de barro, à qual cinco deusas do Olimpo deram vida e presentearam com superpoderes. Já adulta, foi enviada para o "mundo dos homens" para espalhar uma missão de paz, bem como lutar contra o deus da guerra, Ares. Tornou-se integrante da Liga da Justiça, assim como Superman e Batman. Ela foi a primeira heroína a ser criada....

No eco da caverna de Platão "justiça".

Seria essa busca incessante pelo justo por se saber frágil feito barro? (por isso vulnerável demais ao injusto?)

A procura do perfeito por ser "super"?

Como separar a tiara da maravilha da coroa da princesa?

Se mantinha na liga da justiça, pois ali lhe era "familiar"? (ou única opção, uma vez que ganhou poderes e "deveria" usá-los?)

Poderia deixar os poderes? Evitar o "mundo dos homens"?

Deixar o deus guerra vencer a batalha inglória?

POderia, sim. Mas não sabia como.

Não lhe bastava vender a aeronave invisível e entrar no fusca amarelo.

Deixar de voar era um aprendizado desafiante.

Largar o conservadorismo da ordem, do positivismo, para se lançar na monarquia parecia impensável sandice.

Van Gogh temeu a "pobreza" do seu irmão mecenas. E o que temeria a mulher-maravilha?

20 novembro, 2007

A dica para o Natal

Considerando que o Natal é uma data para as pessoas "confraternizarem" em "abraços e beijinhos" (que, provavelmente, não se deram o ano todo) sugiro um filme MARAVILHOSO !

Depois dele, feliz 2008! (de fato) Com relações bem-resolvidas!

O Filme

Sinopse I

Três irmãs e um irmão tentam se libertar do fantasma do pai e viver num ambiente mais agradável, mas a medida que o tempo vai passando, eles vão se desgarrando das meias-verdades e ninguém que está envolvido sai ileso. Tudo isso ficou escondido, finalmente, começa a aparecer ódio, as traições, o desejo e os amores num filme intenso que faz você pensar, e muitos nas suas relações.


Sinopse II

Três irmãs vivem em uma pequena cidade e, logo após a morte do pai, percebem que estão sozinhas e precisam deixar as diferenças de lado para retomar o relacionamento. Agora, elas terão que colocar à prova vários laços que as unem, assim como afastar de uma vez por todas antigas mágoas. Filme baseado na famosa peça escrita pelo russo Anton Chekov, no século 19, chamada As Três Irmãs.



A peça

É um drama em quatro actos protagonizado por Irina, Macha e Olga, três mulheres que tentam desesperadamente sobreviver à monotonia do quotidiano.

Encarceradas com o seu irmão Andrei numa cidade interior da Rússia, estas mulheres alimentam o sonho de voltar a Moscovo, cenário das suas infâncias felizes. Ao longo da peça, o dia-a-dia entediante continua, com suaves evoluções: Andrei casa com Natacha, uma rapariga provinciana que se apodera do lar; Macha, casada com o medíocre Kulíguin, apaixona-se por Verchínin, um vizinho casado com uma mulher louca; dois oficiais, o barão Tusenbach e Solióni, rivalizam pelo amor da indiferente Irina.

No último acto, quando Irina já aceitara casar com o barão de forma a conseguir voltar para Moscovo, este entra num duelo com o ciumento Solióni e é tragicamente morto. Verchínin parte com a família, sem quaisquer perspectivas de rever Macha, e as três irmãs são abandonadas no tédio das suas esperanças novamente derrotadas, com a persistente interrogação: Que importância tem tudo isto?

O autor

Anton Pavlovitch Tchecov (1860 - 1904), nasceu em Taganrog, na Ucrânia, então pertencente à Rússia tsarista, e foi o grande renovador do conto moderno. Seu estilo influenciou contistas de todo o mundo pela concisão da narrativa. Médico de profissão, começou a escrever em 1880. Custou pouco tempo para ser conhecido como fenomenal dramaturgo, autor de "Tio Vânia", "Ivanov", "As três irmãs" e "O jardim das cerejeiras" são até hoje encenadas com grande sucesso. Seus textos foram publicados, primeiramente, na imprensa. Destacamos, entre eles, "A dama do cachorrinho", "A Estepe" e "A Noiva". Mais tarde, do cronista considerado apenas "engraçado", revelou-se um escritor de um humor implacável. Melancolicamente pessimista e aproveitando ao máximo todas as experiências humanas e sociais, Tchecov foi o criador de uma escola literária que encontrou, mais tarde, mesmo nos países ocidentais, enorme repercussão.

