27 abril, 2007

Dúvida de anteontem

Por que podemos fotografar artesanato, arte popular e não podemos registrar, da mesma forma, as " belas artes", as "obras-primas"? Logo mais vou blogar sobre Botero, Memorial da América Latina, Clarice Lispector no Museu da Língua e outros

São Paulo - Cena I - Alibabar

Quarta-feira - 25.04.2007
22h40min



A fumaça do narguilé se misturava às batidas do bumbo. Quadris se alternando aos estampidos secos e compassados dos pés masculinos contra o chão. Uma grande fila lateral se forma no centro do bar, feito roda. Na pista de dança mulheres e homens se dão as mãos. A grande serpente dançante se enrola, se espicha e se contrai em movimentos lentos, inebriados, quase um desenho da naja enfeitiçada. Um instante distraído, de olhos fechados, poderia se imaginar o "olodum", o "vira-vira", o reggae, uma celebração indígena. De olhos bem-abertos se vê no teto longos tecidos dourados que se armam em tenda. O charuto da mesa ao lado adorna o ambiente num cheiro amadeirado. A tragada sobe ao tom do mantra... uê uê uê uê uê ... uh uh uh... ahn... aaaaaaaaaiiiiii. Entrecorta a flauta sibilante uh uh uh aaaaaai. Magia. Na palma da mão os sorrisos arremessando as batidas das mil e uma noites. Estamos na Zona Norte, Jardim São Paulo, Alibabar. Dança árabe com pasta de beringela e pão sírio. Avisto o "sheik", 1m90cm, rodeado de louras, morenas, "califas", e o grão-vizir. Harém de diversão. aaaaaaai. Face com sorriso de colar de pérolas. A corda do narguilé traz o gosto de maçã. Lembra-me Eva, a serpente, o paraíso. Adãos juntos, presos pelos dedos, degustando o prazer. É a pura sedução dos movimentos fálicos. O chocalho da cobra. A chacoalhada dos quadris. As tremidas, em onda, na barriga da odalisca. A sucção da fumaça, pela piteira presa na ponta da mangueira, do cachimbo d´água. Preliminares dum ritual sagrado. Um orgasmo público, coletivo. Senti o gozo no olhos, na boca, no ouvido. Um corpo estremecido perto da estação de metrô Parada Inglesa.

24 abril, 2007

LIVRO LIVRE

O que é o "Livro Livre"?



O Livro Livre, ou Bookcrossing como é conhecido nos Estados Unidos, nasceu em 2001. A idéia é bem simples. Na brincadeira, leitores de diferentes localidades abandonam seus livros em qualquer lugar para que outros leitores, cadastrados no site possam achar estes exemplares, ler e, em seguida, abandoná-los para que outra pessoa o encontre. Para não perder a obra de vista, os exemplares são rastreados através de um número identificador gerado no ato de cadastramento do livro no site da Câmara do Livro do DF. A partir deste momento o livro inicia uma longa trajetória, podendo ser localizado em qualquer parte do mundo.


Cerca de 540 mil obras estão registrados na versão americana do Livro Livre. No Brasil, o projeto já tem participantes nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Amazonas e Rio Grande do Sul.


Fonte aqui

Frase do milênio


"trocas, a evolução da espécie"

Convite criativo


Recebi esse convite para uma festa de aniversário com o tema: Branca de Neve! E o enfeite de mesa era o "espelho mágico". Original, não?

23 abril, 2007

e a pena de morte?

Homem passou 25 anos na cadeia e é declarado inocente após exame de DNA


Da France Presse
23/04/2007

13h35-CHICAGO -


Um homem de 48 anos, que passou 25 anos na prisão por um estupro que não cometeu, se converteu nesta segunda-feira no condenado número 200 a ser declarado inocente graças a um exame de DNA, anunciou a associação Innocence Project, que luta contra os erros judiciais.


