26 novembro, 2006

Remexendo esboços do passado...





Ontem dei uma "geral" nos desenhos guardados.
Houve um tempo (mais de 20 anos) em que eu pensava que seria artista.
É. Eu tentava uns desenhos com grafite.
Tentava umas telas a óleo.
Tentava lápis de cor.
Eu realmente acreditava que tinha talento para trabalhar com criação artística.
Arte, cultura, imaginação... atraíram-me desde muito nova.
Além de ler, que sempre foi um vício, perder-me nas horas do dia, das aulas chatas, do trabalho rotineiro, com lápis e papel era um prazer.
(ainda é).
Por motivos variados não investi na "profissão" de artista.
Tomei outros rumos. "Mais promissores". Me garantiam.
Vendo agora meus exercícios livres e auto-didatas (pois nunca estudei desenho etc), percebo que não era genial, mas também não era uma porcaria, digamos.
(ou era? rsss).
Acontece que esse vírus da arte não quis sair de mim.
Já mudei de profissão algumas vezes. E a arte sempre se manteve por perto.
Do meu jeito. Sem academia. Sem técnica. Sem rigor.
É no meu ateliê que eu me perco da realidade e me acho.
É lá, que passo horas e horas, tentando... criando... esquecendo que o mundo além daquela porta existe.
Embora seja exatamente esse "mundo do lado de fora" que me inspire a criar.
É, talvez, uma tentativa de recriar a realidade, que definitivamente não me agrada.
Passar o tempo com papéis, tintas, cola, sucatas e imaginação é acreditar que vale a pena viver.
Para quê?
Não faço idéia! Sei que me faz bem. Muito bem.
Olhar para o que já criei, ainda que amadorísticamente, me dá um prazer.
Prazer que acho tão raro encontrar no dia-a-dia do relógio que me obriga a sobreviver.
Prazer transformar.
Prazer de me entregar.
Prazer de olhar um "esboço" do passado e me encontrar nele, com alegria.
Prazer de me refazer a cada traço.
Prazer silencioso de olhar e dizer "eu fiz, e gostei de fazer".
Quantas coisas na vida realmente nos dão prazer?
Sei que fechar a porta do ateliê me leva por um templo de paz.
É minha religião.
É a forma que encontro de me encontrar.
Posso não ser "artista", mas sem arte não sei viver...

Soll, novembro/2006

6 comentários:

Anônimo disse...

Obrigado por ter visita do meu blog e deixado seu comentário!! O seu tb é muito bom! Adorei seu modo de escrever!! Apareça sempre!!

Anônimo disse...

Tb me sinto assim em relação à escrita. Seja qual for o futuro, precisa ser rabiscado, muito rabiscado. :)

Anônimo disse...

Adorei os seus desenhos e fiquei com inveja: escreve, desenha, pinta... tantas coisas!!! Como consegue, conta o seu segredo.

\o/ disse...

ah, dudu, é ser metida a besta! ai a gente faz de tudo um pouco! rsss bjao

Anônimo disse...

Você é uma artista!

Anônimo disse...

Cada desenho legal! Mas tu sabe que antes eu desenhava também? Cheguei até a trabalhar nesta área, mas acabou a paciência para desenhar parafusos. Mas o desenho artístico também cansa a mente. Agora queria ver esses teus desenhos aí em tela, pintados a óleo ou acrílico. Nossa!