26 junho, 2006

Avaliar é encontrar caminhos

"Primeiramente, é inquestionável a necessária articulação entre avaliação e diferenciação do ensino, individualização dos percursos, respeito pelo ritmo de aprendizagem de cada aluno. Desta forma, a aplicação de provas padronizadas não faz qualquer sentido, porque mais do que avaliar produtos de aprendizagem, interessa-nos levar os alunos a avaliar processos, a diagnosticar dificuldades, a encontrar caminhos e a superar erros e obstáculos.

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.. Os momentos de avaliação não são programados pelos orientadores educativos, mas sim autonomamente solicitados pelos alunos (através do dispositivo «Eu já sei»), sempre que estes estão conscientes de que realizaram novas aprendizagens".


Adelina Monteiro, Escola da Ponte


"Um processo de avaliação é instrumento de melhoria da acção pedagógica, constitui um mecanismo regulador das aprendizagens na medida em que permite ao aluno, bem como ao orientador, tomar consciência do que foi aprendido, das dificuldades, da inadequação ou necessidade de alteração das estratégias através de comunicação entre ambos... Pretende-se, acima de tudo que a avaliação seja um processo de valorização, aperfeiçoamento, autoconhecimento, promotor de autonomia e crescimento pessoal...

Ao longo do seu percurso, e com a ajuda de orientadores e dos seus colegas, os alunos constroem um conhecimento de si próprios e adquirem responsabilidade e autonomia que lhes permite solicitar a avaliação dos seus conhecimentos mais específicos através do dispositivo “Eu já sei”, os instrumentos de avaliação pretende-se que sejam adequados a cada um, respeitando o percurso que veio a desenvolver até então. Para além disso, a avaliação é negociada com cada criança quanto à sua forma ou propósito. Poderá ser através da partilha das suas aprendizagens aos colegas, intervenção num debate, apresentação de um trabalho em Assembleia, aplicação prática na realidade da escola...

É curioso verificar que por diversas vezes essa solicitação para ser avaliado não é mais do que um registo. Por vezes, ao longo do trabalho individual ou dentro do seu projecto o aluno desenvolve determinadas tarefas ou tem certas intervenções que evidenciam por si só o desenvolvimento de determinadas competências. Na Ponte todos os momentos são momentos de avaliação".

Cristina Almeida, Escola da Ponte


"Aplicar provas" faz sentido quando trabalhamos com uma turma como se fossem todos iguais e quando partimos do princípio que todos andam ao mesmo ritmo e que todos são iguais quando entram na escola...

Se cada um de nós pensar no seu dia-a-dia facilmente chega à conclusão que está constantemente a auto-avaliar-se em tudo. O processo de auto-avaliação é extremamente rico e complexo. Faz apelo a formas complexas de pensamento e envolve tudo aquilo que trabalhamos e conhecemos. Assim, tentamos desenvolver nos alunos essa capacidade de auto-avaliação.

No início, quando entram para a 1ª vez a sua capacidade de auto-avaliação (em relação a assuntos "escolares" - no resto já a fazem muito bem) é relativamente reduzida e durante algum tempo a avaliação é feita quase só por observação dos orientadores educativos (esta manter-se-á, contudo) quando começam a ler e a escrever começamos a fazer perguntas do tipo "achas que já sabes fazer bem isso?". Por vezes, ficam espantados com a pergunta mas ao fim de algum tempo começam a ser capazes de a fazer sozinhos e começam a utilizar o "Eu já sei " sozinhos.

Neste ponto, sempre que o aluno coloca algo no "Eu já sei" o professor avalia-o. Em alguns casos, nós já sabemos que o aluno sabe. No entanto, é fundamental reforçar a sua capacidade de auto-avaliação.

Esta avaliação pode ser realizada de muitas formas: conversa, uma tarefa prática, a elaboração de um texto, uma ficha de trabalho etc.

Por outro lado, o próprio processo de avaliação deverá ser encarado como aprendizagem e não como uma forma de ver o que o aluno não sabe.

Quando a pergunta diz "Ora, na Escola da Ponte vocês praticamente não aplicam provas." poder-se-á pensar que em alguns casos a Ponte aplica provas. É verdade, mas só nos casos em que o Ministério força".

Paulo Topa, Escola da Ponte

2 comentários:

Anônimo disse...

Linda, obrigada pela mensagem de aniversário no meu Diário e amei sair junto com você, foi divertido! Precisamos repetir qqer dia, bjão

Anônimo disse...

Lindo blog! Texto muito bacanas e úteis!
Amei este espaço!!!
Voltarei aqui mais vezes!