Jerry Miller tinha 22 anos quando foi detido pelo seqüestro e estupro de uma mulher em Chicago em 1981. Duas testemunhas que teriam visto o agressor fugir o identificaram formalmente, assim como a vítima, durante o julgamento em 1982. Declarado culpado, Miller foi condenado a 45 anos de prisão.


Em liberdade condicional desde maio de 2006, tinha que usar bracelete eletrônico e estava sujeito às restrições e humilhações impostas aos agressores sexuais que cumpriram pena.


Porém, análises de DNA feitas no ano passado no esperma encontrado na roupa da vítima comprovaram a inocência de Miller.


Nesta segunda-feira, a juíza local encarregada pelo caso aceitou a demanda de anulação do veredicto, apresentada pela defesa em acordo com a acusação.



_________________________
E se houvesse condenação à pena de morte?
Se o inocente já tivesse sido executado?
Será que a dúvida já não seria uma boa hipótese para não existir a pena de morte?
Será que a falibilidade da "justiça" não é boa justificativa para não se ter pena de morte?
Imagine o Brasil, com um sistema judiciário tão competente e eficiente, tendo a pena de morte?
A notícia do paradeiro dos integrantes do crime do índio Galdino me deixou em dúvida se cumprir pena: é "pagar" pelo erro, é "pensar" no erro, ou é "satisfazer" o desejo de vingança da sociedade?
Afinal para que serve a cadeia?
Para que serve cumprir pena?
Se os garotos cumpriram a pena e tiveram direito a sair, por que motivos deixa-los lá ainda?
Para cumprir o desejo de vingança perante nossa impotência de fazser um mundo melhor?
Para que "alguém" pague o pato de uma sociedade maluca, que não consegue ser ética e solidária?
Quanto tempo é suficiente para alguém se "arrepender", se "curar"?
É isso aí minha gente! Vamos botar nossos fantasmas nos presidiários! Queimar vivos os criminosos!

Acho mesmo é que temos que por na cadeira elétrica nossa incompetência em assumir nossa parte nesse latifundio chamado existência humana e vida em sociedade!

21 abril, 2007

e dai?

o sul-coreano matou
eu mato
tu matas
ela mata
nós matamos
vós matais
eles matam.
Não vejo o sentido de tantos holofotes.
O cara matou, e daí?
o que você tem matado?
o que nós temos matado?
As pessoas MATAM, ainda que não seja empunhando armas de fogo!

20 abril, 2007

Trocando os ouvidos pelos olhos...











Por Solange Pereira Pinto

Ao ver fotografias das manifestações organizadas pelo movimento “Rio de Paz”, coordenado por Antônio Carlos Costa, pensei estar diante de um ato artístico, por tamanha beleza das imagens. Intrigantes e reflexivas.

A forma de retratar a violência que origina os assassinatos e as vidas perdidas na “cidade maravilhosa”, que já dá sinais tão desgastantes de descontrole social, é criativa, inovadora e porque não dizer pura arte.

A mais recente manifestação (terceira do movimento no mesmo local), batizada de “Jardim da morte”, foi realizada nesta semana na praia de Copacabana/RJ. Na ocasião, os manifestantes plantaram 1300 rosas na areia, representando o número de vítimas da violência no Rio de Janeiro desde o início do ano.

Em geral, manifestos são atos com faixas, palavras de ordem, gritaria. Ações que acabam por envolver polícia, engarrafamentos, fechamento de ruas, e até mesmo criar certa “antipatia” por mudar a rotina dos cidadãos que se vêem “obstaculizados” pela passeata.

Nesse caso, não. Houve movimento sem tumulto. Houve recado sem faixa. Houve mobilização da população sem engarrafamentos. Penso que tudo se deu numa espécie de “performance”, ou melhor “happening”. Um manifesto-arte. Um evento planejado sob outro olhar. De certa forma, uma apresentação “quase teatral”, com participação de voluntários, que culminou em uma “obra de arte” no espaço público. Verdadeira arte contemporânea, com visível rebeldia, vontade de surpreender, originalidade.

