20 julho, 2006

CONSUMIDORES CONSUMÍVEIS







Pessoas - seres descartáveis...
Consomem e são consumíveis.
Tentam buscar sua eternidade no consumo de si mesmos.
Enquanto vivos, consomem a vida.
Uma vez mortos, são consumidos por vermes.

Assim como a propaganda induz ao consumo,
os humanos elaboram e mantém sua imagem
para serem escolhidos por outros.

Somos produtos de consumo.
Tendo por missão ser usados, consumidos...
O tempo todo estamos nos utilizando uns aos outros.

Alguns possuem maior poder persuasivo de venda,
uns poder aquisitivo de compra,
outros maiores qualidades de uso.

Somos objetos - SIM!
Seja corpo, seja alma ou mente.

Preocupamo-nos sempre para com as imagens:
“Ser bonito, ser bom e ser inteligente”.

Para que a preocupação com as qualidades,
que não para sermos escolhidos pelo outro?

Escolhidos para quê?
Para sermos consumidos!

Há produtos sujos, estragados ou defeituosos.
Cada qual tem seu destino.
Seja a gôndola privilegiada ou a lata de lixo.

Aquele, da prateleira mais cara, só entra no carrinho de quem pode pagar.
Os que vão para a lixeira de uns são comidos por outros.
Contudo, até aquele produto que possui a melhor embalagem pode não nos satisfazer no gosto.
Outro que não possui uma publicidade convincente pode ser extremamente atraente.
Ainda, aquele que nos garante alta durabilidade pode ficar obsoleto.
Já os perecíveis podem causar imensa saciedade e prazer.

Não há produtos bons ou ruins, existe a diferença de gostos.
Não há produtos úteis ou inúteis, existe a necessidade e o desejo.
Não há produtos “in” ou “out”, o que impera é a mídia e o modismo.

Porém, há a irreverência.
Somos produtos, enfim, para sermos consumidos...
Caso contrário, não estaríamos na vitrine da vida
exaltando nossas qualidades e escondendo nossos defeitos.
Ou, ainda, tentando ser aceitos pelo outro.
Cada produto tem seu preço e é preciso pagá-lo para levá-lo para casa.

O único problema é que - ainda - não possuímos certificado de garantia,
manual de instrução de uso,
e órgão de defesa do consumidor para possíveis reclamações.
Porque, se tivéssemos tudo isso,
teríamos que parar de fazer a propaganda enganosa
a qual estamos acostumados, ou, ainda,
estaríamos sujeitos a ficar empoeirados na prateleira por anos a fio.

Meus conselhos?
Use e seja usado - o máximo possível - antes de perder o seu prazo de validade.

E, não se aborreça se não lhe derem a destinação desejada.
Talvez lhe falte os ingredientes necessários para ser eficaz.
Nesse caso, altere sua fórmula para ter o uso que almeja.

Por outro lado, se o produto adquirido não lhe satisfaz, você pode ter escolhido mal.
Ou seja, comprado sal para matar a sede.
Nessa situação, o melhor é trocar rapidamente para um outro mais adequado.

Em contrapartida, você pode ter adquirido o produto certo,
mas talvez não esteja sabendo usá-lo corretamente.
Então, aprenda a dirigir antes de comprar uma Ferrari.

Não se esqueça: existem vários produtos bons e de qualidade em oferta, basta saber procurar...

Entretanto, se o produto que você procura é raro e caro,
veja a quantas anda a demanda e a sua conta bancária.
Quem sabe você não tenha condições de adquiri-lo ou possuí-lo?

Ainda assim, sonhe...

Porém, talvez, o produto que irá resolver o seu problema
pode ser o mais rudimentar e caseiro do que o que você imagina.
Antes o experimente.

O mundo é um imenso supermercado
onde uns estão nas prateleiras,
alguns dentro do carrinho na fila,
outros sendo empacotados,
e, ainda, há os da dispensa de cada casa.

Resta saber qual será levado à mesa
ou se preferiremos continuar a comer em restaurantes ou congelados.

Só não podemos negar há muitas opções...

E O QUE IMPERA É O CONSUMO!




Solange Pereira Pinto
Em 07.08.1997
(o que mudou em quase dez anos?)

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