28 agosto, 2007

Lula-lá e os 40 "ladrões"

A arte imita a vida ou a vida imita a arte?


No caso do Brasil a ciranda-cirandinha é tão rodada que não se sabe quem vem antes.


Hoje, o STF decidiu tornar réus em ação penal todos os 40 acusados pela Procuradoria Geral da República de envolvimento no caso do 'mensalão' (suposto esquema de desvio de dinheiro público e de compra de apoio político no Congresso).


Resolvi comentar a notícia, mas para não cair (novamente) no lugar comum, consultei no "google" - Ali Babá e os 40 ladrões. Não me surpreendi ao ver que em milhares de páginas na internet constam a analogia da história das "Mil e uma noites" com a história do Lula e os 40 réus do mensalão.



Eu, sinceramente, ignorava (na plenitude) a história contada por Cheherazade ao seu esposo Chahriar. Então, resolvi pegar meu exemplar (Ediouro)e da página 405 a 430 tomei conhecimento integral da narrativa e dos personagens.


Sintetizando, Ali Babá conheceu o segredo dos 40 ladrões, que guardavam riquezas numa gruta que se abria ao "abra-te, sésamo". Foi lá, abriu, pegou umas moedas de ouro e voltou pra casa. Contou à esposa o ocorrido. Essa, por sua vez, foi buscar na cunhada (casada com Cassim, irmão rico de Ali Babá) um medidor para saber quanto ouro o marido tinha "pego" na gruta (para ele não é ladrão quem rouba de ladrão). A cunhada que era esperta, havia passado sebo no medidor, para descobrir o que Ali Babá iria medir. Quando o medidor foi devolvido, tinha na base presa uma moeda. A mulher de Cassim disse-lhe "enquanto você conta moedas, Ali Babá mede sua riqueza". Invejoso que era, Cassim foi à casa do irmão descobrir a origem da prosperidade. Ali Babá teve que contar ao irmão sob chantagem. Cassim, para se dar bem, foi até a gruta buscar objetos valiosos. Chegou em frente à rocha e falou a senha. Entretanto, ao ir embora não se lembrava das palavras mágicas e disse "fecha-te, cevada" (e não "fecha-te, sésamo"). A porta, é claro, não se fechou e ele foi morto pelos 40 ladrões e o chefe da quadrilha, Codja Hussan. Na tentativa de saber como havia sido descoberto o segredo, dividiu o cadáver de Cassim em quatro partes e colocou na gruta para afugentar outros "espertalhões". Ali Babá, alertado pela cunhada preocupada com a demora do marido, resolveu ir ao esconderijo e trouxe os restos mortais do irmão. Contou toda história à escrava Morjana, que, por várias páginas da história, salvou seu amo da morte-vingança planejada pelo chefe do bando dos 40. O final da história é feliz para os que sobreviveram e, talvez, triste para os que morreram. Claro que não vou contar aqui o que aconteceu.

Voltando à notícia, para mim, o melhor do STF ter acatado as denúncias e tornado réus os 40 (veja lista abaixo) foi o fato de me fazer abrir, ao final desta noite de terça-feira, o livro das Mil e uma noites para conhecer melhor a história de Ali Babá.

O que irá acontecer com os quarenta-mensaleiros no STF não tenho a menor idéia. Se Lula é um Ali Babá, os partidos aliados são os escravos que lhe salvam, mantendo-o no poder. Ou seria ele Codja Hussan?

Em outra hipótese: Codja Hussan, o chefe do bando do 40 ladrões, por analogia, deve ser José Dirceu, que, assim como na história de Cheherazade, usava disfarces para matar Ali Babá (Dirceu já fez plásticas para se disfarçar...). Ou quem sabe o careca Marcos Valério e/ou /Delúbio com suas manobras abra-te, mala! abra-te, cueca!

Cassim, o invejoso-desmemoriado, talvez, possa ser representado pelos milhões de brasileiros que mal chegaram à universidade, tão se achando, mirando-se no exemplo do carismático Presidente da República das mil e uma noites tropicais. Ou teriam outros políticos fazendo o papel de "companheiro-irmão-ricö-mas-quero-o-seu-lugar"?

As esposas e as cunhadas da história são as esposas e as cunhadas da história... Não precisa explicar, né?

No fim das contas, a imprensa e a opinião pública devem ser as palavrinhas mágicas: "abra-te, tribunal", "condene-os, tribunal". Bem, até que outra notícia tome lugar a mídia arranje outros personagens para opinião pública esquecer a senha de dizer "reeleja-se, PT".

Encontrar as personas e suas respectivas máscaras é um papel da PF, dar andamento ao teatro é papel do MP, e finalizar o espetáculo é responsabilidade do Judiciário.

Enquanto, quem sabe, pequena parcela da população seja Cheherazade, que toda noite conta uma história ao seu esposo Chahriar na esperança de salvar a si mesma, até o dia seguinte...