Um manifesto que vai além do próprio ato, deixando sua marca para futuras reflexões. Um ato que tem por trás de si uma mensagem perene. Os manifestantes se foram e a idéia ficou. Um silêncio que promove contemplação, como somente a arte tem poder. O espectador interage com a obra e guarda em si a imagem.

Quantas manifestações vemos diariamente nas ruas? O que delas retemos em nossas mentes? O que nos lembramos quantos aos discursos gritados ou escritos em faixas? E agora diante das imagens das flores, das cruzes, das pessoas deitadas no calçadão, o que ficará?

Penso que essas imagens se manifestam mais em nós. Deixam-nos com a alma embevecida de beleza e dor. Coloca-nos em contato com o espelho, com o reflexo. Atiça o pensamento.

Talvez seja o “manifesto-arte” um mecanismo de protesto contemporâneo mais eficaz. Pelo menos, para mim, mobiliza melhor do que ruas interrompidas com camisetas de ordem e megafones para escutarmos o que já estamos cansados de ouvir.
O silêncio fala e arte o divulga.


17 abril, 2007

Esboço sobre auto-conhecimento...

Ao refletir não atire pedras no espelho... pode rachar sua imagem e suas conclusões serão fragmentadas ou distorcidas. Visão nublada, conclusão nublada. Mas, felizes mesmo são os ignorantes, que nada vêem, nada sabem, e no final das contas são inimputáveis... além de terem o "direito" de serem primários... Aí estão as leis que protegem os índios, os incapazes, e os doentes mentais... Sair da ignorância é se responsabilizar pelo que vê, pelo que sabe e ainda ter a obrigação de "proteger" àqueles que ainda estão no escuro da caverna... soll, ainda no esboço...

15 abril, 2007

Trilhas em interseção


Não queria esvaziar o peito das emoções para escrever. Depoimentos longos, em geral, são enfadonhos.
Quando entro muito em mim, quero sair. Desaguar. Sem retornar à casa, lugar pretenso do acolhimento.
Quero ir para a rua, para o movimento, para a noite das almas perambulantes. Ir.
Fugir decerto da angústia que me toma para dizer. Escoar. Enxergar o que não se vê para olhar o que nubla. Não sou pássaro de cercas, tampouco de gaiola. Canto bonito na liberdade. Não sou rio margeado. Sou enchente. Sou também noite tranqüila, estrelada, com lua cheia. Jamais minguante. Permito-me ser nova ou crescente. Sou feita de brisa e tempestade, conforme os acordes do peito. Sou solidão e multidão. Mas ilha não sou. Prefiro continente, planeta, universo.
Conjugo os verbos na primeira pessoa da singular. Porém, me encanto ainda mais ao decliná-los em todos os pronomes. Sou visão e cegueira, variando de acordo com a dor. A minha. A sua. a nossa. Sou palco e protagonista. Posso sustentar histórias alheias ou representar as minhas. Sou anjo e diabo, na medida em que necessite alterar a "ordem". Sou lágrimas e sorrisos, em cada partida de lucidez ou loucura.
No fim das contas, sou mesmo interseção das dualidades que habitam em mim. Caminho pelas trilhas que me levam a quem fui para voltar a ser o que serei. Sou túnel, avenida ou ruela. Só não sei parar de caminhar...
Soll, sexta-feira 13 de abril de 2007.

Cotidiano IV - Reciclando o conhecimento

A modernidade é líquida
O amor é líquido
A geração é delivery
- Quero agora
- Quero prazer
- Que coisa chata
- Assim não dá
- Todo mundo tem, eu também quero
- Consumo, consumo, consumo
- Agir por impulso
- Pra quê pensar?
A modernidade é líquida
O amor é líquido
A geração é pronta-entrega
Enquanto isso, vou rabiscando as idéias...
Soll, 14 de abril de 2007 - V Encontro de Educadores do Centro-Oeste

Cotidiano III - Espelho


Espelho, espelho meu... me diga afinal quem sou eu...
nesse mundo de imagens!

