19 julho, 2006

Rascunhos de um bate-papo



Hoje fui ao Teatro Cultural da Caixa ver o escritor gaúcho Moacyr Scliar lançando, em Brasília, o livro Vendilhões do Templo (Ed. Companhia das Letras), no Projeto Sempre um Papo.

Sempre que ouço um escritor falar sobre o seu processo de criação, e do seu fascínio por livros, entro em êxtase.

Ler, para mim, sempre foi mais que um lazer, um prazer, mas uma forma de me perceber humana, gente, na tentativa de entender o que há nesta existência caótica.

Claro que compulsiva que sou por escrever, anotar idéias e pensamentos, não podia deixar de registrar algumas falas do Scliar.

Então vamos lá, compartilho com vocês algumas linhas do meu rascunho (sem revisão ou não seria rascunho), a minha edição e interpretação das falas desse genial escritor:

"Antigamente havia mais o senso de comunidade, e a falta de recursos materiais era compensada pelos recursos internos e emocionais. Na minha infância, éramos pobres, podia faltar de tudo exceto livros. Era assim que pensava minha mãe".

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"Livro era um amuleto com significado mágico. O escritor era um ser sobrenatural, para mim. Sempre tive muitos estímulos para ler e escrever".


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"Comecei a escrever os Vendilhões do Templo há 12 anos. Fui motivado quando li uma passagem na bíblia, na qual Mateus descreve como Cristo expulsou os vendilhões do templo. O ataque de fúria que Jesus teve, mostrando que não era tão pacífico como pregam".
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"A bíblia é um livro escrito há mais de três mil anos, com vários narradores e tem por característica textos sintéticos, objetivos, que vão direto ao ponto e são, sobretudo, carregados de emoção. É um livro interessante".
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"O que caracteríza o escritor é a capacidade de ver o ângulo insólito de um episódio cotidiano".
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"Escrevo em qualquer lugar, em qualquer momento livre.
A inspiração está em nossa mente, no inconsciente, pode ser estimulada, mas não ensinada".
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"Penso que os ingredientes para um bom livro são humor, emoção e boas idéias".
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"Cada pessoa só lê o que gosta, interessa, ou necessita. Cada um tem seu próprio caminho como leitor".
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"Acredito que encontros como esse, com o escritor, são importantes para mostrar que quem escreve é uma pessoa normal, não é um E.T. Temos que mostrar que a literatura está viva. Antigamente, quanto mais morto e enterrado era o escritor mais recomendada era a sua obra".
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