28 maio, 2010

para hoje


Beira-mar

Zé Ramalho



Eu entendo a noite como um oceano
Que banha de sombras o mundo do sol

Aurora que luta por um arrebol
Em cores vibrantes e ar soberano

Um olho que mira nunca o engano
Durante o instante em que vou contemplar

Além, muito além de onde quero chegar
Caindo a noite me lanço no mundo

Além do limite do vale profundo
Que sempre começa na beira do mar

É na beira do mar
É na beira do mar

Olhe, por dentro das águas há quadros e sonhos
E coisas que sonham o mundo dos vivos

peixes milagrosos, insetos nocivos
Paisagens abertas, desertos medonhos

Léguas cansativas, caminhos tristonhos
Que fazem o homem se desenganar

Há peixes que lutam para se salvar
Daqueles que caçam num mar revoltoso

E outros que devoram com gênio assombroso
As vidas que caem na beira do mar

É na beira do mar
na beira do mar



Além, muito além de onde quero chegar
Caindo a noite me lanço no mundo

Além do limite do vale profundo
Que sempre começa na beira do mar

É na beira do mar
É na beira do mar

E até que a morte eu sinta chegando
Prossigo cantando, beijando o espaço
Além do cabelo que desembaraço
Invoco as águas a vir inundando
Pessoas e coisas que vão arrastando
Do meu pensamento já podem lavar
no peixe de asas eu quero voar
Sair do oceano de tez poluída
Cantar um galope fechando a ferida
Que só cicatriza na beira do mar

É na beira do mar

mas que fazem o homem se desenganar

Há peixes que lutam para se salvar
Daqueles que caçam num mar revoltoso

E outros que devoram com gênio assombroso
As vidas que caem na beira do mar

É na beira do mar
na beira do mar
na beira do mar
é na beira do mar
na beira do mar
é na beira do mar
é na beira do mar
eieeeeeeee



Nenhum comentário: