25 setembro, 2007

Anorexia não!

Finalmente aparece na publicidade o que muitas famílias escondem: anorexia e bulimia, a magreza a qualquer custo.

Quantas meninas e mulheres de todas as idades procuram um corpo "esbelto", magro, que entre em roupas cada vez menores e mais justas?

A França proibiu a campanha por argumentar "imoralidade". Aff, quanta hipocrisia! O que é mais imoral nessa história: a indústria da moda e o capitalismo impositivo para o consumo desmedido ou uma campanha que alerta quanto à saúde?

Realmente os valores têm se invertido paulatinamente. Entretanto, umas ou outras "almas" se salvam. Parabéns, Oliviero Toscani e a grife Nolita pela ousadia, coragem e serviço público.


por soll





Foto: Divulgação/BBC Brasil


Campanha com modelo anoréxica rouba a cena na Semana de Milão


Da BBC Brasil



Uma campanha publicitária que usa uma modelo anoréxica está roubando a cena na abertura da Semana Internacional da Moda de Milão. Os anúncios, expostos em jornais e outdoors italianos, mostram uma modelo nua sob os dizeres "No Anorexia" ("Não Anorexia"). A modelo é a jovem francesa Isabelle Caro, que pesa apenas 31 quilos.

A campanha é cria do italiano Oliviero Toscani, conhecido pelas polêmicas campanhas da Benetton nos anos 80 e 90 que usavam fotos abordando temas como Aids, guerra e racismo. Toscani defende a nova campanha, dizendo que, em contraste com o corrente no mundo da publicidade de moda, ela busca uma aproximação com a "condição humana".

"Toda a publicidade de moda e as revistas e os jornais de moda se afastaram dela, se tornaram abstratas, esvaziaram o ser humano. A gente olha essas campanhas e vemos o vazio, e dizemos a nos mesmo: essas pessoas são como garrafas vazias", diz Toscani.


Prioridade
A campanha, da griffe de moda Nolita, contou com o aval do Ministério da Saúde da Itália. A luta contra a anorexia é uma das prioridades do governo do premiê Romano Prodi. Hoje, cerca de 2 milhões de italianos sofrem da doença e de bulimia.

A ministra da Saúde Lívia Turco afirmou, em nota oficial, que “uma iniciativa como esta é importante para abrir um canal de comunicação privilegiado com o público jovem, através de uma mensagem clara e capaz de chamar a responsabilidade para este drama”.

Oliviero Toscani criou a campanha tendo em vista um público muito mais amplo do que os consumidores de moda. “A idéia não é uma campanha para o povo da moda, mas sim para quem olha para moda, para as meninas, as jovens, as estudantes, todos os públicos. O rei está nu”, disse ele.


O fotógrafo, que já tinha abordado o tema em um filme que chegou a ser apresentado no festival de Locarno, acha que 'a responsabilidade deste problema não é apenas do mundo da moda'. "Existem as mães, a família, a desilusão de quem não se identifica com a imagem projetada pela mídia. Uma garota vê uma foto de moda ou uma imagem da televisão e pensa consigo mesma: 'Eu não poderia nunca ser assim', e assim tenta desaparecer, se auto-destruir, é um drama”, afirmou Toscani.


Imoral
Mas vender roupa usando como imagem quem não tem como vesti-la não foi uma estratégia fácil de ser colocada no mercado. O principal jornal da Itália, o Corriere della Sera, se recusou a estampar a fotografia. A campanha também ficou longe das ruas da França, sendo vetada nos outdoors. “A justificativa era de que a imagem era imoral. Não somos, ainda, civilizados“, afirmou Toscani.


Toscani acredita que, mesmo com a polêmica em torno da campanha, ela deve ter bons resultados. "Acho que isso pode ser o começo de um novo ciclo de publicidade, vamos ver o que acontece. Não são tantos os clientes que possuem a coragem de fazer uma campanha como esta. Todos pensam que a comunicação publicitária deve ser falsa ou artificial, mas eu acho que se pode fazer algo interessante e tirar vantagens econômicas ao mesmo tempo.”


Fonte CorreioWeb

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