21 junho, 2006

Preconceito latino


Amiga brasileira,


“Ele não fez universidade, por que não quis, não pode, não sei... Mas, estudou em escolas particulares, e é um homem capaz de conversar sobre qualquer assunto. Quem convive com ele sabe que é inteligente. Além disso, é dono do próprio negócio. Não conheço nenhum caminhoneiro, o tipo tradicional, que você imagina, que possua tal patrimônio, sem contar que ele é dono da própria casa, não tem dívidas, possui cartões de crédito, e paga as faturas no valor total a cada compra. Já você é formada em Direito, e não sei mais no que, tem vários cursos, fala vários idiomas, morou no exterior, mora numa área nobre de Brasília e trabalha na periferia (quase de graça) para uma tirana. Seus diplomas pagam as suas contas? Estão levando você à Austrália? Algum dos homens muito cultos e viajados que você conheceu ficaram com você? Respeitaram-lhe como mulher e ser humano?

Lembre-se você já está com 39 anos. Será que já não é hora de crescer e começar a valorizar quem lhe respeita de verdade e está disposto a tudo, sem mesmo lhe conhecer pessoalmente? Na Austrália, caminhoneiro, eletricista, encanador, pode levar uma vida muito melhor (ou igual) do que médico, advogado, engenheiro. Amiga, aproveite a oportunidade e seja feliz... um beijo e saudades, sua amiga que vive na Austrália”.




Pode parecer um texto de e-mail que a gente recebe todos os dias, e pensa que não existe. Mas, este trecho editado de uma carta mostra o quanto a mediocridade brasileira é reinante. Estamos num paizinho de terceira categoria com uma gentinha que se acha no direito de ser todo poderoso. Preconceito, status... Isso deve realmente fazer alguém feliz...

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