19 março, 2010

medicina decadente

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O MOBRAL dos quase-médicos tupiniquins

Post atualizado as 12h - comentários sobre a realidade da Med-UnB
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Oi pessoal,
Mais uma notícia bem ao "sabor" dos leitores deste blog. Deu no Estadão de hoje. Mais da metade dos alunos do útimo ano de medicina foram reprovados do exame do
Cremesp. Como esse exame não invalida o diploma desse pessoal, muito cuidado quando for ao médico em São Paulo no ano que vem. Pergunte ao seu médico, se ele for recém-formado, que nota teve na prova do Cremesp (em especial em clínica médica!).
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Leia a reportagem do Estadão clicando
aqui. Ou, aqui, para o que saiu no site do Cremesp.
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E agora eu pergunto,
de quem é a culpa pela existência dessa cambada de semi-analfabetos da medicina? É do sistema capitalista ? Do Lula ? Do MEC ? Dos professores desses meninos ? Deles mesmos ?
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Vejam bem. Todos querem diploma nos dias de hoje. Para que? Por que? Ora bolas, para fazer concurso - para qualquer coisa e ter um emprego público, de preferencia federal. Não importa mais estudar e aprender. O que importa é "passar de ano". Esses pseudo-médicos pouco se preocupam se, em algum momento, vidas (ou mortes) estarão em suas mãos. Mas quem sem importa ? (meu pai,
Cícero Lima, se foi em 2006, 50% por imperícia médica - quem se importa com isso al´me de minha familía?)
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E os professores (médicos, em geral) desse pessoal ? Eles se importam ? Aposto que não. Eles precisam passar seus alunos nas matérias para:
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Opção 1: Para não serem demitidos, caso esses profesores trabalhem em faculdades particulares. É bom demais colocar a culpa no dono da faculdade onde trabalha o professor! Terceirizar a culpa é a última moda no Brasil.
Opção 2: Para não terem dor de cabeça com aluno pedindo revisão de prova no final do semestre.
Opção 3: Para ter tempo sobrando para curtir as férias de fim de ano (ou fazer plantões de final de ano - natal e ano novo dá muto "cliente"). Dai é melhor passar a turma toda em uma prova bem facil.
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E o que o MEC (o ministro "bunitinho") acha disso?
Tá nem ai. Pois o que importa são os números de alunos que se formam por ano. Qaunto mais diplomas, maior o percentual de brasileiros com curso universitários completo - e isso faz o IDH subir. É bom para imagem internacional do Brasil. É ótimo para o Lula.
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E dane-se o paciente. Ele que morra. O negócio é tocar o "foda-se e ser feliz". Não é isso que todos dizem nas ruas e bares do Brasil?
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Falando sério agora (sobre a UnB):
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O problema de alunos e professores ruins está em todo lugar, não apenas nas faculdades particulares (é facil colocar a culpa nas particulares, pois elas "apenas visam o lucro", certo?). E nas federais? Vamos ao exemplo da UnB.
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Quantos professores que dão aula no curso de Medicina da UnB realmente estão preocupados com o aprendizado de seus alunos? Quantos dão a mesma prova há mais de 5 anos? Quantos não atualizam suas aulas há mais de 10 anos? Quantos acompanham a literatura médica em suas especialidades? Quantos sabem ler ingles?? Não quero dar nomes de colegas, mas eu sei o nome de pelo menos uns 20 que mereciam o pé da bunda da UnB !
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E com relação aos alunos, eu acho que eles são o que há de melhor na universidade. Eu diria que 70% deles são honestos, inteligentes e bem intencionados. Mas uma parcela de uns 10% (um minoria mesmo!), que entram "pela janela" fazem qualquer negócio para passar. Teve um semestre (em 2006) que um aluno ameaçou com "porrada" caso ele não fosse aprovado na minha disciplina. E esse quase-agressor não morava na favela! E tem gente que paga professor particular para fazer seus trabalhos de casa (que alunos espertos! uau!). As vezes estes "professores"são seus próprios colegas de turma, ou ex-professores da UnB (dos muitos que entram e saem como Substitutos, todos precisando de uma grana extra - legal ou ilegal).
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Eu dei uma prova de metabolismo para os alunos fazerem ao longo de 24 horas na semana passada. Das muitas provas que corrigi achei um caso aqui e acolá de cola (plágio de colega) entre os alunos de medicina. Na verdade não fiquei caçando plágio na prova; os poucos que achei dei ZERO. Mas o ponto que quero fazer aqui foi o crédito que dei aos estudantes da UnB. E eles passaram em meu exame de ética ! Uma evidencia (indireta) disso é que a prova teve uma nota média (7,01 **) que foi quase igual ao do exame que dei semestre passado (média = 6,74 **), que era para ser feito em sala de aula. Se eles tivessem colado alucinadamente entre sí, a média da prova de 24 horas teria sido bem mais elevada (apenas 15% dos alunos tiveram notas entre 9,0 e 9,3).
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Acho que quando o professor assume uma postura séria, os alunos (de uma forma geral) seguem. Se o professor é picareta, dai o aluno não sente a necessidade de seguir um padrão ético. É assim que penso. Posso estar redondamente enganado. Estou falando aqui apenas da minha experiencia com alunos de medicina e nutrição da UnB. Imagino que isso deva se válido para alunos de outras universidades federais sérias.
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*: As notas médias aqui incluem a participação de alunos de nutrição.

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