Cotidiano II - Limites


Cotidiano I - Fusca rosa

Hoje vi três fuscas cor-de-rosa...

13 abril, 2007

Miniconto

Doctor Fróes decidiu patentear: "celular deve ter um sensor para que os bêbados não liguem em vão". Para ele, só faz sentido ligar embriagado para a polícia/bombeiro, para o advogado ou para um parente ou amigo próximo, mas para os casos afetivos mal resolvidos jamais. Pois, ao contrário, dizem que há uma receita que ensina: peça na alta madrugada sal, limão e tequila. Em frente deixe o celular, a postos. Chupe o sal, vire o copo, esprema o limão e aperte "send" para o número pré-escolhido. Na mensagem do torpedo deixe registrado: "eu nunca lhe disse, mas eu te amo". Isso lá pelas três da madrugada. O resultado? Ressaca, para uns alcóolica, para outros moral...

Meu corpo é teu







Desenhe em minha pele os teus riscos
Deixe aqui os teus registros
Faça do meu corpo tua tela
tatue em mim os teus sentidos
Pinte as cores da tua vontade
Sou uma massa de modelar
E tu fazes de mim o teu brincar...
Soll

11 abril, 2007

A mala perdida...

Queridos leitores, lembram-se do post (A mala quase sem alça) sobre a mala que pintei? Pois é, ela SUMIU! Simplesmente a mala não chegou em Lisboa (foi despachada em Brasília).

O que terá acontecido?

Agora é uma mala linda e perdida, antes fosse "feia" e achada. hahahaha.

Mas, vamos torcer para a mala aparecer, pois agora a mala pintada virou uma dor de cabeça igual mala sem alça...

Cotidiano 0 - Não somos máquinas, mas homens...


Em uma semana, na mesma agência do Banco do Brasil, vi dois caixas eletrônicos arrombados (sem os teclados). Qual é o significado disso? Será um sinal dos tempos em que vivemos arrombados? Violência? Depredação? Mensagem subliminar? Revide? Estratégia? Raiva do sistema? Ou "mero assalto"? Já nem sei mais quem rouba quem, ou viola quem, ou depreda quem...

09 abril, 2007

Platéia contemporânea?



Por Solange Pereira Pinto


Hoje fui ao CCBB Brasília, com meu namorado e com minha filha de seis anos, ver as “novidades”. Sábados ou domingos, geralmente, passeamos por exposições artísticas. Pintura, escultura, teatro, música... e, pela primeira vez, dança contemporânea.

Não é comum ter em Brasília espetáculos de dança com preços acessíveis ou lugares disponíveis de última hora. Porém, tivemos a “sorte” de, após apreciarmos “Aleijadinho e seu Tempo – Fé, Engenho e Arte”, “Jardim do Poder” e “Mundus Admirabilis” de Regina Silveira, obter ingressos para o primeiro dos espetáculos “Dança Contemporânea – 4 movimentos” (Damián Muñoz e Virginia García e Maria Alice Poppe, pois Cie. Beau Geste foi cancelado devido à chuva).

Observar as obras barrocas de Aleijadinho e as instalações contemporâneas de vários autores foi estimulante. Galinhas com penas coloridas, montanha de lixo, insetos gigantes, santos esculpidos, sacos plásticos cheios de água, miniaturas, caixas de som emitindo “ruídos”, pedras formando vitórias-régias, tiveram nossos olhos ora atentos, ora distraídos.

Lulu olhava as peças e fazia seus comentários, não para todas é claro. Ao ver a maquete da igreja de São Francisco de Assis (Ouro Preto) ela reparou que as cruzes no alto das torres não eram iguais às das fotografias plotadas na parede. Perguntava o nome dos santos. Olhava e fotografava as borboletas e os escorpiões gigantes de Regina Silveira. Pulava sobre as vitórias-régias, imaginando ser água a grama que as circundava. A criança de seis anos interagia, sentia, percebia, se encantava, desaprovava...

