06 abril, 2006

Julian Barnes


A seguir trechos da entrevista do escritor inglês Julian Barnes (autor do livro "O Papagaio de Flaubert", ed. Rocco) à Folha de São Paulo, em dezembro/2005.


"Meus amigos são ateus ou agnósticos, mas não falamos da dificuldade que cerca o morrer, a dor ou o sofrimento implícitos no desaparecer da existência".


"À medida que envelhecemos, o contraste entre o que acreditávamos que aconteceria em nossas vidas e o que realmente aconteceu se acentua, e por isso aumenta nossa capacidade de arrependimento e nosso sentimento de culpa. Nos damos conta de que é impossível retornar ao ponto onde o caminho se bifurcou, para tomar a direção oposta à que tomamos antes."



"A sociedade nos apresenta uma ilusão da vida humana como sendo algo que cada um pode criar pessoalmente, que está sob nosso próprio controle e nos faz crer que seremos recompensados se nos comportarmos de determinada forma. Isso é mentira. Mas só nos damos conta disso quando já é tarde demais. Essa é minha perspectiva pessimista da vida".



"Não acredito que nos tornemos mais serenos na velhice e não tenho visto nenhuma prova disso".


"A ficção é uma forma de contar a verdade. É por isso que sou escritor de ficção: porque estou convencido de que o romance descobre mais verdades do que ensaios, documentários de televisão e todo tipo de trabalho baseado em fatos".


"Às vezes descobrimos uma verdade que acreditamos ser original e inovadora, mas não demoramos a comprovar que alguém já chegou a uma conclusão semelhante 500 anos atrás".


"No meu caso, as pressões são externas, geralmente relacionadas à promoção de livros. São tarefas que não me ajudam a melhorar como autor. Minha mulher é agente literária e, portanto, entende os escritores. Não tenho filhos, o que faz uma grande diferença. Para as mulheres, em especial, os filhos são um inimigo, um perigo para a arte".




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