Um dia triste... um bom lugar pra ler um livro...





Gente que capa lindaaaaa!
A Língua Geral está arrebentando nas capas!

Curtinhas do alfabeto

a) Para variar hoje eu li muiiito
b) visitei sites e blogs novos
c) recomendo uma visita à Revista digital Art &d) quero entender para que serve o Fundo de Apoio à Pesquisa do DF
e) o site do sulista André Gazola é show para quem gosta de ler, saber o Português e afins
f) contrariando todos os indícios eu fiz um concurso público! e o resultado não saiiiiiii!
g) clippar a net é ótimo, mas depois o que fazer com tudo que se vê? blogar blogar blogar hahahaha
h) A internet é um ovo de codorna? Nesse oceano de informações, cruzei - hoje -,coincidentemente, com o André Gazola duas vezes por motivos diferentes. O site dele eu já indiquei na letra "e" e além disso o encontrei na Copa de Literatura Brasileira (ele é jurado) que acontece na internet. Acompanhe as semi-finais... Bem-criativa a partida!
i) ficar muito tempo em frente ao computador dá dor nas costas e nos ombros e nos braços e nos punhos e nas mãos e nos olhos e no....
j) a faculdade onde dou aulas continua em greve e eu sem salários e cheia de textos para corrigir e ... e... e...
k)ou l) Dizem que ser juiz arbitral dá grana, será?
m) "A língua é parte indissociável da cultura de um povo"
n) tem muito livro bom para se ler nesta vida! ai ai ai . Eu indico o Salvatore D'Onofrio e sua obra Literatura Ocidental
o) "Dividir uma língua é dividir uma origem, uma história".
p) o que se fazer quando o que se gosta de fazer não dá dinheiro e vivemos às custas do dinheiro?
q) "pessoas curiosas são mais imunes ao fanatismo" Amós Oz
r) o número de vagas de emprego para deficientes, por causa da cota obrigatória, aumentou consideravelmente nos classificados de domingo, no Correio Braziliense. Dizem que o MTE e o MPT aumentaram as fiscalizações.
s) o blog Espelunca, de Ademir Assunção tem dicas culturais imperdíveis
t) parei de fumar há dois meses e engordei três quilos :()
u) por que livro é caro? Enciclopédia de LIteratura Brasileira, Afranio Coutinho! Eu quero!
v) meus domingos têm sido ótimos: cama de manhã, clube à tarde, veja à noite, e séries no SBT pela madrugada (Arquivo-morto e Desaparecidos)
x) nunca aprendi a jogar xadrez
y) W) z) REvista Bula, Revista Germina, Cultura e Mercado, Escritoras Suicidas...

Exposição - Dica cultural - Minigravuras

17 novembro, 2007

Frase da noite

"Sedule curavi humanana actiones nom ridere, non lugere, neque detestare, sed intellegere". Spinoza



______
"Tenho-me esforçado para não rir das ações humanas, por não deplorá-las nem odiá-las, mas por entendê-las"

08 novembro, 2007

Câmara dos Deputados CENSURA fotografia de Rogéria






Pergunto: a Câmara está podendo?


Qual é a moral, qual é o decoro que a CÂMARA DOS DEPUTADOS tem para proibir alguma coisa? Neste país de pura palhaçada, uma foto artística é proibida por deputados, mas a corrupção é autorizada. É um bando (em todos os sentidos) de deputados fajutos, hipócritas, falsos moralistas, bundões! A Rogéria é mais macho que muito homem! Aliás, carregar um pinto não é prova de masculinidade e nem de virilidade. Aliás, tem gente que apenas dependura os culhões!


"Um dos custos de nossa recusa em participar da política é o fato de acabarmos sendo governados por nossos inferiores."
Platão




Foto de transformista seminua causa confusão e cancela exposição que aconteceria no Salão Negro. Artista afirma que políticos deveriam se espelhar nela, íntegra e honesta




BRASÍLIA - Uma foto da atriz e transformista Rogéria seminua causou polêmica ontem (7/11) na Câmara dos Deputados, que acabou por cancelar a exposição Heróis, que aconteceria no Salão Negro da Casa. A exposição tem imagens de personalidades como Betinho, Darcy Ribeiro, Lula, Fernando Collor, Zagallo e Dráuzio Varela. Na de Rogéria, a fotografada aparece usando camisa social, gravata, meias e tênis, mas sem calça, com os pêlos pubianos à mostra.