Às 19h fomos ao teatro assistir à dança. É que minha filha dança balé desde os três anos e gosta muito de ver dançarinos, dos clássicos, passando pelo gelo, pela água, até a ginástica rítmica no solo. Contudo, ainda tinha visto a tal dança contemporânea de perto. E, lá fomos.

Não foi muito simples explicá-la que ali era um lugar para se fazer absoluto silêncio e não fazer perguntas. Disse-lhe que calasse, e ela quando queria saber algo cochichava em meu ouvido. Assim foi o combinado.

A dança começou e o movimento dos bailarinos não impressionou à pequena Lulu, que, após um tempo de espetáculo, cutucou meus ouvidos sussurrando “que coisa mais chata mãe. Isso é dança? Vou dormir quando tiver algo mais interessante me chame”. Embora o volume de sua voz fosse mínimo, nas poucas vezes em que me questionou, não se evitou que dois adultos da fileira da frente virassem suas faces com olhares repressores. Enquanto isso, outros adultos da platéia davam risadas e até gargalhadas em certos movimentos dos dançarinos, o que não “afetava” os espectadores.

Talvez tivessem no teatro umas três crianças. Talvez a minha fosse a mais nova. Talvez eu não tenha tido bom-senso ao levar uma criança àquele lugar. Talvez adultos não estejam acostumados com crianças em eventos artísticos. Talvez se deva amordaçar crianças, enquanto os adultos podem expressar suas gargalhadas ou lágrimas emocionadas. Talvez se deva proibir um adulto de se levantar, para ir embora, durante uma apresentação enfadonha. Talvez só “entendidos” devam comparecer em espetáculos de arte.

São vários os “talvezes”. Eu pouco sei sobre “arte”. Procuro no google e vejo que “a dança dança contemporânea é a busca de uma ruptura total com o balé, chegando, às vezes, até mesmo a deixar de lado a estética: o que importa é a transmissão de sentimentos, idéias e etc. Solos de improvisação são bastante freqüentes [...] A dança contemporânea surgiu na década de 60 como uma forma de protesto ou rompimento com a cultura clássica” etc.

Procuro, também, na apresentaçao do folheto do CCBB qual é o objetivo da mostra e lá está “o evento pretende difundir a dança contemporânea, formando platéias e opiniões”. Legal.

Pouco antes de terminar, minha filha diz baixinho “quando é que isso vai ficar interessante? É só isso que vamos ver? Ao que eu respondo “daqui a pouco vamos lá para fora ver o resto, calma”. Ela novamente se aquieta e espera ser “arrebatada” pela dança que vê no palco.

Quando acaba a segunda apresentação. Aplausos. As luzes se acendem. Entra no palco uma moça para explicar que, a dança ao ar livre teve que ser cancelada, em virtude da chuva e por motivos de segurança. Minha filha, já não mais cochichando, diz “mãe um esforço desse para nada? Que coisa mais chata. Nunca vi uma dança tão chata”. A fila na saída está grande e alguns adultos sorriem em razão do comentário dela.

Em contrapartida, os dois adultos que estavam na fileira em frente à nossa, estão novamente a nossa frente misturado-se à “massa” que entope a porta de saída do teatro, e olham horrorizados para trás com horrendas caras. Eu não resisto e digo ao meu namorado “aposto que muitos aqui acharam chato e jamais dirão, mas como criança é espontânea diz exatamente o que pensa”.

É óbvio que os dois adultos se sentem “atacados” com meu comentário. Olham para mim e desferem “isso não é lugar para criança”. Eu rebato “que eu saiba não há restrição de idade e é livre”. Um provoca “só se for para criança educada”. Eu contesto “você acha que platéia se forma como? Uma criança jamais será ‘educada’ para isso se não experimentar”. Ele diz “que vá a espetáculo infantil”. E a Lulu repete “eu achei essa dança muito chata”. O outro diz “chatinha, é ela, mais que o espetáculo”. Eu finalizo “não mais que vocês”.

