31 agosto, 2006

O grito e o silêncio


Roubando gritos, silêncios ganhos
Por Solange Pereira Pinto
Fico pensando o que significa roubar um grito. É, isso mesmo. Furtar um som penetrante, voluntário. Aquele emitido com força, um berro, um brado, como diria Houaiss. Ou larapiar um clamor, um alarido. Talvez surrupiar uma opinião forte, proclamada, um protesto veemente. E se apossar de um grito de dor, de angústia? Alguém se habilita? Apelos gritados bem sei que não são lá bem ouvidos (neste país de surdos). Ou nos faltam gritos dignos de primeiras páginas? Eu mesma tinha um blog “Se for preciso grite”. Abandonei, pois eram gritos travados de tecnologia limitada. O que dizer então dos silêncios. Aqueles arracandos à força. Vilipendiados, vendidos, forjados. Assim como os gritos. Vamos lá.

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Mas, finalmente acharam O Grito (foto), um dos mais famosos quadros do pintor expressionista norueguês Edvard Munch (1863-1944). A tela foi roubada em 2004 e foi encontrada pela polícia de Oslo. Segundo matéria, em 2005, o roubo de "O Grito" e Madonna" apareceu em quarto lugar numa lista do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, entre os dez maiores crimes cometidos contra as artes no mundo. Dizem que o setor criminoso das artes movimenta por ano entre R$ 1 e R$ 2 bilhões.

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Ninguém é de ninguém quem é de quem

Deduz-se daí que roubar gritos pode render dinheiro, grana alta. É por isso que tantos blogueiros estão preocupados e temerosos. Precisam decidir: se seus gritos ficarão presos na garganta (no silêncio, na mente), ou ganharão outros ouvidos, o mundo, de forma solta (livre) ou pelo menos presos às coleiras de seus donos (autoria, aspas e direitos autorais).

O plágio entra nessa discussão. Recentemente, houve o caso do blog Querido Leitor de Rosana Hermann que foi plagiado por Miltinho Cunha. Um caso que vai para a polícia.



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Por outro lado, há silêncio que ensina. Diz a notícia que o russo Grigory Perelman (foto), 40 anos, levou 10 anos para resolver a conjectura de Poincare (que descreve o formato do universo e intriga especialistas há 100 anos) e por isso ganhou um dos maiores prêmios mundiais de matemática ao resolver um dos sete “problemas do milênio”.


Perelman, que divide o aluguel de US$ 74 com a mãe e está desempregado desde dezembro, recusou o prêmio de US$ 1 milhão a ser entregue pelo próprio rei da Espanha e alega que não fez nada de extraordinário. "Eu não acho que eu seja de interesse público", disse o matemático ao London Telegraph.

"Eu não falo isso por causa da minha privacidade, não tenho nada a esconder. Só acho que o público não deve se interessar por mim. Jornais deveriam ter mais discernimento sobre o que publicar, deveriam ter mais requinte. Até onde eu sei, não ofereço nada que acrescente à vida dos leitores", completou.


Depois de 10 anos de trabalho, o modesto Perelman, ao invés de publicar seu achado em um importante jornal, jogou tudo em uma página da Internet, para que todos tenham acesso. "Se alguém tiver interesse na solução do problema, está tudo lá. Deixe-os pesquisar livremente."


Perelman vive recluso em São Petersburgo e mantém-se afastado da mídia. "Publiquei meus achados. É isto que ofereço ao público." A solução do problema pode ser vista nos sites aqui, aqui também, e ainda aqui . Devido ao tráfego intenso, pode haver instabilidade no acesso aos links.

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São inevitáveis as reflexões. Colocarei depois o texto que elaborei sobre "plágio". Agora o "Mal de Montano" me aguarda. Boas reflexões e comentem: "O que você acha do plágio?"

bjuns

Solange

4 comentários:

Anônimo disse...

O plágio é fundamentalmente um roubo de propriedade intelectual.Mas , há a considerar, que após certo tempo, se essa propriedade tem realmente valor, torna-s posse da humanidade em geral. Se eu, num texto , usar a expressão«Penso,logo existo», será inaceitável não mencionar o autor e a obra, como se fosse bibliografia? Por outro lado, há que distinguir , se dois articulistas dizem a mesma coisa por palavras parecidas, se será uma questão de plágio ou coincidência, no que se chama o «senso comum» sobre as coisas.....E já agora, os melhores plagiadores, são aqueles que plagiam sem parecer que o fazem...e desses, há muitos.Os plagiadores que se denunciam abertamente pelos seus actos, são simplesmente burros......

Anônimo disse...

Plagiar é roubar texto alheio.

Anônimo disse...

José Sequeira - Continuação : por outro lado,minha senhora, a originalidade parece ter-se esgotado ou estar em grave crise. NA REALIDADE ANDAMOS TODOS A REPETIR-NOS UNS AOS OUTROS.....No meio cientifico, é raríssimo encontrarmos um artigo original sobre qualquer assunto...99% dos "papers" publicados são, assumidamente..REVISÕES de REVISÕES.....KKKKK! Assim sendo, o plágio num meio de paleio aljubino como o que se encontra na net, onde apenas escrevemos, (e lemos), para nossa diversão, parece-me um pecado com poucas consequências graves.Cumprimentos.

Anônimo disse...

Acabei de ver um conto meu, publicado sem autorizaçao num site, com o titulo modificado. E escrevi o conto com o titulo MISTERIO NA CASA ABANDONADA, o cara botou VIAGEM AO INFERNO, nada a ver, nao vou publicar mais contos na internet nao. vou guardar tudo e tentar concursos literários ou editoras. VEjam o que o cara fez com meu conto:
http://kromiz.v10.com.br/contos4.htm
Esse meu conto já ficou uma merda e o cara ainda me muda o título,que salvava a historia. Francamente, essa internet virou uma terra de ninguem.