23 agosto, 2006

Blog: literatura rápida e vitrine para livros

Blog: literatura rápida e vitrine para livros
Por Roberto Moreno (21/08/2006)


Primavera dos Livros, no Centro Cultural São Paulo - teve até gente pendurada para assistir ao debate entre as blogueiras.Veja mais imagens no Fotoblog


A principal conclusão do debate "Blog e Literatura - Blog é Literatura?", durante a Primavera dos Livros, no último sábado, em São Paulo, foi quanto à forma de elaboração dos textos para os meios eletrônico e papel. Que os dois são literatura, não restou dúvida.

Participaram da conversa as blogueiras Bruna Surfistinha, Rosana Hermann, Índigo e Ivana Arruda Leite, com moderação do jornalista e escritor Marcelo Duarte.

Generalizando, textos rápidos vão para o blog e aqueles mais trabalhados, que passam dias e semanas em preparação, são reservados para publicação em livros.

Apesar do consenso, a jornalista Rosana Hermann, do "Querido Leitor", vê uma distinção dentro do formato para internet: quando publica, enlouquecidamente, mais de vinte posts por dia, é blog. Quando se senta, tranqüila, e pensa na crônica que vai mandar para o "Blônicas", é literatura.

A escritora Ivana Arruda Leite, que "precisa de silêncio" para sua literatura, começou resistindo aos blogs, mas cedeu por insistência dos leitores. Hoje diz que a ferramenta é um alucinógeno e, em alguns momentos de "ira" com as editoras, chega a publicar textos inéditos, daqueles que seriam guardados para os livros, em seu "Doidivana".

O silêncio pretendido por Ivana é quebrado, nos blogs, pela participação direta dos leitores através dos comentários. Índigo, escritora que atualmente mantém o "Diário da Odalisca", abordou a compensação afetiva dessa participação. Um pequeno conto, escrito em cinco minutos, pode atrair milhares de leitores e gerar comentários sobre como aquele texto "mudou o dia do leitor", quase no limite da auto-ajuda. Já um livro, que pode demorar anos para ser gerado, normalmente é comentado em apenas três palavras: "adorei seu livro".

Para Bruna Surfistinha, pseudônimo de Raquel Pacheco quando era garota de programa, auto-ajuda é o foco de seu blog e livros -o segundo título deve ser lançado nos próximos meses- acreditando que o relato de suas experiências sexuais sirva para quebrar tabus e melhorar a vida das pessoas.

Independentemente do tempo dedicado ou do estilo de cada um, os blogs também são vistos pelas participantes da mesa como vitrine para suas atividades principais. Através deles ganham maior visibilidade e ampliam seu público, como no caso de Índigo, que publica livros infanto-juvenis e tem seus blogs visitados principalmente por adultos, ou como Raquel Pacheco que, a partir do blog, já vendeu mais de 140 mil cópias de seu "O Doce Veneno do Escorpião". E todas esperam que o próximo passo seja a profissionalização dos blogs, para que, além de vitrine, também possam ter ali o caixa de seus trabalhos.

4 comentários:

Anônimo disse...

obrigado pela visita e pelo comentário...

eu acho que tem blogs e blogs e blogs...

eu uso o meu para melhorar minha capacidade de escrever, sendo como jornalista, sendo tentando literatura, sendo pra encher o saco de alguém

abs

Anônimo disse...

Solange,

Acho esta discussão muito legal, para quem se preocupa com a qualidade do que escreve, como você.
Meu e-mail está no meu blog. Clique em CONTATO, menina...rs
Beijos,

Danilo

\o/ disse...

oi amigos,
eu penso que o blog trouxe vários benefícios e alguns probleminhas, como tudo na vida. escreverei algo sobre isso, bjs a todos

Anônimo disse...

Pensar em voz alta, substituí(n)do por escrever em silêncio um comentário. O que é ou não literatura surge da importância atribuída ao trabalho dado ao texto produzido, não resulta do resultado obtido(?). Estamos perante um preconceito sem remédio aparente, talvez concorrer a concursos literários? A experiência mostra como a desconfiança aí impera e opera mas, é a humana Ópera!