Depois desse bate-boca fui refletir sobre a presença ou não de crianças em eventos artísticos. Qual é a arte então voltada à criança? O que dizer de uma “possível” separação da arte por públicos? Arte para criança, arte para adolescente, arte para adulto, arte para terceira idade e por aí vai. É uma categorização confiável e justa, em se tratando trabalhos que não contêm nada de erótico, violento, abusivo?

Muito se fala em “formar platéia”. Por que caminhos se dariam essa formação que não sejam pela experiência? Se a música erudita quer platéia, se a dança quer platéia, se a literatura quer platéia, que se abram às portas aos infantes. Não creio que seja somente “infantilizando” a arte que se alcance “públicos”. Ou se não é para ter crianças pequenas que se limite a idade.

Por “livre”, eu entendo livre. Por “formação”, eu entendo formação.

Quanto à imposição do “silêncio” total da platéia, apesar de ser um tema controvertido, fico com a opinião do italiano Paolo Pinamonti “os códigos de conduta aprendem-se à medida que se freqüentam os espectáculos. O ambiente da sala impõe por si uma conduta"; e com o comentário de Rui Vieira Nery: "mesmo as pessoas que vão pela primeira vez a um concerto de música clássica e não sabem as regras de funcionamento acabam por aprendê-las naturalmente."


No fim das contas, falta mesmo é uma platéia contemporânea. Uma platéia que não se sinta tão incomodada com a presença de uma criança em um espetáculo de arte, que não seja teatro de bonecos ou a última versão de Chapeuzinho Vermelho. Talvez falte mesmo é formar o público adulto e ensinar que arte já foi predicado de castas, de elites, de entendidos. Mostrar aos “grandes” que cada dia mais é necessário se popularizar e dar acesso a todas as manifestações artísticas, culturais, e que, isso, sem dúvida, pode e deve começar na infância.

Para finalizar, eu confesso que já vi dança contemporânea mais empolgante. Ah, a Lulu elogiou algumas instalações “pós-modernas” vistas hoje.


____________________
“Afinal, sempre se quebraram tabus’. Até a questão do traje já foi superada. Hoje, um mero 'smoking' dá mais nas vistas do que um 'piercing'." Luís Rodrigues

08 abril, 2007

Novidade

Além de escritor, Manoel Rodrigues agora virou blogueiro! Seus deliciosos comentários estão no Sparagmós. Clique aqui... O texto da nadadora que foi "agredida" pelo pai está imperdível!

Páscoa


Ressurreição das fábricas de chocolates e de embalagens, do comércio, da economia informal etc. Além das empresas, milhares de doceiras e donas de casa trabalham semanas para ressuscitar um dinheirinho a mais na época da páscoa. No jejum financeiro dos tempos atuais um empenho criativo pode render ganho a mais. A cruz já carregamos diariamente nestes tempos capitalistas. Quem não se sente crucificado em busca da sobrevivência? Quantos são os pregos fincados no fim do mês? Aluguel, mercado, prestação disso e daquilo, e outras pendengas martelando dia após dia. Contudo, resta o coelhinho da páscoa para animar a criançada que procura seus "ovos" espalhados pela casa. Sorte de quem ainda acredita nele. Feliz páscoa seja ela o que for...

Miniconto

Entrando pela diagonal


Ela chega em casa completamente bêbada depois de um happy hour alongado com as amigas. Entra cautelosa. Corre para o banho para espantar o cigarro e o cheiro de bebida impregnados na alma. Abre a porta do quarto, cambaleante, em diagonal, e vê seu marido deitado com cara de discussão. Na verdade, ela vê "dois homens" e mentalmente se anima. Ele começa a discutir com a frase de sempre "toda vez que você sai com essas amigas...". Ela num ato contínuo mira- lhe a face com seus olhos verdes avermelhados, abre o roupão, e convicta diz "vai brigar ou vai trepar?".


