06 março, 2008

Prêmio Nobel da Medicina - Rita Levi Montalcini


RECEBI POR EMAIL E ACHO QUE VALE A PENA CONFERIR AS RESPOSTAS...


Determinação e persistência levaram-na ao sucesso!

Rita Levi Montalcini, a Dra. Rita Levi, hoje com 96 anos, recebeu o Prêmio Nobel de Medicina há 19 anos, quando tinha 77. Nasceu em Turín, Itália, em 1909, e obteve o título de Medicina na especialidade de Neurocirurgia.

Entrevista com a médica no dia 22/12/2005

- Como vai celebrar seus 100 anos?
- Ah, não sei se viverei até lá, e, além disso, não gosto de celebrações. No que eu estou interessada e gosto, é no que faço a cada dia.!

- E o que você faz?
- Trabalho para dar uma bolsa de estudos às meninas africanas para que estudem e prosperem ... elas e seus países. E continuo investigando, continuo pensando.

- Não vai se aposentar?
- Jamais! Aposentar-se é destruir cérebros! Muita gente se aposenta e se abandona.... E isso mata seu cérebro. E adoece.

- E como está seu cérebro?
- Igual quando tinha 20 anos! Não noto diferença em ilusões nem em capacidade.
Amanhã vôo para um congresso médico.

- Mas terá algum limite genético ?
- Não. Meu cérebro vai ter um século, mas não conhece a senilidade. O corpo se enruga, não posso evitar, mas não o cérebro!


- Como você faz isso?
- Possuímos grande plasticidade neural; ainda quando morrem neurônios, os que restam se reorganizam para manter as mesmas funções, mas para isso é conveniente estimulá-los!

- Ajude-me a fazê-lo.
- Mantenha seu cérebro com ilusões, ativo, faça-o trabalhar e ele nunca se degenerará.


- E viverei mais anos?
- Viverá melhor os anos que viver, é isso o interessante. A chave é manter curiosidades, empenho, ter paixões...



- A sua foi a investigação científica....
- Sim, e segue sendo.

- Descobriu como crescem e se renovam as células do sistema nervoso...
- Sim, em 1942: dei o nome de Nerve Growth Factor (NGF, fator do crescimento (nervoso), e durante quase meio século houve dúvidas até que foi reconhecida sua validade e, em 1986, me deram o prêmio por isso.

- Como foi que uma garota italiana dos anos vinte converteu-se em neurocientista?
- Desde menina tive o empenho de estudar. Meu pai queria me casar bem, que fosse uma boa esposa, boa mãe... E eu não quis. Fui firme e confessei que queria estudar.

- Seu pai ficou magoado?
- Sim, mas eu não tive uma infância feliz; sentia-me feia, tonta e pouca coisa... Meus irmãos maiores eram muito brilhantes e eu me sentia tão inferior...

- Vejo que isso foi um estímulo...
- Meu estímulo foi também o exemplo do médico Albert Schweitzer, que estava na África para ajudar a curar a lepra. Desejava ajudar aos que sofrem, esse é meu grande sonho.

- E você o tem realizado... com a sua ciência.
- E, hoje, ajudando as meninas da África para que estudem. Lutamos contra a enfermidade, a opressão à mulher nos países islâmicos, por exemplo, além de outras coisas...

- A religião freia o desenvolvimento cognitivo?
- A religião marginaliza muitas vezes a mulher perante o homem, afastando-a do desenvolvimento cognitivo, mas algumas religiões estão tentando corrigir essa posição.

- Existem diferenças entre os cérebros do homem e da mulher?
- Só nas funções cerebrais relacionadas com as emoções, vinculadas ao sistema endócrino.
Mas, quanto às funções cognitivas, não há diferença alguma.

- Por que ainda existem poucas cientistas?
- Não é assim! Muitos descobrimentos científicos atribuídos a homens, realmente foram feitos por suas irmãs, esposas e filhas.

- É verdade?
- A inteligência feminina não era admitida e era deixada na sombra. Hoje, felizmente, há mais mulheres que homens na investigação científica: as herdeiras de Hipatia!

- A sábia Alexandrina do século IV...
- Já não vamos acabar assassinadas nas ruas pelos monges cristãos misóginos, como ela. Claro, o mundo tem melhorado algo.

- Ninguém tem tentado assassinar você...
- Durante o fascismo, Mussolini quis imitar Hitler na perseguição dos judeus. E tive que me ocultar por um tempo. Mas não deixei de investigar; tinha meu laboratório em meu quarto. E descobri a apoptose, que é a morte programada das células!

- Por que existe uma alta porcentagem de judeus entre cientistas e intelectuais?
- A exclusão estimula entre os judeus os trabalhos intelectivos e intelectuais: podem proibir tudo, mas não que pensem! E é verdade que há muitos judeus entre os prêmios Nobel...

- Como você explica a loucura nazista?
- Hitler e Mussolini souberam como falar ao povo, onde sempre prevalece o cérebro emocional por cima do neocortical, o intelectual. Conduziram emoções, não razões!

- Isto está acontecendo agora?
- Por que você acha que em muitas escolas nos Estados Unidos é ensinado o creacionismo e não o evolucionismo?

- A ideologia é emoção, é sem razão?
- A razão é filha da imperfeição. Nos invertebrados tudo está programado: são perfeitos. Nós, não. E, ao sermos imperfeitos, temos recorrido à razão, aos valores éticos: discernir entre o bem e o mal é o mais alto grau da evolução darwiniana!

- Você nunca se casou ou teve filhos?
- Não. Entrei no campo do sistema nervoso e fiquei tão fascinada pela sua beleza que decidi dedicar-lhe todo meu tempo, minha vida!

- Lograremos um dia curar o Alzheimer, o Parkinson, a demência senil?
- Curar? O que vamos lograr será frear, atrasar, minimizar todas essas enfermidades.

- Qual é hoje seu grande sonho?
- Que um dia logremos utilizar ao máximo a capacidade cognitiva de nossos cérebros.

- Quando deixou de sentir-se feia?
- Ainda estou consciente de minhas limitações!


- O que tem sido o melhor da sua vida?
- Ajudar aos demais.


- O que você faria hoje se tivesse 20 anos?
- Mas eu estou fazendo!!!!



Fontes:
Europarl
ABC
Wikipedia
Leme
Netsaber

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