Irritada com a foto, a diretora do espaço cultural da Câmara, Sílvia Mergulhão, exigiu que a obra fosse colocada atrás de um biombo. O autor da foto, Luís Garrido, só aceitou se lá também ficasse a foto do ex-presidente Collor. Sílvia Mergulhão aceitou, o que só piorou a situação quando as duas fotos atrás do biombo foram vistas pela curadora da exposição, Carla Osório.


“Esses políticos deveriam se espelhar em mim, que sou uma pessoa íntegra e trabalho honestamente”, afirmou Rogéria, ao saber de toda a confusão. A assessoria da Câmara justificou o cancelamento, afirmando que não recebeu a tempo todo o material que seria exposto para melhor organização. Antes da Câmara, a exposição já passou pelo BNDES e pela Bienal de Curitiba, sem polêmicas.
Fonte aqui
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Outra notícia:

Uma exposição com 24 fotografias artísticas provocou polêmica e certo mal-estar nesta quarta-feira no Salão Negro do Congresso Federal. Uma das fotografias - na qual a artista Rogéria aparece nua - foi escondida por tapumes e um aviso explicando a proibição foi colocado. O departamento de Relações Públicas da Câmara dos Deputados alega que a curadora da exposição deveria ter mencionado o conteúdo da foto e que a imagem fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

A transformista Rogéria, nascida Astolfo Barroso Pinto, atuou em filmes e novelas nacionais, além de participar como jurada em programas de auditório.

O fotógrafo discordou da atitude. "Fiquei perplexo, chocado. Isso me faz lembrar outros tempos", disse Luiz Garrido, que afirmou ter feito a mesma exposição em outros locais públicos, como o BNDES e os Correios.

07 novembro, 2007

Livro O Bispo - Edir Macedo - Eu li e gostei - Resumo - Resenha - comentário


Primeira edição de 700 mil exemplares esgotada

É fácil julgar ao invejar


Domingo, dia de culto, dia de missa, dia de Faustão, eu estava passeando pelo Café com Letras e encontrei 'O bispo' em primeiro plano no balcão do caixa. Confesso que sempre tive preconceito relacionado à Universal, aos evangélicos, aos carolas, aos fanáticos religiosos de qualquer espécie. Aliás, fazendo a famosa mea-culpa: aversão a qualquer fanatismo que não fosse o meu.

Contudo, no caso Edir, eu não sabia a outra versão. Nos dias de hoje é muito fácil se formar uma opinião apenas por um lado da história. Vence a mídia que você mais acessa, mais participa, mais lhe atinge.

Quero dizer com isso que a interferência dos grandes meios de comunicação de massa (MCM) "pautam" nossas idéias, nossos pensamentos e até nossas atitudes (ou principalmente, o que é pior). TV, rádio, internet, jornais...

Porém, minha curiosidade é bem maior do que o meu preconceito e sempre será. Eu boto a cara e quero chafurdar na realidade vista diretamente pelos meus olhos. Comprei o livro (estava ansiosa pelo lançamento). Especular a vida do Edir Macedo, em sua biografia autorizada, foi um prazer. Nem tanto pela leitura, que, apesar da escrita fluente, da excelente diagramação e tipologia, peca por repetir demais.

Levei um susto! Embora se tenha em mão um exemplar do "olhar do outro" (no caso o dos autores da obra) dá para se refazer conceitos. A notícias que todos temos, pela mídia "global" (imperial e católica de carteirinha) é que o bispo é, em resumo, charlatão e estelionatário.

Vejamos: qual igreja, religião, não é chartalã e estelionatária? Simples: aquela em que acreditamos! Para os ateus o ateísmo, para os budistas o budismo, para os católicos o catolicismo. Daí a César o que é de César...

Todas as cristãs, praticamente, prometem milagres, cura, um pedaço do céu, a salvação do inferno, realização de promessas etc. Todas pedem uma "oferta", "oferenda", "dízimo", "contribuição" etc.

É o câmbio da salvação: pague e (um dia) terás!