Soll

06 abril, 2007

COMO NASCE UM PARADIGMA

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas.

Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão.

Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de porradas.

Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.

Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos.

A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o encheram de porradas.

Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada.

Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato.

Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato.

Um quarto e, finalmente,o último dos veteranos foi substituído.

Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas.

Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui..."

Você não deve perder a oportunidade de passar esta história para seus amigos, para que, vez por outra, questionem-se porque estão batendo...

05 abril, 2007

Frase do louco

O Roger pra variar surta no MSN. É cada pérola que não resisto! As conversas são completamente malucas, mas rola um "conteúdo". rsss. A frase do louco hoje é:


"Felicidade artificial para um mundo artificial". (Rogério Silvério)


Acho que ele tem toda razão. Hoje tem a felicidade sintética do Prosac para uma vida de peitos e bundas de silicone. Hoje tem o Viagra para uma vida de mulheres loiras, de chapinha, salto de acrílico e argolas imensas. Hoje tem o cheque especial para se comprar carro do ano numa sociedade de gente que ostenta. Hoje temos um mundo tão artificial que só uma felicidade sintética e plastificada pode dar conta...

E ele completa:


Rogério diz:
falou e disse tudo, é isso aí mesmo, se for pra sofrer naturalmente, entao que se fique feliz artificialmente. nao tou nem aí. E nem aqui. rs

To vendendo!


Sabemos que a TV lança moda. A Siri lançou as flores no cabelo que o Brasil todo agora usa. Então, para aproveitar a onda do momento BBB, estou vendendo prendedores-floridos-de-crochê. De R$ 6 a R$ 10, é só escolher rsssss. A vida tá difícil ai ai ai, temos que ser "moças"prendadas... hahahahahahah

Com estilo...


Depois do lançamento maravilhoso do livro da Selena (terça-feira), demos uma esticada pelo Monte Sion e depois seguimos para o lugar que nunca fecha - Sabor Brasil. Claro que ficamos até o amanhecer. Rindo, cantando, anestesiados pela madrugada. Cheguei em casa quase sete horas. Sol nascido. Dormi pela manhã. O dia foi se arrastando com muita água com gás. Apesar da bagaceira da noite longa, a ressaca foi curada com estilo...

03 abril, 2007

DVDs no fim de semana


No fim de semana fiquei por conta do sol e dos DVDs.
Clube e filme. Uma boa combinação...

O azar foi pegar dois filmes ruins: "Rastros do Passado" (ridículo e clichê) e o "Efeito Borboleta 2" (uma continuação que, para quem viu o primeiro, fica vazia...).






Em compensação, na semana passada assisti "Efeito Borboleta" (o primeiro) que é fantástico! Esse eu realmente recomendo. Faz refletir sobre escolhas, sobre a falta de controle quanto ao futuro, sobre o valor que damos ao que vivemos. É um roteiro que aborda os "se isso ou se aquilo acontecesse". Algo que sempre temos em mente ao ter que tomar uma decisão, ou simplesmente escolher no dia-a-dia que atitude tomar, caminho a seguir etc.





Outro filme muito legal é "Lucas um intruso no formigueiro". Um desenho divertido e cheio de mensagens sobre trabalho em grupo, força grandes x pequenos, união, arrependimento, aprendizagem. Basta um pouco de atenção para ver, além das imagens coloridas, o quanto podemos aprender com situações aparentemente banais.






"A casa do lago" é também um filme recomendável. Uma trama interessante, que mostra possibilidades de comunicação entre passado, presente e futuro... Vale a pena...








Ah, continuo recomendando a série (vi todas as temporadas) "Sex and the City". Homens e mulheres assistam! É divertido e mostra bem as relações da atualidade.

Lançamento