29 janeiro, 2007

Crítica, filosofia, educação e globalização...

"A crítica não é uma busca por definir as estruturas universais de todo conhecimento legítimo e toda possível ação moral, mas ela é uma pesquisa histórica que procura ressaltar, entre as contingências e arbitrariedades que nos fazem ser o que somos, a possibilidade de não sermos mais aquilo que somos..."(Michel Foucault)



"A crítica filosófica não comporta a transmissão de qualquer moral particular mas a abertura do espaço ético à inquietude, a sensibilidade, a atenção. A crítica procura se situar fora das morais afirmativas; ela não questiona uma moral para sua troca por outra; ela não é a denúncia de uma falsa moral e o advenimento da moral verdadeira, o que não significa que renuncie ao campo da ética nem que seja eticamente neutral ou imparcial; pelo contrário, ela procura manter aberta a interrogação pelo valor e sentido do que fazemos e sobre a forma em que nos relacionamos com o que fazemos: é a afirmação do valor da não conformidade, da insatisfação, da abertura"(Jorge Larrosa).


"As resistências são as manhas necessárias à sobrevivência, o fundamento para a rebeldia perante as ofensivas que ameaçam nosso ser (Freire, 1997: 87); elas são, ao mesmo tempo, reafirmação de nossa não completude, do caráter constitutivamente aberto, inacabado, do universo humano. Em verdade, mais do que manha, a resistência é a afirmação do caráter irrenunciável da autonomia, princípio ético-político não negociável do ser humano. O termo `autonomia` denota desde sua origem grega (autós: si mesmo; nómos: costume, norma, lei) uma relação entre a norma, o comum, o compartilhado e o sujeito que a produz. Autônomo é aquele que se dá a si mesmo a norma (em oposição ao autônomo, o heterônomo segue a norma de outro). Resistir é uma forma de afirma a autonomia. Resistimos a unidimensionalidade da globalização, a onipotência do mercado, porque impõe uma lógica que avassala nossa autonomia, porque pretende decidir por nós, sobre nós, para nós. Resistimos essa lógica porque nos torna menos humanos, limita nosso campo de ação e de pensamento, restringe nossa liberdade de pensar e ser aquilo que queremos ser. A uma educação para a resistência se opõe uma educação para a docilidade, para a obediência. Ambas qualidades são pouco interessantes para a prática da filosofia com crianças e professores em, pelo menos, dois sentidos. Por um lado, porque a própria filosofia não poderia crescer se fosse praticada por sujeitos dóceis e obedientes. Por outro lado, porque a docilidade e a obediência obstaculizam o exercício da liberdade na autodeterminação do ser e do fazer do sujeito. Mas estas qualidades são pouco convenientes não só para a filosofia, quanto para as diversas formas de vida, de um modo geral". (Walter Omar Kohan)

Um comentário:

Manoela disse...

oi soll!!! como vc está? saudade! estamos esperando algo para o próximo zine, bjim