Óbvio que há quem "pague" com dinheiro! A maioria decerto. Há quem pague com doações patrimoniais, alimentos, trabalho voluntário. Uma "ajudinha" daqui e outra dali.

Questionar os "pagamentos" feitos à igreja católica, por exemplo, não entra em cena. Por quê? Estamos acostumados! Simples assim.

Nossa cultura tem base católica e seus dogmas estão profundamente arraigados em nossas atitudes "cristãs". Mas ela prega o sacrifício, o voto de pobreza, o celibato.

O catolicismo prega a miséria, eu diria.

Eu que fui batizada, fiz primeira comunhão e crisma, aprendi, em síntese, a me sentir culpada. Sentir culpa de transar. Sentir culpa de ganhar dinheiro. Sentir culpa de ambicionar conforto. Sentir culpa de viver com os prazeres "da carne e da grana".

Lucrei frustrações e culpas que até hoje estão impregnadas no "automático" de minhas ações (claro que quando percebo mudo o rumo imediatamente). Ser "humilde", dar a outra face e carregar a cruz me foi ensinado. Vida de "penitências", de "pai-nosso" automático, de 230 aves-maria!

Sim. Nas outras também existem dogmas, submissões e blablabla. É por isso que jogar as pedras no Edir Macedo se torna um pouco ridículo. O papa é pobre? Come pão velho e água? Veste roupa de feira? Não, o papa é nobre! E o Edir é o papa da Universal.

Não, eu não me tornei evangélica. Continuo sem religião, entretanto não aprecio injustiças midiáticas advindas de visões rasas.

Acontece que os neo-evangélicos invadiram a praia e tomaram o terreno monopolizado da Igreja Católica. Isso sacudiu. Abalou. "Almas" foram "perdidas" para a concorrência. Lembremo-nos que estamos no capitalismo globalizado. Perder fiéis significa perder poder, que significa perder dinheiro, bens etc.

Acusam o Edir de atentar contra a "fé pública". Nada diferente, na minha opinião, do que faz a publicidade de celulares e os noticiários da TV que miram a camêra e editam precisamente as imagens que "devemos" ver... Ah, e o Congresso Nacional, o Executivo, o Judiciário, os padres pedófilos, as freiras autoritárias, as religiosas que usam Gucci... de uma lista sem-fim não escapam às distorções.

A Folha On-line acusa o jornalista Douglas Tavolaro (autor do livro) de ser "parcial", pois foi pago por seu patrão Edir para escrever...

Digam-me, então, sobre a mídia. Diariamente ela atenta contra o público ao selecionar as "matérias" que vão ao ar e mais, todos jornalistas são pagos por seus patrões para escrever e por isso parciais, não é mesmo? Ou neste caso há dois pesos e duas medidas? (adoro usar clichês em assuntos clichês).

Voltando ao livro "O Bispo". A obra mostra o que pensa Edir. Sim, o que Edir quer mostrar sobre ele. Sim, o que Edir assume como sendo "ele". Sabe, vi um Edir sincero. Autêntico. Posso dar meu testemunho: ele prega e dá exemplo! Ele quebra o paradigma da massa pobre, coitada, carente, sem eira, sem auto-estima, penitente, dócil.

Edir sacode a massa e chama, clama, à ação!

Ontem fui em um culto evangélico, como o São Tomé - ver pra crer -, percebi que o que lá acontece é uma verdadeira terapia popular e o dízimo é o seu pagamento. Fundadores de terapias, de religiões, de seitas é que ditam as regras, né! Muitas vezes o que se muda é apenas o nome das coisas, vamos usando sinônimos e criando palavras novas. Roupagem diferente para antigas ações.


Lembrando de outros métodos, quem conhece a psicanálise sabe o quanto é importante o investimento do paciente em sua cura e isso, necessariamente, passa pelo metal. Em psicanálise o dinheiro (o valor da consulta paga ao psicanalista) faz parte da terapia. Se investe tempo e grana!


Se temos, hoje, consultas terapêuticas custando em média R$ 120,00 (por uma hora), em se tratando de dízimo equivaleria a um salário mensal de R$ 4.800,00. Então, quem ganha um salário mínimo poderia pagar cerca de R$ 40,00. Essa é a conta! Um "culto-terapêutico" fica na ordem de R$ 10,00 para quem ganha R$ 400,00. E, ainda, com direito a duas horas e meia de tempo, com direito a música (lembram do couvert de bar? mínimo R$ 3,00 por pessoa), interação grupal... E, mais, elevação da auto-estima pela fé! "Tudo pode quem nele crê".

