12 fevereiro, 2007

o calibre


De repente sua vida se resume a uma maca.
Não maçã, nem manhã, tampouco manha.
Lá está você dependendo da tecnologia,
da medicina, dos cuidados, do incerto.
Para variar, do imprevisível, tão possível da vida.
Foi assim no dia 28 de dezembro.
Refém estava nas mãos de três cardiologistas.
Refém estava nos olhos da brisa.
Refém estava sem destino no destino.
Refém estava refém da crença que não tenho.
Um mês passado, um caminho futuro.
Duas vias num só coração turbilhonando.
Do sangue confuso, da parada repentina.
O calibre do medo do que lhe aguarda.
Daquilo que lhe água, ou desagua.
Do que lhe afaga ou desaba.
Lá estava eu refém do calibre.
Do tiro.
Do temor.
Da agulha.
Da dor.
Do alívio.
Novamente estarei refém dos calibres.
Como se a vida não passasse de armas a ponto de atirar para qualquer lugar.
Não se sabe quem cairá.
Nem menos quem sobreviverá.
Lá ficarei feito soldado em batalha acreditando que a medalha irá para o meu peito (mas que a guerra irá acabar).
Não por honra, ou vaidade, mas porque viver é uma cachaça que embriaga e não dá para parar.

3 comentários:

Anônimo disse...

esse negócio de exame aí... vc tá bem?

Anônimo disse...

Boa sorte, amiga! Vai correr tudo bem.

\o/ disse...

tá tudo bem! vai dar certo sim!