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OS RÉUS NO SUPREMO E OS CRIMES DE QUE SÃO ACUSADOS


José Dirceu (ex-ministro da Casa Civil) - corrupção ativa e formação de quadrilha
José Genoino (ex-presidente do PT) - corrupção ativa e formação de quadrilha
Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT) - corrupção ativa e formação de quadrilha
Silvio Pereira (ex-secretário geral do PT) - formação de quadrilha
Duda Mendonça (publicitário) - lavagem de dinheiro e evasão de divisas
Zilmar Fernandes (sócia de Duda Mendonça) - lavagem de dinheiro e evasão de divisas
José Borba (ex-deputado federal pelo PMDB-PR) - corrupção passiva
Roberto Jefferson (ex-deputado federal pelo PTB-RJ) - corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Romeu Queiroz (ex-deputado federal pelo PTB-MG) - corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Emerson Palmieri (ex-tesoureiro do PTB) - corrupção passiva e lavagem de dinheiro
José Janene (ex-deputado federal, PP-PR) - corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Pedro Henry (deputado federal, PP-MT) - corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Pedro Corrêa (ex-deputado federal, PP-PE) - corrupção corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
João Cláudio Genu (ex-assessor do PP) - corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Enivaldo Quadrado (empresário) - formação de quadrilha e lavagem de dinheiro
Carlos Alberto Quaglia (empresário) - formação de quadrilha e lavagem de dinheiro
Valdemar Costa Neto (deputado federal pelo PR-SP) - corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Jacinto Lamas (ex-tesoureiro do PL) - corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Bispo Rodrigues (ex-deputado federal do PL-RJ) - corrupção passiva e lavagem de dinheiro
Antônio Lamas (ex-tesoureiro do PL) - lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Breno Fischberg (empresário) - formação de quadrilha e lavagem de dinheiro
Marcos Valério (publicitário) - corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas
João Paulo Cunha (deputado federal pelo PT-SP) - corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato
Luiz Gushiken (ex-ministro) - peculato
Paulo Rocha (deputado federal PT-PA) - lavagem de dinheiro
Anita Leocádia (assessora parlamentar) - lavagem de dinheiro
João Magno (ex-deputado federal PT-MG) - lavagem de dinheiro
Professor Luizinho (ex-deputado federal PT-SP) - lavagem de dinheiro
Anderson Adauto (ex-ministro dos Transportes) - lavagem de dinheiro e corrupção ativa
José Luiz Alves (ex-assessor de Anderson Adauto) - lavagem de dinheiro
Simone Vasconcelos (ex-diretora da SMPB) - lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas
Geiza Dias (ex-auxiliar da diretoria das empresas de Valério) - lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas
Rogério Tolentino (advogado) - lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Cristiano Paz (publicitário) - corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas
Ramon Hollerbach (publicitário) - corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas
Kátia Rabello (ex-presidente do B. Rural) - gestão fraudulenta de instituição financeira, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas
José Roberto Salgado (ex-vice-presidente do B. Rural) - gestão fraudulenta de instituição financeira, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas
Ayanna Tenório - (ex-vice-presidente do B. Rural) - gestão fraudulenta de instituição financeira, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Vinícius Samarane (ex-diretor do B. Rural) - gestão fraudulenta de instituição financeira, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas
Henrique Pizzolato (ex-diretor do BB) - peculato (2x), corrupção passiva e lavagem de dinheiro

2 comentários:

Fernanda disse...

E agora amiga? Estou sofrendo de ética, porque eu também quero minha fatia no bolo. Eu quero, cá com meus botões digitais, me declarar inocente, mas eu sou culpada. Tanto dinheiro na cueca que eu condeno, mas se fosse na cueca do meu marido, ó céus, eu só quero me dar bem. Isso é crime? É, claro que é. Tantos discursos mesquinhos que, amiga, me deixam sofrendo de ética. Eu acho um crime o desmatamento da amazônia, mas eu quero uma mesa de mógno no centro da minha sala. Dá pra ser? Cada um salva sua pele e a imagem carismática do presidente sem estudos continua popular como sempre. Tá, eu roubo as madeiras sorrindo, dizendo que não sei de nada, que não é comigo. Adianta? No fim das contas eu digo que a madeira é legal, de reflorestamento etc e tal. Enquanto o governo do homem se declina a entrar nos livros de história, destes que meus filhos vão estudar pro vestibular, como o governo que desmascarou a corrupção. Não, o homi não é corrupto, sindicalista. Não é com ele. Com o irmão dele, talvez. Vai ser esquartejado e pendurado na caverna morra-te sésamo? Ó céus. Dane-se tudo isso, eu só quero minha mesa de mógno. Tá, amiga, estou sendo politicamente incorreta? É que ando sofrendo de ética. Já marquei analista, porque eu quero sofrer de outras coisas, diferente de impunição, diferente de falta de segurança, diferente de pobreza social... quero sofrer pelo inverso. Dá pra ser? Beijo.

Rogério disse...

sim, mas falto ao STF fazer uma coisa. Quem era o Ali Babá? Quem era o chefão de todos os mensaleiros? Claro que não vão dizer que é o Lula. Por que será que blindaram o Lula? Será que algum "poderoso" lá do STF foi nomeado pelo Lula? Veja que hilário! Mais hilário é o blog do Zé Dirceu! Ele usa da velha tática: negar sempre e sempre. Sinceramente, é melhor observarmos as crianças, elas nos ensinam coisas boas. Porém fico imaginando como serão as crianças filhos destes políticos, devem ser crianças infelizes, coitadas.