Eu li num comentário que: "crente" é quem "crê" mas não se diz em "quê".



Crer é crer e dar o dízimo é crer e dar a oferta é crer. Jogar flores e champanhe para Iemanjá é crer (e poluir o meio-ambiente). Comer hóstia é crer. Rezar terço é crer. Ser voluntário (mão-de-obra grátis) é crer. Fazemos o que acreditamos que irá ajudar em nossa crença. Ler Saramago é crer. Ler boa literatura é crer nas possibilidades da arte e do intelecto.

Crer é crer. Dar crédito.

Edir Macedo crê no que diz. Seus fiéis também. O problema dele é ser claro. Ele é a favor do aborto e diz que é. Ele apóia o uso de camisinha, o controle da natalidade, o conforto, a riqueza material e espiritual. Ele é contra um monte de coisas também. Quem não é...


Os templos da Universal são requintados, confortáveis, suntuosos. O dinheiro dos fiéis é reinvestido em cadeiras macias, em piso nobre, em ar-condicionado, em pagamento de "salários". Algums padre trabalha de graça? Algum profissional quer trabalhar de graça?

Edir mostra que o que é bom, é bom, e deve ser para todos e não para poucos. Todavia não é parado que se conquista! Edir é movimento. É modelo.


Por fim, prefiro um Edir Macedo que conscientiza milhões de pessoas da "massa" (que deixam de ver TV apenas) para por a mão na massa e mudar de atitude. Ele prega que não se tenha filhos, pois o mundo já está lotado. Ele prega a adoção. Ele prega o não uso de drogas. Ele prega a união da família. Ele prega valores cristãos e capitalistas.

Ele é atual e prega para uma sociedade atual.


E, no final, como qualquer profissional, como qualquer terapeuta, ele ganha por isso. É injusto?


Por Solange Pereira Pinto

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A guerra da TV Globo Católica com a TV Record Evangélica está no começo. Talvez, a sociedade se equilibre mais.

Se a TV Record foi comprada com dinheiro "ilegal", a TV Globo também e outras tantas mídias, rádios, afiliadas bláblábla...

Curso Afro! Moda da hora... vamos à dica

04 novembro, 2007

Pregar a descrença em DEUS - "ateísmo para todos"

Entrevistas da Semana (Fonte: Revista Época)


"Nós precisamos seguir os judeus"

Biólogo britânico diz que os ateus devem se inspirar no lobby judaico dos Estados Unidos

Rodrigo Amaral, de Londres


O biólogo britânico Richard Dawkins, da Universidade de Oxford, tomou para si uma missão: pregar a descrença em Deus. Para ele, as religiões têm uma tendência a fazer os fiéis cometer atos condenáveis e só sobrevivem porque ainda existe ignorância no planeta. Dawkins afirma que, para o bem do planeta, os ateus devem deixar a timidez de lado. Ele compara sua campanha com o movimento organizado dos judeus nos Estados Unidos. Desde o lançamento do best-seller internacional Deus – Um Delírio, em 2006, Dawkins tem viajado pelo mundo em uma incansável cruzada a favor do ateísmo. Diz que um dia gostaria de levar sua pregação para o Brasil.

ENTREVISTA
Richard Dawkins
QUEM É
Biólogo nascido no Quênia e naturalizado britânico. É casado e tem uma filha. Leciona na Universidade de Oxford

O QUE FEZ
Criou na década de 70 o conceito de genes egoístas. Eles é que governariam a seleção natural – nós, indivíduos, seríamos apenas organizações complexas de genes. Também propôs o conceito de “memes”, símiles dos genes que governariam fenômenos culturais, como idiomas, hábitos e religiões


ÉPOCA – Desde que Deus – Um Delírio foi publicado, o senhor tem feito uma turnê mundial para disseminar a palavra contra a religião e a favor do ateísmo. O senhor acredita que tem tido sucesso em sua missão?
Richard Dawkins – Eu acho que tenho sido consideravelmente bem-sucedido. Se você olhar em meu website, vai ver que ele reflete uma grande dose de entusiasmo por minha mensagem.

