02 novembro, 2006

Trimmmmmmmmmmmm trimmmmmmmmmm

Às quatro horas da tarde alguém liga para sua casa e diz: “estou preocupada”. Essa pessoa não sabe. Mas, você passou o dia enfurnada, ensimesmada, enfraquecida. E, ainda, assim você pergunta: “o que foi?”. A sua amiga-irmã lhe responde: “a voz da sua filha está triste, não percebeu?”. Você diz: “está? Não notei.” E, completa, “como poderia notar a tristeza alheia se a minha me impede?”. Nessa toada as horas caminham. Vem um, vem dois, vem três, vem quatro, vem um monte de gente lhe dizer o que fazer, como agir. Tá bom! Já lhe disseram todos os seus deveres. Há alguém que possa lhe dizer seus direitos? Seus direitos de ser fraca, de ser incompetente, de ser incapaz, de ser humana, de ser falível... Não. Não mesmo. Não há espaço para isso nessa roda gigante de minutos que passam antes dos segundo invertendo a ordem natural do relógio. A questão é que isso dói. Isso magoa. Ser cobrado machuca, principalmente, quando você não pode dar mais do que já dá com o que lhe sobra de força. De repente, é nesse instante que a vontade de sumir sobe com você no altar do “para sempre”. O badalo toca. Você percebe que tem que vestir a fantasia e sair para o trabalho. Nada difícil em dias normais. Contudo, a veste de hoje lhe pesa. Você arrasta as bolas de ferro e correntes e segue. No pensamento a culpa. A culpa de ser fraca. A culpa de ter nascido. A culpa de ter parido. A culpa de existir. O tempo sagrado que remedia aponta outras chances. Você se afasta do deserto e bebe. Toma da fonte junto àqueles que na mesma anarquia se martirizam em lucidez. Mas que se erguem em guias tortas. Cai a lua. Agora, juntos, riem. Sem culpa. Sem responsabilidades. Sem pesares. Não há estrela. Não há sol. Há esquecimento. Não existe acorde que lembre valsa. Não há tom que remeta à canção da manhã. Há surdez. Há cegueira. Há mudez. Tão necessárias a conduzir os passos daqueles que não têm paz. O tilintar dos sinos não ressoará para quem em leito vive e em vida morre. Calar-se-ão. O telefone ficará quieto. Ou se ao tocar você não mais atenderá, tampouco ouvirá. Pelo menos, não agora. Agora que sua sede transborda e sua alma anestesia. Passará um dia novamente. Até que sua boca seca diga outro alô para quem insiste em lhe dizer que... Você já sabe. O outro não.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não sei se eu interpretei bem o texto, tive que reler, pra tentar captar o teu estado de espírito. Mas lá vai: isto é mais comum e normal de que tu pensas. Acontece com 99 por cento das pessoas. O negócio é o seguinte: seja a senhora do teu destino. Não te contei no msn que uma demônia daqui inventou uma mentira cabeluda acerca de minha nobre pessoa pra minha conspícua genitora, só porque eu me recusei a comer a tal demônia? Sou seletivo nas cópulas; só pratico o coito com quem é interessante É assim mesmo. A nossa vontade tem que se elevar sobre as dos medíocres. Como disse Nietzsche, "sinceramente, às vezes é preciso que nos irritemos para que as coisas andem bem".
Não liga, sempre tem alguém querendo nos encher a paciência. No real e no virtual. Haja paciência, mas que essa paciência não torne nossos ouvidos meros penicos. Faça como eu faço: mande os enxeridos plantar batatas no solo lunar. Vá em frente, tua personalidade é instigante e original, teu rebento é a tua maior criação, a tua obra-prima!Abraços fraternos!

\o/ disse...

obrigada Roger! Mas é isso mesmo! a gente cansa de ouvir opiniao! e pior, sem pedi-la! bjs