ÉPOCA – Mas o senhor tem conseguido atingir o público que necessita ser atingido? As pessoas que acreditam em Deus?
Dawkins – Sobre isso já não tenho certeza. Sei que conseguimos fazer conversões. Por exemplo, ontem à noite em Chicago, havia uma quantidade significativa de pessoas na fila de autógrafos de meu livro que disseram que ele as ajudou a firmar suas opiniões a respeito de religião. O website e o livro estão atingindo principalmente as que estão indecisas e precisam de um pouco de encorajamento.

ÉPOCA– Com base no que o senhor tem visto em suas viagens, qual é a melhor maneira de motivar os ateus em potencial a assumir sua descrença em Deus?
Dawkins – Eu acredito que, quando vêem que há argumentos fortes em seu favor, e que outras pessoas estão saindo do armário, eles se sentem mais confiantes. Por exemplo, quando notam em minhas palestras que uma grande quantidade de gente está defendendo suas opiniões, ganham coragem para se revelar também.

ÉPOCA– O senhor vem dizendo que, se os ateus se organizassem politicamente, eles poderiam exercer grande influência em um país como os Estados Unidos. O senhor acredita que isso um dia poderá acontecer?
Dawkins – Sim, acho que sim. Tome como exemplo o movimento judaico, que é imensamente influente nos Estados Unidos. Existem menos judeus praticantes que ateus na América. Então, se você considerar o poder do lobby judaico, terá um forte argumento a favor da organização dos ateus.

ÉPOCA– Por outro lado, acreditar em Deus parece algo mais poderoso em termos de unir as pessoas em torno de um objetivo. Pelo menos mais poderoso que a idéia de não acreditar em nada, que é o que as pessoas em geral relacionam com o ateísmo.
Dawkins – Esta é uma boa observação. Mas, quando você vive em um país em que o governo diz tomar decisões com base na religião, você tem um motivo forte para fazer alguma coisa a respeito.

ÉPOCA– Quais são os principais obstáculos para disseminar suas idéias?
Dawkins – Há vários. Alguns temem desagradar a Deus só de ouvir o discurso de um ateu. Outros são apenas ignorantes, nunca ouviram uma boa argumentação científica. E também há o medo da reação da família e dos vizinhos. As pessoas precisam freqüentar a igreja de sua comunidade porque os pais, os avós, ou até mesmo o marido ou a mulher, são religiosos. Daí elas não querem decepcionar nem irritar gente tão próxima assim. Mas boa parte da resistência se deve à ignorância. No sentido de que muitas pessoas não entendem que a ciência não tem de dar uma explicação imediata para tudo o que hoje elas atribuem a Deus.

Já tive vários convites para fazer palestras no Brasil. É importante levar a mensagem a todos os lugares
ÉPOCA– Se isso acontece em um país onde os níveis educacionais são razoavelmente altos, como os Estados Unidos, a situação deve ser pior em outros países...
Dawkins – Você imaginaria isso, não é verdade? Entretanto, o fato é que os Estados Unidos têm uma proporção muito mais alta de pessoas que não acreditam na evolução das espécies do que em qualquer país europeu, por exemplo. A única exceção é a Turquia.

ÉPOCA– O senhor tem planos para levar sua mensagem a países em desenvolvimento onde a religião ocupa um lugar de destaque na sociedade, como o Brasil?
Dawkins – Já tive vários convites para fazer palestras no Brasil, o que me deixa contente. Mas não tenho planos imediatos de ir para lá.

ÉPOCA– O senhor acredita que suas idéias teriam impacto em um país como o Brasil?
Dawkins – Bom, eu acho importante levar essa mensagem para todas as partes do mundo. Espero que um dia seja possível comprovar isso.

ÉPOCA– No Brasil as pessoas em geral têm uma relação menos radical com a religião que nos Estados Unidos. Mesmo assim, o senhor acha que os ateus brasileiros também deveriam se esforçar em combater a religião?
Dawkins – Não conheço o Brasil, mas o que você está dizendo soa encorajador. Talvez haja uma necessidade menor de combater a religião lá que em outros lugares.

ÉPOCA– Seu livro afirma que o acesso à educação e à informação é um remédio eficiente contra as superstições e a favor da ciência. Hoje há cada vez mais educação no mundo, e a internet oferece mais informação que nunca. O senhor acredita que o fim da religião seria uma conseqüência lógica do processo de expansão do conhecimento?
Dawkins – Gostaria de acreditar que você está certo, e quem sabe esteja. Essa é a atitude de muitos de meus colegas cientistas. Mas considero essa visão um pouco otimista. Em um país como os EUA, onde a religião é tão forte, acredito que é preciso algo mais que simplesmente educar as pessoas a respeito da ciência. É o que estou fazendo.

ÉPOCA– Seu livro de certo modo também deixa a impressão de que a ciência traz muitas coisas boas para a humanidade, enquanto a religião promove resultados negativos. Mas a ciência nos deu a bomba atômica e inspirou teorias malucas como a eugenia.
Dawkins – A ciência pode ser usada na produção de coisas ruins como a bomba atômica, mas por si mesma não leva a ações malignas. Entretanto, fazer coisas horríveis é uma parte lógica do processo de acreditar em Deus. Os 19 homens que perpetraram os ataques de 11 de setembro de 2001, por exemplo, talvez não fossem naturalmente malignos. Mas eram profundamente religiosos. Eles achavam que o que estavam fazendo era correto segundo o que acreditavam. E chegaram a essa conclusão de uma forma lógica a partir de seus textos religiosos. Para um ateu, seria impossível realizar um ato similar a partir de uma racionalização lógica.



Foto: Colin McPherson/Corbis/Latin Stock

03 novembro, 2007

Blog do Dia - Síndrome de Estolcomo

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Um blog inteligente, bem-feito, com notícias que aguçam o senso crítico... Hoje Denise Arcoverde fala sobre trabalho infantil... Algo lamentável, mas que existe e muito neste mundo capitalista no qual impera o consumo desenfreado. Como está escrito no blog: "se o preço de algum produto está baixo (barato), alguém está pagando por isso". Muitas vezes se paga com o suor das crianças vítimas de abusos. É a mão-de-obra escrava que alimenta esse comércio de preços imbatíveis da China e da Índia. O que fazer? Há quem sugira o boicote às grandes marcas que se utilizam desse tipo de "linha de produção", como por exemplo Nike, Gap Kids ,

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Pedacinho da matéria do blog:

Bhuwan Ribhu, advogado e ativista do Global March Against Child Labour resumiu:"'Empregar mão de obra barata sem auditoria séria e investigação dos fornecedores inevitavelmente significa que crianças estão sendo usadas em algum lugar desse processo. Isso pode não ser o que eles querem ouvir, quando pegam as roupas fresquinhas de prateleiras limpas em lojas do Ocidente, mas compradores deveriam estar se perguntando: 'Como eu estou pagando somente 30 libras por uma blusa bordada à mão? Quem fez isso a tão baixo custo? não estaria essa blusa manchada com o suor de uma criança?' isso é o que eles deveriam estar se perguntando".



Deu no O Globo on-line:

As crianças são originárias de uma das regiões mais pobres da Índia, o estado de Bihar, que tem sido alvo preferencial de traficantes de trabalhadores escravos no país. Muitas empresas internacionais têm contratado serviços de empresas indianas na área de tecelagem. A Gap se orgulha de ter 100 inspetores encarregados de fiscalizar a produção de peças da marca em mais de 2700 fábricas em vários países. Os tais inspetores se esqueceram de visitar Nova Delhi...


Já do Distrito Federal... publica o Repórter Brasil

"O trabalho urbano informal e o serviço doméstico são as principais formas de atividades infantis no Distrito Federal, reflexos do desenvolvimento do comércio e dos serviços - setores econômicos predominantes na cidade. A atividade de crianças no processamento do lixo, na maioria dos casos, incentivada pelos pais, é caracterizado como trabalho doméstico e de relação familiar.

A OIT classifica a atividades de crianças em aterros como uma das piores formas de trabalho infantil e ainda como atividade perigosa e de complexidade privilegiada".

01 novembro, 2007

Frase do século

"O Word tem vida própria".


Essa frase ouvi de um amigo do meu irmão que ODEIA o word e a microsoft.
Eu que sempre fiz tudo no tal word fiquei ressabiada.
Agora eu entendo, o XP e o WORD têm vida própria!
A pessoa que fica lado de cá da máquina é a que pouco interfere no processo.
Meu PC agora liga e desliga e corrige texto e acrescenta palavra e discute pontuacao e PQP ME ATRAPALHA!!!

Para o feriado: Todo o sentimento (letra de Chico Buarque)